13. 

Intrigado

— Cara, qual é teu problema? – perguntei, empurrando Riley de leve para que ele me soltasse, realmente eu estava começando a ficar preocupado com ele. – Você tem graves problemas psicológicos, não sabe escutar não! – falei num tom alto, tentando o fazer acordar e ver o quanto ele estava sendo ridículo agindo assim. Ele bufou, deu alguns passos para trás, passou a mão no cabelo, notei que a testa dele estava escorrendo suor. – Só para deixar claro para você, eu não tenho nada com ela, mas isso não te permite infernizá-la, se ela não quer ficar com você, você tem que partir para outra, porque ela não é obrigada a ficar com você Riley, só porque você está com vontade...

Riley riu e discordou com a cabeça.

— Ela quer, só estava se fazendo de difícil... – ele falou, dando de ombros, parecendo realmente acreditar nisso, o que sinceramente me deixou ainda mais preocupado.

— Pela forma que ela agiu com você hoje, ela não parecia estar se fazendo de difícil, ela estava mesmo é querendo que você a deixasse em paz! – falei.

— Por que ela não ia querer ficar comigo hein? Eu poderia dar tudo que ela quisesse... – ele afirmou.

— Não são todas as mulheres que se envolve com alguém por causa de dinheiro! – falei, e depois sentei no sofá, Riley se virou para mim e me olhou com um olhar sério. Comecei a pensar na ultima conversa que tive com ela, cruzei os braços e fiquei pensando o quanto as atitudes dela é intrigante. – Qual mulher rejeitaria um trabalho que pudesse lhe deixar famosa e rica? Que poderia te dar prestigio? – perguntei, mais para mim mesmo do que para Riley.

— Talvez uma que já seja rica igual á Jane, ela não quis ser modelo porque prefere ser uma economista! – Riley falou, sentando na poltrona que ficava a frente do sofá que eu estava sentado. Suspirei e olhei para Riley, com um olhar sério.

— Mas e se essa mulher não fosse rica? E trabalhasse apenas como uma garçonete em uma boate? – perguntei, Riley entreabriu os lábios.

— Você está falando da Isabella? – Riley falou, eu concordei com a cabeça. – Era isso que você foi fazer? Chama-la para trabalhar na casa de moda da Esme?

— É no dia que você a machucou, eu trouxe ela para casa e a Esme a viu, ela gostou do rosto da Isabella, disse que ela é a modelo que ela está procurando, pediu para que eu fosse atrás dela e fizesse a proposta, eu até achei que ela aceitaria fácil, já que para qualquer pessoa na condição que ela está, com certeza ia preferir trabalhar como modelo ao ser uma garçonete, mas ela não quis, disse que não quer ser famosa... – respondi.

— Talvez ela seja tímida, teria vergonha de ficar exposta na frente de todo mundo! – Riley concluiu, e pela primeira vez pensei nisso.

— É... Tímida! Pode ser... – concordei, depois suspirei.

— Mas você tem que convencê-la! – Riley falou agora bastante animado com a ideia, até mesmo sorria, olhei para ele com as sobrancelhas franzidas.

— É, e por quê? – perguntei, franzindo as sobrancelhas, não entendendo a animação de Riley.

— Porque é bem mais fácil vê-la na casa de moda do que naquela boate fedorenta... – Riley respondeu e então eu revirei os olhos.

— Eu não acredito que você está pensando ainda em infernizá-la! Se você continuar a perseguindo, ai é que ela não vai aceitar a oferta mesmo, porque ela sabe que somos amigos, e sabe que se for trabalhar para Esme, você poderá ficar aparecendo lá para enchê-la, ela já deve tá achando até que você é perigoso, aqueles psicopatas e com razão...

— Ah não exagera Edward, agora você está sendo dramático! – Riley falou.

— Você bateu na garota, e ainda teve a coragem de ir atrás dela de novo, o que você acha que ela tá pensando sobre você? Boa impressão com certeza não é! – retruquei. – se ela não aceitar a oferta por sua causa você vai ter problemas com a Esme! – eu avisei, Riley bufou e abaixou a cabeça.

