11.

Victoria

— Você está falando sério Esme? – perguntei, olhando para Esme, ainda surpreso com a ideia dela.

— O que é? Vai me dizer que ela não teria potencial para ser uma modelo? Você sabe Edward, tenho ótimos olhos para isso e se estou dizendo que ela seria a modelo ideal, é porque ela é a modelo ideal, ela é o rosto que eu tanto procuro... – Esme falou, e então eu soltei um longo suspiro, não que eu não concordasse que ela poderia ser uma modelo, ela tinha perfil para isso, mas por outro lado, eu sabia que até o momento Isabella é uma simples garçonete, ela é totalmente inexperiente nesse mundo da moda, com certeza daria mais trabalho ensiná-la do que pegar uma modelo já experiente.

— Olha Esme, ela realmente é bonita... – eu concordei, lembrando-me da garçonete, logo o rosto dela veio facilmente na minha mente, então eu lembrei-me de cada detalhe, de cada traço, mesmo com a maquiagem pesada e com seu look mais gótico, ela ainda não conseguia esconder o rosto angelical, e era incrível como cada traço do rosto dela se encaixava perfeitamente em cada lugar. Ela seria uma ótima modelo fotográfica, mas mesmo assim, eu ainda não achava uma boa ideia contratá-la. – Mas você precisa se lembrar de que ela não é uma modelo, temos muito pouco tempo já que você rejeitou todas as modelos que eu lhe apresentei, preparar uma pessoa que não tem experiência nenhuma leva tempo, talvez não vá dar tempo de lança-la!  

 - Vai ter que dar tempo Edward, eu já disse que ela é o rosto que estou procurando, eu não quero por outra que não seja a modelo que estou imaginando... – ela insistiu, fazendo me soltar um longo suspiro e discordar com a cabeça, enquanto observava ela caminhar pelo quarto. – Eu não procuro só uma modelo bonita, como já te disse, a modelo que imaginei para essa linha precisa ter algo mais do que beleza, eu quero uma modelo de aparência frágil, um rosto dócil, que representem mulheres meigas e doces, e eu notei que ela tem isso, ela praticamente tem um rosto da modelo que eu imaginei quando criei essa linha de roupas... – Esme dizia, enquanto pensava, acho que ela também estava se lembrando do rosto da garçonete. – Ela tem certa suavidade, delicadeza, e isso é perfeito para a linha romântica, ela faria muito sucesso, eu quero ela e você vai trazê-la para mim...

— Eu? – eu falei, cruzando os braços e encarando-a com um olhar sério.

— Sim, eu quero que você a convença a trabalhar para mim, esse é seu trabalho e acredito que nem vai ser difícil, você acha que ela vai preferir ser uma modelo famosa, ou uma eterna garçonete de uma boate de quinta categoria? – ela perguntou. – Deixa que eu vou ensiná-la, eu vou prepara-la, o único trabalho que você vai ter é trazê-la para mim!

Eu pensei por alguns segundos, e realmente se for parar para pensar acho difícil alguém dizer não a um tipo de proposta dessas.

— Bom, mas como falei eu nem a conheço direito, eu só sei que ela se chama Isabella e trabalha em uma boate como garçonete! – falei.

— Você sabe qual boate ela trabalha? – ela perguntou e concordei com a cabeça. – então ótimo, isso é tudo que você precisa saber, já sabe onde procura-la! – ela disse, e em seguida se virou e saiu do meu quarto, sem ao menos querer saber se eu concordava com isso ou não.

Suspirei, e em seguida passei a mão no rosto, como Esme as vezes me irritava, mas eu sabia o quanto ela era insistente e teimosa, ela não iria desistir dessa ideia, não adiantaria contrariá-la.

Decidi então esquecer esse assunto pelo menos por hoje e ir dormir, pois amanhã eu já imaginava que iria ter um longo dia pela frente.

***

Acordei com o barulho de despertador, bocejei e cocei os olhos, eu ainda estava com sono e para piorar eu estava também com uma terrível dor de cabeça, eu até fiquei tentado a ficar na cama, mas eu sabia que precisava ser mais forte e me levantar.

 Assim que me levantei eu fui até a minha cômoda para pegar um remédio para dor de cabeça, o tomei com um copo de agua que eu sempre trazia para o meu quarto, logo em seguida fui para o banheiro para começar a me arrumar para um novo dia de trabalho.

Assim que desci e fui para a sala de jantar, encontrei todos já sentados á mesa, estavam começando a tomar o café da manhã. Comer juntos era uma espécie de rotina que costumávamos fazer sempre, mas a conversa da mesa sempre fora tediosa, nunca tinha espaço para outro assunto que não fosse trabalho. Afinal a palavra “trabalho” poderia ser o sobrenome dos Cullens.

