Proibida Pra Mim escrita por TessaH


Capítulo 43
36.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/736383/chapter/43

36|

Hugo Weasley

Até onde se pode ir com algum desejo na vida? Como saber qual é o momento de parar de perseguir tal ensejo e seguir em frente? Quando se sabe o momento em que, ao ultrapassar a linha divisória, vai estragar com a sua vida?

Eu já não pensava em mais nada. Vivia atormentado com esses dilemas por conta da pessoa que mais podia me atingir.

A verdade é que Lily Luna sempre foi meu ponto fraco. Meu calcanhar de Aquiles. A fraqueza, a vulnerabilidade.

Quer me atacar? O segredo estava nela. 
Como uma pessoa pode ser o centro da sua força? Te destrói na mesma medida que te conserta?

— Já está pronto? - Alvo Potter, meu primo, surgiu entre a porta do meu dormitório. - Preciso ir logo, Hugo. Que demora, está se maquiando?

Revirei os olhos e ajeitei os punhos da blusa social preta diante do espelho.

— Desço em cinco minutos.

— Sinto muito, mas não tenho esse tempo. Me encontra por lá, preciso cuidar de alguém.

Alvo bateu a porta e eu fingi que não sabia de quem se tratava. Depois de tudo que envolveu a melhor amiga de minha irmã, notamos uma drástica mudança em Alvo, portanto era claro e evidente quem era sua nova protegida.

Verifiquei mais uma vez qualquer fio desfiando de minha calça jeans só para me distrair mais uma vez e adiar minha angústia.

Como saber se devia avançar o sinal?

Cresci ao lado de Lily e, desde que me entendo de gente, não existe um momento em minha vida que não tenha sido dividido com ela. Literalmente como alma gêmea. Que irônico tal pensamento, sorri amargo.

Tudo muda depois de um tempo. Entramos em fases diferentes da vida, do corpo, não me disseram que eu veria minha eterna companheira com outros olhos. Que ficaria assustado por enxergá-la de outra maneira, como um menino de fora vendo uma garota que se mostrava. Não me prepararam para a culpa que eu sofreria tanto tempo para que não estragasse as coisas com ela ao me permitir ser mais que primo e melhor amigo.

Depois eu lidei melhor com a ideia de uma Lily mulher, atraente, que se descobria e ainda estava sempre colada a mim. Aprendi a lidar minhas vontades irracionais até calar a fera dentro de mim. Aprendi, até mesmo, a seguir com minha vida.

Arrumei algumas garotas. Descobri beijos, amassos, mãos bobas e tudo que vinha disso. Eu tinha que esquecer a existência da pele alva de uma certa ruiva que não podia existir em minha mente. Só o fato de imaginá-la aprendendo tudo isso com outro cara me açoitava a alma.

Sempre fui discreto, nunca trouxe nenhuma menina às vistas, não queria assumir compromisso e era recíproco. Até que uma me chamou a atenção e acendeu o alarme que dizia "se acalma com essa que ela parece boa o suficiente". Que erro o meu em acreditar nisso.

Helen era uma boa garota, da mesma escola, de gostos parecidos. Foi o começo de uma boa namorada, mas eu não a merecia. Não queria beijá-la imaginando lábios que nunca teria. Não queria chamá-la de meu amor pensando em guardá-lo para outra. Mas então... O inesperado aconteceu.

Nem em meus sonhos mais malucos eu apostaria em uma Lily que avançou o sinal. Sozinha. Nem sabia que desejava, acredito que nem ela sabia disso.

Me beijou e abriu a cadeia da fera que levei anos, lágrimas e suor para domar. Me mostrou um pedaço ínfimo do que seria tão bom com ela que me fez querer rejeitar com todas.

Foi um beijo intenso, mas atrapalhado. Entendi, depois, que ela mais foi guiada por um desejo irracional e não sabia bem o que fazia. Lily só agiu, era emoção pura, não pensou em nada. Também não pensei ao, finalmente, provar dela.

Menina veneno. Um beijo foi a dose letal do que deveria ser remédio, foi veneno.

