Descendentes: Desenvolvendo Sentimentos escrita por Lanan Tannan


Capítulo 2
Capitulo 1 - Here's To Never Growing Up


Notas iniciais do capítulo

De todos os capitulos que ja escrevi até agora (7) esse é o meu favorito. Eu amei escrever esse, foi facil e divertido. Espero que gostem >.<
Obrigada a todos que estão lendo ♥



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Chamamos todos os nossos amigos

Enlouquecemos neste fim de semana

Sem nenhum motivo específico

Não acho que vamos mudar um dia

Call up all of our friends

Go hard this weekend

For no damn reason

I don't think we'll ever change

— Here's To Never Growing Up (Avril Lavigne)

 

Local: Ilha dos Perdidos

Hora: 02h45m, sábado

 

— Bora moleques, mais depressa!

— Estamos indo o mais... depressa... – Respondeu uma voz ofegante baixinho.

— ... que podemos. – Finalizou outra voz, dessa vez mais fina, mas igualmente ofegante.

— Vocês são muito devagar. – Riu um garoto que estava mais à frente, abaixado atrás de algumas caixas de madeira. – E fracos. Olhem só, mal estão conseguindo respirar.

— A culpa não é... – O garoto que estava sendo julgado começou a retrucar, mas teve que parar para recuperar o folego perdido na corrida que acabaram de finalizar.

— ... nossa. – Sua irmã o ajudou com a frase, apesar dela mesma não estar em melhores condições que o irmão. – Não gostamos de correr.

— Percebi. – Bufou o garoto que falara primeiro. – Não sei como estão sobrevivendo aqui.

— Vamos começar isso ou não? – O garoto mais à frente perguntou, sua expressão travessa e seus cabelos brancos eram destaques em seu corpo, assim como sua jaqueta de três cores. – Bora logo, Jay.

— Okay. – O garoto mais alto dos quatros, aquele com os longos cabelos lisos escondidos sobre uma touca vermelha e vestido em roupas de couros que marcavam exageradamente seus músculos, abriu uma bolsa velha e pegou um pequeno saco lá de dentro. – Aqui estão. Tem vários aí, alguns diferentes do outro, mas todos servem para a mesma coisa. Lembram o que fazer?

— Nunca estive aqui. – A garota disse olhando em volta. Ali não era tão diferente quanto qualquer outro lugar na ilha. Havia lixo espalhado, caixas jogadas, uma ou duas pessoas largadas pelos cantos, enfim, só havia uma coisa diferente.

— Aqui fede a peixe. – Seu irmão franziu o cenho enjoado. – Acho que vou vomitar, Kitty.

— Por isso nunca estive aqui. – Kitty murmurou enjoada como seu irmão.

— Como você não gosta de peixe se você é.…?

— Você não gosta de cães e sua mãe é a Cruella de Vil. – Interpôs interrompendo o questionamento do mais velho.

— O que temos aqui, o pequeno Smike soltando as garrinhas. – Jay riu orgulhoso. – É assim que ensinamos. Ele te pegou nessa, Carlos.

O garoto de cabelos brancos ignorou o comentário.

— Voltando. Podem pegar o que quiserem. – Carlos fez um gesto abrangendo todo o cais.

— E se não conseguirem pegar, quebre. – Jay piscou, com um sorriso maldoso nos lábios. – Além disso, tem que serem suaves e discretos.

— Não façam nenhum barulho. – Carlos frisou.

— Eu sei que vocês nunca vão ser como a gente, mas lembrem-se: todo mundo tem um lado perverso.

— Eu só tenho que aprender o meu. – Ambas crianças responderam juntas.

— Isso vai ser tão divertido.

— Sim. – Os irmãos sorriram travessamente enquanto ambos os corpos iam desaparecendo até restar apenas a sombra de seus sorrisos, e depois estes também sumirem.

— Bons garotos. Apesar de serem desajeitados, aprendem rápido esses gêmeos Cheshire.

 

...

