O Ultimo Crepusculo escrita por marianafics


Capítulo 2
Capítulo 1:Mudanças no meu comportamento


Notas iniciais do capítulo

23 pags do World shushushusu mais valem a pena
boa leitura! =)



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POV BELLA

Minha mãe me levou ao aeroporto com as janelas do carro abertas. Fazia 24 graus em Phoenix,o céu de um azul perfeito e sem nuvens.

Na península olimpic, do estado de Washington,há uma cidadezinha chamada Forks,quase constantemente debaixo de uma cobertura de nuvens. Chove mais nessa cidade insignificante do que em qualquer outro lugar dos Estados Unidos. Foi desse lugar e de suas sombras melancólicas e onipresentes que minha mãe fugiu comigo quando eu tinha apenas alguns meses de idade. Nessa cidade eu fui obrigada a passar um mês a cada verão até ter 14 amps. Foi então que finalmente bati o pé. Nos últimos três verões,meu pai, Charlie,passou duas semanas de férias comigo na California.

Era em Forks que agora eu me exilava --uma atitude que assumi com muito pavor. Eu destestava Forks.

Eu adorava Phoenix. Adorava o sol e o calor intenso. Adorava a cidade vigorosa e esparramada.

“Bella.”disse minha mãe,pela centésima vez,antes de eu entrar no avião.”Voce não precisa fazer isso.”

Minha mãe é parecida comigo,a não ser pelo cabelo curto e as rugas de expressão. Senti um espasmo de pânico ao fitar seus olhos arregalados e infantis. Como eu podia deixar minha mãe amorosa,instável e descuidada se virasse sozinha? É claro que agora ela tinha o Phil,então as contas provavelmente seriam pagas,haveria comida na geladeira,gasolina no carro e alguém para chamar quando ela se perdesse,mas mesmo assim....

“Eu quero ir.” menti. Sempre menti mal,mas ultimamente ando contando essa mentira com tanta frequência que agora parecia quase convincente.

“Diga a Charlie que mandei lembranças.”

“Vou dizer.”

“Verei você em breve minha pequena.” insistiu ela.”Pode vir para casa quando quiser....Eu volto assim que você precisar de mim.”

Mas eu podia ver,nos olhos dela o sacrifício por trás da promessa.

“Não se preocupe comigo.”insisti.”Vai ser ótimo. Eu te amo,mãe.”

Ela me abraçou com força por um minuto e depois entrei no avião,e ela se foi....

De Phoenix a Seattle são quatro horas de voo,outra hora rm um peuqeno avião até Port Angeles, depois de uma hora de carro até Forks. Voar não me incomodava; a hora no carro com Charlie,porém,era meio preocupante.

Charlie foi realmente gentil com tudo aquilo. Parecia realmente satisfeito que eu, pela primeira vez,fosse morar com ele por um éríodo mais longo. Já me matriculara na escola e ia me ajudar a comprar um carro.

Mas sem duvida seria estranho com Charlie. Não éramos o que se chamaria de falantes,e eu não sabia se havia alguma coisa para dizer. Sabia que ele estava bastante confuso com minha decisão—Como minha mãe antes de mim,eu não escondia o fato de detestar Forks.

Quando pousamos em Port Angeles,estava chovendo. Não vi isso como um presságio—era apenas inevitável.. Eu já tinha dado adeus ao sol.

Charlie me aguardava na radiopatrulha. Eu também esperava por isso. Charlie é o chefe de polícia Swan para o bom povo de Forks. Minha principal motivação por trás da compra de um carro,apesar da verba escassa,era que me recusava a circular pela cidade em um carro com luzes vermelhas e azuis no teto. Nada deixa o trânsito mais lento que um policial.

Charlie me deu um abraço desajeitado com um só braço quando eu cambaleei para fora do avião.

“É bom ver você,Bells.”Disse ele,sorrindo enquanto automaticamente me segurava e me firmava.”Voce não mudou muito. Como está a Renée?”

'Minha mãe esta bem. É bom ver você tambem,pai.”Eu não tinha permissão de chama-lo de Charlie na frente dele.

Eu só tinha alguns malas.A maior parte das minhas roupas do Arizona eram leves demais para Whashington. Minha mãe e eu havíamos juntado nossos recursos para complementar meu guarda-roupa de inverno,mas ainda assim era reduzido. Coube tudo muito bem na mala da viatura.

“Achei um bom carro para você.” anunciou ele quando estavamos afivelando o cinto.

'Que tipo de carro?'' perguntei

“Bom,na verdade é uma savero prata.”

“Onde o achou?''

“Lembra do Billy Black,de La push?'La push é a pequena reserva indígena no litoral.

 

''Não.”Admiti

“Ele costumava pescar com a gente no verão.”incentivou Charlie.

Isso explicava por que eu não lembrava dele. Eu era bastante competente em bloquear da minha memória coisas dolorosas e desnecessárias.

“Ele agora está numa cadeira de rodas.”Continuou Charlie quando eu não respondi.”Não pode mais dirigir, e ofereceu o carro por um preço baixo...”

“É barata mesmo?”afinal, essa era a parte mais importante, o preço.

“Bom querida,já está quase comprado para você. Como um presente de boas-vindas.”Charlie me olhou com uma expressão esperançosa.

Caramba. De graça. ISSO É ÓTIMO!!!

''não precisava fazer isso,pai.Eu mesma iria comprar um carro...”

“Tudo bem querida.Quero que seja feliz aqui.”Ele estava olhando para a estrada à frente ao dizer qisso. Charlie não ficava à vontade quando se tratava de esternar as emoções em voz alta. Herdei isso dele. Então fiquei olhando para a frente quando respondi.

“Foi muito gentil de sua parte,pai.Eu agradeço muito.” não era necessário acrescentarque,para mim.era imóssível ser feliz em Forks. Ele não precisava sofrer comigo.

“Não foi nada.”murmurou ele,constrangido com, minha gratidão.

Trocamos mais laguns comentarios sobre o clima,que estava úmido,e a maior parte da conversa não passou disso. Ficamos olhando pela janela em silêncio.

Era lindo,é claro; eu não podia negar isso. Tudo era verde: as árvores,os troncos cobertos de musgo,os galhos que pendiam das copas,a terra coberta de samambaias. Até o ar filtrava o verde das folhas...

Era verde demais'--um planeta alienígena.

Por fim chegamos à casa de Charlie.Ele ainda morava na casinha de dois quartos que comprara com minha mãe nos primeiros tempos de seu casamento. Aqueles foram os únicos momentos que o casamento teve—os primeiros. Ali, estacionada na rua de frenta para a casa que numca mudava,estava minha nova savero.

(http://images.quebarato.com.br/photos/big/2/2/626122_1.jpg carro bella)

Para minha grande surpresa eu adorei. Podia me ver nela.

“Caramba,pai adorei” Obrigada”--agora meu pavoroso dia de amanha seria bem menos terrivel. Não teria que decidir entre andar três quilometros na chuva até a escola e aceitar uma carona na radiopatrulha do chefe Swan.

“Que bom que você gostou.”Charlie disse sem graça.

Apenas uma viagem foi necessária para levar minhas coisas para cima. Fiquei com o quarto do oeste,que dava para o jardim da frente. O quarto era familiar, me pertencia desde o meu nascimento. O piso de madeira,as paredes rosa-claras,o teto pontiagudo, as cortinas de renda amarelas na janela—tudo isso fazia parte da minha infância. As únicas mudanças que Charlie fizera foram trocar o berço por uma cama e acrescentar uma escrivaninha,á medida que eu crescia. A mesa agora tinha um notbook. A cadeira de balanõ de meus tempos de bebê ainda estava no canto.

Só havia um banheiro no segundo andar,que eu teria que dicidir com Charlie. Estava tentando não pensar muito nisso.

Uma das melhores coisas de Charlie é que ele não fica rondando agente. Deixou-me sozinha para desfazer as malas e me acomodar, uma proeza que teria sido impossivel pela minha mãe. E ra legal ficar sozinha,sem ter que sorrir e parecer satisfeita; um alívio olhar desanimadamente pela janela para a chuva entristecendo tudo e deixar algumas lagrimas escaparem. Eu não estava com vontade de ter um acesso de choro,ia economizar para a hora de dormir,quando teria que pensar na manha seguinte.

A Forks High School tinha um total assustador de apenas 357—agora 358—alunos:Phoenix,havia mais de setecentas pessoas só do meu ano. Todas as crianças daqui foram criadas juntas—seus avós engatinharam juntos. Eu seria a garota noca da cidade grande,uma curiosidade,uma aberração.arghhhh

Talvez,se eu parecesse uma verdadeira garota de Phoenix,pudesse tirar proveito disso. Mas fisicamente,numca me encaixer em lugar nenhum. Eu DEVIA ser bronzeada, at´letica,loura talvez.... uma jogadora de vôlei ou uma líder de torcida,quem sabe—todas as coisas compativeis com quem mora no vale do sol.

Em vez disso,apesar do sol constante,eu tinha uma pele de marfim. E não tinha os olhos azuis ou o cabelo ruivo que poderiam e servir de desculpa. Sempre fui magra,mas meio molenga,e obviamente não era uma atleta;não tinha a coordenação necessária entre mãos e olhos para praticar esportes sem me humilhar—e sem machucar a mim mesma e a qualquer pessoas que se aproximasse demais.

Quando terminei de guardar minhas roupas na antida cômoda de pinho,peguei minha NÉCESSAIRE e fui ao único banheiro para me lavar depois de um dia de viagem. Olhei meu rosto no espelho enquanto escovava o cabelo úmido. Talvez fosse a luz, mas eu já parecia mais pálida,doentia.

Minha pele podia ser bonita—era muito clara,quase translúcida--,mas tudo dependia da cor. Não tinha cor nenhuma ali.

Não dormi bem naquela noite,mesmo depois de chorar. Ao fundo o ruído constante da chuva e o vento no telhando não desaparecia. Puxei o velho cobertor sobre a cabeça e mais tarde coloquei também o travisseiro. Mas só consegui dormir depos da meia-noite,quando a chuva finalmente se aquietou num chuvisco mais silencioso.

Pela manha a única coisa que consegui ver pela janela era a neblina densa,eu podia sentir minhas claustrofobia rastejando sobre mim. Jamais se podia ver o céu aqui;parecia uma gaiola.

O café da manhã com Charlie foi silenioso. Ele me desejou boa sorte na escola. Agradei,sabendo que suas esperanças eram vãs. A boa sorte geralmente me evitava. Charlie saiu primeiro para a delegaçia,que era sua esposa e sua família. Depois que ele partiu,fiquei sentada à velha mesa quadrada.

Não queria chegar cedo demais na escola,mas não conseguia mais ficar aqui. Vesti meu casaco e sai para a chuva.

