O Passado Sempre Volta escrita por yElisapl


Capítulo 24
Capítulo 23: Fim do Jogo.


Notas iniciais do capítulo

Eu: Retornamos depois de tanta demora com o OPSV! Nosso convidado é o pé no saco, conhecido como Joseph.
Joseph: Oi... Quê? ACHA QUE É QUEM PARA ME OFENDER?
E: A apresentadora do programa?
J: E isto lhe da o direito de se dirigir a mim?
E: SAI DO MEU PROGRAMA SEU NOJENTo! E não se dirigia a mim!
J: O quê??
~~ Felicity surge e o começa a arrastá-lo do programa ~~
E: ISSO AI MUIE!.... Opa, vamos prosseguir!



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Você mal sabe, eu sei que você está machucada 

Enquanto eu finjo dormir 

Você mal sabe que todos os meus erros 

Estão me afogando aos poucos 

Você mal sabe que estou tentando melhorar as coisas 

Pouco a pouco 

Você mal sabe que eu, eu te amarei até que o sol morra 

Eu esperarei, só espere 

Eu te amarei como se você nunca tivesse sentido 

A dor, só espere 

Eu te amarei como se nunca tivesse sentido medo 

 
 

Sete anos atrás:   

Eu preciso vencer isto. Não por mim e nem pela minha vida, apenas para que assim as meninas fiquem salvas. A culpa delas estarem aqui é apenas minha.   

Arrumo minha postura e começo andar para perto de meu pai. Nós estamos apenas nos olhando, esperando para ver quem será o primeiro a dar o golpe. Sua expressão começa a ficar entediada, dando-me assim uma percepção de logo irá querer tentar algo.  

Conforme pensei, ele tenta acertar um soco em mim e eu desvio, dando uma oportunidade de socá-lo na barriga. Posso notar facilmente que meu pai não possui nenhum treinamento profissional, ele provavelmente deve ter aprendido alguns movimentos, mas não chega perto do treino que Bruce me deu, que mesmo em pouco tempo, pude aprender o básico de uma luta. Até aquele Heitor possui movimentos melhores que o monstro a minha frente.  

O semblante dele fica sério, provavelmente está irritado por eu ter consigo acertá-lo. Mas, isto não faz sentido algum. Por que meu pai iria me enfrentar sendo que não possui muitas habilidades? Ele sabe que consegui ganhar Heitor, que consegui escapar de Hera e Arlequina. No entanto, isto não parece ser importante, não para ele. Há algo a mais nisto.   

Olho em volta deste cômodo que estamos. Não há nada incomum. As meninas estão apenas amarradas com cordas. Do outro lado há mais uma porta, além daquela que entrei. Preciso saber o que ele está escondendo, o plano que criou.  

Distraída, meu pai me derruba no chão com uma rasteira. Meu corpo todo dói quando sinto o chão gélido bater em minhas costas. Logo sinto um corpo por cima do meu, me prendendo, impedindo que faça movimentos com minhas pernas.   

Uma dor em meu rosto inicia-se de um lado e, no mesmo segundo, sinto a outra face doer. Vários socos estão sendo depositados em meu rosto, fazendo-me perder a consciência aos poucos. Como eu pude ser tão estupida a ponto de deixá-lo me dominar?  

Com ódio em meu peito, puxo da minha cintura o pedaço de madeira que havia guardado na hora que entrei nos giratórios. Em um movimento rápido, não permitindo meu pai perceber, perfuro seu estomago com a estaca, fazendo-o gritar de dor e sair de cima de mim.   

Enquanto tento me levantar do chão, meu pai está agoniado com a dor. Ele tenta retirar de sua barriga o pedaço de madeira, mas falha pela dor. Eu limpo o sangue que está escorrendo de meu nariz e depois retiro as algemas que estavam em meu bolso para poder prendê-lo.   

Aos poucos vou me arrastando até o monstro que está caído no chão, tentando puxar a estaca. Quando me aproximo, coloco as algemas em seus pulsos e chuto seu rosto. Ele ainda não irá morrer, não agora. Primeiro preciso torturá-lo como fez comigo.   

Decido enfim soltar as meninas que estão apenas olhando para mim como se eu fosse uma louca, como se não me reconhecessem e talvez estejam corretas.  Estou mudada, não sei se mudei muito, mas apenas sei que não sou a mesma que se despediu delas.   

Minha preocupação neste momento é saber o porquê de estarem aqui. Não há lógica. Como meu pai soube dos laços que criei com elas? Seria possível que ele esteve sempre me acompanhando, mesmo quando me abandonou naquela casa de prostituição?   

Não, essas perguntas são as erradas e não poderão ser respondidas. Preciso começar a fazer perguntas corretas e que as respostas apenas meu pai pode me dar. Mesmo que seja a força.   

— Babydoll, precisamos ir – murmura Rocket. Olho para todas e vejo que estão pálidas, como se nem comessem há dias. Apenas balanço a cabeça em negatividade.   

— Vão na frente, prometo me encontrar com vocês depois e com isso irão me explicar como foram parar aqui.  Mas eu preciso que agora vocês saiam e fiquem salvas – digo com uma expressão séria, indiscutível. Elas apenas concordam e saem por outra porta, sem ser pela que entrei.  

Mudo rapidamente meu semblante quando viro meu rosto para meu pai que está encostado na parede e me olhando com diversão. Se eu pudesse me ver no espelho, provavelmente estaria vendo uma pessoa fria, cheia de ódio e amargura. Uma pessoa com desejo de vingança.   

— Será apenas nós dois agora, filhinha? - inquira, abrindo um sorriso mesmo sentindo dor.   

— Exatamente – o respondo. Com total prazer, puxo a madeira que está em sua barriga e não me importo com seus gritos. - Por que achou que podia me vencer?   

— Vencer? - ele solta uma risada áspera. - Por favor, o jogo ainda não acabou.  

— Não? - continuo inexpressiva. - Você está quase morto.   

— Disse correto, estou quase – seus olhos são duros e frios, fazendo me ter o reflexo dos meus – Acho engraçado, eu ditei todas as regras e você não se importa. Tentou salvar aquela família e está achando que o jogo já acabou.   

— Você é um monstro – afirmo e perfuro sua perna com a estaca. Os seus gritos são como músicas para mim. - Agora me responda! Por quê? Por que matou a mulher e a filha que tinha? Dinheiro?   

— Ainda está nisto? Pensei que havia crescido, mas vejo que estou errado. Você ainda não está pronta para saber a verdade.   

— Qual verdade? - vocifero irritada e arranco o pedaço de madeira da sua perna para colocar na outra. - A de ter matado e destruído nossa família?   

— Aposto que deve estar se achando diferente, achando que está pronta para me matar. Acontece que não está. Ainda é apenas uma garota assustada. Não se tornou a mulher que preciso que se torne – seu maxilar fica rígido. O sangue que ele está perdendo logo o deixará inconsciente.   

— Qual mulher você quer que eu me torne? - inquiro e soco o seu rosto. - Qual?  

— A mulher que sua mãe não queria que se tornasse, que morreu para tentar me impedir. Mas estou conseguindo fazê-la entrar no caminho. No entanto, aquelas meninas te enfraquecem, você se importar com outras pessoas é uma fraqueza. Você é fraca - após sua afirmação ele cospe o sangue que estava em sua boca. - Só porque aprendeu a lutar não quer dizer que está forte.   

— Por quê? Por que matou a sua esposa? Por que matou minha irmã e por que tentou matar a mim? Sua própria filha – pergunto novamente e pego na gola de sua camisa, fazendo com que se levante mesmo não aguentando - É a única coisa que quero saber!   

— Você não é minha filha! - ele grita e eu arregalo os olhos – Nunca foi e nunca será. Você é um fardo para mim. Quando a vi pela primeira vez, eu soube que seria infeliz pelo resto da minha vida. Matar minha mulher e Diana foi necessário, pois apenas desta maneira elas estariam livres de você - suas palavras fizeram parecer que eu havia levado um choque. Solto seu corpo, fazendo-o cair com tudo no chão - A morte é a única maneira de fugir de você. Quando você se aproxima das pessoas, elas sofrem e são infelizes. Então, Felicity, faça um favor para todos, fique o mais longe possível. Você apenas traz dor às pessoas.   