— Prontinho. – A pequena garota inclinou a cabeça para olhar atentamente as duas garotas de cabelos coloridos sentadas a sua frente. Olhou para trás e suspirou. – Eu só tenho um espelho quebrado aqui, então...

— Relaxa, Dizzynha. Eu sempre tenho um. – Uma das garotas sentadas pegou a bolsa ao lado da cadeira onde estava e retirou um pequeno espelho quadrado. – Ficou maravilhoso. Está parecendo bem natural.

— É, está bem melhor do que antes. – A outra garota havia se levantado e estava mirando o reflexo de seus cabelos purpuras recém retocados no espelho quebrado.

— Então, Mal, valeu a pena o sacrifício?

— Você nunca me ouvirá dizer o contrário, Evie.

As duas riram e viraram-se para a pequena prodígio que as ajudaram.

— Isso é para você, Dizzy. – Evie, a garota de cabelos azuis, estendeu uma quantia em dinheiro para a garotinha.

— Para mim? – Dizzy ficou surpresa, o que era uma reação completamente compreensível já que na ilha ou você rouba ou compra só para depois “pegar” o dinheiro de volta. E isso era uma coisa que Evie nunca iria fazer com a menina.

— Claro. Você é magnifica. Ficou melhor do que o que sua mãe fez. – Evie piscou para a mais nova.

Dizzy deu um gritinho eufórico e abraçou a azulada.

— Obrigada, Evie. Estou aprendendo com a melhor.

— Que linda a confraternização de vocês duas, mas será que podemos ir?

— Tudo bem, mas antes pegue isso aqui. – Evie pegou um pequenino frasco azul de dentro da sua bolsa e o entregou a Dizzy. A menina pegou o frasco e o ergueu na altura dos olhos. Evie sorriu inocentemente. – Você pode querer usar isso. Colocar no shampoo de uma pessoa indesejada, por exemplo. Garanto que o resultado será hilário, quero dizer, maravilhoso.

Dizzy olhou surpresa para a mais velha que lhe devolveu um sorriso e um olhar cheio de significados mal-intencionados.

— Você é incrível, Evie.

— Eu sei. – Evie riu e pôs a mão no ombro da garota. – Depois me conta o que aconteceu. Vamos, Mal?

A garota de cabelos roxos ergueu as mãos para o alto exasperada enquanto saia para a sombria rua, sendo seguida pela garota de cabelos azuis que balançava a cabeça negativamente.

— Não seja ciumenta, M.

— Não é isso. Aqui ainda é um salão, então...

Evie revirou os olhos e riu da expressão sobressaltada da amiga.

— Não entendo esse seu medo.

— Não é medo. – A de cabelos roxos assegurou. – É apenas um leve desconforto. Naquele lugar tem mais armas de tortura do que no castelo da minha mãe.

 

...

Ambos garotos olharam para baixo ansiosos. Puderam avistar as pessoas andando normalmente por entre o cais, uns bêbados outros vendendo bugigangas, e pouco mais adiante, o navio. Aquele navio era simplesmente o lugar que eles mais odiavam daquela ilha, exceto, talvez, pelas suas próprias casas. Ali era o esconderijo de uma ganguezinha nojenta de piratas que viviam tentando tomar seu território. E Jay e Carlos estavam ansiando a diversão que viria a seguir.

O caos aconteceu rapidamente. Primeiro começou com uma explosão, depois um grito e alguém caiu no mar. Outra explosão soou do outro lado do cais e uma fumaça subiu nos ares. Alguém saiu correndo, com o cabelo em chamas. Mais explosões, mais gritos. Uma parte do cais já estava impossível de se ver através da fumaça. Os gêmeos Cheshires estavam fazendo um ótimo trabalho aparecendo de um lado ao outro do lugar, espalhando terror para os distraídos “moradores”.

Os garotos não aguentaram e caíram no chão de tanto rir. Riram tanto que não notaram quando um dos piratas os localizaram e bradou um rugido de guerra. Jay e Carlos mal tiveram tempo de levantar antes que uma horda de piratas os perseguissem.

