A batalha de Lore escrita por Isabela


Capítulo 5
Capítulo 5




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Apenas algumas horas depois de começar minha caminhada e percebo que não estou nem na metade do caminho, o corpo fraqueja devido ao excesso de horas sem dormir, sinto o peso sobre meus ombros, e decido sentar um pouco,  não tenho muitas forças e agora não me importo mais com o que vai acontecer, vou a um lugar um pouco mais afastado próximo á algumas árvores, escolho uma que me proporcione grande sombra, pois a essa altura o sol já se encontra alto e é preciso um lugar onde eu possa descansar sem me importar com seu calor, após encontrar uma árvore que me sirva não muito longe de meu caminho, deixo minhas coisas encostadas em seu tronco de modo a permitir minha cabeça se ajeitar em cima delas, e ali mesmo, do jeito que estou durmo, por muito tempo, já que quando acordo posso ver o sol se pondo, e decido apenas ficar onde estou, e deixar passar a noite ali mesmo, não vai ser a primeira vez que passo noites nessa região.
O dia ainda está começando quando acordo, mas ainda está muito escuro para que tenha uma clara visão de onde estou, então fico parada sentada, vestindo mais uma blusa, pois sinto que a manhã trouxe um orvalho frio que me deixou gelada até os ossos. Levanto-me mesmo com uma visão limitada e começo a andar, conheço bem  o caminho! Sigo andando razoavelmente rápido, e mais algumas horas, quando já adquiro um passo bem devagar, vejo que o sol já está novamente alto, não imaginei que demoraria todo esse tempo, mas fico feliz de ter tido um tempo sozinha, quando vejo já estou perto da entrada de Lore, totalmente receosa, quando noto movimentação de soldados que estão próximos aos portões conversando um com outro, indiscretamente olhando para mim, vejo um deles correr para dentro e logo vejo outra figura que sai correndo de lá em minha direção, reconheço Azlan, e fico paralisada sem saber se espero uma surpresa, um ataque, ou uma expulsão, mas ele apenas age como alguém quem não me vê a muito tempo e está prestes a dar um abraço, mas notando minha surpresa ele tenta se conter, aproximando-se cada vez mais devagar até parar em minha frente.
—Alana, que bom ver você, tive muitas duvidas sobre você realmente estar disposta á voltar – Não sei porque, mas sinto que talvez um abraço tivesse sido encarado mais facilmente, talvez até se tentasse me machucar, apenas qualquer coisa que me impedisse de ouvir a próxima pergunta. – Você resolveu me dar uma chance? Acreditou em mim?
—Na verdade – baixo os olhos agora pois não tenho coragem de olhar para ele quando respondo nada além da verdade. – Fui mandada embora de Gaia.  – Agora posso sentir seus braços me abraçando de leve, e deixo-me levar pelo conforto proporcionado por seus braços enquanto tento explicar do jeito que posso – Na verdade não fui exatamente expulsa, mas – Sinto Azlan apenas colocar seu dedo em meus lábios me impedindo de continuar.
—Está tudo bem, não precisa falar mais nada, conversaremos sobre isso quando você se sentir á vontade, agora venha, entre! – ele diz já dentro de sua cada onde me conduz por dentro dos corredores, e para em uma porta abrindo e vejo o local do que eu fugi, uma sala médica, onde provavelmente assim como em Gaia testam pessoas e drogas em busca de melhorias.
Ele nota minha resistência ao ver que me recuso a entrar e o homem que está dentro da sala vem até a porta.
— Bom dia, posso ajudar em alguma coisa? - ele diz.
— Alana está tudo bem, eu te trouxe aqui porque notei que está machucada, apenas vamos fazer um curativo - Azlan tenta me convencer.
— Não! Não vou entrar aí. - digo enquanto continuo forçando meu corpo para longe da porta.
Eles se olham e o rapaz olha para mim.
— Não parece um grade machucado. Apenas lembre-se de limpar bem a região - ele diz sorrindo para mim. 