Ainda chuviscando,não o suficiente para me ensopar enquanto peguei a chave da casa,sempre escondida debaixo do beiral,e traquei a porta. O chapinhar de minhas novas botas impermeáveis era enervante. Senti falta do habitual esmagar de cascalho enquanto andava. Não podia parar e admirar meu carro novamente,como eu queria;estava com pressa para sair da umidade nevoenta que envolvia minha cabeça e grudava em meu cabelo por baixo do capuz.

Dentro do carro estava agradavel e seco.

Não foi difícil encontar a escola,embora eu numca tivesse ido lá. Como a mairoia das outras coisas;ficava perto da rodovia. Não parecia uma escola—o que me fez parar foi a placa,que dizia a ser a Forks High School. Era um conjunto de casas iguais,construídas com tijolos marrons. Havia tantas árvores e arbustos que no início não consegui calcular seu tamanho. Onde estava o espírito da instituição?,perguntei-me com nostalgia. Onde estavam as cercas de tela, os detectores de metal?

Estacionei na frente do primeiro prédio,que tinha uma plaquinha acima da porta dizendo SECRETARIA. Nímguem mais havia estacionado ali,esntão eu certamente estava em local proibido,mas decidi me informar lá dentro em vez de ficar dando voltas no carro e andei por uma caminho de pedras ladeado por uma cerca viva escura. Respirei fundo antes de abrir a porta.

Lá dentro o ambiente era bem iluminado e mais quente do que eu imaginava. O escritório era pequeno;uma salinha de espera com cadeiras dobráveis acolchoadas,carpete laranja manchado,recados e prêmios atravancando as paredes,um relógio grande tiquetaqueando alto. Hávia plantas em toda parte em vasos grandes de plástico,como se não houcesse verde suficiente do lado de fora. A sala era dividida ao meio por uma balcão comprido,abarrotado de cestos de arame cheios de papéis e folhetos de cores vivas colados na frente. Havia três mesas atrás do balcão,uma delas ocupada por uma ruiva grandalhona de óculos. Ela vestia uma camiseta roxa que de imediato fez com que eu me sentisse produzida demais.

A ruiva olhou para mim.

“Posso ajudá-la?”

“Meu nome é Isabella Swan.”Informei-lhe,e logo vi a atenção iluminar seus olhos. Eu esra esperada, um assunto fofoca,sem duvida. A filha da ex-mulher leviana deo chefe de polícia finalmente voltara para casa.

“É claro.”ela disse. E cavucou uma pilha instável de documentos na mesa até encontrar o que procurava.

“Seu horario está bem aqui,e há um mapa da escola.” Ela trouxe várias folhas ao balcão para me mostrar.

Ela indicou minhas salas deaula,destacando a melhor rota para cada uma delas no mapa,e me deu uma caderneta que cada professor teria que assinar e que eu traria de volta no final do dia. Ela sorriu para mim e me desejou,como Charlie,que eu gostasse daqui de Forks. Sorri também,da maneira mais convincente que pude.

Quando voltei para o carro,outros alunos começavam achegar. Dirigi pela escola,seguindo o trânsito.Fiquei feliz em ver os carros,em sua maioria não eram tão chamativos. Em Phoenix,eu morava em um dos poucos bairros de baixa renda incluídos no distrito de Paradise Valley. Era comum ver Mercedes ou um Porshe novo no estacionamento dos alunos. O carro mais legal aqui era um volvo reluzente,e este se destacava. Ainda assim estacionei o carro tentando não chamar atenção.

Olhei o mapa no carro,tentando agora memorizá-lo;esperava não ter que andar com ele diante do nariz o dia todo. Enfiei tudo na bolsa,passei a alça no ombro e respirei fundo. Eu vou conseguir,menti para mim mesma debilmente. Ninguém ia me morder. Por fim soltei o ar e saó do carro.

Mantive a cara escondida pelo capuz ao andar para a calçada,apinhada de adolescentes. Meu casaco preto e simples não chamava a atenção,como percebi com alívio.

Depois de chegar ao refeitório,foi fácil localizar o prédio três. Um grande “3” estava pintado em preto num quadrado branco no canto leste. Senti aos poucos que começava a ofegar à medida que me aproximava da entrada. Tente prender a respiração enquanto seguia as duas capas de chuva unissex pela porta.

A sala de aula era pequena. As pessoas na minha frente pararam junto à porta para pendurar os casacos em ula longa fileira de ganchos. Imitei-as. Havia suas meninas,uma loura a pele cor de porcelana,a outra igualmente pálida,com cabelo castanho-claro. Pelo menos minha pele não se destacaria aqui.

Entreguei a caderneta ao profesor,um careca alto cuja mesa tinha uma placa indentificando-o pelo nome, Sr Mason. Ele me encarou surpreso quando viu meu nome—nao doi uma reação que me encorajasse-- e é claro que eu fiquei vermelha como um tomate. Mas pelo menos ele me mandou sentar numa carteira vazia no fundo da sala,sem me apresentar à turma. Era mais dificil para meus novos colegas me encarar lá atrás,mas de algum jeito eles consiguiram. Mantive os olhos baixos na bibliografia que o professor me dera. E ra bem básica: Bontee,Shakespeare,Chaucer,Faulkner. Eu já lera tudo. Isso era reconfortante...e intediante. Imaginei se minha mãe me mandaria minha pasta com os trabalhos antigos,ou se ela pensaria que isso era trapaça. Tive varias discussões com ela em minha cabeça enquanto o professor falava monotonamente.

Quando osinal tocou, uma buzina anasalada,um garoto magricela com problemas de pele e cabelo preto feito uma manha de óleo se inclinou para falar comigo.

“Voce é Isabella Swan,não é?” Ele parecia direitinho o tipo prestativo de clube de xadrez.

“Bella.”Corrigi. Todo mundo num raio de três carteiras se virou para me olhar.

“Qual é a sua próxima aula?”perguntou ele.

Tive que olhar na minha bolsa.

“Hmmmmm,educação cívica,com Jefferson,no prédio seis.”

Para onde quer que eu me virasse,encontrava olhos coriosos.

''vou para o prédio quatro,posso mostrar o caminho....”Sem duvida,superprestativo.”Meu nome é Eric.”acrescentou ele.

Eu sorri,insegura.

''Obrigada''

Pegamos nossos casacos pessoas atrás de nós se aproximavam o bastante para ouvir o que diziamos. Esperava não estar ficando paranoica.

“E aí,isto e bem diferente de Phoenix,não é?” perguntou ele.

“muito.”

“Não chove muito lá,não é?”

“Três ou quatro vezes ao ano.”

“Puxa,como deve ser isso?'maravilhou-se ele.

''ensolarado.”eu lhe disse sorrindo

“voce não é muito bronzeada.”

“minha mãe é meio albina.”

Apreensivo,ele examinou meu rosto,e eu suspirei. Parecia que nuvens e senso de humor não se misturavam. Alguns meses disso e eu me esqueceria de como usar o sarcasmo.

Voltamos pelo refeitório até os prédios do sul,perto do ginásio. Eric me levou à porta embora tivesse uma placa bem evidente.

“Então,boa sorte.”disse ele enquanto eu pegava a maçaneta.”Talvez a gente tenha mais alguma aula juntos.”ele me parecia bem esperançoso.

Sorri vagorosamente para ele e entrei.

O resto da manhã se passou do mesmo jeito. Meu professor de trigonometria, o sr Varner,que de qualquer forma eu teria odiado por causa da matéria que ensinava,foi o único que me fez parar diante da turma para me apresentar. Eu gaguejei,corei e tropecei em minhas próprias botas ao seguir para a minha carteira.

Depois de duas aulas,começei a reconheçer vários rostos em cada turma. Sempre havia alguém mais corajoso do que os outros,que se apresentava e me perguntava se eu estava gostando de Forks. Tentei ser diplomática,mas na maioria das vezes apenas menti. Pelo menos não precisei do mapa.

Uma menina se sentou ao meu lado nas aulas de trigonometria e espanhol e me acompanhou até o refeitório na hora do almoço. Era baixinha,vários centímetros menor do que meu metro e sessenta e três,mas o cabelo escuro,rebelde e cacheado compensava grande parte da diferença entre nossas alturas. Não conseguia me lembrar do nome dela,então eu sorria e assentia enquanto ela tagarelava sobre professores e aulas. Não tentei acompanhar sua falação.

Sentamos à ponta de uma mesa cheia de vários de seus amigos,que ela me apresentou. Esqueci o nome de todos assim que ela me apresentou. Esqueci o nome dela,então eu sorria e assentia enquanto ela tagarelava sobre os professores e aulas. Não tentei acompanhar a sua falação.

Sentamos à ponta de uma mesa cheia vários de seus amigos,que ela me apresentou. Esqueci o nome de todos assim que ela os pronunciou. Eles pareceram impressionados com sua coragem de falar comigo. O menino da aula de Inglês,Eric,acenou para mim do outro lado do pátio.

Foi ali,sentada no refeitório que os vi pela primeira vez.

Estavam sentados no canto do refeitório,á maior distância possível de onde eu estava.Eram cinco. Não estavam conversando e não comiam.embora cada um deles tivesse uma bandeja cheia e intocada diante de si. Não me encaravam,ao contrário da maioria dos outros alunos,por isso era seguro observá-los sem temer encontrar um par de olhos excessivamente interessados. Mas não foi nada disso que me atraiu e prendeu minha atenção.

Eles não eram nada parecidos. Dos três meninos,um era grandalhão—musculoso com um halterofilista inveterado,com cabelo escuro e crespo. Outro era mais alto,mais magro,mais ainda assim musculoso,e tinha cabelo louro cor de mel. O último era esguio,menos forte,com um cabelo desalinhado cor de bronze. Era mais juvenil do que os outros,que pareciam poder estar na faculdade ou até ser professores daqui,em vez de alunos.

As meninas eram o contrário. A alta era escultural.Linda,do tipo que se via na capa da edição de trajes de banho de sports illustrated, do tipo que fazia toda garota perto dela sentir um golpe na autoestima só pr estar no mesmo ambiente. O cabelo era dourado,caindo delicadamente e, ondas até o meio das costas. A menina baixa parecia uma fada,extremamente magra,com feições miúdas. O cabelo era de um preto intenso,curtom,picotado e desfiado para todas as direções.

E,no entanto,todos eram de alguma forma parecidos. Cada um deles era pálido como giz,os alunos mais brancos que viviam nesta cidade sem sel. Mais brancos qu eu,a albina. Todos tinham olhos muito escuros,apesar da variação de cor de cabelos. Também tinham olheiras—arroxeadas,em tons de hematoma. Como se tivessem passado uma noite insone,ou estivessem se recuperando de um nariz,quebrado.Mas os narizes,todos os seus traços eram retos perfeitos e angulosos.

Mas não era por nada disso que eu não conseguia desgrudar os olhos deles.