— Tá, tá bom, até ela aceitar, eu não vou mais atrás dela, tá legal! – ele disse, meio contrariado, ainda de cabeça baixa, encarei ele com as sobrancelhas arqueadas, logo pensei: até ela aceitar? Bom, preferia que ele já a deixasse em paz por completo, mas pelo menos isso já era alguma coisa, ela já teria paz por algum tempo.

— Tá, agora eu preciso tomar um banho e ir á casa de modas... – falei e em seguida levantei do sofá. – Preciso falar com a Esme!

***

Após me despedir de Riley, tomei um rápido banho, vesti uma nova roupa e sai do banheiro secando o meu cabelo com a toalha, tive uma surpresa ao encontrar Jane no meu quarto, ela estava com aqueles livros grossos de economia na mão, eu estranhei, já pensei em falar alguma coisa, perguntar o que ela queria, mas ela se manifestou antes de mim. Primeiro me olhou dos pés a cabeça, sorriu levemente e então falou:

— A Esme está tão boazinha assim? Permitindo que você fique faltando ao trabalho... – ela perguntou

Eu sorri, virei e fui até o espelho, agora eu passava a mão no cabelo para arrumar os fios que estavam todos arrepiados.

— Eu fui resolver coisas do trabalho, agora já estou indo para lá! – eu disse, agora ajeitando a camisa, fui até o guarda-roupa pegar a gravata para coloca-la.

— Você nem me contou o que a Victoria armou... Ela te infernizou muito, maninho? – Jane perguntou, encontrei a gravata que queria e voltei no espelho para coloca-la.

— Não tanto, já aguentei coisas piores dela! – eu disse, então ouvi os passos de Jane se aproximando, virei para ela e então vi que ela tinha deixado o livro de economia em cima da cama, e agora estava parada bem na minha frente, ela pegou a minha gravata e começou a arrumá-la, por incrível que pareça ela conseguia fazer isso melhor do que eu.

— Estou orgulhosa de você, dessa vez você não deixou ela te dominar, está sendo firme em sua decisão, isso mesmo maninho, pois já basta a Esme de controladora, uma namorada pé no saco, ninguém merece! – ela falou agora me olhando e sorrindo para mim, sorri para ela também, Jane parecia á única sensata da casa.

— Deixa a Victoria saber que você apoia o nosso termino, vai acabar com a amizade de vocês... – eu avisei. Agora me afastando dela para me olhar novamente no espelho, passei a mão no rosto e senti minha mão pinicar por causa da barba que estava começando a nascer.

— Ela tem que entender, que por sermos amigas tenho que falar a verdade, esse relacionamento de vocês nunca foi saudável... – ela disse, suspirei e então me aproximei dela novamente, agora dando um leve beijo em sua cabeça.

— Jane, se você convencê-la disso, eu lhe dou até um carro de presente! – falei, e comecei a andar em direção da porta.

— Eu já tenho um carro... – ela falou virando-se para mim, virei para ela, para olhá-la. – E eu gosto dele, eu prefiro um helicóptero de presente, que ainda não tenho... – ela disse sorrindo, sorri para ela também.

— Vou pensar no seu caso! – disse, acenei para ela e depois sai do quarto, desci a escadaria rapidamente e segui em direção ao meu carro, já me preparando para conversa que teria com Esme daqui á alguns minutos.

***

— Eu não acredito que você não conseguiu convencê-la! – Esme reclamou, suspirei e passei a mão no cabelo, enquanto observava minha madrasta se levantar de sua mesa e me olhar com um olhar ainda mais sério. – Como ela não quis aceitar? Como ela rejeitou esse lugar? – ela perguntou bastante inconformada.

— Simplesmente, ela disse que não quer ser famosa! – falei, dando de ombros. – Ela pode ser tímida!  

— Então resolva isso, fale que ela pode superar essa timidez dela, que ela será treinada, mostre para ela como nosso trabalho é sério, respeitado e que somos os melhores para lançar modelos... – Esme falou então eu suspirei.