— Me vê um copo desses! - gritei para ser escutado no bar daquela festa em que tudo brilhava para abafar a minha mente e acalmar minhas emoções.

A menina que preparava as bebidas sorriu e me entregou o desejado. Preferi levar o copo comigo para algum canto em que eu pudesse observar o movimento.

A batida ritmada era um acalento para a euforia desconhecida que me percorria e a bebida me ajudava a relaxar. Eu não sabia que a procurava até meus olhos pousarem nela e pararem.

Dançava como sempre dançou. Lily era o que sempre foi. Livre. Um rebeldia misturada com uma liberdade que ninguém detia ou entendia.

Estava linda em um minúsculo vestidinho rosa. As costas desnudas onde grudavam os longos fios ruivos, poderosos saltos nos pés firmes, o corpo todo em movimento, um balanço que me hipnotizava e fazia querer dançar junto.

Sorria. A boca, linda, em um batom forte e marcante. O rosto com manchas neons me faziam imaginar passar a língua e limpar.

Balancei a cabeça para afastar os pensamentos e a linha para onde iriam. Ainda deu tempo para mais de uma bebida  colorida, perdi a conta de quantas vezes fui e voltei do bar e continuei olhando Lily dançar.

Só até meus olhos desfocarem ao perceber que a dança solo dela se transformaria em uma dupla. O garoto cochichou algumas coisas em seu ouvido e a fez rir. Ela se virou e o afastou com a mão. Mas ele pareceu não entender ou dar um passo para trás.

Coloquei meu copo vazio na banca ao lado e me preparei para intervir. Entendia que ela estava recusando-o e ele forçando a barra, mas Lily tinha força suficiente para dissuadir a qualquer um. Afinal, era um assunto dela, eu sabia que ela conseguiria colocar qualquer para correr só em ouvir seus desaforos, ela era capaz. Eu só estava me preocupando caso atingisse um grau que necessitava de ajuda.

Mas Lily não decepciona. Ao dar espaço para ela resolver sozinha, vi o rosto do garoto mudar do riso para o choque. Lily ria maldosamente e o afastou mais uma vez. Ele não protestou, porém.

Ela sorriu dessa vez satisfeita e fiquei orgulhoso dela. Na verdade, não sabia que ainda existia espaço para admirá-la. Tornava-se a cada dia um pedacinho da mulher incrível que seria. E talvez, pelo meu louco e ensandecido desejo de ser o cara quem a acompanharia nisso, me pus a andar para falar com ela.

Nem sei como a abordei e já segurava seu antebraço gentilmente.

— A gente pode conversar, Lílian? - deixei que meu tom falasse por si só e sabia que a deixaria curiosa a fim de saber porque eu estava chamando-a pelo nome, não o apelido, e parecia sério.

— O que foi, Weasley? Não vê que eu quero dançar?

Reprimi o sorriso ao vê-la cair na artimanha. Ela revidava em defesa com 'Weasley' quando eu a enfrentava com o 'Lilian'.

— Preciso conversar com você.

— Ué, conversa. - ela se soltou da minha mão. É receio que vejo em seus olhos, Lilian? Tá com medo de ficar sozinha comigo?

— Em particular. Aqui não. - enfatizei, sem desviar os olhos para que não fugisse ou inventasse desculpa. Ela ficava desconcertada demais ao ser fitada.

— Tenho poucos minutos. - cedeu e soltei o ar que prendia.

O que estou fazendo? Por que ultrapassando o limite de minha sanidade e paz? Por que minha razão não controla esse meu corpo que, agora, perdeu o controle para a fera que só se acalma com aquela maldita garota?

Fui na frente dela para qualquer lugar em que pudéssemos ficar sozinhos. Lembrei-me de uma cabine por trás do DJ e atravessei o tumulto de pessoas até chegar à pequena porta preta.

— É sério que quer conversar aqui? É claustrofóbico.

Empurrei Lily pela porta e entrei junto, tratando de trancar a porta quando ficamos a sós.

— Que merda é essa, Hugo? Você tá trancando a gente?!

— Eu disse que precisava falar com você. Fica calma.