Tento segurar minhas lágrimas. Não irei permitir que este monstro me veja chorando. Procuro por uma resposta, qualquer coisa que posso dizer para ele, mas não sai nada de minha boca. Me sinto presa, como se não pudesse respirar.   

— Irei deixar que outra pessoa te transforme na mulher que precisar ser – declara me fazendo frisar a testa - O jogo acabou, Felicity – meu pai afirma, olhando para trás. - Mas apenas para mim, pois você acaba de entrar em um novo – seus olhos se fecham e um sorriso de alivio passa por seu rosto – Finalmente estou livre de você.   

O som de tiro preenche o lugar.   

Um pouco do sangue de meu pai espirra em mim, fazendo-me arregalar ainda mais os olhos, não acreditando em tudo isto. É realmente verdade? Meu pai está morto?   

— Não se preocupe, Babydoll – sinto uma mão tocar em meu ombro. - Kurt nunca mais irá te machucar. Está segura agora. Você voltou para mim – mesmo sem virar o rosto reconheço a voz e reconheço o toque deste outro monstro. Só não quero aceitar que Blue Jones está de novo em minha vida.   

Atualmente:   

Já se passaram minutos desde que Oliver entrou no local. Eu não devia ter deixado ele ir sozinho, devia ter o acompanhado, mesmo que não fosse isto que queria.   

A equipe ainda não chegou e acredito que quando chegarem, possa ser tarde demais para Oliver. Não, eu não posso permitir que algo aconteça com ele. Tudo está acontecendo por minha causa.   

—Felicity? - pergunta Sammy, após acordar e coçar seus olhinhos. - O que aconteceu? Eu tive um sonho horrível - diz olhando em volta.   

— Como está se sentindo, pequeno príncipe? - indago passando a mão por sua cabeça   

— Estou cansado – ele sorri fraco para mim. - Onde está minha vovó e minha tia? Oliver?  

— Logo estarão conosco – pego na mão dele e começo a fitá-lo – Preciso te pedir algo, Sammy. Quando eu sair do carro, quero que tranque ele e fique aqui até eu voltar, está bem?  

— Sim, mas promete voltar rápido? Não quero ficar aqui sozinho! - pede e apenas o abraço com carinho - Você está bem?  

— Claro. Agora preciso que fique seguro aqui – beijo sua testa e começo a descer do carro. - Não saia em hipótese alguma – dou a última olhada para ele que apenas sorri mostrando seus dentes.   

Abro a porta do carro e desço dele, ao sair, bato a porta e indico para Sammy a trancar. Quando confirmo que ela está realmente trancada, começo a andar em direção ao local.  

Eu deveria provavelmente ter pego algo para mim, mas acredito que a pistola e a faca que carrego são suficientes para me proteger.   

Avalio o lugar por fora e percebo que este bar está abandonado há muito tempo. Está praticamente aos pedaços. Observo também se há alguma pessoa deste lado, porém não avisto ninguém. Não escuto nenhum som de tiro ou luta, isto significa que algo deu errado.   

Começo a entrar e logo avisto um homem caído no chão. Tento andar sem fazer barulho, para que ninguém saiba que estou aqui. Conforme avanço, encontro mais corpos caídos nos chãos, todos estão com vidas, significando que Oliver já passou por eles. Mas onde Oliver deve estar?   

Uma pequena luz bate em meu rosto, fazendo-me perceber uma porta escondida. Provavelmente eu passaria reto se o brilho não tivesse refletido, o que significa que Oliver não deve ter visto. Decido entrar no local, empurro a madeira para me dar entrada e evito da fazer barulho.  

Ao ver que é seguro, entro no lugar escondido e noto que a iluminação veio de uma pequena vela que está no chão e, ao lado dela, está Moira amarrada na cadeira e com fita na boca. Com cuidado me aproximo dela e observo se tem alguma armadilha. No entanto, não há nada e logo começa a desamarrá-la e retiro a fita de sua boca com cuidado.   

— Felicity, o que aconteceu com meus filhos? - é a primeira coisa a perguntar.   

— Estão aqui, mas ainda não sei em que parte - digo a verdade. - Não se preocupe. Irei encontrá-los.   

— Sendo assim, irei também ajudá-la a procurá-los – ela diz se levantando.  

— Agradeço pela ajuda, mas será melhor se a senhora estiver segura – falo para tentar convencê-la.  

— Nós iremos procurá-los juntas – declara com seriedade – Sei que não sou especialista em luta igual a você, no entanto, consigo me cuidar – eu friso a testa.   

— Especialista em luta igual a mim? O que está dizendo? - pergunto tentando esconder minha expressão de surpresa. Será que ela me viu lutando com os homens na prisão?  

— Por favor, Felicity, não vamos mais mentir uma para outra – pede me deixando ainda mais apreensiva – Eu sei do seu passatempo. De ser a Babydoll.  

— Como? - inquiro. Seu semblante está sério demais para apenas estar blefando. Ela não está mentindo. Além do mais, nenhuma de nós ganharemos com uma mentira.   

— Quando começou a descobrir coisas sobre mim, eu  precisei investigar você por contra própria. Soube de sua família, soube que foi para um falso hospício e que sumiu por um tempo. Quando voltou a aparecer no radar, na cidade de Dop City, uma vigilante surgiu também. Não foi difícil para mim juntar as peças - ela sorri.    

— Sempre foi inteligente, senhora Queen – afirmo neutra –  O que irá fazer em relação a isto?  

— Não farei nada. A única coisa que preciso é que salve meus filhos, confio que irá conseguir.    

— Agradeço pela confiança. Agora não temos mais tempo para conversar, precisamos encontrá-los – digo e abro a porta para nós passarmos.   

Saímos e começamos a seguir pelo corredor escuro que há destroços caídos. Uma parte minha diz que eu devia implorar para Moira não vir comigo, pois o perigo está ao nosso lado. No entanto, seria impossível convencê-la, perderíamos muito tempo e, provavelmente, seríamos pegas.  

Ao chegarmos no final do corredor, há outro cômodo, o único onde Thea e Oliver podem estar. Mas antes de entrar, decido entregar a pistola para a senhora Queen.   

— Fique com isto caso seja necessário - sussurro – Podemos ir.  

— Não, espere – ela pede. - Preciso que saiba de algo – estava prestes a falar que não tínhamos tempo para isto, porém ela simplesmente passa por mim. - É importante – apenas concordo para que continue – Sei que meu filho é o arqueiro-verde, não me pergunte como sei. Se algo acontecer comigo, preciso que diga para ele que sou orgulhosa por ter virado um homem fantástico e principalmente por ter encontrado e permito ser amado. Diga para Thea que também tenho orgulho dela - sua mão acaricia meu rosto, fazendo-me ficar surpresa – Aposto que nunca disseram para você, mas saiba que estou orgulhosa da mulher que se transformou. Pessoas normais não suportariam as coisas pela que passou, muito menos a dor, porém você nunca foi uma pessoa comum, fez com que a dor fosse sua maior arma.   

— Obrigada, Moira! - digo abrindo um sorriso e sinto meu coração ficar leve com sua confissão – Estas palavras me confortam muito! Agora vamos salvar seus filhos - aperto sua mão e entro primeiro no cômodo.  Mas, logo que avistamos Oliver e Thea amarrados e parados no chão, a senhora Queen corre em direção a eles, fazendo meu instinto gritar – Senhora Queen não faz isto! - peço com a voz alta, porém é tarde.   

