Meredith Gruwell escrita por Karina A de Souza


Capítulo 7
As Mentiras de Rita Skeeter


Notas iniciais do capítulo

Curiosidade: o Bicho-Papão de Meredith é a Morte



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—Animada para o natal?-Hermione perguntou, enquanto arrumávamos nossas malas para ir.

—Não faz ideia do quanto. –Então parei, refletindo. –Ai, não...

—O que?

—Preciso de permissão para sair. Mas... Não tenho um responsável.

—Achei que... –Olhou em volta. –Sirius fosse seu responsável.

—Não. Seria meio arriscado, considerando que ele está se escondendo. Preciso falar com Dumbledore.

Saí o mais rápido possível para a sala do diretor. Quando cheguei, estava sem fôlego.

—Meredith, posso ajudar em alguma coisa?-Perguntou, respirei fundo antes de responder.

—Sirius me convidou para passar o natal com ele.

—Eu sei, Harry me contou. Acho que é uma boa ideia.

—Mas eu preciso de permissão.

—Isso você terá que pedir para o seu responsável.

—Eu não tenho um. O senhor não podia fazer isso por mim?

—Infelizmente não, Meredith. Eu sou o diretor, e isso poderia ser visto como favoritismo. –Disse o homem que sempre dá milhares de pontos para a Grifinória.

—Então quem é meu responsável?

—Escolhi um dos professores. –Refleti.

—A professora Minerva?

—Não.

—A Trelawney?

—Não.

—Então quem... –Olhou por cima do meu ombro. Minha cabeça começou a trabalhar o mais rápido possível, decifrando o enigma. Me virei. –Não.

—O professor Snape será seu responsável. –Olhei para o diretor, me apoiando na mesa.

—Não. Não, por favor, não faça isso.

—Por que você não pede a ele para sair?-Suspirei e me virei para Snape.

—Professor, o senhor permite que eu saia para o natal?

—Não me agrada que vá para a casa de Black, - Começou. –mas pode ir.

—Espera, você me deixou ir?-Eu não podia estar mais surpresa.

—Sim, ou terei que aguentá-la por aqui o natal todo. –Muito engraçado, não é?

—Obrigada, professor. Com licença, preciso terminar de arrumar minhas coisas.

***

—Snape é o seu responsável?-Rony perguntou, o mais chocado impossível. Tirei o olhar da janela. Estávamos saindo de Hogwarts.

—Sim. Também não estou acreditando. Dumbledore o escolheu para ser meu responsável.

—Não podia ser pior.

—Não mesmo.

—Estranho ele ter deixado você sair. –Harry comentou.

—Verdade. Ele disse que me liberou por que se me deixasse lá, ia ter que me aguentar o natal todo. E então, como vai ser depois que chegarmos à estação?

—Você vai com os pais de Rony, para a casa deles. De lá vai para a Sede da Ordem da Fênix.

—E você e Hermione?

—Nós vamos outro dia.

—Por que não... –A porta abriu. Malfoy e seus dois amigos estavam na entrada.

—Olha só, Gruwell. –Draco disse, jogando um jornal em mim, o peguei, vendo a foto da capa. –Parece que está famosa agora. A fantasma estudante...

—Sai daqui, Malfoy. –Harry mandou, se levantando, Rony fez o mesmo.

—Meninos, não. –Pedi. –Não vale a pena se sujar com esses idiotas.

—Espero que não tenha se apegado a Hogwarts, Gruwell. –Draco comentou. –Você não vai voltar para lá. –E saiu com os amigos.

Hermione fechou a porta e sentou ao meu lado de novo para ler o que dizia sobre mim no jornal.

Meredith Gruwell (16 anos) foi assassinada vinte anos atrás, em Hogwarts, mas, contrariando as leis da vida, a garota voltou dos mortos, e voltou a frequentar a escola de magia e bruxaria. Isso vem preocupando alguns pais e alunos. Alguém que morreu não pode voltar ao mundo dos vivos, pode?