— Não me mande ficar calma! Você sabe que eu posso te dar um chute entre as pernas e sair daqui não sabe? - ela berrou, porque o som da música tomava conta do ambiente. Ri de sua atitude e cruzei os braços diante de sua figura.

— Eu sei bem do que é capaz. Só não sei por que está fazendo isso comigo.

— Fazendo o quê com você, Hugo, pirou?! Eu estava dançando, normal, é isso que fazem em festas! Você que não está com a sua peguete!

— Não brinca assim comigo, Lily - dei o único passo que nos separava para olhá-la na altura dos olhos. Os saltos a deixavam da minha altura e não desviamos da batalha de olhares.

— Brincar com você? Mas do que está falando? - a voz fraquejou pela proximidade e vi que procurou ar.

Que bom saber que não sou o único a perder a fala.

— Quero saber por que me beijou naquela noite. Quando eu estava namorando, quando éramos somente amigos e depois de você fugir de mim sem motivo.

— Beijar por beijar você também fez comigo! Ou você está tendo amnésia de quando me abraçou no ônibus depois da cantada barata de menina veneno, Hugo?!

— Não foge da pergunta, Lilian. Não se defenda com perguntas, eu só quero uma resposta simples.

Os olhos castanhos mostravam medo, eu sabia porque conhecia aquela garota mais do que eu mesmo. Reconhecia o olhar, mas me surpreendia com a valentia que ganhava força. Lily não desviou e ficou calada. Vi a bochecha ganhar uma coloração vermelha, como os cabelos, e não contive minha mão ao apertar sua cintura, colada em mim.

— O que... Você tá fazendo? - o sussurro foi audível para mim porque já estávamos falando um na orelha do outro.

O cheiro dela não tinha igual e eu sabia que se não a tivesse, procuraria partes dela em todas as mulheres e nunca acharia igual.

— Por que nos botou nessa situação que não tem mais volta? - soltei as palavras com minha respiração pesada em seu pescoço e colei meus lábios ali.

— Hugo...

— Por que me fez conhecer algo que nunca poderia ter?

Ela já me olhava com os lábios entreabertos. Suas mãos passavam por meu corpo e não eram tímidas. Fechou brevemente os olhos quando as palmas tocaram meu abdômen por baixo da camisa. Precisei sugar o ar com força quando senti suas mãos quentes.

— Foi mais forte que eu. - Lily murmurou em meu pescoço dessa vez. Agarrei sua cintura com as duas mãos quando sua boca saiu distribuindo beijos por minha pele e incendiando a nós dois.

A música abafava nossas respirações pesadas e suspiros entrecortados.

Vi que Lily tinha razão quando já estávamos colados sem volta. Ela em cima de uma bancada, beijando meu pescoço e certamente deixando marcas, os botões de minha camisa abertos e o corpo exposto para as unhas afiadas dela. Eu entre suas pernas, tocando a pele macia das coxas, afastando os fios de cabelo do pescoço e das costas, tentando descer uma alça do vestido.

— Não sei... - ela me mordeu. -... O porquê de querer a você... - eu a beijei mais uma vez. -... Mas você também me quer, Hugo. Isso não deveria bastar?

Ultrapassei o limite com ela. Tomei seus lábios e fui tomado da mesma forma. Conhecendo mais partes de Lily que nunca sairiam de minha cabeça e não me saciariam com mais ninguém. Dando a fera a única coisa que ela já quis na vida.

— Mas não basta. - sussurrei entre nossos beijos, mas Lily não se deteve. Até deu um sorriso de lado e voltou com as mãos afoitas em meu cabelo, em meu braço, em meu ombro.

A verdade era que já não estávamos sóbrios, nem éramos os mesmos de sempre. Ali, era se desnudar de rótulos e convenções sociais e seguir nosso desejo mais puro: o amor.

.

.

.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hellou. Gostaria de pedir desculpa pela demora, agradecer pelos comentários anteriores. Eu passo por um momento muito difícil, então me perdoem ❤️ comentem e me deixem felizes, amo vcsz



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Proibida Pra Mim" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.