— Eu vou investir dois milhões da Bicomp, a Eleonor disse que é arriscado investir tanto dinheiro, e que eu deveria apenas investir um milhão, mas eu estava fazendo um estudo sobre ela e vi que ela teve uma alta de valorização no ano de 325%, não acredito que haverá queda... – Carlisle comentava a Esme, então eu soltei um longo suspiro enquanto eu sentava a mesa ao lado de Jane. Já havia percebido que o assunto hoje no café da manhã será bolsa de valores, para mim seria um saco, já Jane, parecia animada com o assunto, por estudar economia “bolsa de valores” é um de seus assuntos favoritos.

— Bom, estamos fazendo umas analises financeiras na faculdade e um dos meus professores garantiu que esse ano o setor de varejo é os que estão entregando resultados mais positivos, e de que a previsão é de que esse mercado irá continuar quente por todo o ano, eu acho que seria melhor você antes de investir fazer umas novas pesquisas, para ter a certeza do que será mais lucrativo para investir... – ela falou, enquanto tomava uma xicara de café. – você pode até lucrar com a Bicomp, mas talvez lucraria mais se pensasse em outros setores...

— Bom, então eu vou verificar melhor... – Carlisle falou.

— Eu acho melhor meu amor! – Esme concordou, no mesmo momento em que a campainha tocou, vi um dos nossos empregados passar pela sala de jantar, para seguir para a porta de entrada. Não demorou muito para que Molly viesse até a sala de jantar, para nos avisar quem é que chegou.

— Licença, a senhorita Victoria, está aqui! – ela disse, com as mãos para trás, enquanto olhava para todos nós, logo suspirei e discordei com a cabeça, enquanto Esme sorria parecendo feliz com a visita de Victoria.

— Peça para ela vir tomar café com a gente! – Esme pediu.

— Sim senhora, com licença! – ela falou, saindo da sala de jantar e indo até a sala de visita.

— Ela não desiste mesmo... – ouvi Jane falar, parecia tão incomodada quanto eu pela visita de Victoria, e eu até a entendia, somente Esme parecia achar Victoria uma pessoa agradável.

Não demorou mais de um minuto, para que ela entrasse na sala de jantar, ela estava usando um vestido azul, seus cabelos loiros estavam soltos e ela como sempre estava bem maquiada, Victoria era muito atraente, mas ao mesmo tempo que é bonita, também é muito irritante e possessiva.

— Victoria querida! – Esme falou, levantando-se para cumprimenta-la, o mesmo fez Carlisle, ela deu um beijo no rosto de Esme, e depois cumprimentou Carlisle. – Vem, sente-se para tomar café conosco! – ela falou de um jeito tão simpático, que não combina nenhum pouco com ela, tanto que parecia até mesmo ser forçado demais.

— Obrigada, você sempre é tão amável... – Victoria elogiou, enquanto dava a volta na mesa para cumprimentar Jane e eu, em seguida ela sentou-se do meu lado. – hoje eu estava pensando em ir à casa de modas, para fazer uma visita a Rosalie, espero que você não se incomode, é que ela anda trabalhando tanto, não vejo ela há semanas...

— É esses dias estão sendo bem puxados, a agenda de Rosalie está bem cheia! – Esme concordou.

— E ela ainda reclama de que você não quis colocar ela como modelo da sua nova linha de roupas! – Victoria comentou, enquanto pegava uma jarra de suco e enchia o seu copo.

— Rosalie é uma modelo maravilhosa, eu já cansei de falar isso para ela, só que ela tem que entender que cada modelo tem o seu estilo e acredito que essa nova linha não seja ideal para ela, estou a procura de uma modelo com outras características... – Esme explicou.

— E já encontrou? – Victoria perguntou, arqueando as sobrancelhas e no mesmo momento Esme olhou para mim.

— Bom, vai depender do Edward, já que será ele que encontrará essa modelo para mim! – ela falou, e então soltei um longo suspiro.

— Então Edward está meio difícil de encontrar a modelo para Esme? – victoria perguntou para mim.

— Bom, eu acho que já encontramos, falta só fazer o convite! – falei, num tom de indiferença, enquanto me lembrava de que hoje terei que ir atrás da garçonete, eu estava torcendo que ela aceitasse o convite, assim seria um problema a menos para me preocupar, sinceramente eu já estava cansado de procurar a modelo perfeita para a linha de roupas da Esme.

— Bom, que tal você me dar uma carona até a casa de modas? – Victoria perguntou para mim.

— Você não veio de carro? – foi Jane que perguntou, ela encarou Victoria com as sobrancelhas arqueadas.

— Sim, mas como Edward vai para lá, eu posso pegar uma carona, estou cansada de dirigir, sabe... – ela disse, suspirando e jogando o cabelo para o lado. Eu sabia que era uma desculpa, mas não tinha coragem de dizer não, seria indelicado demais.