Fiquei olhando porque seus rostos,tão diferentes,tão parecidos,eram completam,arrasadora e inumanamente lindos. Eram rostos que não se esperava ver a não sem talvez nas páginas reluzentes de uma revista de moda. Ou pintados por um antigo mestre como a face de um anjo. Era dificl decidir quem era o mais bonito—talvez a loura perfeita,ou o garoto de cabelo bronze.

Todos pareciam distantes—distantes de cada um ali,distantes dos outros alunos,distantes de qualquer coisa em particular,pelo que eu podia notar. Enquanto eu observava,a garota baixinha se levantou com a bandeja—o refrigerante fechado,a maçã intocada.--e se afastou com passos longos,rápidos e graciosos apropriados para uma passarela. Fiquei olhando,surpresa com seus passos de dança,até que ela largou a bandeja no lixo e seguiu para a porta com seus passos de dança,até que ela largou a bandeja no lixo e seguiu para a porta dos fundos,mais rápido do que eu poderia imaginar ser possível. Meus olhos dispararam de volta aos outros,que ficaram sentados,impassíveis.

“Quem são eles?'perguntei à garota da aula de espanhol.

Enquanto ela olhava para ver do que eu falava—embora já imaginasse,provavelmente,pelo meu tom de voz.--de repente ele olhou para ela,o mais magro,o rapaz juvenil,o mais novo talvez. Ele olhou para minha vizinha só por uma fraçãod e segundo,e depois olhou para mim com seus olhos escuros fulguraram para mim.

Ele desviou rapidamente,naquele breve olhar seu rosto não transmitiu nenhum interesse.

Minha vizinha riu sem graça olhando a mesa como eu.

“São Edward e Emmet Cullen,e Rosalie e Jasper Hale. Auqe saiu é Alice Cullen.Todos moram com o Dr. Cullen e a esposa.”

“Eles são muito bonitos.”admiti

'É.” concordou rindo.”Mas todos estao juntos.. Emmet e Rosalie,Jasper e Alice,quero dizer.Eles moram juntos...”

Depois de alguns minutos,os quatro saíram da mesa juntos. Todos eram muito elegantes—até o grandão de cabelo escuro.

Angela e eu seguimos juntas em silencio para a sala. Ela também era timida.

Quando entramos na sala,Angela foi se sentar em uma carteira de tampo preto exatamente como aqueles que eu costumava usar. Ela já tinha uma vizinha. Na verdade,todas as cadeiras estavam oculpadas,exceto uma. Alo lado do corredor central,reconheci Edward Cullen por seu cabelo incomum,sentado ao lado daquele vago lugar.

Enquanto eu andava pelo corredor para me apresentar ao professor e conseguir que assinasse minha caderneta,eu observava furtivamente. Assim que passei,ele de repente ficou rígido em seu lugar. Ele me encarou novamente,encontrando meus olhos com a expressão mais estranha do mundo—era hostil,furiosa,Desviei os olhos rapidamente,chocada,ruborizando. Tropecei em um livro no caminho e tive que me apoiar na beira da mesa. A menina sentada ali riu.

Percebi que os olhos dele era preto.-preto como carvão.

Não tive alternativas e caminhei para o único lugar vago na sala. Mantive os olhos baixos enquanto fui me sentar ao lado,dele desconcertada pelo olhar hostil queele me lançara.

Ele estava inclinado para longe de mim, na ponta da cadeira,e desviava o olhar como se sentisse algum fedor. Automaticamente cherei meu cabelo tinha cheiro de morando,meu shampoo predileto, eu não estava fedendo.argh garoto estupido.. esnobe, ignorei o garoto e tentei prestar atenção no professor.

Infelizmente a aula era sobre anatomia celular,uma coisa que eu já estudara. De qualquer modo,tomei notas cuidadosamente,sempre olhando para baixo.

Não conseguia deixar de espiar de vez em quando,o estranho garoto sentado ao meu lado. Durante todo a aula,ele não relaxou um minuto da postura rígida na ponta da cadeira,sentando-se o mais distante possível de mim. Eu podia ver suas mãos na perna esquerda estavam fechadas em punho, os tensões sobressaindo por baixo da pele clara. Isso também ele não relaxou. Estava com as magas compridas da camisa branca enrolada atpe o cotovelo e o braço era surpreendentemente rijo e musculoso sob a pele clara. Ele não era nem de longe fragíl como parecia ao lado do irmão mais forte.

A aula parecia se arrastar mais do que as outras. Seria o porque dia finalmente estava chegando ao fim,ou porque eu esperava que o punho dele relaxasse? Não aconterceu:ele continuou sentado tão imóvel que nem parecia respirar. Qual era o problema dele? Será que este era seu comportamento normal? Questionei a avaliação que fiz da amargura de Jessica no almoço hoje. Talvez ela não fosse tão ressentida quanto eu pensava.

Isso não podia ter nada a ver comigo. Até hoje ele nem me conhecia.

Eu o espiei mais uma vez e me arrependi disso. Ele agora me encarava de cima,os olhos pretos cheios de repugnância. Enquanto eu me afastava, encolhendo-me na cadeira,de repente passou por minha cabeça a expressão COMO SE PUDESSE ME MATAR.

Naquele exato momento o sinal tocou anunciando o fim da aula,fazendo-me pular,e Edward Cullen estava fora de sua carteira. Com fluidez,ele se levantou de costas para mim—Era muito mais alto do que eu pensava—e estava do lado de fora da porta antes que qualquer outro tivesse saído da carteira.

Fiquei paralisada no lugar,encarando inexpressiva as costas dele,ele era tão mesquinho. Iditora. Começei a pegar minhas coisas devagar, tentando bloquear a raiva que se espalhava em mim,com medo de que meus olhos se enchessem de lágrimas. Por algum motivo,minha ira era canalizada para meus dutos lacrimais. Normalmente,eu chorava quando estava com raiva,uma tendencia humilhante.

“Voce não é Isabella Swan?”perguntou uma voz de homem.

Olhei para cima e vi um rapaz bonitinho com uma cara de bebê,o cabeli louro-claro cuidadosamente penteado com gel em pontas arrumadinhas,sorrindo para mim de maneira simpática. Ele obviamente não achava que eu cheirava mal.

“Bella.” eu o corrigi sorrindo.

“Meu nome é Mike.”

“Oi,Mike.”

“Precisa de ajuda para encontrar sua próxima aula?”

“vou para a educação fisica. Acho que posso encontrar o caminho.”

“É minha próxima aula também.”ele me parecia impressionado,mas não era uma coincidência assim tão grande numa escola tão pequena.

Então fomos juntos. Ele era um tagarela—alimentou a maior parte da conversa,o que facilitou minha vida. Tinha morado na Califórnia até os 10 anos,então sabia como eu me sentia com relação ao sol. Por acaso também era meu colega na aula de Inglês. O Mike foi a pessoa mais legal que eu conheci hoje.

Mas enquanto entrávamos no ginásio,ele perguntou:

“E aí,voce furou o Edward Cullen com um lápis ou o quê?Nunca o vi agir daquele jeito.”

Eu me encolhi. Então não fui a única a perceber. E ao que parecia quele Não Era o comportamento habitual de Edward Cullen. Decidi me fazer de burra.

“Era o garoto do meu lado na aula de biologia?”perguntei naturalmente

“Era.”disse ele.”Parecia estar sentindo alguma dor ou coisa assim.”

“Não sei.”respondi”Nunca falei com ele.”

“ele é um cara estranho.”Mike se demorou ao meu lado em vez de ir para o vestiario.”se eu tivesse a sorte de me sentar ao seu lado,concerteza conversaria com você.”

Eu sorri para ele antes de ir para o vestiario feminino. Ele era simpático e estava na cara que gostava de mim. Mas não foi o suficiente para atenuar minha irritação.

O professor de educação fisica,treinador Clapp,encontrou um uniforme para mim mas não me fez vesti-lo para a aula de hoje. Em Phoenix,só exigiam dois anos de educação fisica. Aqui,a matéria era obrigatória nos quatro anos. Forks literalmente era meu inferno particular na terra.

Fiquei assistindo a quatro partidas de vôlei que aconteciam simultaneamente. Lembrando quantas lesões eu sofri—e inflingi—jogando vôlei,me senti meio nauseada.

O ultimo sinal tocou. Andei devagar para a secretaria para entregar minha caderneta. A chuva tinha ido embora,mas o vento era forte e mais frio. Eu me abraçei.

Ao entrar no escritório aquecido,quase me virei e voltei para fora.

Edward Cullen estava parado junto á mesa na minha frente. Reconheci de novo aquele cabelo bronze desgrenhado. Ele não pareceu ter ouvido minha entrada. Fiquei encostada na parede de trás,torcendo para que a recepcionista ficasse livre.

Ele estava discutindo com ela numa voz baixa e cativante. Rapidamente peguei a essência da discussão. Ele tentava trocar o horário de biologia por qualquer outro horário—qualquer outro.

Não consegui acreditar que fosse por minha causa. Tinha de ser outra coisa,algo que acontecera antes da minha chegada nessa pacata cidade.

A porta se abriu de novo e de repente uma rajada de vento frio entrou pela sala,esplhando os papéis na mesa,jogando meu cabelo na cara. A menina entrava limitou-se a ir até a mesa,colocou um bilhete na cesta de arame e saiu novamente. Mas Edward Cullen se inrijeceu de novo e se virou lentamente para me olhar—o rosto era absurdamente lindo –com olhos penetrantes e cheios de ódio. Por um momento,senti um arrepio de puro medo,que eriçou os pelos de meus braços. O olhar só durou um segundo,mas me gelou mais do que o vento frio. Ele voltou a se virar para a recepcionista.

“Então deixa para lá.” disse asperamente numa voz de veludo.”Estou vendo que é impossível. Muito obrigada por sua ajuda.” virou-se sem olhar para mim,desaparecendo porta a fora.

Fui humildemente até a mesa,minha cara branca de imediato ficando vermelha de raiva, e entreguei a caderneta assinada.

“Como foi seu primeiro dia de aula,querida?”Perguntou a recepcionista num tom maternal.

“bom,” menti,a voz fraca.Ela pareceu não se converncer.

Sai para o estacionamento lutando contra as lagrimas,minha raiva por essa cidade aumentou,minha raiva por essa merda de chuva aumentou,e um novo sentimento surgiu em mim,meu ódio por Edward Cullen.

Fui arrancada dos meus pensamentos,senti algo frio atingir meu corpo com força,e o vento extremamente forte me atingindo com alta intensidade,parecia que eu estava dentro de uma avião com a cabeça para fora..

Estava me apavorando quando fui ao chão de uma floresta fechada,sabia que não estava muito longe da escola...um som,na verdade um rosnado,de furia. Me apavorou e quando abri os olhos vi algo surpreendente e apavorante Edward Cullen.