Correram por entre becos estreitos e ruas lamacentas, mas sem nunca perder a gargalhada. Estavam se divertindo tanto. Irritar aqueles paspalhos sempre rendia boas gargalhadas.

Pararam em frente a uma pocilga conhecida como loja de voodoo ao reconhecer duas garotas paradas conversando.

— Hey, garotas! – Carlos chamou, risonho.

— O que estão fazendo aqui? – Jay perguntou apontando para a loja de voodoo.

— Estávamos retocando. – Evie respondeu sem nem mesmo erguer o olhar de seu precioso espelho.

Os garotos olharam para o outro lado da rua e viram o Lady Tremaine’s Curl Up & Dye, o salão de beleza da Drizella e de sua insuportável mãe.

— Espera. – Carlos apontou para o salão, confuso.

— Fui arrastada. – Mal respondeu à pergunta oculta do amigo.

— Ah. – Fizeram ambos os garotos em sinal de entendimento.

— Ali estão eles. – Gritou um rapaz apontando para eles com um chapéu de pirata em sua mão direita. Ele largou o chapéu no chão só para retirar sua espada da bainha presa em sua cintura.  – Eu vou pegar vocês.

O rapaz correu até os jovens amigos, gritando e brandindo sua espada. Jay se adiantou, foi em direção do pirata e abaixou-se no momento em que a espada passava rente à sua cabeça. Aproveitando de seu próprio movimento e do momentâneo desequilíbrio do pirata, Jay deu um soco no estomago de seu oponente, assim como uma cotovelada em suas costas. De imediato, o pirata foi ao chão, rastejando em busca de ar.

Jay se abaixou e ergueu a cabeça do rapaz ofegante.

— O que você ia fazer mesmo? – O rapaz abriu a boca, mas não saiu som nenhum. Jay riu e largou a cabeça do mesmo, fazendo um som seco ao bater com o chão. – Foi o que eu achei.

— Boa, Jay. – Carlos bateu seu punho com o do amigo.

— Olha só o que temos aqui. – Sibilou uma voz e logo um grupo de piratas – sete, pelo que puderam contar – apareceram das sombras da curva sinuosa daquela rua. Um dos piratas ficou mais à frente do grupo e passou uma mão por seus cabelos enquanto a outra mão segurava um gancho prateado. – Acho que alguém estará com problemas muito em breve.

— Harry. – Evie disse sorrindo sedutoramente.

— Em carne, osso e crueldade. – Harry Hook respondeu pausadamente, seus olhos claros encarando a garota. Lentamente desviou seu olhar de Evie para Jay e Carlos. – Suponho que tenham sido vocês por trás daquela pequena... brincadeira.

— Não devíamos ficar com todo o credito, sabe. E nem foi grande coisa. – Jay comentou, cruzando os braços.

— O que vocês querem? – Carlos perguntou, indeciso entre se esconder atrás de Jay ou correr para casa.

— Oh, o que nós queremos? Nada demais. – Harry olhou para seu grupo e depois virou-se com seu característico olhar psicótico. Ele ergueu sua mão, apontado o gancho na direção do quarteto. – Apenas seu sangue em meu gancho.

Mal soltou uma gargalhada maléfica e se pôs à frente dos amigos.

— Tem certeza disso, Hook? Porquê da última vez que eu me lembro, você fugiu que nem um cachorrinho em busca daquela Camarão.

— Não ouse... – Harry avançou ferozmente em direção a garota.

— O que? Chamá-la de camarão? Onde ela está agora? Naquela pocilga do Fish & Chips, enquanto você faz todo o trabalho sujo. – Mal riu mais uma vez e deu mais passo para frente, olhando ameaçadoramente para o grupo inimigo. A cor verde iluminou em sua íris apenas por tempo o suficiente para fazer com que alguns piratas engolissem em seco e perdessem a coragem. – O que vai fazer?

