Take me to church escrita por Andreza Cullen


Capítulo 12
Décimo capítulo




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Já eram quase três da tarde e eu ainda estava naquele maldito hospital. Matheus me tranquilizou dizendo que nossa mudança já tinha ido e nada mais nos prendia ali naquele maldito inferno. Exceto eu, é claro.

Embora boa parte do meu rosto ainda estivesse inchado, já não estava tão ruim quanto antes. Minha cabeça ainda estava insuportável e piscar era uma dor lancinante.

Nathaniel chegou pouco depois de eu cair no sono por causa de um remédio, e quando acordei, alguns minutos atrás, ele já havia ido até a delegacia, por tanto ainda não nos cruzamos.

Alhena não tinha trocado uma palavra sequer comigo dês daquele momento. Pedi para Marco a convencer a ir para a casa dela e se despedir dos pais como se nada houvesse acontecido, o que menos precisávamos agora era que ele descobrisse.

— Estamos tentando te transferir a horas, mas eles não querem deixar, dizem que os hospitais de Maringá estão lotados... Mas não é verdade, Nathaniel checou!

— Desde quando você o chama de Nathaniel? – questionei Marco, que ralhava na cadeira. Embora meus lábios doessem pelo sorriso malicioso que dei, eu não poderia perder essa oportunidade.

Ele me olhou com aquele olhar de “Não começa”

É claro que eu comecei.

— Que eu saiba é Nate para os íntimos...

Nate e Marcos haviam tido um looongo caso há alguns meses atrás, mas Nate teve que voltar para a sua cidade já que ele estava aqui apenas para um estágio no escritório do seu tio, o único escritório de advocacia da cidade.

Era obvio que ele ainda mexia com meu amigo, até o jeito dele descontar o peso do corpo na perna deixava isso obvio

Mas, por mais que eu tentasse me distrair, nada me tirava Alhena da cabeça. A essa altura ela estaria em Maringá com Monica, fingindo que tudo estava bem e nada daria errado.

Percebi pelo sorriso que se formou no rosto do Marco que era uma mensagem de Nate, ele me entregou o celular para que eu conferisse a noticia em primeira mão.

Nate –

Consegui a transferência dela, daqui a três horas ela tem que estar saindo daí.

Aquelas foram as três horas mais longas daquele ano, mas finalmente eu estava em Maringá.

O caminho inteiro foi eu tentando convencer Brida e esquecer aquela historia, pois Nate e Marco ficaram na cidade para resolver os negócios da queixa.

Eu realmente só queria apagar aquilo da minha mente. Minha cabeça ainda latejava e eu ainda estava com inchaço em vários pontos do meu corpo, mas eu ficava pálida só em pensar no maldito Guilherme fazendo mal a alguém que eu amo.

— Não sei por qual milagre os pais da Alhena não descobriram – mencionei na ambulância.

— Eu sei, negligencia. Se não fosse pelo Nathaniel, nem os pais do desgraçado teriam ficado sabendo, afinal a policia fez o que pode pra jogar essa droga para debaixo do tapete.

Avistamos a casa assim que entramos na rua, pois o tanto de caixas que ainda estavam sendo despachadas não deixava duvidas.

Não era um local pequeno, pois íamos morar todos lá. Era uma casa com 6 quartos e ficava no meio de uma rua não muito longe do centro de Maringá. O aluguel dividido por 6 pessoas ficara um preço incrivelmente aceitável.

Quando cheguei, os gêmeos e Matheus já estavam desempacotando algumas caixas, o que deixava a nossa sala de estar que deveria ser grande, minúscula. Se o barulho que eu estava fazendo não houvesse me entregado com certeza Gus entregaria. Ele saltou varias caixas e foi até o meu encontro, mas Brida o pegou antes que ele pulasse em mim e me derrubasse. Fiz carinho em sua testa pois eu não estava em condições de segura-lo.

— Olha quem chegou! – Matheus veio me abraçar, mas assim que percebeu que eu ainda estava horrível apenas me cumprimentou.

— Eu não mereço um abraço?

— Você não ta agüentando nem ficar em pé direito, que dirá um abraço – não consegui segurar a risada quando Danillo deu um tapa em Murillo.

Varri o ambiente procurando por Alhena, afinal, ainda não tínhamos conversado depois da discussão.

— Ela e Monica virão jantar com a gente – Matheus me tranqüilizou.

 

 

As horas que se seguiram foram repletas de brincadeiras, todo mundo entendeu que eu queria esquecer o assunto e ninguém tocou mais nele, embora fosse obvio que todos ali estavam com um ódio mortal daquele desgraçado e quisessem a cabeça dele em uma bandeja. Mas graças aos melhores amigos do mundo, conseguimos esquecer aquela tragédia por algum tempo e nos focar na nossa nova vida.

Ninguém me deixou desempacotar nada, arrumar nada, as vezes nem respirar direito! Por mais que eu garantisse que eu estava melhor e que minha cabeça não parecesse mais que fosse explodir – embora parecesse que fosse rachar ao meio – eu ainda estava em repouso absoluto.

Marco me avisou que ele iria para lá amanha de manha, pois eles estavam entrando com uma ação judicial contra o estado.

Terra -

 Você sabe que eu não quero isso, é melhor parar por ai

Marco -

 Não vamos deixá-los impune Terra.

Joguei meu celular no sofá. Por mais que eu insistisse, eles não mudavam de ideia! Só me restava uma coisa a fazer, e era justamente aquilo que eu mais queria fugir.

— Vamos pedir pizza, ninguém aqui esta com a menor vontade de cozinhar e a única que sabe fazer algo decente esta totalmente inútil, sem ressentimentos, é claro – Brida falou me lançando um sorriso – então, alguém conhece alguma pizzaria?

Pedimos uma pizza de varias pizzarias diferentes, assim saberíamos qual a melhor e teríamos nossa janta.

Cada segundo parecia uma eternidade dês de quando eu havia tomado a decisão. Os minutos pareciam se arrastar de propósito pedindo para que eu voltasse atrás. Mas eu não voltaria, não poderia voltar. Não era justo com Alhena.

Alhena e Monica chegaram poucos minutos depois das 20:00, ela sustentou meu olhar quando a encarei, porem não estava alegre ou nada do tipo. Os olhos dela estavam sérios, e aquilo me preocupava.

Apontei para o assento livre do sofá com os olhos, e ela entendeu o que eu queria dizer, mas me ignorou. Se dirigiu a cozinha. Sorte a minha Gus ter ficado comigo no sofá, embora assim que começaram a comer pizza, ele foi com Brida, que sempre lhe dava algum pedaço. Traidor.

Aquilo havia doido, mas eu não poderia culpa - lá. Eu queria ela comigo nesse momento em especial, precisava dela, e ela sabia disso.  Encarei as caixas na minha frente, e a duvida voltou como uma pancada.

 

Eu deveria mesmo fazer isso?

Talvez eu não devesse.

E se as coisas piorarem conosco depois disso?


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Notas finais do capítulo

Esse é o penúltimo cap da fic, espero que gostem :)



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