—Era o vestido de noiva dela, Sasuke.

O moreno sobressaltou-se da cama, uma ponta de esperança entrou em seu coração, se ela se lembrava de pequenos fragmentos da festa deles, então ela poderia usar isso como pretextos para novas experiências de hipnotismo e usar essas lembranças para resgatar esse tempo que foi apagado da memória dela.

—Então há uma esperança, devemos usar isso para tentar resgatar a tem...

—Você acha que eu não tentei fazer isso? Mas não deu certo, o estado dela piorou e então paramos com isso, fazê-la se lembrar estava a machucando muito, não podia permitir que isso acontecesse, então, fiz ela ter um novo recomeço, ela terminou as duas faculdades enquanto trabalhava, recebeu a herança dos pais e juntou um dinheiro e comprou esse hotel junto com Naruto, e agora estamos aqui.

—Ela sabe que é casada comigo agora e por lei ela deve conviver comigo como uma esposa.

—Apenas no papel, Sasuke, em carne e por questão sentimental não. – ela disse olhando para ele.

—Ela precisa resgatar a memória dela, uma memória que eu fazia parte. Ela tem esse direito. – Sasuke disse e tinha razão. Sakura ainda era sua esposa.

—Você precisa ir embora.

—Eu não vou a lugar nenhum e acredito que depois que Sakura soube disso, também não vai querer que eu vá embora, afinal ela vai querer saber sobre a vida dela de casada e eu ainda guardo algumas fotos.

—É apaixonado por ela? – ela perguntou, sorrindo.

—Não é da sua conta. – ele cruzou os braços e olhou para Sakura, que dormia serenamente na cama, ele pensou tantas coisas ruins dela que nem imaginou se quer pensar no sofrimento dela, ou até mesmo nessa hipótese de uma tragédia. Mas a culpa era na verdade da tia que escondeu tudo dela, provavelmente no dia seguinte Sakura iria querer fazer perguntas, ver fotos, tentar se explicar, ela precisava de tempo para digerir tudo que ouvira a minutos atrás.

—Você precisa ir para o outro quarto.

Sasuke On

Como é que é a história? Dormir em outro quarto? Qual a ideia dessa velha assanhada? Ela se esqueceu que Sakura é a minha esposa?

—Como é? – perguntei arqueando uma de minhas sobrancelhas, a loira me fuzilou com o olhar.

—Você não está pensando em dormir com ela aqui, não é? – ela me perguntou com os olhos arregalados. Ela está pensando que eu vou abusar da Sakura enquanto ela dorme? Ela pensa que eu sou o que?

—Ela é a minha esposa e o que tem de baixo das roupas dela não é novidade alguma pra mim. – sorri, sarcástico.

—Se ela acordar de madrugada e deparar com você na cama ao lado dela...

—Fica tranquila. – eu disse. – Será que você não poderia me dar licença agora, estou cansado e quero descansar.

—Tudo bem. – ela bufou, vencida. Ela pegou a cesta de roupa e andou para fora do quarto. – Ficarei hospedada no quarto ao lado, se precisar de mim, só me chamar. – dito isso, ela fechou a porta e eu a tranquei.

Voltei a minha atenção para ela, não sabia o que estava sentindo no momento, alivio, felicidade, alegria. Andei para perto da cama e sentei-me ao lado dela, ela estava linda, coloquei a mão no rosto dela e comecei a acariciar o seu rosto, os lábios. Tive vontade de beijá-la mas não podia, não com ela assim, não sem o consentimento dela. Levantei da cama e fui pegar o celular, tinha que avisar o meu irmão e a minha família. Disquei o número dele e ele atendeu, sonolento.

—O que foi dessa vez? – perguntou, bocejando. – Pesadelos, irmãozinho?

—Eu a encontrei. – disse, ouvindo um “hm?” do outro lado.

—Encontrou o que, Sasuke?

—Sakura.

—QUE? – Itachi perguntou.

—É uma longa história, eu já sei de tudo. Depois avisarei a nossa família.

—Inacreditável isso. O que vai fazer a respeito? – ele perguntou.

—Houve um trauma por causa de um acidente, e por conta disso ela perdeu a memória, não se lembra de nada. – respondi.