Me parecia transtornado enquanto caminhava lentamente em minha direção,parecia estar em outro lugar,hipnotizado,e eu rastejei o corpo para tras me afastando dele. Ele pareceu notar meu medo e num piscar de olhos estava agaixado na minha frente um novo rugido escapou por seus labios e eu vi presas enormes em sua boca...

“Socorro.”Gritei mais fui impedida quando sua mão fria tocou meus lábios com uma certa violencia tornado meu grito abafado e inaudível. E então seus labios perfuraram meu pulso enquanto eu me debatia no chão com uma dor que me aterrorizava...Nada que eu fizesse me livrava daquela aberração meus gemidos agoniantes de dor,não pareciam incomoda-lo

Eu estava totalmente aterrorizada,não estava pronta para morrer,mas com toda a dor e fogo em minhas veias ansiava pela morte.....Não sabia quem realmente era Edward Cullen,eu só sabia de uma coisa. EU O ODIAVA....

A escuridão fechou-se sobre mim....esse certamente seria meu ultimo crepusculo....

Meu coração acelerado,dói a cada batida e enquanto os minutos se seguiam o sentia bobiar e perder uma batida até que senti sua ultima batida.....e o fogo avassalador predominava o meu corpo que parecia estar em chamas....suspirei pela ultima vez....e o fogo me invadiu....EU ESTOU MORRENDO? Meus ultimos pensamentos foram'Mãe,pai eu amo voces.'

POV EDWARD

Essa era a hora do dia em que eu desejava poder dormir. Segundo grau.

Houvesse uma maneira de conciliar Ou será que a palavra certa era purgatório? Se

meus pecados, isso devia contar no ajuste de alguma forma. O tédio não era uma coisa

com a qual eu me acostumei; cada dia parecia mais impossivelmente monótono do que o

último.

Eu acho que essa eraa minha forma de dormir -se dormir era definido como um estado

de inércia entre períodos ativos.

Eu olhei para as rachaduras no gesso no canto mais distante do refeitório, imaginando

padrões por dentro deles que não estavam lá. Essa era a única forma de desconectar as

vozes que tagarelavam como o jorro de um rio dentro da minha cabeça.

Várias centenas de vozes que eu ignorava por pura chateação.

Quando se tratava da mente humana, eu já tinha ouvido tudo e mais um pouco. Hoje,

todos os pensamentos estavam sendo consumidos com o drama comum de uma nova

adição ao pequeno corpo estudantil daqui. Não levou muito tempo para ouvir todos eles.

Eu havia visto o rosto se repetindo em pensamento após pensamento sob todos os

ângulos. Só uma garota humana normal. A excitação pela chegada dela era

cansativamente previsível -como um objeto brilhante para umacriança. Metade do corpo

estudantil masculino já estava se imaginando apaixonado por ela, só porque ela era algo

novo pra se olhar. Eu tentei desconectá-los mais ainda.

Só havia quatro vozes que eu bloqueava mais por cortesia do que por desgosto: minha

família, meus dois irmãos e duas irmãs, que já estavam tão acostumados com a falta de

privacidade quando estavam ao meu lado que já nem pensavam nela. Eu dava a eles toda

a privacidade que podia. Eu tentava não ouvi-los, se podia.

Mesmo tentando, ainda assim… eu sabia.

Rosalie estava pensando, como sempre, nela mesma. Ela havia visto o reflexo do seu perfil

no copo de alguém, e ela estava meditando sobre a sua própria perfeição. A mente de

Rosalie era uma piscina rasa com poucas surpresas.

Emmett estava espumando por causa de uma luta que ele havia perdido para Jasper na

noite passada. Ele iria usar toda a sua limitada paciência pra chegar até o fim do dia

escolar e orquestrar uma revanche. Eu nunca me senti muito intrusivo ouvindo os

pensamentos de Emmett, porque ele nunca pensava em alguma coisa que ele não diria em

voz alta ou fizesse. Talvez eu só me sentisse culpado lendo as mentes dos outros porque

eu sabia que havia coisas que eles não iriam querer que eu soubesse.

Se a mente de Rosalie era uma piscina rasa, então a de Emmett era uma lagoa sem

sombras, clara como cristal.

E Jasper estava… sofrendo. Eu segurei um suspiro.

Edward. Alice chamou meu nome em sua cabeça, e chamou minha atenção

imediatamente. Era exatamente como se ela estivesse chamando o meu nome em voz alta.

Eu ficava feliz que o nome que me foi dado havia saído um pouco de moda ultimamente -

 

isso era incômodo; toda vez que alguém pensava em um Edward qualquer, minha cabeça

se virava automaticamente…

Minha cabeça não se virou agora. Alice e eu éramos bons nessas conversas privadas. Era

raro quando alguém nos flagrava. Eu mantive meus olhos nas linhas do gesso.

Como ele está agüentando?, ela perguntou para mim.

Eu fiz uma careta só com um pequeno movimento da minha boca. Nada que pudesse

alertar os outros. Eu podia facilmente estar fazendo uma careta de chateação.

O tom mental de Alice estava alarmado agora, eu vi na mente dela que ela estava

Há algum perigo?Ela procurou à frente, no

observando Jasper com a sua visão periférica.

futuro imediato, vasculhando por visões de monotonia para a fonte da minha careta. Eu

virei minha cabeça lentamente para a esquerda, como se estivesse olhando para os tijolos

na parede, suspirei, e depois para a direita, de volta para as rachaduras no teto. Só Alice

sabia que eu estava balançando a minha cabeça.

Ela relaxou.

Me avise se piorar.

Eu mexi apenas os meus olhos para cima, para o teto, e pra baixo de novo.

Obrigada por estar fazendo isso.

Eu estava feliz por não poder respondê-la em voz alta. O que eu iria dizer? ‘O prazer é

meu’? Não era bem assim. Eu não gostava de ouvir as lutas de Jasper. Era mesmo

necessário fazer experiências como essas? Será que o caminho mais seguro não seria

admitir que ele jamais seria capaz de lidar com a sede do jeito que nós fazíamos, e não

forçar os limites dele? Pra quê flertar com o desastre?

Já fazia duas semanas desde a nossa última viagem de caça. Esse não era um tempo

imensamente difícil para o resto de nós. Ocasionalmente era um pouco desconfortável -se

um humano se aproximasse demais, se o vento soprasse na direção errada. Mas os

humanos raramente se aproximavam demais. Seus instintos diziam a eles o que suas

mentes conscientes não podiam entender: nós éramos perigosos.

Jasper era muito perigoso nesse momento.

Nesse momento, uma garota pequena pausou na ponta da mesa mais próxima da nossa,

parando para falar com uma amiga. Ela alisou o seu cabelo curto, cor de areia, passando

os dedos por ele. Os aquecedores jogaram o cheiro na nossa direção. Eu já estava

acostumado ao jeito que esse cheiro me fazia sentir -a dor seca na minha garganta, o

grito vazio no meu estômago, a contração automática dos meus músculos, o excesso do

fluxo de veneno na minha boca…

Tudo isso era muito normal, geralmente fácil de ignorar. Só que era mais difícil agora, com

esses sentimentos mais fortes, duplicados, enquanto eu monitorava a reação de Jasper.

Era uma sede gêmea, não apenas a minha.

Jasper estava deixando a sua imaginação se separar dele. Ele estava imaginando isso -se

imaginando levantando do lugar dele ao lado de Alice e indo ficar ao lado da garota.

Pensando em se inclinar pra baixo e pra frente, como se ele fosse falar no ouvido dela, e

 

deixando seus lábios tocarem o arco da garganta dela. Imaginando como seria a sensação

de sentir o fluxo quente do pulso dela por baixo de sua pele fina na boca dele…

Eu chutei a cadeira dele.

Ele me olhou nos olhos por um minuto e depois olhou para baixo. Eu podia ouvir a

vergonha e a rebeldia guerreando na cabeça dele.

- Desculpe - Jasper murmurou.

Eu levantei os ombros.

- Você não ia fazer nada - Alice murmurou pra ele, acalmando seu pesar. - Eu podia ver.

Eu lutei contra a careta que teria denunciado a mentira dela. Nós tínhamos que

permanecer juntos, Alice e eu. Não era fácil ouvir vozes ou ter visões do futuro. Duas

aberrações no meio daqueles que já eram aberrações. Nós protegíamos os segredos um do

outro.

- Ajuda um pouco se você pensar neles como seres humanos - Alice sugeriu, sua voz alta,

musical, era rápida demais para os ouvidos humanos entenderem, se algum deles

estivesse perto o suficiente pra ouvir. -O nome dela é Whitney. Ela tem uma irmãzinha

que ela adora. A mãe dela convidou Esme para a aquela festa de jardim, você se lembra?

- Eu sei quem ela é - Jasper disse curtamente. Ele se virou pra olhar por uma das

pequenas janelas que eram colocadasbem embaixo das vigas pela grande sala. O tom dele

acabou com a conversa.

Ele teria que caçar hoje à noite. Era ridículo se arriscar desse jeito, tentando testar sua

força, tentando construir sua resistência. Jasper deveria simplesmente aceitar suas

limitações e trabalhar com elas. Seus hábitos antigos não condizia com os hábitos que nós

escolhemos; ele não devia exigir tanto de si mesmo desse jeito.

Alice suspirou baixinho e se levantou, levando sua bandeja de comida -seu adereço, isso é

que era -com ela e deixando-o sozinho. Ela sabia quando ele já estava de saco cheio dos

encorajamentos dela. Apesar de Rosalie e Emmett serem mais abertos em relação ao

relacionamento deles, eram Alice e Jasper que conheciam cada traço do humor do outro

como o seu próprio. Como se eles pudessem ler mentes também -só que só um do outro.

Edward Cullen.

Reação por reflexo. Eu me virei com o som do meu nome sendo chamado, apesar de ele

não estar sendo chamado, só pensado.

Meus olhos se prenderam por uma pequena fração de segundo com um grande par de

olhos humanos, cor de chocolate num rosto pálido, com formato de coração. Eu já

conhecia o rosto, apesar de nunca tê-lo visto até esse momento. Ele esteve em quase

todas as cabeças humanas hoje. A nova estudante, Isabella Swan. Filha do chefe de polícia

da cidade, trazida pra viver aqui por uma nova situação de custódia. Bella. Ela corrigia todo

mundo que usava o seu nome inteiro…

Eu desviei o olhar, enfadado. Eu levei um segundo para me dar conta de que não fora ela

quem pensou no meu nome.

 

É claro que ela já está se apaixonando pelos Cullen, eu ouvi o primeiro pensamento

continuar.