Os dois ficaram se encarando por pouco mais de dez segundos, quando Evie interrompeu o silencio com uma risada pretensiosa.

— Acho melhor vocês irem embora. – Ela sorriu e pôs a mão sobre a boca, mandando uma espécie de beijo sarcástico para os piratas. Vários garotos do outro grupo ofegaram diante desse ato. Um mais corajoso – ou bobo – deu alguns passos à frente, como se quisesse chegar até a garota, mas foi interrompido por Harry que segurou sua camisa e o puxou de volta.

— Idiotas. – Murmurou.

Harry rosnou para Mal e a encarou furiosamente. A garota nem se abalou, acenou com a mão direita para eles irem embora. O pirata empurrou dois garotos para frente e estes ergueram o pirata inconsciente e o carregaram de volta por onde vieram.

— Eu ainda terei minha chance.

— Venha quando quiser. – Mal riu novamente, dessa vez acompanhada de seus amigos. Continuaram assim até que o grupo de piratas se dispersassem. – Vamos, gente. quero comer alguma coisa e ouvir essa história contra os piratas.

 

...

— Essa foi demais. – Mal disse, alguns minutos largada em um sofá, enquanto Carlos estava sentado no chão e Jay, em uma poltrona.

Os amigos se encontravam agora em seu esconderijo, ou fortaleza como preferiam as vezes. A decoração do lugar era peculiar, com cada uma das paredes pintadas com desenhos e frases nas cores vermelhas, roxas, verdes, azuis, pretas e brancas que lembravam cada um dos jovens; havia uma poltrona vermelha com o estofado rasgado em um dos cantos; várias televisões antigas espalhadas pelos cômodos, apesar de que eram raras as vezes em que funcionavam; alguns instrumentos musicais jogados em um canto, junto com algumas caixas e pilhas de objetos estranhos. Além disso, possuíam camas, mesa, cadeiras, maquinas antigas, um monte de aparatos ainda não finalizados e equipamentos estranhos que era melhor nem saber para que serviam. Mais para cima, numa plataforma de vigia, estavam dispostos alavancas, uma espécie de megafone e uma mesinha com vários frascos coloridos, assim como bolas do tamanho das de tênis cheias de diferentes substâncias.

De qualquer forma, os rapazes haviam acabado de contar sobre a brincadeira feita no cais e no navio pirata.

— Mandaram bem.

— Não podemos ficar com todo o crédito, claro. Smike e Kitty fizeram um ótimo trabalho. – Carlos lembrou.

— O que vocês estavam fazendo com os Cheshire? – Evie perguntou. A garota estava sentada num banquinho almofadado de frente a um grande espelho, e vários recipientes pequenos a sua frente.

— Ensinando como sobreviver nessa ilha. – Jay respondeu firme.

— Pelo visto eles se divertiram muito. – Carlos riu.

— Eles são completos desastres ambulantes. – Jay confessou, relaxando mais ainda na poltrona. – Mas são divertidos.

Os quatro amigos ficaram em silencio. Pensavam a mesma coisa. Os gêmeos Cheshire não pertenciam aquele lugar. Ali era tudo preto ou preto, nada de intermédio. Ou você é mal ou você é o pior. Um lugar sombrio, assustador e arrepiante. E aquelas crianças eram tão... contrários a isso. Transmitiam energia – a não ser quando corriam, faltavam caírem mortos em uma vala – e alegria, apesar de suas tendências a pegadinha, ainda assim não se encaixavam naquele lugar horrível.

— Por falar em Cheshire, aquele Harry Hook é um gato.

Jay revirou os olhos.

— Não começa, Evie.

— O que? Não estou fazendo nada demais. Aqueles olhos claros... – A garota olhou para seu reflexo no espelho, passando seus dedos levemente pelos lábios. – Aquela deliciosa boquinha vermelha.

Mal riu, observando a expressão maliciosa da amiga.

— Eu sei que você nunca ficou com ele.

