Take me to church escrita por Andreza Cullen


Capítulo 5
Quarto capítulo




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A semana se passou voando, como sempre. As piadinhas de mau gosto estavam cada vez mais chatas e inconvenientes. Eu não me importava em ser chamada de cria do diabo, mas é que as vozes dessas pessoas ecoando na minha mente me estressam. A rotina nunca mudava, e se mudava era por conta de algum imprevisto indesejável como trabalhos extras ou essas coisas. Alhena tinha razão, as vitaminas eram ótimas, me deixavam menos esgotada. Com o segundo semestre se aproximando, qualquer tempo livre que eu tinha usava estudando, afinal junto com o final do ano vinham os vestibulares, e sem passar na universidade dos meus sonhos, sem mudar de cidade, e conseqüentemente sem ter uma vida quase normal.

No dia da minha folga, combinávamos nós cinco de estudar, e para a minha felicidade esse semana era no domingo.

— Como você nos convida até a sua residência sem ter Coca-cola, Terra? – alguém avisa que esse Danillo era realmente enxerido ao abrir a porta da geladeira e reclamar? Mas pudera, ele já é de casa.

O único que ainda não havia chego era Matheus, pois seu ônibus quebrou. Murillo e Gus brincavam como duas crianças no quintal dos fundos, Danillo assaltava a geladeira e Brida organizava as matérias, como sempre a mais sensata. Marco estava em um estagio da faculdade.

Dan estava reclamando dês da hora que havia chego pela falta de Coca,  mesmo que eu explicasse um milhão de vezes que ninguém – quando digo ninguém isso inclui o Gus – nessa casa beba Coca.

— Brida, você vem comigo até a mercearia da esquina comprar Coca? Se não vou acabar por matar esse traste!

Mal esperei Brida responder e já estava calçando uma haviana qualquer e pegando meu cartão alimentação na bolsa. Ela deu de ombros seguindo em direção a porta.

— Por que vai comprar Coca para o Dan? Ele que trouxesse – o sol estava discreto, eram menos de 200 m até a mercearia.

— Qualquer coisa para ele calar a boca, e, afinal, isso nos da a brecha de comprarmos sorvete escondidas – assim que terminei a frase, um sorriso lindo – como tudo nela – surgiu em seu rosto.

Não nos entendam mal, eu e Brida nunca tivemos, temos ou teremos nada. Somos como irmãs uma para a outra, só não sou burra ou estúpida para negar que ela é realmente linda.

Chegando a mercearia, Brida foi direto até a geladeira buscar pela Coca e pelos picolés enquanto eu procurava alguns salgadinhos para levar, a final de contas, aquele povo come pra caramba.

— Sua dor melhorou?

Dei um pulo e deixei um pacote de cheetos cair pelo susto. Ela estava do meu lado e provavelmente segurando uma risada com aquela cena. Quando levantei e me deparei com seu rosto ele parecia meio assustado, mas logo foi substituído por um sorriso, e que sorriso!

— O que faz aqui? – perguntei por impulso – Quer dizer, você mora bem longe – acrescentei rapidamente, percebendo que eu havia sido intrometida.

Ela deu de ombros e pegou algumas sacolas do chão.

— Você já morou bem longe também Terra, sabe como lá é sufocante. Aqui – ela olhou em volta e voltou a sorrir – aqui é quase tranqüilo. Mas me diga, melhorou da dor?

Que dor? Eu nem estava realmente com dor naquele dia, era so uma desculpa pelo fato dela me deixar fora de orbita.

— O remédio é realmente ótimo.

Nos duas nos dirigimos para o caixa, provavelmente ela só foi me acompanhar já que suas compras já estavam na sacola.

Brida me esperava lá, e assim que viu Alhena ao meu lado, fechou a cara como eu pensava que ela faria. Seu olhar tinha um quê de confusão.

Quando apresentei uma a outra, Brida respondeu simplesmente “Todo mundo sabe quem é ela” pegou as compras e o cartão da minha mão e foi pagar.

— Acho que ela não gosta muito de mim...

— A Brida é assim, ela só se abre com quem ela conhece. Não é pessoal.

E pelo o que me parecia, ela não ligava mesmo, já que não mostrou nem um pouco de magoa com o jeito que a Brida a tratou, pelo contrario, colocou seu óculos e sol e jogou seus cabelos para trás.

— É melhor eu ir, meu motorista esta me esperando.

Claro, como eu pude pensa que ela teria vindo de ônibus. Ela pegou suas sacolas e empinou o nariz. Ali estava ela, a Alhena que até então eu pensava ser apenas fruto de comentário dos invejosos, já que ela havia se mostrado completamente diferente.

Mesmo com seu ar de “Eu me amo tanto que tenho ciúmes de mim” em nenhum momento enquanto trocávamos as despedidas ela se mostrou superior ou me tratou de maneira inferior. Ajudei ela com as sacolas até o carro, e descobri que ela tem um fraco por chá de erva-doce, já que uma sacola era repleta de pacotes do mesmo.

Quando voltamos a estudar, mesmo tendo conseguido colocar todos os trabalhos da semana em dia, ela não saia da minha cabeça. Se eu não conseguisse fazer as duas coisas ao mesmo tempo, provavelmente teria perdido uma tarde inteira pensando em quanto a sua pele parecia convidativa e a sua voz persuasiva.

Como iam todos dormir em casa, resolvi montar o sofá cama para os garotos enquanto eles estavam lavando a louça na cozinha. Escutei Brida falando assim que terminei de estender a fronha.

— Cuidado Terra – me virei para ela na hora, um pouco confusa. Brida, que até aquela hora havia trocado poucas palavras comigo, agora me olhava com o olhar preocupado – Ela vai te machucar.

Seu olhar agora acusatório fez minha ficha cair e eu me toquei que ela se referia a Alhena. Na contive uma risada antes de lhe responder.

— Você, mais do que ninguém, sabe que nunca rolaria nada entre eu e a Alhena...

— Eu sou sua melhor amiga – ela me interrompeu descaradamente, e eu não ousei protestar. Escorpiana. – eu te conheço Terra, você é gamada na guria desde antes de me conhecer – aquilo me pegou, estava tão obvio assim? Quem mais teria percebido? Ela balançou a cabeça como se discordasse de algo – Só, tome cuidado.

Aquilo mexeu comigo, embora Brida estivesse certa com relação a minha antiga paixonite por Alhena, ela errara se havia pensado que em alguma parte da minha existência eu cogitei que Alhena retribuísse, sejamos realistas.

Escutei as vozes dos meus amigos/família da cozinha, e percebi que estavam implicando com Danillo por ter colocado sal demais na pipoca.

— Qual a porra do seu problema garoto?! – essa era a voz de Brida, isso significa que era melhor eu correr antes que alguém fosse para o hospital.

Mesmo que Alhena não saísse da minha mente, que eu estivesse sobre pressão pelo vestibular e que as pessoas me olhassem estranho, ali, com eles eu me sentia completa, feliz.

Liberta.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem, deixem comentários :) Até domingo



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