Azlan me leva embora de lá dizendo que voltaria mais tarde para o rapaz. Seguimos no corredor com ele me mostrando a casa, simples com um apenas dois andares, o de baixo para uso social, com grandes salas, e em cima onde estamos, onde mora Azlan e alguns amigos que pelo que parece o ajudam a cuidar da cidade, onde estávamos é uma parte mais afastada, não exatamente pertencente a casa, mas com ligação a ela, creio que deve funcionar como um atendimento hospitalar no andar de baixo. Já que praticamente não vi pessoas aqui, apenas materiais e papéis e alguns equipamentos e ele fica um pouco afastado.
Onde estamos agora ficam os quartos, e ele me mostra rapidamente sem falar muito sobre isso, aqui me é dado um quarto, que se não fosse por poucos centímetros seria em frente ao de Azlan, após um dia de caminhada no calor, dormindo no chão preciso tomar outro banho, e após entrar encontro algumas peças de roupas além das minhas em meu quarto, assim também como algumas flores enfeitando o local, fico sentada na cama, tentando pensar no que fazer agora, quando Azlan bate na porta!
—Alana? Posso entrar? Tem uma pessoa que gostaria de apresentar a você! – Fico imaginando quem será, mas apenas durante o tempo de abrir a porta e vê-la!  - Esta é Silvara, ela trabalha em Lore mas as vezes está aqui porque gosta de treinar com nosso exército.
—Você deve ser bem importante aqui! – Realmente foi um péssimo comentário, mas não sei exatamente o que falar! – É um prazer conhece-la!
—Ouvi falar muito a seu respeito – seus traços asiáticos me permitem lembrar que ela talvez tenha herdado uma herança passada que se manifestou muito forte, visível em seus olhos principalmente, e nos cabelos meio acinzentados fazendo jus á seu nome – Espero que goste de nós e queira manter sua estadia!
—Obrigada!  - é tudo que consigo responder mediante tanta educação, seu esforço para me fazer sentir bem realmente causa em mim uma impressão muito forte, e gosto dela, assim fácil.
Eles pedem licença e se retira, e logo depois batem na porta, abro e vejo o mesmo rapaz que estava na sala ao qual me recusei a entrar parado na porta.
— Me desculpe. Eu achei que Azlan estivesse com você, eu vim só entregar isso, se quiser deixar com você - ele diz me mostrando alguns materiais para curativos.
— Eu sei que você não quer minha ajuda mas deve se cuidar, deixei algumas coisas que você pode precisar - ele diz e me sinto mal pelo modo como o tratei.
— Me desculpe, eu não tenho nada contra você. Mas ainda não quero contato com médicos ou algo parecido, não tenho boas memórias. Mas fora de lá está tudo bem, aliás, prazer sou Alana - do estendendo a mão para o cumprimentar.
— Prazer Beni - ele responde - Se precisar de algo sabe onde me encontrar.
— Pode me ajudar - digo vendo que ele deixou mais coisas do que achei que precisaria - Eu não sei o que fazer com isto.
— Eu posso? - ele diz apontando para dentro do quarto e dou espaço para ele passar - Será rápido, agora que o ferimento está limpo.
Ele então me deixa sentada na cama enquanto faz um curativo na minha perna esquerda, após passar um gel. Quando está quase acabando Azlan entra no quarto e sorri para mim quando vê que Beni está comigo.
 Azlan nos chama para descer com ele até uma sala de jantar mas ainda estou muito cansada então peço para descansar e passo uma noite tranquila finalmente.
No dia seguinte acordo com o barulho de Azlan colocando uma bandeja com meu café da manhã na mesa próxima a janela.
— Me desculpe, não quis te acordar - ele diz.
— Está tudo bem, não achei que te veria tão cedo. Não quero atrapalhar seus compromissos - digo enquanto pego um copo de suco.
—Acho que hoje temos um dia livre. O que gostaria de fazer? - ele pergunta.
— Eu estou na sua casa. Pode escolher - digo e ele me olha receoso.
— Por enquanto podemos andar por Lore, a noite teremos um jantar, costumamos fazer eventos aqui as vezes. Creio que estaremos lotados. Espero que não seja um problema - ele diz esperando a resposta.
— Claro que não. Será bom me distrair um pouco.
Ao terminar meu café saímos e andamos por Lore. Ele me mostra alguns lugares, vejo que a cidade não é como eu pensava e eles são bem mais organizados e com bem mais habitantes que Gaia.
