A Melodia das Águas escrita por Urano
Notas iniciais do capítulo
Palavra de hoje: Pleitear.
Verbas desconhecidas escapavam-lhe pelos lábios, enquanto a luz transpunha a simples pérola, em sucessivo engrandecer, tomando a forma feminina da deusa. Olhos castanhos encararam-na magníficos, por um breve instante, antes que fossem ao chão.
“Mãe!" Naríia gritou, indo de encontro à figura, que agora jazia deitada ofegante. Segurou-a no colo e retirou-lhe os fios brancos do rosto, revelando extensas e profundas rugas.
“A mãe está conosco debaixo de cada escama, no cantar de nossa música, na sabedoria de nosso povo. Temi que ela desaparecesse e um dia nossa existência silenciasse, mas você está aqui.”
“Vim trazer-lhe a chama para que possa reviver…”
“Não.” O sorriso da senhora carregava em si a passagem das eras. “Na idade antiga do mundo, a cada cem anos, os filhos das águas enviavam uma moça instruída a pleitear o posto de guardiã da chama, responsável pela vida de todos nós… Sou apenas Teaé, dos pântanos… Contudo, o reino dos mares calmos atrasou-se… Por sete milênios esperei…”
“Do que está falando?"
Antes que prosseguisse, a jovem foi envolvida por braços magros. Em seus ouvidos, Teaé recitava a melodia que atravessava o tempo, enviava-lhe a própria essência das águas. Ao cair do silêncio, estava sozinha, rodeada por branca espuma marinha.
Chorou.
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