O abismo em todos nós. escrita por Ninguém


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Deu a ideia de repente, sentei na frente do PC e escrevi de pronta-entrega. Peço perdão por possíveis erros de português.



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“Viver é isso: ficar se equilibrando entre escolhas e consequências” – Sartre.

01.

Alexandre ficou parado olhando para o corpo estirado no meio de brasas incandescentes  na noite escura e nem repara nas cinzas que se desprendem dos pedaços carbonizados do cadáver voando pelo horizonte abafado da pior noite de sua vida. Petrificado com os olhos fixados naquele sujeito com partes queimadas, chamuscas e outras já nem mais reconhecíveis Alexandre não pensa em nada, apenas olha.

Havia algo de similar naquele corpo, alguma coisa que cutucava sua memória o deixando incomodado, o garoto do segundo ano do ensino médio sabia que o conhecia... eles já se falaram, já se viram muitas vezes... mas onde? Suas lembranças eram vagas e nebulosas não revelando nenhuma das respostas que queria.

Ao se deparar com o tema de questões lhe veio à dúvida: Onde estava? A região de floresta estava parcialmente destruída, poderosas labaredas se erguiam num contorno oval quase perfeito destruindo boa parte da vegetação verde que resistia como podia lutando vorazmente em uma batalha que causava muita fumaça, a densa fumaça  insistente de quando tentamos por fogo em vegetação verde. Sim, o local estava sendo iluminados pelas luzes laranja e vermelha das chamas que se afastavam deixando um rastro de cinzas só que Alexandre não se incomodava, nem a forte cortina de CO2 que assolava o ar não lhe preocupava.

Só o corpo.

— Quem é você? Como eu o conheço... como viemos parar aqui? – perguntou o jovem para si mesmo.

As últimas lembranças que tinha eram da reunião dos seus colegas no Beco do Compadre onde Alexandre havia dito que sua vida de verdade começaria ali com Suzane, sua amiga de infância e vizinha desde que ele se entende por gente. Muito havia acontecido na escola onde estudavam e após sofrer com romances ilusórios e decepções severas Alexandre tinha tomado a decisão certa, a única que importava e que a qual deveria ter tomado muito antes:  Se declarar para a única garota que sempre esteve ao seu lado invés de perder tempo indo atrás de Catarina Gomez ou Denise Albuquerque – de longe as duas garotas mais bonitas e ricas do colégio. Cego por sua luxúria e ego inflado Alexandre sequer pensou nas consequências de tentar se envolver com as moças ignorando completamente Suzane que sempre o advertira sobre os riscos de vexame e dos boatos contra ele na escola – que já não eram bons depois do episódio da maionese do ano passado no refeitório – e sempre foi a única a estender a mão quando ele cometia mais um erro idiota influenciado por sua mente fantasiosa.

Sim, declararia seu amor que desabrochara por Suzane naquela noite.

Só que tudo deu errado, muito errado.

Ainda sim isso ele se lembra, como um espinho venenoso e doloroso a cena do Beco do Compadre nunca mais sairá de suas memórias dando mais um novo trauma para perturbar sua mente mergulhada no inferno pessoal que criara.

Porém não conseguia forçar a ligação dos eventos que o levaram a essa floresta nem ao corpo chamuscado e estirado no chão em brasas.

Confuso, Alexandre aproximou-se devagar e dobrou os joelhos para ver bem o rosto do morto, por debaixo da sujeira e fuligem havia uma face masculina jovem de queixo quadrado, nariz pontudo um pouco grande, maçãs do rosto destacáveis na pele magra com lábios finos e desprovidos de cor. O adolescente deixou os olhos por último: Dois globos oculares marrons opacos que haviam congelado na cena mórbida fitando nada além do céu escuro da noite.

Mesmo assim tão perto o garoto não conseguia identificar o cadáver embora à sensação de déjà vu estivesse ficando mais nítida.

Aproximando-se mais, chegando sua própria face próxima da do sujeito Alexandre focou nos olhos escuros e vazios, a sensação foi ficando mais poderosa segundo a segundo e o adolescente sentia que se lembraria logo.

Foi quando os olhos mortos viraram-se em sua direção encarando-o.

E uma voz foi ouvida. 


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Notas finais do capítulo

O que acharam?



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