Quando vejo Moira cair por causa do tiro, me assusto e caminho em direção a ela. No entanto, quatro homens aparecem e começam a me segurar. Merda! Isto é culpa minha. Eu não observei se estava livre ou seguro para entrarmos. Tento me soltar deles, mas paro quando escuto uma voz:  

— Se eu fosse você, não tentaria escapar desses homens!  -  manda e logo avisto Joseph saindo das sombras. Como ele conseguiu sair das algemas? Ele estava preso. Alguém deve ter o ajudado. A questão é: Quem? - Pela sua expressão acredito que esteja surpresa em me ver. Não se preocupe, é como eu havia dito, estou trabalhando com Blue. Um dos capangas dele veio me soltar quando soube que você me abandonou para trás - ele me encara friamente e pega o corpo de Moira que estava caído no chão, pois o tiro apenas acertou sua perna – Se tentar lutar, irei matá-la!   

— O que você quer? - inquiro com ódio na voz e sentindo meus braços serem presos.   

— Eu quero que faça mais uma escolha, Felicity – ele pede sorrindo. - Quero que escolha qual dos três irá morrer primeiro!   

— O quê? - questiono assustada. - Não, eu não vou fazer isto.   

— Não vai? - sua testa frisa. - Já que não vai, eu devo fazer isto – ele aponta a arma na cabeça de Oliver. - O que acha, Felicity? Devo matar o homem que gosta ou... - a direção da mira muda e vai para Thea – A irmã dele?   

Sinto minha garganta travar.   

— Por favor, eu imploro. Não machuque meus filhos, por favor – a voz de Moira soa alta e desesperada. Mesmo que esteja assustada, ela consegue ter ainda o ar de superioridade.   

— Não machucá-los? Por que eu não deveria, senhora Queen? - a mão dele que está livre passa pelo rosto de Moira, fazendo todos nós sentirmos nojo.   

— Pare com isto! - Oliver se pronuncia pela primeira vez desde que entramos aqui. Não sei para quem é pior toda esta situação. Todos estamos apreensivos, mas para Oliver é diferente, ele está se sentindo inútil e culpado, pois não pode fazer nada. Seus pés também estão amarrados.  

— Vamos, Felicity. Só precisa escolher - insiste o homem que eu achava conhecer.  

— Por favor, Joseph.  Me mate e poupe meus filhos. Por favor, deixe eles viverem. Eu estou implorando. Mate a mim! - Moira começa a chorar. - Eles são tudo para mim. São minha vida.   

Tento lutar para me soltar, mas quando faço o movimento, Joseph aponta sua arma para cabeça de Thea e ameaça atirar. Estou encurralada. Sem chances de sair para ajudá-los, qualquer ação que faça irá resultar na morte de alguém e não posso ter mais uma na minha lista de culpa.  

— Estou implorando, deixe meus filhos saírem daqui! - a voz de Moira sai mais convicta e consigo vê-la puxar a pistola que havia dado para ela. - Deixe eles irem ou irei matá-lo! - a sua mira está perfeitamente no queixo de Joseph, os miolos dele seriam maravilhosamente explodidos. No entanto, isso não faz com que ele sinta medo.   

— Nós sabemos que você nunca foi boa com armas, Moira! - ele diz e a chuta bem na onde o tiro havia acertado sua perna, desta maneira, faz com que ela atire, porém, erre. - Sua qualidade sempre fora a inteligência, mas acredito que ficar presa fez você virar estupida – Joseph simplesmente puxa a arma dela e aponta a dele na direção dela – Irei fazer o que me pediu, entretanto, não saberá se seus filhos realmente sairão daqui com vida.   

— Eu amo vocês! - Declara Moira e a vejo sussurrar para mim – Salve eles – seus olhos se fecham.  

— Mãe! - berra Thea e Oliver juntos.   

De repente tudo aconteceu tão rápido. O tiro, os gritos de desespero. Mas eu simplesmente não conseguia escutar. É como se tudo estivesse sido colocado em mudo, pois consigo vê-los gritando, mas não consigo ouvi-los. A única coisa que consigo escutar é a voz de meu pai.   

Quando você se aproxima das pessoas, elas sofrem e são infelizes.  

Várias mãos estão me segurando, mas sinto uma passar por meu pescoço e me obrigar a incliná-lo, para que desta maneira, um sedativo seja colocado em mim. Eu devia ter tentado lutar, provavelmente conseguiria derrubá-los, mas minha mente não estava funcionando direito. Além de ouvir a voz do monstro, eu conseguia vê-lo. Ele está nas sombras, olhando para mim e rindo.  

— Tudo isto é sua culpa – sua voz soa tão fria e dura.   

Apenas quando meu corpo começa a ficar cansado e logo cai no chão, eu paro de vê-lo. Minha visão se embaça e apenas enxergo o corpo de Moira sem vida.   

— Felicity! – escuto uma voz me chamar - Nós vamos sair desta, apenas preciso que aguente! - apenas com a maneira preocupada que escuto no tom dela consigo reconhecê-la.  

— Oliver –sussurro seu nome e meus olhos se focam nele. Os mesmos homens que estavam me segurando estão arrastando ele daqui. - Para onde irão levá-lo? - pergunto tão baixo que não sei se me escutaram.  

— Está na hora de acabarmos com isto – Joseph se pronuncia – O reinado do Queen irá acabar no lugar em que começou - esta é a última coisa que escuto, pois meus olhos se fecham e simplesmente desmaio.  

Não sei por quanto tempo fiquei desacordada, mas foi o suficiente para retirarem Oliver e Thea daqui. Começo a me arrastar com cuidado, pois minhas pernas ainda estão dormente e me aproximo do corpo de Moira que o abandonaram para trás sem vida.   

— Sinto muito, senhora Queen – digo pegando em sua mão que já está gelada - É culpa minha. Você não tinha nada a ver com isto, nem mesmo Thea e Oliver – sinto lagrimas escorrerem por meu rosto. - Me enganei em pensar que íamos todos sair bem – abro um sorriso achando graça de mim mesma – Eu não pude salvá-la, mas prometo salvar seus filhos! - falo com seriedade e solto sua mão. - Não importa o que aconteça! - começo a me levantar devagar e ando cambaleando, minhas pernas não voltaram totalmente.  

Este local está vazio. Ao sair de dentro, avisto o carro que Oliver usou para trazer a mim e Sammy. Oh, não! Esqueci completamente de meu pequeno príncipe! Tento correr o máximo que dá, mas meu instinto já sabe que há algo errado. Todas as portas do carro estão abertas e não vejo a presença de Sam aqui.  A única coisa que encontro é um papel colado em uma das janelas:   

''Acredito que perdeu algo. Não se preocupe, nosso filho estará seguro comigo. Por enquanto.''  

Amasso o papel e o jogo no carro. Por sorte a chave ainda está dentro dele. Ligo o motor, mas antes de começar a dirigir, sinto meu celular vibrar e quando vejo que o número é desconhecido, logo atendendo, pois sei quem é.   

— O que fez com eles? - grito ao perguntar e escuto uma risada áspera no outro lado da linha.   

— Precisei separar os irmãos Queen e os coloquei cada um em seu devido lugar.  Apenas para não ser tão mau, coloquei nosso filho junto com Oliver. No entanto, precisará escolher. Para salvá-los, terá que deixar Thea morrer. A escolha é totalmente sua e lhe dou uma hora e meia para poder ver quem irá viver e quem morrerá – Joseph desliga a ligação.   

Eu apenas jogo o celular no banco e começo a dirigir em direção a casa das únicas pessoas que podem me ajudar nesta situação. Sweet Pea e Bruce. Ambos poderão me dar reforço. Sei que podia chamar o time, mas eles nunca me deixariam ir junta para salvar Oliver e Sammy.   

Ao chegar na casa, bato na porta e sou recebida por Bruce que percebe minha expressão de tristeza e logo me deixa entrar. Sweet está na sala com um notebook e quando me vê, ela anda rapidamente em minha direção e nos abraçamos.   

— Vai ficar tudo bem – ela acaricia meus cabelos. - Vai ficar tudo bem.   

— Desta vez é diferente, Sweet – sussurro – A mãe de Oliver está morta por minha causa.   

— Não, precisa parar de se culpar – ela para de me abraçar e me fita – O que deve ter acontecido não estava ao seu alcance para impedir, pois uma coisa que sei é que você nunca para de tentar, sempre busca uma maneira de conseguir salvar as pessoas.   