Agora eu reconhecia a “voz”. Jéssica Stanley -já fazia um tempo que ela me incomodava

com as suas tagarelices internas. Foi um alívio quando ela se curou da sua paixão

deslocada. Era quase impossível escapar dos seus constantes, ridículos sonhos diurnos. Eu

desejei, naquele tempo, poder explicar

exatamenteo que teria acontecido seu os meus

lábios, e os dentes atrás deles, chegassem em algum lugar perto dela. Isso teria silenciado

aquelas fantasias incômodas. O pensamento da reação dela quase me fez sorrir.

Grande bem que vai fazer para ela, Jessica continuou. Ela não é nem bonita. Eu não sei

por que Eric está olhando tanto pra ela… ou Mike.

Ela suspirou mentalmente no último

nome. A nova paixão dela, o genericamente popular Mike Newton, era completamente

inconsciente dela. Aparentemente, ele não era tão inconsciente sobre a garota nova. Como

a criança com o objeto brilhante de novo.

Isso colocou uma pontada maligna nos pensamentos de Jessica, apesar de ela ser

externamente cordial com a recém-chegada enquanto explicava os conhecimentos comuns

sobre a minha família. A nova estudante deve ter perguntado sobre nós.

Hoje todos estão olhando pra mim também, Jessica pensou presumidamente em um

aparte.

É uma sorte que Bella tenha duas aulas comigo… eu aposto que Mike vai perguntar

o que ela…

Eu tentei bloquear a tagarela antes que a mesquinharia e a insignificância me deixassem

louco.

- Jessica Stanley está dando à nova garota Swan todos os podres do clã Cullen - eu

Eu espero que

murmurei pra Emmett como distração. Ele gargalhou por debaixo do fôlego.

ela esteja fazendo isso direito

, ele pensou.

- Na verdade, muito pouco criativo. Só a pequena ponta do escândalo. Nenhuma fofoca

horrorosa. Eu estou um pouco desapontado.

E a garota nova? Ela também está desapontada com a fofoca?

Eu tentei escutar o que essa nova garota, Bella, estava pensando das histórias de Jéssica.

O que ela via quando olhava para a estranha família com peles pálidas que era

universalmente evitada?

Era meio que a minha obrigação saber a reação dela. Eu agia como um espião, por falta de

uma palavra melhor, para a minha família. Para nos proteger. Se alguém começasse a

suspeitar, eu podia nos dar a chance de ter um aviso prévio para nos retirarmos

facilmente. Isso acontecia ocasionalmente -algum humano com uma mente ativa nos via

como personagens de um livro ou um filme. Geralmente eles entendiam tudo errado, mas

era melhor nos mudarmos pra algum lugar novo do que arriscarmos o escrutínio. Muito,

muito raramente, alguém adivinhava corretamente.

Nós não dávamos a eles uma chance de testar suas hipóteses. Nós simplesmente

desaparecíamos, para nos tornarmos nada além de uma memória assustadora…

Eu não ouvi nada, apesar de ouvir onde a tagarelice frívola de Jessica continuava jorrando

ali perto. Era como se não houvesse ninguém sentado ao lado dela. Que peculiar, será que

 

a garota nova tinha ido embora? Não parecia provável, já que Jessica continuava fofocando

com ela. Eu olhei pra cima pra checar, me sentindo meio desequilibrado. Checar o que os

meus “ouvidos” extras podiam me dizer não era uma coisa que eu tinha que fazer.

De novo, os meus olhos se prenderam naqueles mesmos grandes olhos marrons.

Ela estava sentada lá exatamente como antes, olhando pra nós, uma coisa natural a se

fazer, eu acho, já que Jessica ainda estava espalhando as fofocas locais sobre os Cullen.

Pensar em nós também seria natural.

Mas eu não ouvia nem um sussurro. Um quente e convidativo vermelho coloriu suas

bochechas quando ela olhou para baixo, desviando o olhar da embaraçosa gafe de ser

pega encarando um estranho. Era bom que Jasper ainda estivesse olhando para a janela.

Eu não gostava de imaginar o que aquele simples agrupamentode sangue faria com o

controle dele.

As emoções estavam tão claras como se elas tivessem sido palavras saindo pela testa dela:

surpresa, enquanto ela, sem saber, absorvia as diferenças entre a espécie dela e a minha;

curiosidade, enquanto ela escutava os contos de Jessica; e algo mais… fascínio? Não seria

a primeira vez. Nós éramos lindos pra eles, a nossa presa.

E depois, finalmente, vergonha, quando eu a flagrei me encarando.

E, mesmo assim, apesar dos seus pensamentos serem tão claros através dos seus olhos

estranhos -estranhos por causa da profundidade deles; olhos marrons freqüentemente

pareciam vazios em sua escuridão -, eu não conseguia ouvir nada além do silêncio vindo

do lugar onde ela estava sentada. Absolutamente nada.

Eu senti um momento de intranqüilidade.

Isso não era uma coisa pela qual eu já tinha passado antes. Havia algo errado comigo? Eu

me sentia exatamente do jeito que me sentia sempre. Preocupado, eu tentei escutar mais.

Todas as vozes que eu estive bloqueando estavam gritando na minhacabeça de repente.

me pergunto de que música ela gosta… talvez eu possa mencionar aquele CD novo…,

Mike Newton estava pensando, a duas mesas de distância -fixado em Bella Swan.

Olha ele olhando pra ela. Será que já não é suficiente que ele tenha metade das garotas

da escola esperando que ele?

, Eric Yorkie estava tendo pensamentos sofríveis, também

girando ao redor da garota.

tão nojento. Daria pra pensar que ela é famosa ou alguma coisa assim… Até Edward

CULLEN está olhando…

Lauren Mallory estava tão enciumada que o rosto dela, de todas as

formas, devia estar com uma cor verde como a de jade.

E Jessica, ostentando a sua nova

melhor amiga. Que piada…

, a garota continuou soltando veneno com os pensamentos.

Eu aposto que todo mundo já deve ter perguntado isso a ela. Mas eu gostaria de falar

com ela. Eu vou pensar em uma pergunta mais original…

, Ashley Dowling meditou.

Talvez ela esteja comigo em Espanhol…, June Richardson esperou.

Toneladas de coisas para fazer essa noite! Trigonometria e o teste de inglês. Eu espero

que a minha mãe…

Angela Weber, uma garota tímida, cujos pensamentos eram

anormalmente gentis, era a única na mesa que não estava obcecada com essa Bella.

Eu conseguia ouvir todos eles, ouvir cada coisinha insignificante que eles pensavam

enquanto os pensamentos passavam em suas mentes. Mas absolutamente nada vinha da

nova estudante com olhos enganosamente comunicativos.

E, é claro, eu conseguia ouvir o que a garota dizia quando ela falava com Jessica. Eu não

precisava ouvir pensamentos pra ouvir sua voz baixa, clara, no outro lado da sala.

- Quem é o garoto com o cabelo marrom avermelhado? - eu a ouvi perguntar, dando uma

olhadinha pelo canto dos olhos, só pra desviar rapidamente quando viu que eu ainda

estava encarando-a.

Se eu tivesse tempo pra esperar que o som da voz dela pudesse me ajudar a conectar seus

pensamentos, que estava perdidos em algum lugar onde eu não podia acessá-los, eu

ficaria instantaneamente desapontado. Geralmente, os pensamentos das pessoas vinham

acompanhados por um lancediferente em suas vozes físicas. Mas essa voz baixa, tímida,

não era familiar, não era nenhuma das centenas de vozes rodeando a sala, eu tinha

certeza disso. Ela era inteiramente nova.

Oh, boa sorte, idiota!Jessica pensou antes de responder à pergunta dagarota.

- Aquele é Edward. Ele é deslumbrante, é claro, mas não perca o seu tempo. Ele não

namora. Aparentemente nenhuma das garotas daqui é bonita o suficiente pra ele. -Ela

fungou.

Eu virei minha cabeça para esconder um sorriso. Jessica e as amigas dela não tinha idéia

de quanta sorte elas tinham por nenhuma delas ser particularmente apelativa pra mim.

Por baixo do humor passageiro, eu senti um estranho impulso, um que eu não entendia

claramente. Tinha alguma coisa a ver com os pensamentos maldosos de Jessica, dos quais

a garota nova não estava consciente… Eu senti uma estranha urgência de me meter entre

elas, para proteger essa Bella Swan dos trabalhos obscuros da mente de Jessica. Que coisa

estranha a se sentir. Tentando entender as motivações por trásdesse impulso, eu

examinei a garota nova mais uma vez. Talvez fosse algum instinto de proteção que estava

há muito tempo enterrado -o mais forte pelo mais fraco. Essa garota parecia mais frágil do

que as suas novas colegas de classe. A pele dela era tão translúcida que era difícil de

acreditar que ela oferecia alguma resistência contra o mundo exterior. Eu podia ver o ritmo

da pulsação do sangue através das suas veias, debaixo da sua membrana clara, pálida…

Mas eu não deveria me concentrar. Eu era bom nessa vida que eu havia escolhido, mas eu

estava com tanta sede quanto Jasper e era melhor não convidar a tentação.

Havia uma fraca linha entre as suas sobrancelhas da qual ela não parecia ter consciência.

Isso era inacreditavelmente frustrante! Eu podia ver claramente que ela estava tensa por

ter que sentar aqui, ter que conversar com estranhos, ser o centro das atenções.

Eu podia sentir a sua timidez pelo jeito como ela segurava seus ombros de aparência frágil,

levemente espremidos, como se ela estivesse esperando ser empurrada a qualquer

momento. E, mesmo assim, eu só podia sentir, só podia ver, só podia imaginar. Não havia

nada além de silêncio vindo dessa garota humana muito normal.

Eu não conseguia ouvir nada. Por quê?

- Vamos? - Rosalie murmurou, interrompendo minha concentração. Eu desviei o olhar da

garota com uma sensação de alívio. Eu não queria continuar falhando nisso -isso me

irritava. Eu não queria desenvolver nenhuma espécie de interesse especial pelos seus

pensamentos simplesmente porque eles estavam escondidos de mim. Sem dúvida, quando

eu decifrasse seus pensamentos -e eu

iaencontrar uma forma de fazer isso -eles seriam

exatamente tão insignificantes e triviais quanto os pensamentos de qualquer humano. Eles

não valeriam o esforço que eu faria para alcançá-los.

- Então, a novata já está com medo de nós? - Emmett perguntou, ainda esperando pela

resposta à sua pergunta anterior.

Eu levantei os ombros. Ele não estava interessado o suficiente pra me pressionar por mais

informações. Eu também não deveria estar interessado.

Nós nos levantamos da mesa e saímos do refeitório.

Emmett, Rosalie e Jasper estavam fingindo estar no último ano; eles foram para as aulas

deles. Eu estava fingindo ser mais novo que eles. Eu fui para a minha aula de Biologia do

nível médio, preparando a minha mente para o tédio. Era duvidoso que o Sr. Banner, um

homem com uma inteligência não mais que comum, pudesse tirar da sua aula alguma

coisa que pudesse surpreender alguém que já tinha dois graus de graduação em medicina.