— Bem, não se pode dizer nunca, não é mesmo? – Ela piscou e sorriu de canto.

— Evie!

— Brincadeira, claro que não fiquei com ele. – Evie virou-se para seus amigos e completou: – Ainda.

— Ignorando completamente esse último comentário, vocês viram a cara abobalhada daquele filho do Gaston? – Mal riu.

— Ele é caidinho pela nossa azulada aqui. – Carlos indicou a garota que sorriu travessa.

— E quem não é? Todos caem aos pés dessa azulzinha.

Mal ergueu o corpo de súbito.

— Você viu isso, Carlos?

— O que? – O garoto olhou em volta, mas não encontrou nada.

— A indireta passando. – Mal gargalhou e depois apontou para a garota de cabelos azuis. – Acho que caiu aí no seu colo, azulzinha.

— Você não vale nada, Mal.

— Eu sei, baby. – Mal voltou-se a deitar e olhou para Jay, ainda sorrindo. – Não vai me trocar por ela, Jayzinho.

Jay fez uma careta pelo apelido, mas entrou na brincadeira. Estufou o peito e arrumou a touca que usava.

— Claro que não, roxinha. Aqui tem Jay pra todas. – Ele abriu os braços e acenou com a cabeça. – Podem vir que eu aguento.

— Sei não. – Evie o olhou, fingindo analisa-lo. – Prefiro o Hook filho.

— Há, tomou. – Carlos zombou Jay, o que resultou em tapa na sua cabeça. – Ai cara!

Evie suspirou e levantou de onde estava sentada. Andou até Mal e sentou-se ao lado dela.

— Que foi, Evie? – Jay perguntou, fitando-a confuso.

— Só estou um pouco cansada. – Evie sorriu falsamente. – Que horas são, Carlos?

O garoto olhou em seu pulso. De todos da ilha, Carlos era um dos poucos que possuía um relógio, claro que o dele era o mais exato.

— Quase cinco. Daqui a pouco amanhece. – Carlos deu uma batidinha em seu relógio.

— Não me estranha que você esteja cansada. – Jay observou. – Tem uns dois dias que você não dorme.

Mal levantou-se surpresa e olhou para a amiga.

— Acho que já vou indo. Quero dar uma olhada no meu novo experimento. Se tiver funcionado, vai melhorar o sinal da tv. – Carlos pegou sua jaqueta no braço do sofá e aproveitou para beijar a testa de ambas as garotas, se despedindo. – Até depois meninas.

— Eu também já estou indo. Sabem como é, tenho que estar no café-da-manhã ou a casa pega fogo. De novo. – Jay revirou os olhos e levantou. Repetiu o gesto de Carlos e depois foi em direção as escadas. – Você não vem, Mal?

Mal olhou para Evie, que desviou o olhar para os garotos.

— Hoje vou dormir aqui. Vou ter que voltar para cá daqui a pouco mesmo. – Mesmo que Mal tivesse respondido aos garotos, seus olhos nunca pararam de fitar a face da garota de cabelos azuis. – Sonhos maléficos, meninos.

— O mesmo. – Responderam e saíram deixando as garotas sozinhas naquele esconderijo.

— Então... – Mal esfregou as mãos. – Pode começar.

— Com o que? – Evie fez uma expressão desentendida.

— Não faça essa carinha confusa. Anda, conta logo o que houve para você não estar dormindo esses dias.

— Ah, Mal. – Evie suspirou cansada. – Não é nada.

Mal revirou os olhos e balançou a cabeça exasperada.

— Qual é, Evie? Eu sou sua amiga.

— Não é nada demais.  – Evie levantou-se e se afastou do sofá. – São só uns pensamentos. Além disso, você nem vai querer ouvir.

— Não seja dramática, Ev. – Mal reclamou.

Evie respirou fundo e voltou-se para a garota de cabelos roxos que a encarava impaciente.

— Você já se perguntou como seria sair daqui? Sair dessa ilha, eu quero dizer. – A garota começou a expor o que pensava, examinando sempre a expressão de Mal.