— Eu podia ter feito algo – falo e desvio meus olhos – Mas se tivesse feito, iria acabar matando Thea  e eu não queria acrescentar mais uma na lista das pessoas que morreram por minha culpa. No entanto, não me adiantou em nada. No final mais uma foi acrescentada.   

— Felicity, nada disso é sua culpa! - esta não é a primeira vez que Sweet pede isto.   

— Talvez esteja certa, eu não sei, mas agora isto não importa – digo me afastando para poder olhar para Bruce também - Preciso que me ajudem – mudo meu semblante para ódio - Eu preciso salvar Thea e Oliver.   

Começo a explicar para eles sobre Joseph e seu jogo maluco. Desde o momento em que ele enlouqueceu e me contou sua verdadeira história. Ambos me escutaram silenciosamente, tentei ao máximo resumir tudo para podermos procurar por Thea e Oliver.   

Enquanto terminava de contar, Bruce desceu até seu porão e pego algumas coisas que possa me ajudar, pois ele já sabe o que planejo fazer e não há como alguém me impedir. Além do mais, Sweet pode explicar a história para ele depois.  

Ao terminar de contar, Sweet pega seu notebook novamente e começa a pesquisar. Ela possui certas habilidades com tecnologia graças a mim e Bruce que ensinamos.  

— Você tem certeza de que Joseph não deu nenhuma dica do local para você encontrá-los? - Pergunta Bruce com sua expressão de quem está formando um plano ou tentando ao menos encontrar algo que possa nos ajudar.   

— Um pouco antes de eu desmaiar, ele tinha dito que ia levar Oliver para o lugar em que seu reinado começou, mas não vejo muita lógica nisto – o respondo e passo minhas mãos em minhas têmporas.  

— Há uma lógica, porém não está encontrando. Joseph sabe que o Queen é o arqueiro-verde?  - nego com a cabeça. - Então, qual seria seu reinado?   

— Seria... - penso por um segundo e logo encontro a resposta – A empresa! Graças a ela, o nome Queen se tornou poderoso, como Robert e Moira morreu, a empresa é definitivamente de Oliver, sendo assim se tornando  o rei do tal reinado que Joseph se refere.   

— Exatamente – Bruce concorda comigo. - Agora, você acha que está pronta para salvá-lo? - apenas assinto e pego de sua mão os sedativos que havia pegado para mim e uma arma - Então vá. Nós vamos procurar por Thea - ele aponta para si mesmo e para Sweet Pea.   

— Vocês acham que irão encontrar?   

— Está mesmo perguntando isto para nós dois? - Sweet indaga com uma expressão de ofendida.   

— Não! - dou uma leve risada – Boa sorte!   

— Para você também. E não se preocupe, irá salvá-lo! - apenas concordo com a cabeça e abro a porta da casa para sair.   

Entro no meu carro e dou a partida para ir no local em que Oliver está. Ao menos creio que sim. Preciso criar um plano, pois tenho certeza que Joseph pegou Oliver para matá-lo e Sammy para me enfraquecer. Joseph até pode ser um louco, no entanto, não acredito que mataria o próprio filho.  

Para o meu alivio, o expediente de trabalho acabou, pois assim não será envolvido mais pessoas inocentes. Desde o momento em que mulheres começaram a serem sequestradas, Oliver decidiu fazer com que todo mundo fosse embora enquanto ainda é claro, sendo assim, declarou que o horário de expediente acaba às cinco.   

Ao entrar na empresa, o primeiro andar está completamente vazio. Quando chego no andar em que fica a minha mesa e a sala de Oliver, avisto Joseph sentado na cadeira dele.   

— Finalmente, Felicity! - Joseph diz quando me vê – Ou será que devo começar a chamá-la de Babydoll? Este nome também cai bem em você. É uma coisa que Blue acertou corretamente.   

— Por que você simplesmente não morre? - indago sem emoção.   

— Que dureza! - ele ri. - Bem, vamos ao que interessa. Aposto que está aqui porque decidiu aceitar minha proposta é isto? Caso o contrário, as coisas não serão nada fáceis.   

— Ainda bem que eu sempre preferi coisas difíceis – digo cruzando os braços - Agora me diga onde deixou Oliver e Sammy!   

— Não só irei dizer, como também irei levá-la – sua concordância me faz estranhar. Não era para Joseph ter simplesmente concordado. Há algo nisto.  - Que tal irmos de elevador? - ele se levanta da cadeira, caminha até mim e começa a me puxar para dentro do elevador. - Sabe, eu sentia que iria escolher salvar seu namorado e nosso filho – as portas se fecham quando o botão é apertado para irmos no andar onde fica a área de TI.   

Quando o elevador para e suas portas se abrem, avisto Oliver que está ainda mais machucado e amarrado ao lado de Sammy que apenas está assustado. Ambos estão com as bocas tampadas. Ando em direção a eles e vejo que estão com suas mãos estão presas por algemas.   

— Me dê as chaves! - grito para Joseph que apenas olha para mim. - O que está esperando?  

— Quero que venha tirar de mim! Quero vê-la descontrolada, minha Felicity – um sorriso aparece em seu sorriso – Preciso que bata em mim novamente. A sensação é maravilhosa.   

— Você é louco! - grito arregalando meus olhos. - O que irá fazer conosco se eu não fizer o que pede?  

— A senhorita recuso minha proposta. O que é muito errado da sua parte. Mas não há problemas, você estava em choque e isto é totalmente compreensivo. Irei lhe dar mais uma oportunidade, se desta vez recusar, nenhum dos dois irão sair vivos daqui! - Antes eu não estava pensando, mas agora preciso agir de maneira certa. Está claro que ele não irá deixar Oliver sair desta. Contudo eu tenho um plano.   

— Eu aceito com uma condição - digo convicta.   

— Qual? - pergunta com os olhos esperançosos.  

— Sei que não irá deixará Oliver sair daqui vivo, então quero que me deixe se despedir - peço - E então nós poderemos ir embora da cidade – comento com um toque de sensualidade.   

— Fique à vontade – ele sorri.   

Apenas assinto e começo andar em direção a Oliver. Seus olhos estão me perguntando o que estou fazendo. Tento expressar pelo meu olhar que tudo ficará bem. Ao estar perto suficiente, me aproximo dele e o abraço, dando a oportunidade perfeita para entregar uma faca, pois será necessário. Deposito um leve beijo em sua bochecha e volto a me levantar.   

— Estou pronta para irmos – abro um sorriso falso e caminho na direção de Joseph que está me esperando ainda com a cara de idiota apaixonado.   

— Finalmente ficaremos juntos! - declara animado – Vamos para o carro, logo meus homens estarão aqui para matar Oliver e depois irão levar nosso filho para nós. Não se preocupe – apenas concordo com a cabeça e finjo estar contente. Ele pega em minha mão e começa a me puxar, mas o faço me soltar.  

— Espere, Joseph – digo e vejo sua testa frisar. - Todo este jogo me fez perceber que nós somos perfeitos um para o outro. - minto – Quero que a última coisa que Oliver se lembre é de nós dois felizes e principalmente quero que ele saiba que estou apaixonada por você - as últimas palavras serviram para fazer Joseph simplesmente perder seu raciocino.   

Então, decido abraçá-lo, fazendo o ficar ainda mais surpreso. No entanto, aproveito minha oportunidade e pego as chaves das algemas que havia visto em seu bolso da frente quando estava voltando para ficar ao seu lado. O fato dele ter deixado em um lugar tão fácil é porque ele sabia que eu não iria mais tentar espancá-lo, não na frente de Oliver e Sammy.   

— Felicity, o que está fazendo? - pergunta quando me afasto dele. Apenas abro um grande sorriso e jogo as chaves na direção de Oliver para que possa pegar.   

— Estou acabando com o seu jogo – anuncio e lanço um olhar perigoso – Vou lhe dar uma dica: tranquei todas as saídas. Então, é melhor tentar se esconder – vejo em seus olhos o sentimento de medo e ele começa a se aproximar para as escadas de emergência. Logo o vejo começar a subir elas e faço o mesmo. Não irei deixá-lo fugir.   