Na sala de aula, eu sentei na minha cadeira e deixei meus livros -adereços de novo; eles

não continham nada que eu já não soubesse -espalhados pela mesa. Eu era o único aluno

que tinha uma mesa só pra si. Os humanos não eram espertos o suficiente pra

saberque

eles tinham medo de mim, mas seus instintos de sobrevivência eram suficientes pra

mantê-los afastados de mim.

A sala foi se enchendo lentamente enquanto eles voltavam do almoço. Eu me inclinei na

minha cadeira e esperei o tempo passar. De novo, eu desejei ser capaz de dormir.

Como eu estava pensando nela, quando Angela Weber acompanhou a garota nova pela

porta, o nome dela chamou minha atenção.

Bella parece ser tão tímida quanto eu. Eu aposto que hoje foi muito difícil pra ela. Eu

queria poder dizer alguma coisa… Mas provavelmente eu só ia parecer uma estúpida…

Isso!Mike Newton se virou em sua cadeira pra observar a entrada da garota.

Ainda, do lugar onde Bella estava, nada. O espaço vazio onde os pensamentos dela

deveriam estar me deixou irritado e enervado.

Ela se aproximou, passando pelo corredor ao meu lado para chegar à mesa do professor.

Pobre garota; o lugar ao meu lado era o único que estava vazio.

Automaticamente eu limpei aquele que seria o lado dela da mesa, colocando os meus livros

numa pilha. Eu duvidava que ela fosse se sentir muito confortável aqui. Ela teria que

agüentar um longo semestre -nessa aula, pelo menos. Talvez, no entanto, me sentando

ao lado dela, eu fosse capaz de desvendar os seus segredos… não que eu já tivesse

 

precisado detanta proximidade antes… não que eu fosse encontrar alguma coisa que

valesse a pena escutar…

Bella Swan caminhou para o fluxo do ar aquecido que soprava na minha direção do

aquecedor.

O cheiro dela me atingiu como uma bola, como um bastão de jogo. Não há nenhuma

imagem violenta o suficiente para encapsular a força do que aconteceu comigo naquele

momento.

Naquele instante, eu não era nada nem perto do humano que um dia eu fui, nenhum traço

da humanidade na qual eu estive tentando me esconder.

Eu era um predador. E ela era a minha presa. Não havia nada mais nesse mundo além

desse verdade.

Não havia uma sala lotada de testemunhas -na minha cabeça eles já eram uma avaria

colateral. O mistério dos pensamentos dela estava esquecido. Os pensamentos dela não

significavam nada, ela não iria passar muito mais tempo pensando.

Eu era um vampiro e ela era o sangue mais doce que eu havia cheirado em oitenta anos.

Eu nunca imaginei que um cheiro assim pudesse existir. Se eu soubesse que existia, eu já

teria saído procurando há muito tempo. Eu teria vasculhado o planeta por ela. Eu podia

imaginar o sabor…

A sede queimou a minha garganta como fogo. Minha boca estava torrada e desidratada. O

fluxo fresco de veneno não fez nada para dissipar essa sensação. Meu estômago revirou

com o fome que era um eco da sede. Meus músculos se contraíam e descontraíam.

Nem um segundo havia se passado. Ela ainda estava andando no mesmo passo que a

havia colocado no vento em minha direção.

Enquanto os pés dela tocavam o chão, seus olhos escorregaram na minha direção. Um

movimento que ela claramente estava esperando que fosse furtivo. O olhar dela encontrou

o meu, e eu me vi refletido no grande espelho dos seus olhos.

O choque pelo rosto que eu vi lá salvou a vida dela por mais alguns momentos. Ela não

facilitou as coisas. Quando ela viu a expressão no meu rosto, o sangue apareceu nas

bochechas dela de novo, deixando a pele dele com a cor mais deliciosa que eu já havia

visto. O cheiro era uma grossa neblina no meu cérebro. Eu mal conseguia pensar através

dela.

Meus pensamentos se enfureceram, resistindo ao controle, incoerentes.

Agora ela caminhava mais rapidamente, como se ela entendesse que precisava escapar. A

pressa dela a deixou desastrada -ela tropeçou e se inclinou para a frente, quase caindo na

garota que se sentava na minha frente. Vulnerável, fraca. Até mais que o normal para um

humano.

Eu tentei me concentrar no rosto que havia visto nos olhos dela, um rosto que eu

reconhecia com nojo. O rosto do monstro em mim -o rosto que eu havia afastado com

 

décadas de esforço e disciplina inflexível. Como ele voltara à superfície com facilidade

agora!

O cheiro me invadiu novamente, ferindo os meus pensamentos e quase me fazendo pular

do meu lugar.

Não.

Minha mão se agarrou à beirada da mesa enquanto eu tentava me segurar na cadeira.

A madeira não ajudou na tarefa. Minha mão quebrou a estrutura e escapuliu, cheia de

restos de fuligem, deixando a marca dos meus dedos cravadas na madeira que restou.

Destruir as provas. Essa era a regra fundamental.

Eu rapidamente pulverizei as beiradas com as pontas dos dedos, sem deixar nada além de

um buraco e uma pilha de fuligem no chão, que eu limpei com o meu pé.

Destruir as provas. Avarias colaterais…

Eu sabia o que tinha que acontecer agora. A garota teria que virse sentar ao meu lado e

eu teria que matá-la.

Os inocentes espectadores na sala, outras dezoito crianças e um homem, não poderiam

mais ter permissão de sair dessa sala, tendo visto o que eles veriam em breve.

Eu enrijeci com o pensamento do que eu precisava fazer. Mesmo em meus piores dias, eu

nunca havia cometido esse tipo de atrocidade. Eu nunca matei inocentes em nenhuma

desses oito décadas. E agora eu planejava matar vinte deles de uma só vez.

O rosto do monstro no espelho zombou de mim.

Mesmo com parte de mim se afastando desse monstro, a outra parte estava fazendo

planos.

Se eu matasse a garota primeiro, eu só teria uns quinze ou vinte segundos com ela antes

que os outros humanos na sala começassem a reagir. Talvez um pouco mais de tempo, se

eles não percebessem logo no início o que eu estava fazendo. Ela não teria tempo de gritar

ou de sentir dor; eu não ia matá-la cruelmente. Pelo menos isso eu podia dar à essa

estranha com sangue horrivelmente desejável.

Mas depois eu teria que impedi-los de escapar. Eu não precisaria me preocupar com as

janelas, elas eram altas e pequenas demais para servir como escapatória pra alguém. Só a

porta -a bloqueie e eles ficarão presos.

Seria mais lento e difícil tentar matar todos eles quando estivessem em pânico e se

misturando, se movimentando no caos. Nada impossível, mas haveria muito mais barulho.

Daria tempo para muitos gritos. Alguém poderia ouvir… e eu seria obrigado a matar ainda

mais inocentes nessa hora negra.

E o sangue dela iria esfriar enquanto eu estivesse assassinando os outros.

O cheiro me castigou, fechando a minha garganta com uma dor seca…

Então seriam as testemunhas primeiro.

Eu planejei tudo na minha cabeça. Eu estaria no meio da sala, na fila mais afastada do

fundo. Eu pegaria o lado direito primeiro. Eu podia morder quatro ou cinco pescoços por

segundo, eu estimei. Não seria barulhento. O lado direito seria o lado de sorte; eles não

iriam me ver chegando. Me movendo pra frente e pra trás até a fila esquerda iria me levar,

no máximo, cinco segundos pra acabar com todas as vidas nessa sala.

Tempo o suficiente pra Bella Swan ver, brevemente, o que estava esperando por ela.

Tempo o suficiente para ela sentir medo. Tempo suficiente, talvez, se o choque não a

congelasse no lugar, para ela tentar gritar. O gritinho suave não faria ninguém aparecer

correndo.

Eu respirei fundo, e o cheiro era como um fogo correndo nas minhas veias secas,

queimando por dentro do meu peito pra consumir qualquer impulso de bondade do qual eu

ainda fosse capaz.

Ela estava se virando agora. Em alguns segundos, ela se sentaria a apenas alguns

centímetros de mim.

O monstro na minha cabeça sorriu com a antecipação.

Alguém fechou um fichário ao meu lado. Eu não me virei pra ver qual dos humanos

predestinados havia feito isso, mas o movimento mandou uma onda de vento sem cheiro

na minha direção.

Por um curto segundo, eu fui capaz de pensar com clareza. Naquele precioso segundo, eu

vi dois rostos na minha cabeça, lado a lado.

Um era o meu, ou o que ele foi um dia: o monstro de olhos vermelhos que já havia

matado tantas pessoas que já havia parado de contar o número. Assassinatos

racionalizados, justificados. Um assassino de assassinos, um assassino de outros monstros,

menos poderosos. Era um complexo de ser Deus, eu sabia disso -decidir quem merecia

uma sentença de morte. Era um compromisso comigo mesmo. Eu havia me alimentado de

sangue humano, mas somente humanos em sua definição mais fraca. As minhas vítimas

eram, em seus violentos dias negros, tão humanos quanto eu era.

O outro rosto erao de Carlisle.

Não havia nenhuma semelhança entre os dois rostos.

Eles eram como o dia mais claro e a noite mais escura. Não havia motivo pra que houvesse

uma semelhança. Carlisle não era meu pai no sentido biológico básico. Nós não tínhamos

feições semelhantes. A similaridade na nossa cor era apenas por causa do que éramos;

todos os vampiros tinham a mesma cor pálida como gelo. A similaridade da cor dos nossos

olhos era outra coisa -uma reflexão da nossa escolha mútua.

E, mesmo assim, apesar de não haverem bases pra uma semelhança, eu havia imaginado

que o meu rosto havia começado a refletir o dele, até um certo ponto, nos últimos

estranhos setenta anos em que eu abracei a escolha dele e segui os seus passos. O meu

rosto não havia mudado, mas para mim parecia que alguma da sabedoria dela havia

marcado a minha expressão, que um pouco da compaixão dele podia ser traçada nos contornos da minha boca, e que as suas sugestões de paciência estavam evidentes nas

minhas sobrancelhas.

Todas essa pequenas melhorias estavam escondidas no rosto do monstro. Em alguns

instantes, não haveria mais nada que pudesse refletir os anos que eu havia passado com o

meu criador, o meu mentor, o meu pai em todas as formas que se podia contar.

Meus olhos brilhariam vermelhos como os do diabo; todas as semelhanças estariam

perdidas pra sempre.

Na minha cabeça, os olhos bondosos de Carlisle não me julgavam. Eu sabia que ele me

perdoaria por esse terrível ato que eu iria cometer. Porque ele me amava. Porque ele

pensava que eu era melhor do que eu era de verdade. E ele continuaria me amando,

mesmo agora, quando eu provasse que ele estava errado.

