Meredith Gruwell escrita por Karina A de Souza


Capítulo 8
Passados e Segredos


Notas iniciais do capítulo

Olá ♥
Deixo aqui meu agradecimento especial para Princesa Mestiça ♥



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Sirius e eu não conversamos sobre o beijo. Parecia um assunto proibido. Além disso, ele evitou ficar sozinho comigo.

Dias depois, os Weasley apareceram, e encheram a casa. A Sede da Ordem da Fênix estava mais agitada que Hogwarts. Os gêmeos aprontavam o tempo todo, Molly vivia tentando ajeitar tudo, e unindo isso, a casa ficava um caos. Porém... Parecia um lar.

—Quando Harry e Hermione vêm pra cá?-Perguntei a Rony.

—Não deve demorar muito.

E não demorou. Poucos dias depois, ambos chegaram, e a casa ficou ainda mais agitada. Todo mundo estava alegre e contagiado com o clima de natal... Menos Sirius. Ele parecia um pouco mal humorado e sequer olhava pra mim. Isso me fez ficar mal. Poxa... Eu não queria deixá-lo daquele jeito. Nem planejei beijá-lo.

O pior foi que ele ficou ainda mais zangado comigo um dia depois. Eu acordei gritando no meio da noite e acordei todo mundo. Enquanto Molly tentava me acalmar, ele chegou mais furioso que Severo quando entra na sala de aula.

—O que foi isso?-Perguntou. –Você tem mesmo que acordar a casa inteira?

—E-eu... Achei q-que tinha alguém... Alguém que queria me matar...

—Não tem ninguém aqui que ter te matar, Meredith. Isso é coisa da sua cabeça. –Meus olhos se encheram de lágrimas. –Pare com isso. São apenas sonhos, é a sua imaginação agindo.

 

—Mas eu...

—Meredith. –Olhou em volta. –Podem voltar para suas camas, o drama acabou. –E saiu.

Ninguém disse nada, todos pareciam chocados demais para falar alguma coisa.

***

—Meri?-Não tirei os olhos da mesa. Sirius se aproximou e sentou ao meu lado. –Desculpe por ontem à noite. Eu não devia ter falado daquele jeito com você. Mas... Esses seus terrores noturnos...

—São cansativos, eu sei. Também não gosto deles, mas não consigo evitar. É muito real. Eu sinto e... Sinto o mesmo medo e o mesmo desespero de quando... De quando aconteceu aquilo em Hogwarts.

—Sinto muito.

—Tudo bem. Eu vou superar.

***

—Finalmente a achei. –Remo disse, descendo as escadas, tirei os olhos do livro.

—Estava me procurando?

—Sim. Tenho algo pra você.

—É um manual de como lidar com o novo Sirius Black?-Sorriu.

—Não. –Estendeu uma bolsinha de couro marrom, franzi a testa e a peguei.

—O que é?

—Abra. –Deixei o livro de lado e abri a bolsinha.

—Remo... Isso... Eu não posso aceitar. –Peguei um dos sicles.

—É claro que pode. Você perdeu tudo o que tinha. Precisa de roupas novas, pertences novos... Todos nós nos unimos e juntamos para você. Vai ter que aceitar, de um jeito de ou de outro.

—Obrigada.

Mais tarde, fui às compras com Molly e Hermione. Comprei apenas algumas roupas e alguns itens necessários. Depois disso voltamos rapidamente para a Sede da Ordem da Fênix.

***

Finalmente o natal chegou, contagiando toda a casa com clima natalino. A Sra. Weasley me deu um suéter com um “M” na frente; Remo e Sirius, um globo de neve que continha uma miniatura de Hogwarts e Hermione, Harry e Rony um livro sobre dragões.

—Como vocês sabiam que eu gosto do tema?-Perguntei.

—Você é meio óbvia. –Mione brincou, sorrindo.

—Ei, olhem!-Gina exclamou, apontando. Uma coruja marrom pousou ao meu lado no sofá, soltou um pequeno embrulho e saiu voando. –O que é?-Abri o pacote. Havia uma caixinha, com um anel dentro, e um cartão de feliz natal. Sem nome. –Quem mandou?

—Também queria saber.

—Será que foi Dumbledore?-Rony perguntou.

—Ele não teria por que fazer isso. E com certeza enviaria um presente ao seu estudante favorito. –Olhei para Harry, que riu. –Não faço ideia de quem pode ter enviado isso.

—Eu tenho meus suspeitos. –Hermione disse, pegando o anel para ver de perto.

—Como assim?-Deu de ombros. Ouvimos um barulho alto vindo da cozinha, então a senhora Weasley dizendo “eu cuido disso, eu cuido disso, vá, vá” e aí uma mulher apareceu na sala, levemente suja e desalinhada.