— Ela não parece se importar com isso Esme! – falei, ela então me encarou com um olhar sério.

— Edward, você tem que aprender uma coisa, todos tem seu preço, ela também tem o dela, só precisamos descobri-lo! – Esme falou, e então eu sentei na cadeira a frente dela.

— Na condição em que ela vive o preço não deveria ser alto, ela deveria aceitar fácil, mas por mais estranho que pareça ela não quis, ela parece que prefere continuar sendo garçonete! – respondi.

Esme pareceu ficar pensativa, até que um sorriso estranho surgiu no seu rosto.

— Tente mais uma vez, se você não conseguir, eu já sei o que fazer para ela aceitar a oferta! – ela falou, encarei-a com as sobrancelhas franzidas, me perguntando qual ideia ela deve ter tido, mas eu sabia que mesmo que eu perguntasse para ela agora, pelo que eu a conhecia, ela não iria me responder.

***

Realmente Isabella estava me deixando bastante intrigado, aquele jeito misterioso dela me deixou bem curioso, eu já estava decidido ir á boate naquela noite, e dessa vez eu não esperaria ela sair, pois eu estava afim também de fazer uma visita a Alice, conversar com ela e vê se ela conseguia me ajudar a convencer Isabella ou se ela pudesse pelo menos me passar alguma informação sobre ela, já seria de grande ajuda. Já que, se eu for parar para pensar eu não sabia quase nada sobre ela.

Depois de conversar com Esme eu fui para casa descansar um pouco antes de ir para boate, eu já estava com muito sono tanto que eu não quis nem mesmo comer, eu fui para o meu quarto, coloquei meu celular para despertar e então deitei na cama e parei os olhos no teto do meu quarto, depois de alguns segundos eu fechei os meus olhos e comecei a pensar no que falaria para Isabella para tentar convencê-la a trabalhar na casa de moda, seria bem melhor ela aceitar comigo, do que com Esme, já que eu nem imaginava que artimanhas ela poderia querer utilizar para convencê-la a trabalhar para ela.

Enquanto pensava na garçonete, os meus pensamentos acabaram indo para outro lugar, e então sem saber muito o porquê, eu lembrei-me de outra mulher que esbarrou em mim uma vez, meus pensamentos foram exatamente para o momento em que ela estava próxima de mim e eu comecei a tirar os cabelos escuros dela do seu rosto.

E então vi aquele rosto dela... Delicado, frágil, parecendo de uma boneca.

No mesmo momento abri os olhos, sentei na cama, agora mais intrigado do que antes. Lembrei-me de que aquela mulher era a namorada de Alec, mas o que mais me intrigou é que o rosto dela era tão parecido com o da garçonete, tanto, que parecia até mesmo ser a mesma pessoa, ou eu não estranharia se as duas fossem até mesmo irmãs gêmeas.

***

Mesmo com o sono só consegui adormecer depois de um bom tempo pensando, acordei assustado com o barulho do despertador, agora eu estava com mais fome, mas, decidi antes tomar um banho e vestir uma roupa mais adequada para ir á boate, para depois descer e ver o que tem para comer.

Assim que tomei banho e me vesti, desci a escadaria e encontrei Esme e Carlisle na sala de estar, apenas os cumprimentei e fui para cozinha, e fiquei um tempo ali batendo papo com uma das cozinheiras, a senhora Frida.

E enquanto conversávamos ela preparava para mim um prato de comida, já que ela já tinha servido o jantar.

Frida era uma senhora um tanto legal, tanto que preferi sentar no balcão da cozinha e comer ali mesmo na companhia dela, sinceramente eu ás vezes preferia a companhia dos empregados ao dos meus familiares, pois eu sentia que a conversa com os empregados sempre era mais descontraída, podíamos falar de qualquer assunto, qualquer coisa, e eu sabia que não era assim com meu pai, ou com Esme.

Depois de comer, sai rapidamente da mansão, antes cheguei a encontrar novamente Esme e Carlisle na sala de estar, notei que Esme sorria de uma forma estranha, provavelmente porque sabia para onde eu estava indo, talvez ela estivesse com mais certeza do que eu, que eu convenceria a garçonete aceitar a oferta.