—Mentira. – eu também achei.

—Parece, mas é verdade e há como comprovar através de laudos médicos. Eu vou desligar, amanhã falaremos sobre o assunto. Boa noite. – depois que despedi de Itachi, desliguei o celular e o coloquei ao lado do abajur. Já estava tarde e eu precisava descansar. Olhei para Sakura e vi que ela estava com a sandália ainda nos pés, mexi nos pés dela e retirei o calçado. O quarto estava ficando gelado e só tinha uma coberta e teríamos de dividir, eu estava sem roupa, teria que dormir nu ao lado dela. Desliguei a luz e caminhei até a cama, retirei o roupão e entrei embaixo das cobertas, estava quente ali em baixo, logo minhas pálpebras ficaram pesadas e então adormeci.

Sakura On – 3:45

Em baixo da coberta estava muito quente, sentia que meu corpo já não queria mais permanecer ali, parado. Estava querendo despertar, mas minha cabeça estava pesada. Comecei a abrir os olhos lentamente até focar a minha visão no teto do quarto, era estranho a sensação, mas sentia como se estivesse no quarto errado, pisquei algumas vezes, tentando me concentrar no teto, senti alguma coisa se mexer ao meu lado, virei a minha cabeça devagar... ELE!

—AHHHHHHHHHH – gritei, o fazendo acordar rápido e sentar-se na cama.

—O que foi, Sakura? – ele me perguntou, estendendo os braços para a minha direção. Ele ligou o abajur que ficava ao lado dele e reparei que ele estava sem camisa, olhei um pouco mais para baixo e reparei em seu quadril... estava nu. Levantei da cama rapidamente.

—O que diabos você faz aqui? – perguntei, ele continuava me encarando.

—Você está no meu quarto, querida. – ele respondeu, meio óbvio.

—Você está nu! – eu disse. – VOCÊ – ESTÁ – NU!

—Qual a surpresa? Não tem nada aqui que você não tenha visto. – ele respondeu sorrindo, começou a se levantar e a coberta a escorregar pelo quadril.

—NÃO! – gritei e joguei o travesseiro em direção a ele, por sorte, ele segurou bem a frente. –Não pense nisso! – eu disse, desesperada. A verdade é que aquele homem nu na minha frente estava me tentando demais, ele tinha um corpo muito viril e tive vontade de encostar em cada parte dele. Ele estava me representando um risco e tanto. Por hora eu não podia ficar ali ou ele iria me enlouquecer, já não bastasse saber que ele era o meu marido. Eu tinha que sair daquele quarto.

—Fica tranquila, não vou fazer nada que não queira. – ele disse sorrindo. Ele está debochando de mim, a entonação da voz dele era perceptível.

—Me deixa em paz. – dizendo isso, sai do quarto correndo, sem olhar para trás.

Sakura Off

Sasuke ainda estava em pé, encarando a mulher que saiu correndo ás pressas do seu quarto, era engraçado vê-la naquela situação, tinha certeza que ela ficou envergonhada sobre ele estar nu, conhecia a voz dela, sabia como ela era. Para ele foi surpresa saber que ela não havia mudado em muita coisa, mas estava muito bonita, isso ele não podia negar. Deitou-se na cama e ficou pensativo, não seria uma má ideia permanecer ali no hotel dela e tentar descobrir mais sobre ela, com toda certeza ela estava diferente. Ela só precisava de tempo para aceitar tudo aquilo e também recobrar a memória dela, só não sabia como e nesses pensamentos dormiu.

Empresa Uchiha – 7:40

Itachi estava sentado em sua mesa, os pais já souberam pela boca dele sobre o encontro entre Sakura e Sasuke, com certeza o irmão ficaria furioso em saber que Itachi contou tudo antes dele, mas era necessário pois um casamento envolvia toda a família e a Sakura ainda era sua cunhada e nora de seus pais. Fugaku e Mikoto conversavam tudo a respeito do acontecimento que Itachi contou a eles. Estavam à espera do filho caçula que logo chegava a empresa.