Bella Swan se sentou ao meu lado, seus movimentos eram rígidos e estranhos -com

medo? -, e o cheiro do sangue dela criou uma inexorável nuvem ao meu redor.

Eu iria provar que meu pai estava errado sobre mim. A tristeza desse fato doía quase tanto

quanto o fogo na minha garganta.

Eu me afastei dela com repulsa -revoltado com o monstro implorando pra atacá-la.

Por que ela tinha que vir para cá? Por que ela tinha que existir?

Por que ela tinha que acabar com o pouco de paz que eu tinha nessa minha não-vida? Por

que essa humana agravante tinha que ter nascido? Ela ia me arruinar.

Eu desviei o meu rosto pra longe dela, enquanto uma súbita fúria, um aborrecimento

irracional passou por mim.

eraessa criatura? Por que eu, por que agora? Por que eu tinha que perder tudo só

Quem

porque ela escolheu aparecer nessa cidade improvável?

Por que ela tinha que vir pra cá?!

Eu não queria ser o monstro! Eu não queria matar essa sala cheia de crianças indefesas!

Eu não queria perder tudo o que eu havia conseguido com uma vida inteira de sacrifícios e

negações!

Eu não faria isso. Ela não ia me obrigar.

O cheiro era o problema, o cheiro odiosamente apelativo do sangue dela. Se houvesse

alguma forma de resistir… se apenas um sopro de ar fresco pudesse limpar a minha

cabeça.

Bella Swan balançou os seus longos, grossos cabelos cor de mogno na minha direção.

Ela era louca? Era como se ela estivesse encorajando o monstro! Cutucando-o.

Não havia nenhuma brisa amigável pra afastar o cheiro de mim agora. Tudo estaria

perdido em breve.

Não, não havia nenhuma brisa amigável. Mas eu não precisavarespirar. Eu parei o fluxo de

ar para os meus pulmões; o alívio foi instantâneo, mas incompleto.

Eu ainda tinha a memória do cheiro na minha cabeça, o gosto no fundo da minha língua.

Eu não seria capaz de resistir por muito mais tempo. Mas talvez eu pudesse resistir por

uma hora. Uma hora. Só o tempo suficiente pra sair dessa sala cheia de vítimas, vítimas

que talvez não

precisassemser vítimas. Se eu pudesse resistir durante uma curta hora.

Ficar sem respirar era uma sensação desconfortável. Meu corpo não precisava de oxigênio,

mas isso ia contra os meus instintos. Eu me valia desse sentido muito mais do que em

qualquer outro quando estava estressado. Ele me guiava nas caças, era o primeiro a me

avisar em casos de perigo.

Eu não cruzava com alguma coisa tão perigosa quanto eu com freqüência, mas a auto-

preservação era tão forte na minha espécie quanto nos humanos.

Desconfortável, mas suportável. Mais suportável do que sentir o cheiro

delae não afundar

os meus dentes naquela pele bonita, fina, transparente, até o quente, molhado, pulsante ?

Uma hora! Só uma hora. Eu não devo pensar no cheiro, no gosto.

A garota silenciosa manteve o cabelo dela entre nós, se inclinando para a frente até que

ele se espalhou no classificador dela. Eu não conseguia ver o seu rosto para tentar ler as

emoções dela através de seus olhos claros, profundos. Era por isso que ela deixava as

mechas entre nós? Para esconder aqueles olhos de mim? Por medo? Timidez? Para

esconder seus segredos de mim?

A minha antiga irritação por ser incapacitado pelos seus pensamentos sem som era fraca e

pálida em comparação à necessidade -e aoódio -que me possuía agora. Eu odiava essa

mulher-criança ao meu lado, a odiava com todas as forças que eu devotava ao meu antigo

eu, meu amor pela minha família, meus sonhos de ser melhor do que eu era… Odiá-la,

odiar o que ela me fazia sentir -isso ajudou um pouco.

Eu me agarrei a qualquer emoção que me distraísse do pensamento de qual seria o

gosto

dela…

Ódio e irritação. Impaciência. Será que essa hora não passaria nunca? E quando essa hora

terminasse… Então ela sairia dessa sala. E eu faria o quê?

Olá, meu nome é Edward Cullen. Posso te acompanhar até a sua

Eu podia me apresentar.

próxima aula?

Ela diria sim. Era a coisa educada a se fazer. Mesmo já sentindo medo de mim, como eu

suspeitava que ela sentisse, ela iria me acompanhar convencionalmente e caminhar ao

meu lado. Seria fácil o suficiente guiá-la na direção errada.

Havia um pedaço da floresta que se esticava como um dedo e tocava o estacionamento

pelos fundos. Eu podia dizer a ela que havia esquecido um livro no meu carro…

Será que alguém notaria que eu fui a última pessoa com a qual ela foi vista?

Estava chovendo, como sempre; dois casacos de chuva escuros se movendo na direção

errada não chamariam tanta atenção, nem me denunciariam.

 

A não ser pelo fato de eu não ser o único estudante que estava consciente dela hoje -

apesar de nenhum estar tão devastadoramente consciente dela quanto eu. Mike Newton,

em particular, estava consciente de cada movimento que ela fazia se mexendo na cadeira -

ela estava desconfortável ao meu lado, assim como qualquer um estaria, assim como eu já

esperava antes que o cheiro dela destruísse todos os traços de preocupação por caridade.

Mike Newton repararia se ela deixasse a sala comigo.

Se eu pudesse agüentar uma hora, será que eu poderia agüentar duas? Eu vacilei com a

dor da queimação.

Era iria para uma casa vazia. O chefe de polícia Swan trabalhava o dia inteiro. Eu conhecia

a casa dele, assim como eu conhecia todas as casinhas da cidade. A casa dele ficava acima

da encosta da floresta, sem vizinhos próximos. Mesmo se ela tivesse tempo pra gritar, e

ela não teria, não haveria ninguém por perto pra ouvir.

Essa era a forma mais responsável de lidar com isso. Eu havia agüentado sete décadas

sem sangue humano. Se eu segurasse a respiração, eu poderia agüentar duas horas. E

quando eu a encontrasse sozinha, não haveria chances de alguém mais se machucar.

E

o monstro em minha cabeça concordou.

não há motivo pra apressar a experiência,

Eu estava me enganando ao pensar que, salvando os dezenove humanos dessa sala com

esforço e paciência, eu seria menos monstro quando matasse essa garota inocente.

Apesar de odiá-la, eu sabia que o meu ódio era injusto. Eu sabia que quem eu realmente

odiava era eu mesmo. Eu odiaria a nós dois muito mais quando ela estivesse morta.

Eu consegui passar a hora desse jeito -imaginando as melhores formas de matá-la.

ato de verdade. Isso seria demais pra mim; eu acabaria

Eu tentei evitar pensar no

perdendo essa batalha e matando todo mundo que eu visse. Então eu planejei a estratégia

e nada mais.

Isso mea judou a passar a hora.

Uma vez, quase no final, ela olhou pra mim pela fluida parede dos seus cabelos. Eu podia

sentir o ódio injustificado queimando em mim quando eu olhei nos olhos dela -eu vi a

minha reflexão em seus olhos assustados. O sangue pintou suas bochechas antes que ela

pudesse se esconder em seus cabelos de novo, e eu quase me desfiz.

Mas o sinal tocou. Salva pelo gongo -que clichê. Nós dois estávamos salvos. Ela, salva de

sua morte. Eu, salvo por um curto período de tempo de ser a criaturade pesadelos que eu

temia e não suportava.

Eu não consegui caminhar tão devagar quanto devia quando saí da sala. Se alguém

estivesse olhando pra mim, poderia ter suspeitado que havia alguma coisa anormal no jeito

como eu me movia. Ninguém estava prestando atenção em mim. Todos os pensamentos

humanos ainda rondavam a garota que estava condenada a morrer em pouco mais de uma

hora.

Eu me escondi no meu carro.

Eu não gostava de pensar em mim mesmo tendo que me esconder. Isso soava muito

covarde. Mas esse era inquestionavelmente o caso agora.

Eu não estava suficientemente disciplinado pra ficar perto de humanos agora. Me

concentrar tanto em não matar um deles havia acabado com todos os meus recursos para

resistir a matar os outros. Que desperdício isso seria. Se eu tinha que dar o braço a torcer

para o monstro, eu podia pelo menos fazer o desafio valer a pena.

Eu coloquei o CD de música que geralmente me acalmava, mas ele fez pouco por mim

agora. Não, o que mais ajudou agora foi o ar frio, molhado, limpo que entrava com a

chuva pelas minhas janelas abertas. Apesar de eu conseguir me lembrar do cheiro do

sangue de Bella Swan com perfeita clareza, inalar o ar limpo era como lavar o interior do

meu corpo contra as infecções.

Eu estava são de novo. Eu podia pensar de novo. E eu podia lutar de novo. E eu podia

lutar contra o que eu não queria ser.

Eu não tinha que ir até a casa dela. Eu não queria matá-la.

Obviamente, eu era uma criatura racional, uma criatura que pensava, e eu tinha uma

escolha. Sempre havia uma escolha.

Não era isso o que parecia na sala de aula… mas agora eu estava longe dela. Talvez, se eu

a evitasse muito, muito cuidadosamente, não houvesse motivos para a minha vida mudar.

Eu tinha as coisas sob controle do jeito como elas eram agora. Por que eu deveria deixar

alguém agravante e delicioso arruinar isso? Eu não

tinhaque desapontar o meu pai. Eu

não tinha que causar estresse à minha mãe, preocupação… dor. Sim, isso machucaria a

minha mãe adotiva também. E Esme era tão gentil, tão delicada e suave. Causar dor a

alguém como Esme era verdadeiramente indesculpável.

Era irônico que eu tivesse tido vontade de proteger essa garota da ameaça desprezível,

sem dentes, dos pensamentos de Jessica Stanley. Eu era a última pessoa que iria querer

servir de protetor de Isabella Swan. Ela jamais precisaria de proteção de alguma coisa

tanto quanto ela precisava de mim.

Onde estava Alice?, eu me perguntei de repente. Ela não havia me visto matar a garota

Swan de alguma forma? Por que ela não apareceu para ajudar -para meparar ou para me

ajudar a limpar as provas, o que quer que fosse? Será que ela estava tão preocupada em

livrar Jasper de problemas que ela havia deixado passar essa possibilidade muito mais

horrorosa? Será que eu era mais forte do que eu pensava? Será queeu realmente não

teria feito nada com a garota?

Não. Eu sabia que isso não era verdade. Alice deve estar se concentrando bastante em

Jasper.

Eu procurei na direção em que eu sabia que ela estaria, no pequeno prédio que era usado

para as aulas de inglês. Não me levou muito tempo localizar sua “voz” familiar. E eu estava

certo. Todos os seus pensamentos estavam voltados pra Jasper, vendo todas as suas

pequenas escolhas a cada minuto.