O persigo rapidamente e sem dificuldades. Estamos apenas nós dois. Sei que Oliver e Sammy não estão em perigo, pois os homens de Joseph estão ainda para chegar, significa que quando chegarem, as probabilidades de ninguém estar aqui é grande.   

— Se me matar nunca saberá onde está Thea! - Joseph berra quase sem folego por estar subindo as escadas rapidamente.   

— Não se preocupe com ela – afirmo rindo – Apenas se preocupe com o que irei fazer em você! - o ameaço, me fazendo sentir um sentimento de prazer.   

Tenho completa certeza de que Bruce e Sweet conseguirão salvar Thea. A única coisa que preciso resolver é com Joseph, uma das pedras em meu caminho. Eu até posso ser a causa da morte de Moira, mas foi ele em que a sentenciou, a matou. Isto é imperdoável.   

A senhora Queen foi a única mulher que, mesmo no início não nos demos bem, me tratou como uma filha. Não me lembro da última vez que vi alguém me tratar desta maneira. Além disto, as palavras dela e o fato de não me achar uma assassina me fizeram por um pequeno tempo não me sentir um monstro e culpada.   

Naquele momento enquanto me dizia seus pensamentos, cheguei a cogitar que podíamos ser uma família unida. Que nos domingos iríamos almoçar juntos e fazer vários programas. Eu a veria como uma segunda mãe e Sammy teria ao menos uma vó. Mas nada disto irá acontecer, pois Moira está morta e não irá voltar.   

A única coisa que consigo fazer neste momento é Joseph sentir dor e medo. Fazê-lo ver que há coisas pior que a morte, que Blue. Porque realmente existe, eu sou a prova viva disto.   

— Não tem para onde correr – digo ao chegarmos no terraço - Está na hora de ver a consequência de suas ações - começo a me aproximar dele que apenas continua andando para trás.   

— Me mostre – ele pede sem folego - Está certo, eu sou um louco, mas sempre fui por você! - sinto uma raiva apoderar-se de meu corpo, fazendo-me puxar a arma e atirar no ombro dele. O grito dele faz com que eu esqueça tudo a minha volta. Dou outro tiro, mas acerto sua perna, fazendo-o assim parar na onde está.   

— Sabe este desespero e a dor que está sentindo? - pergunto quando me aproximo dele e o soco no estomago repetidas vezes - É algo que a Moira sentiu ao vê-lo ameaçando os filhos dela. Mas você se importou? Não! - me giro para lhe acertar um chute em sua cabeça com força.   

— Felicity... - ele sussurra sem voz - Não importa o que faça ou o quanto me torture, eu sempre voltarei para ficar com você. Esta é a única certeza que tenho. Você me pertence. Não é de Blue, nem de Oliver. Apenas minha – a certeza em sua voz me faz sentir nojo. A única coisa que está passando na cabeça dele é relacionada a mim? Como ele pode não se importar com Moira? Com a esposa que matou? Além de destruir a própria família, destruiu a de Oliver.   

— Como pôde envolver seu filho nesta situação? - grito e aperto o lugar em que acertei o tiro.   

— Não me importo com ele. Nunca me importei. Se, na segunda vez que ofereci a proposta, você tivesse recusado, eu ia matar o garoto. Iria deixá-la sozinha e sem ninguém, pois apenas na solidão, apenas desta maneira, viria até mim! - responde frio.   

Eu o empurro com força para trás, para que fique longe de mim, pois não quero mais ficar perto dele. No entanto, ao empurrá-lo, ele cai e se agarra na minha mão para não cair. Estou o segurando, usando meus joelhos para ficarmos firmes, mas a vontade de largá-lo é grande.  

— Felicity, aguente firme! - escuto a voz de Oliver gritar, ele está praticamente se arrastando até mim.   

Volto o meu olhar para Joseph que está com um sorriso nos lábios.   

— Sabe que se me salvar, eu não irei parar, Babydoll – ele afirma com veemência. - Mas sei que não vai me salvar, está em seu sangue ser uma assassina – friso minha testa não entendendo – Se eu morrer, você virá comigo – diz e puxa um sedativo igual ao meu de seu bolso, ele simplesmente aplica em mim, fazendo-me soltar sua mão, mas ele só não cai, pois ainda segura a minha. Meu corpo todo paralisa e começa a balança para cair. Apenas fecho meus olhos e sinto meu corpo descer para baixo por causa da pressão que Joseph está colocando.   

De repente, eu simplesmente paro de cair. Ao abrir minhas pálpebras, vejo que meus braços estão sendo segurados por Oliver. Mas ele não está aguentando por causa do peso de Joseph que está segurando minha perna para não cair.   

Com muito esforço, faço com que minha outra perna chute seu rosto, fazendo-o me largar e o derrubá-lo. Antes que eu pudesse ver seu corpo se espatifando no chão, Oliver me puxa para cima e me envolve em um abraço confortável. Mesmo não podendo contribuir, aproveito o seu calor.   

Após segundos nos abraçando, ele me pega no colo e começa a me levar para dentro com dificuldade. Nós descemos a escada e depois pegamos o elevador para chegar até o carro que usei para vir aqui.   

— Sammy, abra a porta – Oliver pede com a voz baixa e vejo meu pequeno príncipe fazer o que ele pede. Espere, isto quer dizer que Sam esteve conosco o tempo todo? Ele me viu matar seu pai? Sua expressão está de tristeza. Será que Joseph chegou a falar com o menino? Espero que não, pois não quero que o pequenino saiba e perceba que seu verdadeiro pai era um homem louco.   

No caminho inteiro até a arque todos ficaram em silêncio. Era para mim ter desmaiado faz tempo, mas já fui sedada várias vezes e Bruce criou um tipo de proteção para mim em relação a isto. O meu sedativo não funciona tão bem comigo quanto funciona nos outros.  

O time inteiro estava na arque e o corpo de Thea também. Logo quando sou colocada em uma mesa, Oliver corre em direção a irmã para conferi-la se está viva. Ao ter certeza ele decide perguntar:   

— Como a recuperaram?  - pergunta com pesar na voz.   

— Ela estava desmaiada no beco pelo qual passei – diz Roy preocupado – Sei que foi imprudente trazê-la aqui, mas este lugar é o único seguro para ela.   

— Tem razão - Oliver concorda. - Vamos esperá-la acordar. Enquanto isso, preciso que encontrem uma maneira de tirar o sedativo que está no corpo de Felicity. - todos concordam e começam a fazer algo produtivo, buscando por um jeito de me ajudar.   

O silencio se instala no lugar e ninguém pergunta nada, pois Oliver simplesmente vai para um canto e começa a fazer seus próprios curativos. Diggle e Laurel tentam ajudá-lo, mas ele nega e pede para que apenas encontrem um jeito de me tirar da paralisia.   

Desvio meu olhar de Oliver e vejo que Sammy está sentado no chão e apenas observando todo mundo. Mas seus olhos estão arregalados e fixados em mim. Isto me faz perceber que ele está em seu próprio mundo, apenas em pensamentos.   

O jeito dele, a maneira como gosta de mudar de assuntos, o faz diferente. Mas não o faz ser um louco igual ao pai. Meu pequeno príncipe não será nem um pouco igual a Joseph se depender de mim. Se Sam não sabe, eu serei a única a saber a verdade. Precisarei tomar uma decisão sobre contar ou manter apenas para mim. Tenho que avaliar qual é a melhor coisa a se fazer.   

Para o meu alivio, não precisei ficar três horas paralisada, pois Sara conseguiu encontrar uma maneira de fazer meu corpo reagir. Ela deu choques em meu corpo, para que ele acordasse e funcionou. As cargas elétricas não eram tão altas para me machucar, apenas para fazer eu reagir.   

— Eu gostaria de falar com Felicity a sós - pede Oliver e todos concordam – Aproveitem esse tempo para conhecerem Sammy. – Diggle se aproxima do pequenino.   