Cheguei novamente naquela boate, soltei um longo suspiro, antes de descer do carro. Realmente eu já estava me sentindo cansado de tanto ter que vir aqui, e torcia para que dessa vez seja a ultima por um bom tempo.

Assim que entrei, vi que algo de diferente estava acontecendo, não havia musica eletrônica tocando, na realidade era uma musica ao vivo, a voz era de uma mulher e não precisei ouvir muito para notar que a voz era realmente bastante bonita.

Curioso, eu fui me aproximando do palco, onde costumava subir as strippers, notei que havia um numero grande de pessoas assistindo a mulher cantar e então precisei desviar de muita delas para conseguir me aproximar, assim que parei numa distancia razoável, olhei para o palco e no mesmo momento me surpreendi com o que vi.

Era ela, a garçonete, ela que estava em cima do palco, meus lábios foram se entreabrindo enquanto eu olhava-a dos pés a cabeça e da cabeça aos pés, ela estava extremamente bonita, mas não apenas bonita, ela exalava uma sensualidade absurda, novamente olhei-a dos pés a cabeça e meus olhos primeiro repararam nas botas cano longo de salto que ela utilizava, da cor preta, a bota ia um pouco acima do joelho, fui subindo mais os meus olhos para parar agora no vestido curto, preto, apertado que valorizava bastante sua silhueta, por cima do vestido notei que ela utilizava um casaco branco, fui subindo mais o olhar, e notei agora que ela usava um chapéu, seus cabelos loiros estavam presos e devido o chapéu não dava para visualizar tão bem o seu rosto, mas dava para ver claramente que era ela.

Ela se movia para um lado e para o outro do palco, segurando um microfone e cantando de uma maneira perfeita, notei que ela usava uma luva preta e cantava perfeitamente a musica de Swania Twain, Man! Feel Like a Woman, e sinceramente ouvindo-a, achei que a musica ficou bem melhor na voz dela do que na voz da cantora original.

Eu até mesmo sorri, enquanto a olhava andar pelo palco, ela parecia estar bem a vontade, agindo e se movendo de forma sensual, logo pensei que ela não parecia ser tão tímida como Riley imaginou que ela era.

Teve um momento que ela tirou o casaco, causando um barulho entre os homens que assobiaram, aplaudiram e alguns gritaram, fora então que notei que as luvas eram longas e iam até a altura de seu cotovelo, deixando-a ainda mais sensual, quase no final da musica, ela jogou o seu chapéu, e então notei que ela usava um penteado que lembra um cone, a maquiagem também era perfeita, nos olhos ela usava um forte delineador preto, nos lábios ela usava um batom marrom mais claro.

Naquele momento eu não consegui desgrudar os olhos dela, senti-me estranho, enquanto os meus olhos acompanhava ela movimentar-se no palco e cantar com a sua voz angelical.

Ela estava ainda mais bonita, mais sexy, eu não conseguia nem parar de sorrir enquanto a admirava, e naquele momento novamente sem eu sequer saber o porquê, eu me lembrei daquela mulher que parecia tanto com ela, se não fosse á cor dos olhos e dos cabelos e também da tatuagem, com certeza seriam idênticas.

Fora então que uma ideia muito louca surgiu na minha mente, e eu sorri ainda mais. Embora louca, ela poderia dar certo e resolveria de vez o problema.

— É eu acho que eu já sei o que vou fazer, caso ela não aceite hoje a minha oferta... – eu falei para mim mesmo, ainda sorrindo, enquanto continuava assistindo Isabella cantar, ainda encantado, e não conseguindo parar de prestar atenção em cada movimento dela.

Ela era realmente linda... Seria uma ótima modelo, mas se ela não aceitasse, eu teria que partir para a sua copia, então logo imaginei, eu tenho uma segunda opção, se Isabella não aceitasse hoje a proposta, eu iria atrás de Alec, e faria essa mesma proposta para a namorada dele.

Continua...