Eu desejei poder pedir seus conselhos, mas, ao mesmo tempo, eu estava felizque ela não

soubesse do que eu era capaz. Que ela não soubesse do massacre que eu havia planejado

na hora anterior.

Eu senti uma nova queimação pelo meu corpo -a da vergonha. Eu não queria que nenhum

deles soubesse.

 

Se eu pudesse evitar Bella Swan, se eupudesse conseguir não matá-la -mesmo enquanto

eu pensava nisso, o monstro trincava e rangia os dentes, cheio de frustração -então

ninguém teria que saber. Se eu pudesse manter distância do cheiro dela…

Não havia razão para que eu não tentasse, pelo menos. Fazer uma boa escolha. Tentar ser

o que Carlisle pensava que eu era.

A última hora de escola já estava quase acabada. Eu decidi começar a colocar o meu novo

plano em ação imediatamente. Era melhor do que ficar sentado no estacionamento, onde

ela poderiapassar a qualquer minuto e arruinar minha tentativa. De novo, eu senti o ódio

injusto por essa garota. Eu odiava que ela tivesse esse poder inconsciente sobre mim. Que

ela conseguisse me fazer ser algo que eu repugnava.

Eu caminhei rapidamente -um pouco rapidamente demais, mas não havia testemunhas -

através do pequeno campus até a secretaria. Não havia razão pra Bella Swan cruzar o meu

caminho. Ela seria evitada como a praga que ela era.

A secretaria estava vazia, com exceção da secretária, a única que eu queria ver.

Ela não reparou na minha entrada silenciosa.

- Sra. Cope?

A mulher com o cabelo desnaturalmente vermelho olhou pra cima e os olhos dela se

arregalaram. Eu sempre os pegava fora de guarda, pequenos marcadores que eles não

conseguiam entender, não importava quantos de nós eles já tivessem visto.

- Oh. - Ela ofegou, um pouco corada. Ela alisou sua blusa.

Boba, ela pensou consigo

mesma.

Ele quase é novo o suficiente pra ser meu filho. Novo demais pra eu pensar nele

desse jeito…

- Olá, Edward. O que eu posso fazer por você? - Seus cílios flutuaram por trás

das lentes dos seus grossos óculos.

Desconfortável. Mas eu sabia ser charmoso quando eu queria ser. Era fácil, já que eu era

capaz de saber instantaneamente como qualquer tom ou gesto meu era recebido.

Eu me inclinei para a frente, encontrando seu olhar como se estivesse olhando

profundamente dentro dos seus olhos marrons rasos, pequenos. Os pensamentos dela já

estavam em polvorosa. Isso iria ser simples.

- Eu estava me perguntando se você pode me ajudar com os meus horários - eu disse com

a minha voz suave que era reservada a não assustar humanos.

Eu ouvi o ritmo do coração dela acelerar.

Jovem demais, jovem demais, ela repetiu para

- É claro, Edward. Como eu posso ajudar? -

si mesma. Errada, é claro. Eu era mais velho que o avô dela. Mas, de acordo com a minha

carteira de motorista, ela estava certa.

- Eu estava imaginando se eu poderia trocar a minha aula de Biologia para o nível mais alto

de Ciências. Física, talvez?

- Algum problema com o Sr. Banner, Edward?

 

- Absolutamente não, é só que eu já estudei esse material…

- Naquela escola acelerada que você estudou no Alaska, certo? - Os lábios finos dela se

torceram enquanto ela considerava isso.

Eles todos já deveriam estar na faculdade. Eu já

ouvi todos os professores reclamando. Notas perfeitas, nunca hesitavam antes de

responder, nunca respondiam errado num teste -como se eles encontrassem uma forma

de colar em todos os assuntos. O Sr. Varner preferiria admitir que tem alguém colando do

que dizer que existe alguém mais inteligente que ele… Eu aposto que a mãe deles os

instrui…

- Na verdade, Edward, a aula de física já está muito cheia agora. O Sr. Banner

odeia ter mais de vinte e cinco alunos na sala de aula -

- Eu não daria nenhum problema.

É claro que não. Não um Cullen perfeito.

- Eu sei disso, Edward. Mas simplesmente não tem lugares suficientes…

- Então eu posso desistir da aula? Eu posso usar o período pra estudos independentes.

Isso é loucura. Quão difícil pode ser ver um

- Desistir de Biologia? - A boca dela se abriu.

assunto que você já viu? DEVE haver algum problema com o Sr. Banner. Eu me pergunto

se devo falar sobre isso com Bob.

- Você não teria créditos suficientes pra se formar.

- Eu posso acompanhar no ano que vem.

- Talvez você devesse falar com os seus pais sobre isso.

A porta se abriu atrás de mim, mas quem quer que fosse não estava pensando em mim,

então eu ignorei a chegada e me concentrei na Sra. Cope. Eu me inclinei um pouco mais

pra perto e abri meus olhos um pouco mais. Isso funcionaria melhor se eles estivessem

dourados em vez de pretos. A negritude assustava as pessoas, tal como devia.

- Por favor, Sra. Cope? - Eu fiz minha voz ficar o mais suave e convincente que eu pude - e

isso podia ser consideravelmente convincente. -Não há uma outra seção à qual eu possa

me mudar? Será que não existe nenhuma vaga em aberto em algum lugar? Biologia no

sexto horário pode ser a única opção…

Eu sorri pra ela, tomando cuidado pra não mostrar os meus dentes demais pra não

assustá-la, deixando a expressão se suavizar no meu rosto.

O coração dela bateu mais rápido.

Jovem demais, ela dizia para si mesma freneticamente.

- Bem, talvez eu pudesse falar com Bob - quero dizer, o Sr. Banner. Eu posso ver se -

Um segundo foi o que levou para tudo mudar:a atmosfera na sala, a minha missão aqui, a

razão pela qual eu me inclinava para a mulher de cabelos vermelhos… O que havia sido

por um propósito, agora era por outro.

Um segundo foi só o que demorou pra Samantha Wells abrir a porta e jogar uma

assinatura que ela havia pego na cesto ao lado da porta e correr para fora de novo, com

pressa de sair da escola. Um segundo foi tudo o que levou para uma rajada repentina de

vento passar pela porta e vir me atingir. Um segundo foi o tempo que eu levei pra me dar

conta de por que aquela primeira pessoa não havia me atrapalhado com os seus

pensamentos.

Eu me virei, apesar de não precisar ter certeza. Eu me virei lentamente, lutando pra

controlar os meus músculos que se rebelavam contra mim.

Bella Swan ficou com as costas pressionadas na parede ao lado da porta, com um papel

agarrado nas mãos.

Os olhos dela estava ainda maiores do que o normal quando ela percebeu o meu olhar

feroz, desumano.

O cheiro dela saturou cada pequena partícula de ar na sala pequena, quente. Minha

garganta ficou em chamas.

O monstro olhou pra mim pelo espelho dos olhos dela de novo, uma máscara do mal.

Minha mão hesitou no ar em cima do balcão. Eu não teria que olhar para bater com a

cabeça da Sra Cope na mesa dela com força suficiente pra matá-la. Duas vidas, ao invés

de vinte. Uma troca.

O monstro esperou ansiosamente, faminto, que eu fizesse isso.

Tinha que haver.

Mas sempre havia uma escolha -

Eu parei o movimento dos meus pulmões e fixei o rosto de Carlisle na frente dos meus

olhos. Eu me virei de volta pra olhar para a Sra. Cope e ouvi a surpresa interna dela com a

mudança da minha expressão. Ela se afastou de mim, mas o medo dela não saiu em

palavras coerentes.

Usando todo o auto-controle que eu havia aprendido em minhas décadas de auto-negação,

eu fiz a minha voz ficar uniforme e suave. Havia ar o suficiente nos meus pulmões pra falar

uma ultima vez, apressando as palavras.

- Deixa pra lá então. Eu vejo que é impossível. Muito obrigado por sua ajuda.

Eu me virei e me lancei pela porta, tentando não sentir o calor do sangue quente do corpo

da garota enquanto eu passei a apenas alguns centímetros dela.

Fiquei inebriado com o seu cheiro eu não era mais Edward Cullen,eu era um monstro sem coração. Um verdadeiro vampiro. Ouvi a porta da secretaria se abrir e o cheiro já conhecido de Isabella Swan me invadir com força total,como eu já não tinha controle sobre,corri em sua direção com uma velocidade inumana a peguei em meus braços e corri com ela em direção a floresta

A deixei no chão sem muita delicadeza,os meus rosnados já eram audiveis no meu momento de descontrole mas eu não pensava nas consequências eu só pensava nela,no seu sangue em minha garganta. Acalmando minha sede...

Caminhei lentamente em sua direçao enquanto ela rastejava tentando se afastar de mim isso fez meu monstro interno sorrir,ela parecia apavorada...Eu rugo deixando minhas presas fluirem vi sua boca se abrir e antes que ela pudesse gritar por socorro me agaxei em sua frente e tampei sua boca,o contato com sua pele foi praseiroso e ao mesmo tempo doloroso...

Não aguentei mais e afundei meus dentes em sua doce pele,seu sangue era ainda melhor do que eu imaginava doce e inebriante,tomava conta da minha mente e do meu corpo de maneira improvavel...Seus gemidos de dor eram musicas aos meus ouvidos, e seu corpo parou imóvel embaixo de minhas mãos...

Sentir seu liquido tão vital descendo quente por minha garganta era enlouquecedor,seu cheiro em minhas narinas atraem os meus instintos mais sacanas.

Seu doce e quente sangue,me enlouquecia e eu permanecia num frenesi maravilho,enquanto deliciava-me com seu sangue....até que um grito apavorado me arrancou desse magnifico frenesi...

''Edward Cullen. Pare vai mata-la...”

Meu corpo paralisou....Eu não queria matar a jovem Swan. Mas o gosto do seu sangue em meus lábios era dominante....simplesmente não achava forças dentro de mim para parar aquilo....mas não havia força em mim....não havia resistência....só havia seu sabor e sua vitalidade esvaindo-se pela minha garganta.....

De repente houvi um impacto estrondoso e meu corpo foi lançado ao ar....Fui totalemente desperto do meu frenesi e vi Alice com uma expressão aterrorizada....Fitava-me com dó e ao mesmo tempo repreensão. Ela desviou seu olhar e ofegou, segui seu olhar e vi Isabella Swan,completamente imóvel no chão,seu coração batia de forma erratica muito devagar....

“Vou leva-la para Carlisle. Temos que pedir para ele tirar o veneno do corpo dela....”dito isso Alice a tomou nos braços e correu...tirando-a de perto de mim,deixando-me só com meus pensamentos....O QUE EU FIZ? e agora?

 


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Notas finais do capítulo

COMENTEN!!!!