— Não se preocupe, garoto. Nós vamos cuidar de você! - diz com carinho e pega na mão de Sam para levá-lo com eles. Esperamos ter certeza de que todos saíram para conversamos.   

— Consegue falar? - pergunta Oliver me encarando.   

— Sim – o respondo e resolvo dizer sobre o que a mãe dele havia pedido. - Preciso lhe dizer uma coisa – ele apenas concorda para que eu possa continuar. - Sua mãe sabia que você era o arqueiro-verde e ela se orgulhava de você. E também de Thea.   

— Obrigado por me contar – ele sorri fracamente. - Passei tantos meses sentindo raiva pelo que ela havia feito nos Glades e agora não posso mais recuperar aquilo. Você estava certa, eu tinha que a perdoar, pois chegaria uma hora que ela não estaria mais aqui. Mas pensei que isso iria demorar dez anos ou mais. Não achei que seria praticamente agora.   

— Sinto muito, Oliver. Sei como se sente e não irei dizer mais nada – falo e caminho para abraçá-lo – Obrigada por me salvar hoje! - agradeço em relação a queda.   

— Eu quem deveria dizer isto. Salvou minha vida duas vezes – eu acaricio seus cabelos.   

Nós paramos de nos abraçar ao escutar Thea acordando.   

— Ollie? - ela pergunta ao abrir os olhos completamente. - Onde estamos, cadê a mamãe? Ela realmente morreu? - lágrimas começam a descer pelo seu rosto.   

— Vai ficar tudo bem – Oliver se aproxima dela e começa a consolá-la. - Antes de morrer, ela nos disse que nos amava, ela morreu para nós vivermos. A mãe faria isto várias vezes se fosse necessário.   

— Sim, eu sei – Thea diz e seus choros não param. - É que apenas não aceito o fato dela ter partido. Ainda faltava coisas para fazermos, nós havíamos conversado várias vezes sobre quando mamãe saísse da prisão. Nós iríamos em shoppings, restaurantes e até mesmo em museu! - ela ri.   

— Entendo – ambos começam a se abraçar - Nós vamos aguentar, sempre aguentamos. Somos os Queen - sua convicção me faz sentir meu coração se acalmar. Os dois são fortes.   

— Agora me diga em que lugar nós estamos! - pede ela para mudar de assunto, tentar expulsar a tristeza que se instalou neste momento.   

Os olhos de Oliver se encontram com o meu e entendo o que ele está preste a dizer.   

— Speedy, preciso lhe contar uma coisa – seu olhar volta para sua irmã - Sei que ficará brava por ter escondido isto para você todo este tempo. Mas preciso que saiba – ele pausa por um segundo antes de continuar – Eu sou o homem que usa o capuz e um arco à noite.  

Após a afirmação, um grande silencio se instala no local. Me sinto um pouco intrometida por ainda não ter saído daqui e os deixados a sós, mas se Oliver nem pediu para mim, acredito que não haja tanto problema.   

Fico surpresa ao escutar barulhos de fungadas e lágrimas começarem a descer pelo rosto da pequena Queen. Mas, mesmo chorando, ela está com um grande e verdadeiro sorriso em seus lábios. Fazendo me sentir aliviada, pois isto significa que o segredo de Oliver não a deixou irritada.  

— Como posso ficar brava ao saber que você arrisca sua vida para salvar a vida de outra pessoa, Ollie? Sei que se guardou este segredo, foi apenas para me manter segura. Confesso que algumas vezes ficava brava por sumir ou por tentar me manter afastada. No entanto, agora, eu consigo entender suas razões. E eu não poderia ficar mais orgulhosa de você! - Ela pula e envolve seus braços por volta dele, dando um abraço apertado e carinhoso.   

— Obrigado por compreender, Speedy! - Oliver se afasta do abraço e beija a bochecha dela.   

— Só tenho uma perguntinha – os olhos dela focam em mim - Você já sabia disto, Felicity?   

— Eu? Puff – bufo - Só estou sabendo agora! Acredite, estou tão surpresa quanto você! Quem iria imaginar que Oliver Queen é o cara capuz? Eu nunca cheguei a cogitar, em nenhuma hipótese. Olha só a minha expressão de surpresa – aponto para o meu rosto e abro a boca, fingindo-me chocada.   

— A senhorita não mente nada bem! - ela ri, acompanhada de Oliver. Fazendo com que eu os observe. É assim que quero vê-los. Sempre sorrindo. Como pude me aproximar tanto dessas pessoas? Mesmo tentando ao máximo me afastar. - Mas tudo bem, aposto que sei como Oliver te convenceu a ficar quietinha – ela declara após parar de rir e me faz corar. - Não que está vermelha!   

— Isto não é verdade, é que poucos segundos atrás comecei a coçar meu rosto. Estou sentindo um formigamento em minhas bochechas, isto é normal? Espero que não seja nada demais! - começo a passar minhas mãos pelas minhas bochechas para esconder minha vergonha.   

— Sim, Felicity, isto é normal. Principalmente quando se ama alguém! - a afirmação da pequena Queen me faz assustar. Eu? Amar o Oliver? Quase a respondi dizendo que não é para tanto, mas fecho minha boca ao refletir novamente.   

Isto é possível?  

— Thea! - escuto Roy chamar e correr para pegá-la no colo. Após colocá-la no chão, ele a beija com tanto amor e carinho que sente por ela – Fiquei com medo de perder.   

— Não se preocupe – a voz dela soa tão meiga e confortante, que nem parece a pessoa que estava minutos desesperada pela morte da mãe - Sou forte, esqueceu-se?   

— Nunca poderei esquecer! - afirmar com ternura.  - Venha, vamos para casa, você precisa descansar.   

Os olhos da pequena Queen voltam para o irmão.   

— Eu posso ir, Ollie? - pergunta preocupada – Se quiser fico com você  

— Acredito que ficará bem e segura com Roy. Eu cuidarei de mim mesmo – ele deposita outro leve beijo em sua bochecha e Thea apenas assente.   

— Cuide dele – ela pede para mim antes de sair.    

— Sempre! - nós duas sorrimos. Quando tenho certeza de que saiu, viro meu rosto para encarar Oliver que perto de mim. Nem tinha percebido sua proximidade. Consigo sentir sua respiração e poderia dizer que ele deve estar escutando meu coração bater freneticamente.   

Maldito coração! Pare de agir como um estupido!   

— Preciso de sua ajuda – ele pede calmo – Quero que o enterro de minha mãe seja amanhã, mas as pessoas irão perguntar por sua morte e... - eu faço o sinal com a mão para que ele pare de falar.   

— Pare. Não quero vê-lo assim. Eu irei resolver tudo – afirmo e abro um pequeno sorriso. - Você deve estar cansado. Acredito que seja melhor ir para casa.   

— Prefiro ficar aqui – apenas concordo.   

— Então eu e Sammy ficaremos com você - pego em sua mão e a beijo. - Irei preparar uma cama confortável para você - pego a outra e repito minha ação - E irá descansar. Irei cuidar de você.   

Vou até onde há vários colchões – comprados para caso alguém tenha que se esconder na arque – e pego o que acredito ser o melhor. Procuro por três travesseiros e uma coberta, ao encontrá-los os coloco em cima do colchão que já está no chão.   

— Obrigado, Felicity – agradece abrindo um fraco sorriso, mas que serve para fazer meu coração esquentar. - Não sei o que faria sem você - suas mãos seguram o meu rosto – Eu amo...  

— Oliver, você está se sentindo melhor? - Pergunta Diggle ao entrar, fazendo-nos parar de nos olhar e direcionar nossos olhos na direção dele.   

— Sim, não se preocupe – o homem ao meu lado responde tranquilo.  

—Acredito que não irá querer conversar muito, vou pedir para o pessoal ir embora.   