Boatos circulam, afirmando que Meredith é uma serva leal do Lorde das Trevas, e que ele a ressuscitou. Draco Malfoy (16 anos) afirma sobre a colega: “Ela acorda no meio da noite gritando e sai correndo pelo castelo, em pânico, dizendo que alguém está atrás dela. Estamos preocupados com atitudes estranhas e agressivas de Meredith”.

Outra aluna, que não quis se identificar, contou também sobre as atitudes de Meredith: “Ela é estranha, e perigosa. Tentou atacar um dos professores, e machucou alguns alunos. Ela até mesmo me bateu, mesmo que eu não tenha feito nada”.

Fontes afirmam que Gruwell anda com Potter, outro aluno de atitudes estranhas e suspeitas. Uma fonte segura garante que Harry e Meredith estão namorando. Seria esse o casal mais estranho de todos os tempos, não? Ambos problemáticos e perigosos. Hogwarts tem que tomar uma atitude, expulsar de vez ambos, ou permitir que muitos alunos saiam feridos.

—Não acredito que li isso. –Hermione disse, tirando o jornal da minha mão. –Rita não tem mais o que inventar, não é?

—Eu nunca agredi ninguém.

—Nós sabemos. Com certeza uma das alunas da Sonserina inventou isso também, assim como Draco. Eles só querem... Ai, não.

—O que?-Me aproximei para ler o resto. –O que você viu?

—“Na próxima edição do Profeta Diário: Um raio x completo sobre Meredith Gruwell, antes e depois de sua morte estranha, por Rita Skeeter”.

—Essa mulher não vai me deixar em paz?

—Ela marcou muito Harry, agora parece que quer mudar um pouco o foco.

—Mudar?-Potter perguntou. –Ela disse que estamos namorando.

—A gente precisa fazer alguma coisa. –Declarei. –As pessoas não gostam de mim, agora tudo vai piorar. –A porta abriu de novo e Luna entrou, sentando ao lado de Hermione.

—Eu vi a matéria no Profeta Diário. –Comentou. –Essa mulher é má.

—Luna, seu pai poderia fazer uma matéria com Meredith. –Hermione disse. –Como fez com Harry, lembra?

—Poderia. Vou falar com ele. Podemos combinar uma entrevista. Vou falar com meu pai, e falo com vocês na volta às aulas.

—Obrigada. –Agradeci. A garota sorriu e saiu da cabine. –Ela é bem legal.

—Doida, mas legal. –Hermione concordou. De repente, o trem parou, quase nos tirando do lugar.

—O que aconteceu?

—Dementadores de novo não!-Rony gritou, apavorado.

—O que? Eles não ficam em Azkaban?

—É uma longa história. –Harry disse. A porta abriu de novo, e dessa vez uma mulher entrou. Tive a impressão de ouvir Rony murmurar: “É pior que os Dementadores”.

—Que bom que os encontrei juntos!-Declarou. Ela empurrou Hermione para o lado e sentou entre ela e eu. –Você deve saber quem eu sou.

—Não. –Neguei. –Eu não sei.

—Sou Rita Skeeter.

—Ah, a mulher que inventou aquelas mentiras. –Se fez de inocente.

—Não eram mentiras, era apenas o que me contaram.

—Sei. O que quer?

—Uma entrevista.

—Não pode ser outra hora?

—Se me dizer o endereço. Para onde vai? Para a casa de Harry?

—Não. Eu... Vou para... Não é da sua conta.

—Hum... –Tirou um pergaminho e uma pena (e foi estranho, ela chupou a ponta dela) que começou a escrever sozinha.

—O que você... –“Meredith é rude, não quer conversa, e chega até mesmo a me ofender”. - Ei! Isso não é verdade.

—Diga, Meri. Onde você foi criada?

—Saia daqui. –“Ela se recusa a falar, e aumenta o tom de voz”. –Pode parar de escrever essas mentiras?

—Só quero conversar. Não soube que vou escrever uma matéria completa sobre você? Tudo sobre Meredith Gruwell.