— Ah, não, Evie. Isso de novo?

— Viu? Eu falei que você não ia ouvir. – Evie virou-se para ir em direção a sua cama, mas Mal segurou seu braço, a impedindo.

— Eu... eu já pensei nisso, sim. – Mal confessou, puxando a garota para sentar-se ao seu lado novamente. – Mas eu sei que não é só isso que está te fazendo perder o sono. Me conta, eu prometo que vou ouvir.

— Minha mãe. Eu não estou aguentando mais todo esse “treinamento”. – Evie revelou. – Três dias atrás, eu... derrubei acidentalmente... um dos preciosos espelhos do quarto principal e a Rainha Má me pegou no flagra. Nunca a vi tão furiosa.

— Foi mal, mas eu ainda não entendi. – Mal disse, confusa. – Foi só um espelho. O que tem demais?

Evie riu amargamente.

— Você não mora com a minha mãe, senão teria entendido. De qualquer forma, ela só me disse que era um espelho muito especial. Desconfio que seja o velho espelho mágico.

Agora Mal realmente ficou surpresa. O Espelho Mágico da Rainha Má. Ela nem sabia que ele ainda existia. Sua mãe ficaria tão eufórica com essa notícia, Mal pensou antes de decidir que não faria isso. Não contaria a sua mãe sobre o Espelho.

— Mas não é só isso. Eu encontrei o espelho porquê... – Evie hesitou.

Mal segurou as mãos da amiga.

— Por que...?

— Eu estava procurando informações sobre a vida antiga da minha mãe. Antes da ilha. Queria saber se tinha alguma coisa da época que ela não era má, ou até mesmo dessa época. Queria saber...

— ... sobre seu pai. – Mal terminou pela azulada. Delicadamente passou o braço sobre os ombros de Evie e deitou a cabeça da garota em suas pernas. – Eu entendo. Às vezes gostaria de saber quem é meu pai.

— Eu não entendo. – Evie continuou desabafando, enquanto a garota de cabelos purpuras alisava seus cabelos carinhosamente. – Faz vinte anos que todos os vilões estão presos aqui na Ilha dos Perdidos, porém eu só tenho dezesseis anos. Se meu pai é daqui, por que nunca o conheci? E por que eu não sei nada? A única coisa que sei é que ele possui olhos castanhos iguais aos meus.

— Não acho que deva continuar pensando nisso, Ev. – Mal aconselhou, vendo a garota piscar os olhos preguiçosamente. – Tente dormir um pouco. Você realmente precisa descansar.

— E você? – Evie bocejou. – Não vai dormir?

— Não estou com sono mesmo. – Mal deu de ombros. – Pode dormir, eu fico aqui com você.

Mal continuou com alisando o cabelo de Evie até perceber que a mesma havia finalmente dormido. A verdade era que Mal entendia aquele desejo de encontrar o pai, sair daquele lugar, fugir para longe de sua mãe..., mas, apesar de toda crueldade e maldade por parte de sua mãe, não conseguia se imaginar sem ela. De um jeito ou de outro, Mal ainda acreditava que sua mãe lhe amava, do jeito tortuoso e maléfico dela.


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Notas finais do capítulo

O que acharam pessoal? Posso continuar? Eu realmente não sei se vocês estão gostando ou não.
Qualquer errinho que encontrarem, me avisem okay?
E, de novo, vocês tem alguma ideia para o sobrenome do Doug? Please....


Proximo capitulo: "That's How You Change The World"

Curiosidades:
No livro A Ilha dos Perdidos é revelado que tanto a Mal como o Ben sonharam um com o outro. Ben conhece uma garota estranha com olhos maliciosos e cabelo roxo, que seria a Mal.
No de Mal, acontece perto do Lago Encantado, com um garoto sentado "no chão de pedra de uma antiga ruina de um templo", onde, mais tarde, seria o local de seu encontro com Ben.



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