Hotel Botão de Cerejeira – 7:50

Sasuke estava sentado em uma das mesas onde era servido o café da manhã, havia pego apenas um café e algumas bolachas salgadas, observava Sakura andar de um lado para o outro, resolvendo as coisas do seu adorável hotel, ora ou outra os dois se encaravam, muito provavelmente ela se lembrava da noite anterior pois ficava ruborizada e isso fazia Sasuke sorrir, ele reparou que Tsunade se aproximou dela sorridente, a rosada começou a dizer algumas coisas a ela e a loira retrucava e encarava Sasuke, provavelmente falando dele. A loira concordou com alguma coisa e encarou Sasuke, Sakura começou a andar em direção a ele, os cabelos longos estavam presos num rabo de cavalo, estava com um vestido rendado negro justo ao corpo que batia no meio de suas canelas, marcava bem a sua cintura e quadril, seu corpo havia mudado, ficando ainda mais curvilíneo, o sapato de salto era um tom nude, ela sentou-se na frente dele e ele reparou que ela usava uma maquiagem de leve, os olhos sempre destacados com o perfeito delineado e um batom rosinha claro na boca, ela parecia uma boneca.

—Bom dia, Sakura. – Sasuke a cumprimentou, encarando a bela mulher a sua frente.

—Bom dia, Sasuke. – ela respondeu, o encarando. – Eu preciso conversar com você.

—Certamente, mas terá de ser depois. – ele disse olhando o relógio no pulso. – Estou em cima da hora do meu serviço.

—Mas...

—Eu sei que você tem perguntas a me fazer, sobre você, nós. – ele disse tomando o ultimo gole do café e levantando-se. – Vamos jantar a noite, pego você as oito. E então responderei tudo o que tem a me perguntar. Até logo, Sakura.

Depois que ele se despediu, ela observou ele andar para fora dali até sumir da sua vista, ele estava certo sobre as perguntas dela a respeito dela mesma e sobre os dois, ela teve uma vida com ele antes de tudo isso acontecer. Ela queria saber como era a vida dela de casada, como ela era com ele. Ela queria tentar se lembrar.

Empresa Uchiha – 8:10

Depois que Sasuke estacionou o carro em frente a empresa, reparou e outro carro que estava logo à frente do seu, era o carro dos seus pais, com certeza Itachi havia dado com a língua nos dentes e agora os pais estavam ali para saber dessa história. Assim que adentrou no prédio foi direto para a sala de Itachi, encontrou o irmão conversando com o pai e a mãe.

—Sasuke. – Itachi o cumprimentou sorrindo, o irmão caçula entrou na sala e abraçou a todos, permaneceu na frente de sua mãe, Mikoto o encarava.

—A senhora já está sabendo, não é? – Sasuke perguntou fuzilando o irmão com o olhar, Itachi apenas sorriu dando de ombros.

—Sim, meu querido e por causa disso que falar em particular com você. – Mikoto respondeu e foi guiada pelo filho caçula até a sala dele. Ambos sentaram-se de frente um para o outro. – Como a encontrou?

—Me hospedei no Hotel dela, não sabia que ela era a dona... Ela perdeu a memória por causa de um acidente e acredito que a culpa seja minha. – Sasuke disse, encarando a mãe.

—Itachi me contou que você a encontrou. Não se culpe, meu amor, ainda há chances de se concertar algo. – Mikoto disse. – Seja os motivos dela, tente compreender, se existe alguém errado nessa história agora não importa, o que importa é que ela precisa se lembrar, é necessário que vocês se resolvam.

—Eu não sei o que fazer ou por onde começar e também não quero machuca-la. – Sasuke disse olhando para Mikoto.

—Eu quero vê-la.

—O que?

—Leve-a daqui uns dias em casa, eu quero vê-la. Por favor. – Mikoto pediu, pegando no joelho do filho.

—Tudo bem, mãe. – Sasuke concordou. – Eu a levarei amanhã.