—Não autorizei matérias sobre mim.

—Não, mas é o que as pessoas querem ler.

—Está indo longe demais. –Puxei minha varinha e apontei para ela. –Saia dessa cabine, ou não vai querer saber o que vou fazer.

—Está me ameaçando?

—Estou. –Ela pegou suas coisas e levantou.

—Se acha que não vou escrever sobre isso, está enganada.

—Fora!-Saiu. Harry fechou a porta. –E agora?

—Ela provavelmente vai dizer que você a ameaçou com a maldição Cruciatus. –Ele respondeu.

—Vontade não faltou.

***

—Não ligue para Rita. –Harry pediu, enquanto andávamos pela estação. –Ela vai inventar mentiras, mas tem gente que não vai acreditar.

—Aconteceu com você?

—É. É melhor ignorar.

—Vou tentar.

—Por demorou tanto?-Uma mulher perguntou a Harry, furiosa. –Está atrasado!

—Tivemos um contratempo. –Ele respondeu.

—Meri, esses são meus tios. Valter e Petúnia.

—Eu conheço você. –A mulher olhou para mim, incrédula. –Era amiga da Lílian.

—E você a irmã dela, certo?-Perguntei. Ela hesitou, mas fez que sim. –É bom vê-la de novo.

—Não posso dizer o mesmo. –Opa.—Você não tinha morrido?

—É complicado.

—Harry, vamos. Agora.

—A gente se vê, Meri. –Ele disse, se afastando com os tios.

—Meredith, aqui!-Rony chamou, peguei minha mala e fui até ele. –Esses são meus pais.

—Oi. –Murmurei.

O caminho para a casa dos Weasley foi uma bagunça. Os gêmeos aprontaram o tempo todo. Apenas Gina parecia indiferente à bagunça, enquanto lia alguma coisa.

—Essa é... Hum... A nossa casa. –Rony disse, ajudando a tirar minhas coisas do carro. –Ela é meio...

—É bonita. –Interrompi. –Parece com o orfanato onde cresci.

—Sério?

—Aham.

—Meredith, antes de ir, você quer comer alguma coisa?-Molly perguntou.

—Não, senhora Weasley, não precisa.

—Eu posso fazer o que você quiser. Sou uma boa cozinheira, não sou?-Rony e os irmãos fizeram que sim.

—Obrigada, mas não.

—Tudo bem, mas se sentir fome, é só dizer.

Os Weasley me instruíram como usar a lareira para ir até Sirius. Eles não iriam naquele dia, e sim alguns dias depois, após acertarem algumas coisas. Me despedi da família, e parti.

Sirius estava me esperando. Saí da lareira, meio tonta, mas bem.

—Bem vinda.

—Obrigada. –Murmurei. –Então é aqui a famosa Sede da Ordem da Fênix?

—Isso mesmo. –Pegou minha mala. –Você pode ficar com o quarto... Ah. Duvido reconhecê-lo. –Um homem se aproximou, olhei bem para ele. –Sabe quem é?

—Hum... Espera.

—Você reconheceu tanta gente, mas não o reconhece?

—Ele deve estar bem diferente. –O homem sorriu. –Remo! É ele? Remo Lupin?

—Acertou.

—Você mudou muito.

—Então como me reconheceu?-Perguntou.

—O sorriso. Ele acabou te entregando.

—Você continua a mesma. É surpreendente.

—Tem mais alguém aqui?

—Não. Mas logo a casa estará cheia.

—Bom, logo é hora do jantar. –Sirius anunciou. –Meri, vou te levar até o seu quarto, onde você pode descansar um pouco.

—Obrigada.

***

—É muito estranho estar em Hogwarts agora?-Remo perguntou, na hora do jantar. Sirius e ele estavam sentados lado a lado, e eu de frente para os dois.

—Um pouco. O estranho é não ter as pessoas que conhecia lá. Estranho não ter Lílian, ou vocês... Tiago... Severo...

—Ele dá aulas lá. Como estão as coisas entre vocês?