Passamos o dia inteiro andando, pela tarde voltamos ao quarto. Preciso me encontrar decente para o jantar, me visto de maneira confortável e bonita, apesar de simples.
 Descemos então, e Azlan desce abraçado a mim, me conduzindo ao local, onde vai me levando as pessoas e me apresenta como se fosse uma velha amiga.
Em pouco tempo sou apresentada á muitas pessoas as quais não levei mais do que poucos segundos para embaralhar suas informações, e Azlan parece não notar que estou perdida já.
Vamos a um local onde está Beni com mais um rapaz conversando.
—Deixa-a aqui conosco um pouco, ela deve estar cansada de você levando ela pra todos os lados a um bom tempo já – o homem que fala é mais bonito que os outros, porém não tão forte, , moreno com uma pele mais escura do que a maioria das pessoas em Lore, e uma voz calma e contida. – Sou Luca, e este é Beni, você deve conhecer. Podemos fingir que estamos realmente interessados em te deixar constrangida falando sobre como Azlan está apaixonado ou simplesmente conversas sobre outras coisas, o que você prefere?
Vejo que essa será a companhia perfeita, e agradeço por ele me dar essa brecha, então respondo logo antes que ele mude de ideia – Prefiro outras coisas . Vai me falar sobre você?
—Na verdade não, mas primeiramente vou ter que dar um crédito a Azlan, sabemos que ele não é a melhor pessoa para fazer com que os outros se sintam á vontade, você deve estar pensando que talvez amanhã não irá se lembrar de ninguém que ele tinha te apresentado até agora, mas ele realmente quis que fosse bom para você.
—Vou lembrar de agradecer por isso amanhã, mas agora permita-me adivinhar, se não vamos falar sobre mim talvez possamos falar sobre Lore, não sei se é sua aparência mas algo me diz que você deve ser alguém que tentou me matar a pouco tempo em Gaia, admito que seja um bom lutador. – Vejo seu olhar de surpresa, mas não parece muito contrário a minha ideia.
—Ela tem uma boa visão das coisas – diz Luca - E agora pode falar a verdade, assim que olhou para mim você já soube que eu era o maior dos soldados, claro, o que com meu porte físico não é difícil saber, o que mais deve estar pensando, como sou bonito e forte e o que precisa fazer para me conquistar?
—Ah claro – emito um som fazendo uma careta que causa risada da parte de Beni, onde pela primeira vez me sinto realmente à vontade – Como não pude pensar nisso antes, você é perfeito!
—Entre todas as qualidades que fizeram a seu respeito esqueceram-se de falar que você é extremamente sábia. – diz Luca.
—Fico feliz de ver que perderam tanto tempo falando de mim, deixe-me pensar, sou a coitada órfã, criada por caridade em Gaia.
— Claro que não senhorita Alana – diz Beni de maneira quase convincente – O que ouvimos não faz de você alguém realmente vítima, bom, na verdade não é segredo pra ninguém Azlan ser completamente apaixonado por você, mas acho que ele não faria questão de te exibir como amor de sua vida, então o que nos pensamos é algo mais como alguém por quem ele tem uma grande consideração, que sabe se defender sozinha e que apesar de criada em Gaia não tem tanto apreço por seu povo ou por toda essa guerra que acontece. Então você é mais tipo, uma convidada especial que precisamos agradar e cuidar bem.
— Estou emocionada– digo tentando fingir falsas lágrimas, embora acabe rindo – Mas cuidado, Luca já brigou comigo, posso ser mais perigosa do que parece!
—Gostaria de testar isso, deve ser uma experiência interessante – Luca é altamente seguro em suas palavras, e não esconde um sorriso grande em seu rosto – Mas acho que ninguém aqui teria permissão de tocar em você. Azlan nunca deixaria!
—Tudo bem, entendo seu medo de cair nas mãos de uma mulher muito menor e mais fraca de acordo com seu ponto de vista, mas não se preocupe, te pouparei dessa humilhação, pelo menos hoje - digo e logo Azlan vem me buscar para me despedir de algumas pessoas, e subimos para meu quarto.
— Gostou de hoje? - ele me pergunta sorrindo.
— Creio que bebi mas do que deveria, mas nunca estive em um ambiente tão agradável.
Ele me deixa então com um comprimido para que o efeito da bebida não seja tão ruim. Após isso adormeço.


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