— É uma ótima ideia, Victoria, se depois você quiser ir embora, posso pedir um de nossos motoristas te buscar... – Esme falou toda sorridente.

Olhei para Jane e vi que ela revirou os olhos, enquanto comia sua salada de frutas, eu respirei fundo e levantei da mesa, até tinha perdido a fome, estava decidido ir logo para empresa e acabar logo com isso.

— Então vamos Victoria! – falei.

— Mas já? – ela perguntou.

— É, hoje estou querendo ir logo, afinal, tenho muito trabalho para fazer... – eu falei.

***

— Estou com a impressão de que você não gostou muito da minha ideia... – Victoria falou assim que saímos da mansão e começamos a seguir em direção á casa de moda.

Preferi manter os olhos na estrada e evitar olhar para ela o máximo possível, eu queria ser cauteloso para tentar evitar qualquer briga, que era a ultima coisa que eu desejava naquele momento.

— Não é isso, mas você sabe que a ultima vez que nos falamos não foi muito bom, na verdade já faz um bom tempo que não nos entendemos mais... – eu confessei.

— E com razão, afinal, parece que Emmett e Riley estão te levantando para o mau caminho... – ela soltou, e então eu tive que me lembrar de que nossas brigas aumentaram mais depois que comecei a sair com os dois com mais frequência.

— Você sabe que só comecei a sair com eles depois que terminamos, enquanto namorávamos eu nunca fiz nada de errado, só que mesmo assim você nunca confiou em mim, nem mesmo quando eu ficava toda noite dentro de casa ainda eu conseguia evitar brigas, era incrível como você sempre procurava um meio para discutir comigo, critica até mesmo o meu trabalho! – eu retruquei.

— Mas é claro, você trabalha em volta de monte de modelos bonitas, e eu sei que a maioria é afim de você! – Victoria retrucou, aumentando seu tom de voz.

— Você nunca confiou em mim Victoria, eu já disse, é impossível continuarmos desse jeito, nosso namoro nunca foi agradável, só vivíamos discutindo, eu só vivia nervoso, era briga atrás de briga, pelo menos agora eu estou em paz! – eu soltei, segurando mais forte o volante do carro enquanto eu me lembrava desses momentos tensos que fora meu namoro com ela. – Um namoro tem que existir para ser algo bom para as duas pessoas, e não um problema!

— Edward, eu sei que ás vezes eu exagero, mas não podemos terminar assim, estamos juntos há tanto tempo, você sabe o quanto eu amo você... – ela falou, fazendo-me suspirar e discordar com a cabeça.

Sinceramente, a única coisa que eu queria, era que ela e eu vivêssemos uma relação calma e principalmente saudável, mas eu sabia que isso nunca iria ser possível, não iria funcionar, porque o problema não era eu, eu nunca fiz nada de errado com Victoria, e mesmo se eu tentasse ser o melhor namorado do mundo, ainda assim ela ia fantasiar um monte de coisas para jogar em cima de mim, discutir e me torturar, falando incansavelmente sobre o mesmo assunto. Não, eu não iria mais cair nessa, já estávamos nesse ciclo há um bom tempo, o melhor é continuar assim. Separados.

— Já tentamos varias vezes e não deu certo, se voltarmos, não vai dar certo de novo... – eu disse e então finalmente chegamos á casa de modas, o que me aliviou já que daríamos fim a essa conversa. – Eu gosto muito de você Victoria, mas não dá, entendeu? É melhor você parar de insistir, e tentar seguir sua vida, pois saiba que é o que eu estou tentando fazer... – acrescentei e então abri a porta do carro, ela então me segurou pelo braço.

— O que isso quer dizer? Que tem outra mulher é isso? – ela perguntou, eu soltei um suspiro cansado.

— Não, não tem, mas isso não muda o fato de que nós dois não somos compatíveis! – eu disse, e então sai do carro, Victoria fez o mesmo, fechei a porta, tranquei com minha chave e comecei a caminhar em direção a casa de modas. Victoria foi me seguindo.

— Edward, a gente ainda não terminou a conversa... – ela dizia.

— Terminamos sim, já conversamos desse assunto diversas vezes e... – eu dizia, até que me calei para cumprimentar um funcionário que estava passando e me viu.

— Bom dia Edward! – ele falou, num tom bastante educado.

— Bom dia! – eu desejei, apertando a mão dele, assim que nos afastamos eu continuei. – E então estamos perdendo nosso tempo, porque está obvio de que não vai dar certo... – acrescentei, parando em frente ao elevador, eu chamei apertando o botão e enquanto esperava junto de Victoria, cumprimentei uma modelo que estava passando e caminhava em direção á porta de saída.

Victoria bufou.