—Acho que na lista de pessoas que Severo odeia, estou em segundo lugar. Ele não parece nada feliz em me ter de volta. Devo ter perdido muita coisa. Ainda não acredito que Lílian e Tiago se casaram; que Sirius foi preso; que Pedro é um traidor... Que Snape se tornou professor...

—E não foi o único. –Sirius interrompeu. –Ao meu lado, o professor Lupin, de Defesa Contra as Artes das Trevas.

—Isso é sério? E por que não está em Hogwarts? Estamos sem essa matéria. E parece que Snape quer ocupar o cargo.

—Eu dei aulas em Hogwarts por um tempo. –Remo disse. –Mas saí.

—Por quê? Você parece ser um ótimo professor. Não aguentou dar aula?

—Houve alguns problemas...

—Tipo o que?-Os dois homens trocaram olhares rápidos e do nada pareciam interessados na comida. –Vinte anos se passaram, mas eu os conheço como ninguém. Sei que estão escondendo algo.

—Saí de Hogwarts por que achei que os pais dos alunos não iriam querer um professor lobisomem dando aula para os seus filhos. –Ergui uma sobrancelha.

—Você é um lobisomem? Por que nunca me contaram isso?

—Você não está surtando. –Sirius constatou, reprimindo um sorriso. –Você sempre surta.

—E daí que ele é um lobisomem? O que tem de errado nisso? Ele sempre foi legal comigo, um amigo. Sei que ele não vai surtar e arrancar a minha cabeça. Não vejo por que não ficar perto dele.

—Não tem problema algum. A não ser quando for lua cheia, aí você corre.

—Hum...

—Você não está mesmo surtando. A Meri que eu conheci faria um show daqueles ao descobrir algo assim.

—Está muito enganado, Black. –Apontei o garfo na direção dele. –Eu nunca fui assim. Você é que não se lembra. Vinte anos é muito tempo.

—Infelizmente, isso é verdade.

***

Eu não sabia que estava gritando, no corredor, em plena madrugada, até Sirius agarrar meus ombros e repetir meu nome várias vezes. Então eu voltei a mim, confusa.

—Meri... Meri, o que foi?

—O que aconteceu?-Remo perguntou, saindo de um dos quartos.

—Acho que ela teve um pesadelo. Cuido disso.

—Se precisar, avise. –Voltou para o quarto.

—Meri, está bem?

—S-sim. –Respondi.

—Pesadelo?

—Tinha alguém no quarto... Me observado... Alguém que quer me pegar... Alguém que...

—Meri, ninguém entra nessa casa sem nossa permissão. A localização dela é um segredo. Estamos seguros aqui.

—Tinha alguém lá, Sirius. –Começou a andar, me levando junto, de volta ao meu quarto emprestado.

—É melhor dormir. Está tudo bem.

—N-não. Não quero ficar aqui sozinha. Ele vai voltar...

—Meri... –Cobri o rosto com as mãos. Ele ia voltar. Ia voltar e me pegar de novo. “A Morte não saiu de perto de você, Meredith. Você não escapou dela completamente. Ela está de olho em você. Não pode se esconder dela. Está esperando, esperando a hora certa. E ele está atrás de você...”. –Meri, o que foi?-Afastou minhas mãos do meu rosto. –O que há de errado?

Ergui o olhar, encarando-o. De repente, ele era o Sirius de vinte anos atrás. Era o adolescente idiota que tinha feito com que me apaixonasse. O garoto destemido, que me fez invadir o dormitório masculino para encontrá-lo, sem que ninguém soubesse.

Sem saber direito o que estava fazendo, eu soltei minhas mãos da dele, e me aproximei, beijando-o. Isso o pegou de surpresa, por alguns segundos, então ele se afastou.

—Meredith...

—Desculpe. –Murmurei. –Eu...

—Isso não pode se repetir...

—Sirius...

—É melhor dormir agora. –Se virou e saiu. Me sentei na ponta da cama, e comecei a chorar.


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Notas finais do capítulo

É isso :)