—Derrubei umas coisas na cozinha. -Contou. -Acho que algo quebrou.

—Sem problema. -Sirius avisou, descartando a informação com um gesto. -Nada nessa casa é muito importante. -A bruxa cumprimentou os outros e sentou ao meu lado.

—Sou Tonks. Você é a Meredith. Não é?

—Sou. -Respondi. -Gostei do cabelo. -Sorriu, balançando as madeixas rosas.

—Ouvi tanto sobre você, fiquei curiosa e tive que vir pra cá o mais rápido possível. Lupin disse que... -Esticou o braço, derrubando um abajur que parecia antigo. -Ai.

—Minha mãe adorava esse abajur... -Sirius disse.

—Desculpe.

—...Obrigado por quebrá-lo, Tonks. -Não houve quem não riu na sala. Tonks parecia mais tranquila.

***

—Você vai gostar disso. -Sirius avisou, deixando uma caixa empoeirada no chão a minha frente.

—O que tem aí?-Perguntei.

—Fotos.

Peguei um dos álbuns. No primeiro havia uma foto do casamento de Lílian e Tiago. Sirius estava com eles. Meus olhos se encheram de lágrimas.

—Ela estava tão linda. -Murmurei. -Queria ter... A chance de estar lá. Não acredito que perdi isso.

—Meri... -Sirius sentou ao meu lado. -Nós sabemos que não foi culpa sua...

—Se eu tivesse ficado no dormitório, nada disso teria acontecido. Então eu perdi meus amigos, meu namorado, o casamento de Lílian e Tiago, o nascimento de Harry... -Entreguei o álbum pra ele. -Vou ajudar a sra. Weasley na cozinha.

Saí apressada da sala, passando por Monstro que se esquivou de mim como se eu tivesse uma doença contagiosa. Fingi não ouvi-lo murmurar “sangue-ruim”.

Sequei os olhos e entrei na cozinha. Gina e a mãe estavam preparando o jantar.

—Precisam de ajuda?-Perguntei.

—Pode arrumar a mesa, querida. -A sra. Weasley respondeu, sorrindo pra mim por cima do ombro.

Fiz um gesto com a varinha, os pratos, talheres e copos foram para a mesa.

—Você está bem?-Gina sussurrou, se aproximado. -Seus olhos estão vermelhos.

—Sirius me mostrou uma foto do casamento dos pais de Harry. Me sinto péssima por perder isso e tantas coisas. Não vi a vida da minha amiga mudando tão drasticamente... Não estava aqui para saber o segredo dos Potter, no lugar de Pedro... Não pude lutar para provar a inocência de Sirius e então ele passou doze anos da vida dele naquela prisão horrorosa. Eu podia ter feito tanta coisa. Sirius e eu podíamos ter ficado com Harry, ou até mesmo impedido a morte de Lílian e Tiago...

—Ah, querida! -A sra. Weasley exclamou, me puxando para um abraço. Não consegui conter as lágrimas. -Tudo bem, tudo bem. Nada do que houve foi culpa sua. O destino não pode ser evitado. As coisas são assim. Tenho certeza que Lílian Potter amava você e nunca a culparia por nada. Entendeu?-Assenti. A mulher me soltou e deu um passo para trás. -Ótimo. Agora sorria. Hora do jantar.

Minutos depois, a cozinha estava cheia. Eu estava bem melhor e envolvida numa conversa entre Sirius, Remo e Harry, que começou logo após o primeiro atirar um feitiço contra Monstro (que escapou por pouco).

—É por isso que ele te odeia. -Avisei, dando uma olhada repreensiva na direção dele. -Você o trata mal.

—Ele me odeia também e você não está o repreendendo. Na verdade, Monstro odeia todos nós, incluindo você. -Dei de ombros. -Ele disse que minha mãe quase morreu de desgosto quando soube que eu estava namorando uma... Você sabe. -Desviou o olhar.

—Uma sangue-ruim?

—Não precisa repetir isso.

—Bem, já me chamaram disso tantas vezes que eu já me acostumei.

—Snape. -Resmungou.

—O professor Snape te chamou de... -Harry começou. Hermione e Rony se viraram para prestar atenção na conversa.

—Sim. -Respondi. -E não só eu. Foi aí que a amizade entre sua mãe e Severo foi de mal a pior. E também, Lílian desaprovava algumas companhias de Snape.

—Ele andava com Comensais da Morte. -Sirius contou. -Aquele ranhoso...

—Eles não eram Comensais na época. E Snape não teria... Ele não se juntaria a isso. -Olhei em volta, Remo e Sirius de repente pareciam muito atentos a seus pratos. -Nunca entendi por que o odiavam. Eu até tentei convencer vocês a serem legais com ele.

