–Não sei o que vocês estudam tanto. –Thiago, deitado na grama do quintal da casa dos pais, olha para Alvo e Rose, que liam e escreviam várias observações e, de vez em quando, falavam frases soltas, um para o outro, sobre algo que descobriram, mas que, como não interessavam nem minimamente para Thiago, este nem prestava atenção. –É simples: vamos, matamos ele e voltamos.

–Não é tão simples assim! Existem milhares de fatores que devemos levar em consideração, entre eles está o fato de que nenhum de nós seria capaz de matar alguém ,não importa quem seja, mesmo que você se ache capaz, você não teria coragem. Outro detalhe muitíssimo importante é que matar alguém pode fazer com que sejamos presos! –Rose tenta explicar para o primo de olhos e cabelos escuros, mas este começa a ficar com olhar perdido, e a ruiva percebe que ele não estava mais ouvindo.

–Deveríamos arranjar uma forma de que ele seja adotado. –Alvo decide falar antes que a prima iniciasse uma discursão com Thiago.

–Existem vários problemas nessa ideia. –Rose vira-se para Alvo, ignorando o primo mais velho, que estava pensando no último jogo de quadribol que ele tinha assistido. –Devemos levar em consideração a possibilidade de que não temos como fazer com que uma família decida adotá-lo e também não podemos garantir que essa família seja boa para ele. Devemos parar para pensar em quem ele é, a melhor forma de lidar e quem seria mais capaz de se relacionar com ele! Bem, se conseguíssemos alguém, escolhido cuidadosamente, para lidar com ele, poderíamos, simplesmente, influenciá-lo o suficiente para que crie uma consciência de dever coletivo, uma empatia pelos outros indivíduos, então deveríamos voltar para quando ele era um garotinho. Escolheríamos uma pessoa carinhosa para ensiná-lo essas coisas, alguém que ele veja como um irmão ou irmã mais velha, respeitando e amando.

–Mas tem um problema. – Alvo levanta do galho da árvore em que estava sentado e senta-se no galho ao lado, próximo á prima. –Se essa pessoa realmente conseguir isso tudo que você imagina é necessário que Tom desenvolva afeição por ela, então, como ele já deve se sentir abandonado, irá se sentir profundamente feliz em ter alguém para confiar e que irá cuidar dele, mas essa pessoa, se for escolhida por nós, será do presente, pois só assim nós iriamos poder julgar se ela seria capaz disso, e terá que voltar para o tempo a que pertence. Não podemos forçar alguém a permanecer no passado e mesmo que esse alguém decida permanecer lá por vontade própria isso geraria outras complicações, como explicar alguém que apareceu do nada? Essa pessoa teria que voltar. Quando essa pessoa for embora ele se sentirá abandonado novamente e poderemos, apenas, acelerar tudo e torná-lo uma criatura sangue frio ainda mais rápido, ou até pior do que ele é. Talvez, se a pessoa que escolhermos for bruxa, ele desenvolva um ódio tanto por trouxas quanto por bruxos e decida matar ambos.

Rose olha atentamente para o primo, os olhos brilhando por iniciar um debate com alguém capaz de rebater inteligentemente, e sorri. Ao perceber a animação e admiração da prima, Alvo começa a observá-la, os cabelos ruivos balançando com a leve brisa, as sarnas espalhadas pelas bochechas e nariz, o rosto levemente rosado, os cílios longos emoldurando os brilhantes, inteligentes e tímidos olhos castanhos...

Quando Alvo começou a descer os olhos rapidamente pelo corpo da prima, percebeu o que estava fazendo e fingiu que observava a majestosa árvore onde estavam sentados, passando a mão no rosto como se estivesse tirando o suor, mas estava tentando esconder a face corada.

Rose, sem perceber a situação de seu primo, apoia seu ombro nele e boceja, então levanta seus olhos cheios de água por causa do bocejo e sorri.

–Então vamos chegar lá no período de Hogwarts, no início, logo no primeiro ano. E iremos levar Helen. Ela é perfeita para se tornar amiga dele. –Alvo concorda com um aceno de cabeça com o que a prima disse, mas sem olhar para ela.

–Talvez se fizéssemos eles se apaixonarem funcionasse melhor. –Alvo adiciona. Rose olha para ele, um pouco curiosa.

–Isso não complicaria as coisas? –Ela pergunta.

–Um cara apaixonado faz muita coisa, os metidos a frios e inteligentes é que ficam na pior. –Thiago olha para o irmão com um olhar malicioso e começa a gargalhar. –Vai por mim, eles ficam muito imbecis e tentando agradar o amorzinho deles, não é, Alvo? –Thiago aumenta o sorriso e pisca para o irmão, que, quando Rose olha para Alvo para tentar entender o que Thiago estava insinuando, finge que vai tossir e vira o rosto na direção contrária a prima, colocando a mão no rosto para disfarçar a cor que tomou-lhe a face.

–Então será Helen Fright. Iremos nós três e já temos os detalhes arrumados, agora é só convencer Helen. –Rose fala sorrindo.