— Não! - digo e Diggle franze o cenho – Oliver precisa de companhia. Por favor, não o deixe sozinho, até pode parecer que ele precisa ficar, mas na realidade o que mais necessitada é das pessoas que o amam - meus olhos se encontram com o dele – Preciso resolver uma coisa e voltarei apenas mais tarde, então peço, por favor, que não o deixe sozinho - Digg apenas assente.   

— Tenha cuidado, Felicity – escuto ambos dizerem juntos e para mim. Apenas assinto e começo a andar para a saída. Não me despeço do pessoal para que não seja necessário falar com Sammy, por hora, será nós ficarmos afastados.   

Entro no carro e começo a dirigir até a casa de Sweet Pea. Preciso ver se ela não se machucou quando foi salvar Thea e agradecer por me ajudar. Além disto é necessário que nós conversemos sobre Joseph, sua morte deve já deve ter divulgado e provavelmente estão procurando por seus assassinos. Terei que arranjar uma maneira de nada se vincular a mim e Oliver. A única coisa que pode ser afetada é a empresa, pois todos saberão que Joseph caiu do terraço.  

Ao estacionar o automóvel, ando até a porta e bato. Espero por alguns segundos até Bruce abri-la – isto faz parecer que é o porteiro -  Procuro por algum hematoma nele, mas não há nenhum. Entro na casa e avisto Sweet Pea deitada no sofá com uma expressão de dor.  

— Sweet! - a chamo e ando em sua direção - Não se levante! - peço vendo-a fazer isto. - Como está se sentindo?  Fizeram algo com ela? -  A última pergunta é na direção de Bruce que apenas assente.  

— Apenas foram para cima de mim por achar que era mais fácil me derrubar. Um deles acabou me empurrando de um lugar alto e bati minhas costas com tudo no chão. Logo irão melhorar – a voz ternura dela me faz ficar menos aflitas.   

— Obrigada por salvarem Thea – sorrio para o casal que está um perto do outro.   

— Não foi difícil - Sweet comenta e acaba notando algo em meu rosto que nem eu mesma percebo expressar -O que houve? Algo aconteceu com Oliver? - Inquira com muita preocupação.   

— Não, eu consegui salvá-lo. No entanto, Joseph está morto - falo direta.   

— Como aconteceu?  - sua sobrancelha esquerda se levanta.  

— Eu estava tão furiosa. Após soltar Oliver e Sammy, comecei a persegui-lo pelo prédio todo, nós chegamos no terraço e foi lá que comecei a bater nele – fungo antes de continuar – Não ia matá-lo, apenas torturá-lo pelo que tinha feito. Mas sem percebe o empurrei até a ponta, ele só não caiu porque segurou em mim. E então Oliver chegou e Joseph ficou ainda mais louco, disse que se fosse morrer, me levaria com ele. Com isso aplicou em mim o meu sedativo e eu ia cair juntamente com ele, mas não cai porque Oliver conseguiu me segurar. Porém ele não estava aguentando, para que me salvasse, precisei fazer Joseph me soltar. Resultando em sua morte.   

— Está dizendo que ele caiu do terraço? - ela frisa a testa. - Na parte da entrada da empresa? - Apenas concordo. Precisei sair pela porta de emergência para não ver seu corpo. - Isto é estranho, quando Bruce e eu passamos na frente dela não havia nenhum corpo.  

— Talvez não tivesse caído ainda.   

— Não encontro nenhuma notícia relacionado a uma morte – diz Bruce olhando em seu celular.  

— Joseph disse que estava trabalhando com Blue  - ao escutar o nome de Blue, vejo o maxilar de Bruce ficar rígido. - Talvez tenham acobertado. Apenas precisamos saber qual foi a razão disto.   

— Certo. Vamos fazer isto amanhã - declara Sweet suspirando. - Ah, só para constar, nós deixamos Thea no beco para que ninguém soubesse que fomos nós. Acredito que todos se perguntariam como o Batman e a mim descobrimos sobre o sequestro.  

— Bem pensado! - assinto com a cabeça.    

— Sabe o que notei? - nego com a cabeça  

— Falou de um nome que não conheço. Acho que é Sam o nome. Disse que este homem estava preso com Oliver – comenta me fazendo abrir um sorriso automático. - Quem é?   

— É uma criança que adotei – digo como se não fosse nada demais.   

— Adotou?! - ela e Bruce perguntando juntos, fazendo-me rir, porém nenhum deles acham engraçados. Apenas penso que a surpresa deles é exagerada.   

— Sim – respondo formalmente e ambos me encaram ainda surpresos.   

— É difícil de acreditar que resolveu simplesmente adotar uma criança. Você continua sendo Felicity Smoak, a mulher que é quase impossível de se aproximar.   

— Também não cheguei a acreditar que fiz isto. Foi uma ação tão inesperada, mas boa para mim – explico, tentando fazê-los entender. Não quero que achem que o que fiz foi sem pensar e que o melhor seja devolver a criança para o orfanato.   

— Estou vendo em seu rosto que isto é realmente uma coisa para você - Sweet diz acariciando meu rosto com carinho – Adoraria conhecê-lo.  

— Eu ia apresentá-lo hoje, mas aí aconteceu todas as coisas – suspiro. - Quem sabe amanhã? Apesar que haverá o velório de Moira e vocês vão, certo?   

— Se Oliver quiser que nós estejamos -  Bruce fala com sinceridade. - Não quero me intrometer em algo tão pessoal, não será correto.   

— Seria ótimo que vocês fossem, a Senhora Queen não era amada, quase ninguém irá. Quero que vão para mostrar apoio e amizade. Pode não parecer, mas vocês também são amigos de Oliver, principalmente se permitirem criar este laço. O convidaram para ser o padrinho de vocês mesmo sem o conhecê-lo – Quando conheci Oliver, um de meus pensamentos foi sobre ele se tornar amigo de Sweet e Bruce, acredito que todos se dariam bem e fariam um bem na vida de cada um, pois é assim que me sinto quando os tenho por perto.   

— O convidamos por sua causa – Sweet comenta sorrindo – No entanto, acredito que esteja certa. Talvez devemos tentar com o Queen, não seria algo de ruim para nós - apenas assinto.   

— Preciso ir. Há coisas que tenho que resolver – digo me levantando e dando um rápido abraço nela e em Bruce – Nos falamos amanhã no velório - despeço e saio da casa.  

Ao me sentar no carro. Penso em como irei resolver tudo isto. Ao menos tenho certeza de que haverá uma funcionária aberta neste horário. Solto um longo suspiro. Não faço a mínima ideia de como arrumar tudo isto. No entanto devo fazer isto, devo a Oliver.   

Sinto meu celular tocar e vejo que o número é de um desconhecido. Será possível a ligação ser de Blue? Pensei que ele fosse aparecer porque estava envolvido com Joseph, mas nem deu as caras, o que é estranho, pois não faz o gênero dele. Se há uma oportunidade em aparecer, Blue nunca perde uma. Suspiro novamente e decido atender.   

— Demorou para aceitar esta chamada – disse a voz que reconheci ser de Pinguim. Acabei me esquecendo que ele também está ligado a Blue. - Como pode estar tão ocupada ? Seu único problema não era Joseph? Que eu saiba você o matou.  

— Ligou apenas para dizer isto? - inquiro fingindo tédio.   

— Sabe que não. Na verdade, liguei para te agradecer. Joseph estava sendo uma pedra em meu sapato, um incomodo – diz rindo.   

— E por que seria? - franzo o cenho não entendendo.   

— Não daria certo haver dois homens apaixonados pela mesma mulher, por isto Blue decidiu acabar com a parceria que havia feito. No entanto, antes que o Sr. Jones pudesse fazer isto, você fez por ele. Mas não se preocupe, pois no final, Joseph acabou sendo útil. Eliminou Moira deste jogo e nos fez descobrir um segredo que mudou todo o jogo.   

— Pare de enrolar, pelo amor! - declaro irritada e fico tentada a desligar. Não posso ficar perdendo tempo, preciso resolver as coisas do enterro. - Aliás, o que fizeram com o corpo de Joseph?  