Depois que Sasuke contou toda a história que ouviu de Tsunade, Mikoto queria ainda muito rever a nora, ela achava que talvez poderia ajudar a Sakura a recobrar a memória e com isso resgatar o casamento do filho. Ela conheceu muito bem a rosada e sabia que ela era uma boa moça e sabia que no momento ela precisava de ajuda

Quarto de Sakura – 8:20

Sakura estava pronta, estava usando um vestido colado ao corpo listrado em preto e branco, os ombros de fora, o vestido ia até os tornozelos, usava uma sandália vermelha camurça, a manga do vestido ia pouco antes do cotovelo, usava uma maquiagem leve nos olhos e o batom vermelho nos lábios, os longos cabelos estavam bem presos num rabo de cavalo alto e as pontas estavam enroladas, um doce aroma de perfume emanava de alguns pontos do seu corpo. Ela estava nervosa e ansiosa, andava de um lado para o outro no seu quarto, não sabia o que exatamente perguntar a Sasuke e não sabia quais seriam as respostas dele, se seriam boas ou não. Uma leve batida na porta a despertou de seus devaneios, apressou em abrir a porta, dando de cara com Sasuke. Ambos se encaravam, Sasuke a olhou dos pés a cabeça, encantado com a produção dela, a roupa marcava e muito o corpo dela, imaginava que peça de baixo ela usava no momento.

—O que tanto olha? – Sakura perguntou, o encarando. Sasuke usava uma camiseta jeans de mangas longas, porém, elas estavam dobradas até o cotovelo, trajava uma calça jeans azul escuro, quase preto, os sapatos eram num tom palha queimado, um forte cheiro de perfume masculino emanava dele também, o cheiro era bom.

—Você está muito... bonita. – Sasuke disse ainda a encarando, ela sorriu.

—Você disse que era um jantar, não iria de qualquer jeito. – ela respondeu trancando o quarto, estava de costas para ele.

Sasuke On

Aquela roupa estava provocante demais, ainda mais depois que ela se virou de costas pra mim, a cintura fina, quadril largo, as nádegas avantajadas. Aquilo era provocante pra mim, tive vontade de encurralar essa mulher na parede e beija-la, mas não podia fazer isso. Ela se virou pra mim e franziu o cenho.

—Você está bem? – droga, devo estar rubro. O pior é que algo abaixo do meu umbigo estava querendo dar o ar da graça. Ela não podia saber e muito menos perceber que estava me deixando excitado.

—Sim, vamos. Temos muito a conversar. – respondi. Ela se pôs a minha frente e eu coloquei minha mão por detrás das costas dela, pude sentir que seu corpo se estremeceu com o toque, sorri, isso é bom.

Sakura On

Eu podia sentir o olhar dele analisador sobre mim, aquilo não me causava desconforto algum, eu estava começando a gostar desse efeito que ele causava em mim, era estranho e bom. Senti a mão dele por trás da minha costa, meu corpo estremeceu com o calor do toque dele, era um toque suave e quente. Ele começava a me deixar estranha... isso não é bom.

Sakura Of

Depois que Sakura deixou a chave do quarto com Naruto, os dois saíram do hotel. Sasuke abriu a porta do carro para ela e a rosada entrou, logo Sasuke já estava no carro também.

—Aonde vai me levar? – ela perguntou, o encarando.

—Primeiro, num restaurante. – ele respondeu, dando partida no carro. – Maggnus Restaurant, conhece?

—Sim, é restaurante antigo da cidade, foi reformado a poucos meses. – Sakura respondeu.

—Sim, o filho do dono é um antigo amigo de infância. – Sasuke respondeu, o carro começou a mover-se e em menos de 20 minutos, rodando a cidade, achou o restaurante. Sasuke desceu primeiro e em seguida abriu a porta para a rosada, a ajudando sair. Os dois adentraram o recinto, o restaurante era grande e estava muito bem reformado, o chão era todo azulejado num tom cinza, as paredes eram claras e todas decoradas em dourado, as mesas todas com forro branco, o teto estava decorado com pinturas barrocas, todas em tons dourados. Uma mulher os cumprimentou com um sorriso e os levou para a mesa, distante dos homens que tocavam e cantavam. Sasuke segurava um envelope grande e marrom, estava em baixo de suas mãos na mesa, Sakura o encarava, começava a sentir tremores no corpo. Não sabia o que perguntar, o que dizer, só queria ouvir a verdade, de como ela era, como eles se conheceram e por que não se lembrava dele?