— você já está de olho nela, não é? – ela perguntou para mim, fazendo eu revirar os olhos e entrar no elevador. – Edward, amor, posso tentar mudar e...

— Você não vai mudar! – eu a interrompi. – Você só consegue controlar esse seus ciúmes por alguns meses, depois voltamos para o mesmo ciclo de novo! Não dá...

Eu apertei o botão do andar onde fica minha sala e Victoria apertou outro que é o andar onde ficam as modelos.

— Eu não vou desistir Edward! – ela disse, me fazendo bufar e olhar para o chão, quando ela finalmente ficou no andar das modelos, e o elevador fechou para subir para o meu andar, eu fiquei bem mais aliviado. Pelo menos por enquanto não continuaríamos essa conversa, e sinceramente eu estava cheio de assunto, ele já havia me incomodado ao ponto de que se eu pudesse, eu até mesmo me esqueceria de que um dia eu a namorei..

***

Eu sabia que esse termino do meu namoro ainda iria encher muito a minha paciência, infelizmente eu vivia ao redor de pessoas que acredita que pode mandar em tudo, inclusive em minhas decisões, se já não bastasse Esme ser bastante controladora e querer se meter até na minha vida amorosa, ainda eu tinha que aturar Victoria achando que somente por ela querer insistir em um relacionamento que já sabemos que não vai dar certo, eu era obrigado a abaixar a cabeça e concordar.

Várias vezes eu aceitei prolongar isso, achando que algo poderia mudar, e finalmente dar certo. Mas tenho que confessar que as ultimas tentativas, não foi tanto porque eu queria de verdade, mas sim porque os outros queriam mais do que eu, tirando Jane que parecia ser a única que respeitava as minhas decisões, os outros, pareciam querer me controlar como se eu fosse um simples boneco de ventrículo, e não um ser humano que tem suas opiniões e seus sentimentos.

Mas agora eu estava cansado disso, eu queria tomar as minhas decisões, por mais difíceis que sejam, e os outros não eram obrigados a gostarem delas, mas eu queria no mínimo eles as aceitassem.

Depois de pensar nesse assunto por alguns minutos, eu tentei deixar essa raiva para trás, para tentar me concentrar no trabalho, voltei a olhar os books das modelos que eu havia pensado em mostrar para Esme. Fui olhando modelo por modelo, e vi que algumas até tinha uma aparência dócil, mas nenhuma tinha o rosto tão doce como o daquela garçonete, eu fechei o book e soltei um suspiro, eu sabia que não adiantaria insistir com Esme, ela não iria querer nenhuma dessas modelos.

 Enquanto pensava a porta se abriu, senti-me incomodado ao ver que se tratava dela, a Esme.

— Pensei que Victoria estaria aqui... – ela comentou, entrando e fechando a porta.

— Não, a Victoria foi falar com a Rosalie... – falei, e então observei Esme se aproximar e se sentar na cadeira.

— Iai vocês conversaram? – ela perguntou, enquanto cruzava as pernas e me observava, com atenção.

— Sim, mas não mudei de ideia se é o que você está pensando ou torcendo... – eu disse, pegando os books, colocando um em cima do outro para guardar na minha gaveta.

— Edward, a Victoria te ama...

— Sim, eu não duvido disso, mas só o amor não é o suficiente, eu já disse que somos incompatíveis!

— Ela só é insegura, mas é uma ótima mulher, tenho certeza de que se você...

— Não Esme, não insista, eu não quero mais falar desse assunto, já basta o que ela e eu conversamos, por favor, podemos pelo menos deixar essa conversa para mais tarde?! – eu pedi, ela me olhou por alguns segundos, suspirou e então levantou-se da cadeira.

— Tá tudo bem, você vai atrás dessa garçonete hoje? – ela perguntou, olhando-me com um olhar bastante sério. Pelo menos, ela havia trocado de assunto.

— Sim, eu vou, vou trazer ela para você no máximo depois de amanhã, tá tudo bem? – perguntei, ela esboçou um leve sorriso.

— Ótimo! Espero mesmo que você cumpra essa promessa... – ela falou, e em seguida se virou. – Nos vemos no almoço! – ela acrescentou, sem voltar a olhar para mim, em seguida saiu da sala, fechando a porta atrás de si.

Irritado, eu peguei os books e enfiei na gaveta, a fechei com força, e passei a mão no cabelo. O dia só havia começado e eu já estava extremamente estressado.

E para piorar, antes mesmo de falar com a garçonete eu já estava extremamente nervoso, pois eu sabia que se ela não aceitasse a minha proposta, Esme me torturaria pelo resto dos meus dias até eu conseguir convencê-la do contrário, então, eu estava certo de uma coisa: eu precisava convencer essa Isabella a trabalhar para Esme, de qualquer forma.

Sim, Isabella não poderia me dizer não...

Continua...