O Lucas finalmente voltou pro Brasil, e eu admito que embora estivéssemos conversando sempre, eu senti falta dele. A dona Isabel passou o último mês do intercâmbio do filho na casa do David. Eles iam buscá-lo em São Paulo e eu pedi pra ir junto. Era a primeira vez que eu veria ele depois do fim. E agora? Como seria? Deveria cumprimentar com um abraço, um aperto de mão, um beijo no rosto...? Seria o que o clima exigisse.

Quando chegou o momento, senti um frio na barriga. A mãe, a tia e o primo o abraçaram. E eu? Era rotundo o embaraço de ambos. Era como se nós nunca mais tivéssemos nos visto ou mantido contato. Maldita vida real. Num jogo constrangedor de braços, mãos e bochechas se inclinando para o outro, acabamos dando um aperto de mão seguido de um tapinha ridículo nas costas.

Almoçamos no Parque Shopping Maia. Eu e o Lucas trocamos algumas palavras, mas não era nada parecido com o mundo virtual.

— O David disse que vocês tinham virado melhores amigos... — Dona Inês disse com um tom lúdico de questionamento.

— Mãe! — David corou.

— Põe um celular na frente deles que a amizade volta. — Isabel brincou.