— Irei apenas responder sua pergunta, pois conversar com você me diverte. Nós sumimos com o corpo dele. Ninguém nunca saberá que houve uma morte na empresa de Oliver Queen. Precisamos manter as pessoas dentro desta cidade, ninguém pode achar que há assassinos soltos.   

— Acredito que a diversão seja apenas para você - suspiro. Para que o corpo de Moira seja enterrado, terei que fazer o legista mentir na causa, dizer que foi uma facada e que o culpado foi uma prisioneira que brigou com ela. - Não acha que uma hora Blue também irá se cansar da parceria que fez com você? - indago para provocar.  

— Não - responde duro. - Posso lhe confiar um segredo?  

— Claro. Se quiser podemos ser amigos também - abro um sorriso de ironia mesmo que ninguém esteja vendo. Quanta perca de tempo!   

— Que boca afiada, Srta. Smoak – comenta, mas isto não o impede de continuar. - Eu sei que Oliver Queen é o arqueiro-verde – a sua afirmação faz uma preocupação começar a surgir em meu peito. - Queria que a descoberta tivesse sido minha, mas é totalmente de Blue que estava apenas observando o senhor Queen lutar contra homens fortes e treinados. Um homem comum não conseguiria aguentar cortes de facadas e socos. Mas nós sabemos que ele não tem nada de comum.  

Apenas fico em silêncio absorvendo esta informação. Como eu poderia negar? Dizer que é apenas uma coincidência? Não tem como. Mesmo que Oliver possui um treino de academia, isto não seria suficiente para passar pelos homens de Blue com tantos machucados e então foi por isto que ele não havia aparecido para mim. Ele conseguiu descobrir algo importante e decidiu simplesmente aproveitar. Provavelmente tentará se encontrar comigo em uma outra vez, para usar sua vantagem em cima de mim. 

— Respire, Srta. Smoak – pede e me faz perceber que estava segurando a respiração - Não vamos contar a ninguém sobre o segredinho de Oliver, mas isto não quer dizer que não podemos usar isso ao nosso favor – Pinguim declara animado – Para o meu azar, preciso desligar. Até mais, Srta. Smoak  

A ligação é encerrada e eu coloco o telefone ao meu lado. Começo a socar várias vezes o volante do carro e violentamente.  Tudo isto é minha culpa. Tudo isto é minha culpa. Se eu não tivesse envolvido Oliver e o impedido de entrar neste jogo, ninguém iria descobrir seu segredo.   

Quando noto que meus dedos estão começando a se machucar, eu paro de bater e suspiro várias vezes. Decido recuperar o foco e ligo o motor do carro. Irei resolver uma coisa por vez, não posso simplesmente entrar em pânico.   

Vou até o local em que Moira morreu, pego seu corpo e o coloco no banco de trás do carro. O levo até um legista e consigo pagar o suficiente para que ele minta no relatório.   

Encontro uma funerária aberta e dou dinheiro suficiente para que o enterro de Moira seja amanhã por volta das quatro da tarde.   

Confirmo se tudo está em ordem para amanhã e após ter certeza, estaciono o carro no mesmo bar que Moira morreu e coloco fogo no automóvel. Fico apenas observando as chamas queimarem e apagarem juntamente com o ódio que senti por Joseph. Não posso sentir raiva de alguém que já está morto e provavelmente enterrado em buraco para ser esquecido.  

Andei de a pé no caminho todo para voltar à arque, ao entrar nela, percebo um silêncio. Isso quer dizer que todos foram embora, o que era o contrário que eu queria.   

Procuro por onde deixaram Sammy e quando o encontro, vejo que está dormindo. Vou ao encontro de Oliver que também aparentar estar dormindo, mas quando me aproximo, seus olhos se abrem.  

— Felicity – chama meu nome, fazendo com que eu aproxime. - Onde estava? Demorou tanto.   

— Estava resolvendo as coisas – digo e sento ao lado de seu colchão - Como está se sentindo? - passo as mãos por seus cabelos macios.  

— Não - sua cabeça balança em negatividade - Queria  dizer que estou bem, pois já me acostumei a ver pessoas morrendo e que todos um dia iremos partir deste mundo – ele se levanta e fica sentando igual a mim, porém fico surpresa quando sinto seus braços me envolverem e me abraçarem.  - Mas acontece que não consegui ajudar minha irmã e por minha culpa nossa mãe está morta.  Eu podia ter perdido as duas, pois fui estúpido em achar que conseguiria salvá-las sozinho. Quase perco Thea hoje. Quando minha mãe morreu em minha frente, pensei em desistir. Por um segundo me perguntei: Para que continuar lutando? Mas então olhei para você, seus olhos estavam melancólicos e por um estranho motivo, isto me fez querer continuar. Eu não queria ver a tristeza em seus olhos. Depois de tudo, você foi a pessoa quem me manteve em pé e não desistiu – de repente, sinto pingos de lágrimas caírem em meu ombro, fazendo meu coração doer.   

— Você não desistiu, Oliver – o aperto ainda mais no abraço. - Fez o que podia fazer ao seu alcance. Não chore, por favor - peço com carinho – Você irá aguentar, irá sobreviver a isto. Sua mãe sempre quis que vivesse a vida plenamente, ela chegou a dizer que estava feliz em te ver amando e permitindo ser amado – me afasto um pouco e colo nossas testas uma na outra.   

— Eu sei, eu sei. Mas agora está difícil - declara entre os choros. Nunca o vi chorando tão abertamente. Na realidade, nunca o vi chorar deste jeito. Já tinha visto pequenas lágrimas caírem de seus olhos, mas depois elas paravam rapidamente. Desta vez, elas não parecem que vão parar tão cedo.  - Apenas preciso de você, Felicity. Preciso que fique comigo e nunca me abandone - o escuto fungar - Quando você tinha dito que ia embora da cidade com Joseph, uma enorme vontade de gritar cresceu em meu peito. Mas isto não foi a única coisa que havia sentido. Nunca em minha vida senti o pavor em perder alguém. Perder minha mãe foi ruim, mas vê-la abraçando Joseph foi terrível. Ver aquele monstro tendo você nos braços.... Por um momento meu coração parou. Foi como se eu tivesse morrido, como se você fosse minha vida e tivessem arrancado de mim. 

— Sinto muito por ter feito sentir essas coisas - falo me sentindo péssima. - Não sabia que ia afetá-lo tanto assim. Por favor, Oliver, me desculpe. Acredite quando digo que foi difícil para mim fazer aquilo - sinto lágrimas começarem a descer por meus olhos.  

Estou chorando por ter feito Oliver sofrer. Talvez no fundo meu pai tenha razão, talvez eu deva manter as pessoas longes de mim. Apenas causo dor e sofrimento. Mas acontece que estou agindo como uma egoísta com Oliver. Não quero deixá-lo ir. Não agora que estou sentindo coisas que nunca havia sentido por alguém. 

— Sei que foi difícil. Apenas preciso que você nunca me abandone. Preciso que fique em minha vida pelo resto dela. Preciso de você comigo para sempre! - ele diz alto e aperta meu corpo. É como se tivesse garantido que eu não escape de seus braços, que não fique longe dele. 

Mais uma vez me faz se sentir surpresa. Estas palavras são poderosas. Não sei como devo respondê-lo, além do mais será errado deixá-lo no silêncio. Respiro fundo e decido simplesmente dizer o que sinto:  

— Irei ficar com você até que não precise mais de mim, Oliver. Minha vida está conectada com a sua. Sua tristeza e alegria serão minhas. Quando não precisar mais de mim, apenas neste momento poderei ir embora - acaricio seu rosto que está molhado pelas lágrimas.   

— Acontece que sempre irei precisar de você, Felicity Smoak – seus olhos se encontram com o meu, fazendo meu coração acelerar - Você é minha felicidade – ele puxa meu rosto com delicadeza para que possamos nos beijar.   

Um beijo que transmite o que estamos sentindo. Um beijo que me faz perceber que Oliver Queen realmente conseguiu, que seria inevitável disto não acontecer.   

Eu estou completamente apaixonada por ele. Eu o amo.   

 

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada!!



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