—Claro. Certamente o ranhoso acreditaria numa bela amizade com a gente.

—O que Sirius quis dizer, -Remo começou. -é que Snape certamente desconfiaria que estávamos armando algo.

—Também.

—E você acha engraçado, Sirius Black?-Perguntei. -Snape era...

—Convencido.

—Como Tiago e você. Lembra? Vocês não eram santos.

—Não éramos tão ruins. -Soltei meu garfo e virei para o homem ao meu lado.

—Você quase fez Snape entrar na Casa dos Gritos, quando Remo estava lá, em forma de lobisomem.

—Foi uma brincadeira.

—Uma brincadeira homicida! E se ele tivesse morrido?

—Ninguém mandou Snape ser tão curioso. Se ele não tivesse metido aquele nariz enorme onde não devia...

—Sirius!-Rony riu. -Isso não é engraçado. Podia ter acontecido uma tragédia.

—Ele sobreviveu. Tiago o impediu de virar o jantar do Remo. -Largou os próprios talheres. -Por que você fica defendendo o ranhoso?

—Por que ele era meu amigo. Severo Snape não é mau. -Houve uma série de protestos pela mesa. -Certo, certo. Ele é cruel com quase todo mundo... -Harry cruzou os braços. -Com todo mundo, mas... Pelo menos ele não é um Lúcio Malfoy.

—Nisso ela está certa. -Remo apontou.

—Obrigada.

—Mas não tente enfiar isso na cabeça de Sirius, Meri, não vai dar certo.

***

Eu estava de novo com Sirius na cozinha, dessa vez falando sobre a limpeza gigantesca na casa, quando Snape entrou pela porta assustadoramente rápido como um grande morcego. Sirius fingiu não vê-lo, lendo uma matéria sobre si mesmo, no Profeta Diário.

—O que faz aqui?-Perguntei, confusa. -Algum problema?

—Vim falar com Black. -Se virou para o homem a minha frente. -Acha mesmo que vai conseguir ser o responsável de Meredith? Você é um fugitivo.

—E você a odeia. -Ficou de pé, desistindo de ignorar Snape. -Eu certamente faria melhor...

—Confinado aqui? E, precisa admitir, é tão irresponsável como seu amigo Potter.

—Não fale do Tiago!-Em segundos os dois sacaram as varinhas. Fiquei de pé, sacando a minha também. Se eles começassem a duelar ali...

—Larguem as varinhas!-Pedi. -Sirius...

—Você não consegue superar uma desavença adolescente e desconta em crianças. Acha que não sei como trata Harry e Meredith?

—Realmente não importa. -Menti. -Por que a gente não se acalma e...

—Ela era sua melhor amiga, seu idiota. Mas o que esperar de um...

—Um o que?-Snape exigiu. Aí eu intervi, lançando um Expelliarmus contra eles e pegando suas varinhas.

—Meredith! Devolva, agora.

—Pra vocês duelarem aqui dentro? Não.

—Meredith...

Ambos deram a volta na mesa, pra me alcançar, então eu pulei pra cima dela, saltei para o outro lado e corri para fora da cozinha, com os dois bruxos atrás de mim.

—O que está acontecendo?-Remo perguntou, quando me escondi atrás dele.

—Eles estavam quase se atacando na cozinha!

—Então você roubou as varinhas deles?

—Que escolha eu tinha?

—Meredith, pare de infantilidade. -Sirius mandou. -Devolva o que pegou.

—Só se prometerem que não vão duelar. Vocês prometem?-Assentiu. Snape apenas olhou pra mim. -Okay. Peguem. -Estendi as varinhas, que foram devidamente guardadas. -Melhor assim.

—É melhor que isso não se repita, Gruwell. -Snape disse, então se virou para Sirius. -Pare de importunar Dumbledore com suas cartas. O que você pediu está fora de cogitação. -Começou a sair, mas parou e se virou. -E quanto ao outro assunto... Está sendo devidamente discutido. -Então se foi rapidamente.

—Do que ele estava falando? O que pediu a Dumbledore? E que assunto está...

—Isso não é conversa para crianças. -Sirius interrompeu. Apontei minha varinha pra ele.

—Crianças? Crianças? Olhe bem pra mim, Sirius Black. Você já teve a minha idade. E se achava muito adulto!-Abriu a boca para retrucar, mas Remo o interrompeu.

—Ela está certa, você sabe. Porém, Meri, esse assunto... Não se preocupe com ele.

—Pode pelo menos me dizer o que é?-Olhou para Sirius e negou com a cabeça. -Tudo bem. Vou subir... Preciso estudar. Caso decidam parar de esconder as coisas de mim, vocês sabem onde me encontrar.


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Notas finais do capítulo

E esse é o capítulo de hoje. Até o próximo ♥