Proibida Pra Mim escrita por TessaH


Capítulo 30
24. para tu amor


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo vai dedicado às duas queridas que comentaram anteriormente! A AccioPudim e a Nymeria! Aproveitem!!!



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Para Tu Amor - Juanes


{Para teu amor, eu tenho tudo
Desde meu sangue até a essência de meu ser
E para teu amor que é meu tesouro
Tenho minha vida toda inteira a teus pés
E tenho também
Um coração que morre por dar amor
E que não conhece o fim

Um coração que bate por você
Para teu amor, não há despedidas
Para teu amor eu só tenho a eternidade
E para teu amor que me ilumina,
Tenho uma lua, um arco-iris e um cravo

Por isso eu te amo, tanto que não sei como explicar o que sinto
Eu te amo, porque sua dor, é a minha dor
E não ha duvidas
Eu te amo com a alma e com o coração,
Te venero
Hoje e sempre, eu te agradeço meu amor, Por existir.}






24|

Una Bersani Stark

Meu sonho parecia ter chegado ao fim. Eu sentia isso porque meus pais estavam nele, em um campo aberto, e estávamos numa ceia após comermos todas as delícias italianas de minha mãe. Eles se levantaram, cada um veio me dar um abraço que fiz de tudo para memorizar até a textura. Me beijaram a testa e deram as mãos. 

— Tem que ir, minha filha, não pode ficar aqui - minha mãe arrastou suas palavras ainda carregadas com seu sotaque italiano que adorava perpetuar.

— Não quero, madre. - sooei como uma criança chata. Eu sabia um suficiente de italiano, por isso não optei por nada parecido nas línguas estrangeiras no colégio. - Não posso ir com vocês, por quê?

— Tem coisa pra fazer ainda, bambina mia. Tem que voltar. - eu adorava o tom como minha mãe chamava o seu minha menina. Foi por conta da saudade que me abateu que senti que era um sonho chegando ao fim. Pra que lutar se não ia surtir efeito? Eles sorriram e caminharam juntos até que eu os perdesse de vista. Fechei meus olhos com força, com uma dor me sufocando no peito.

— Ela não vai acordar? - eu pude ouvir um ruído abafado. Minha visão ainda estava escura, porque não consegui mais abrir os olhos, estavam pesados demais. Eu sabia que aquela voz não era de meu sonho, porque não pertenciam aos meus pais e me parecia longe demais, abafada.

— Uma hora vai, rapaz. Aquiete-se. A diretora daqui a pouco estará aqui.

Passos fizeram mais barulhos que doeram minha cabeça. Tentei levantar meus braços, mas também estavam pesados.

Bom, eu não tinha morrido, afinal, a gente não sente dor depois  de morta, eu já conseguia raciocinar.

— Vá para seu quarto. As aulas recomeçam amanhã e têm as provas.

— Não vou sair daqui, não adianta me expulsar.

As vozes eram abafadas e quase indistinguíveis, não forcei minha mente a identificar. A escuridão me tomou em um sono profundo dessa vez.

— Precisa acordar, minha rainha... Ela não está dormindo há tempo demais? Disseram que os remédios já deveriam passar o efeito de adormecê-la.

Tentei outra vez abrir meus olhos quando tomei nota de barulhos ao meu redor. Já sentia um aperto gelado em minha mão, mas meu corpo estava tomado por uma morosidade que me impedia de conseguir me movimentar, por isso nem tentei falar nada.

— Deixe acontecer tudo no seu tempo, senhorita Weasley. Ela vai entrar no próprio ritmo.

Um fungado ao meu lado e o aperto em minha mão se intensificou.

— Quer descansar, Rose? Vou ficar aqui, não vou sair, não fica preocupada.

— Não, não posso mais ficar longe. Você que poderia confiar em mim e descansar.

— Depois terei tempo.

Percebi que estar acordada por mais tempo era doloroso. Lembrei do choro de minha tia e da notícia. Eu não tinha mais pais. Lembrei da noite em que resolvi me desligar do mundo por não saber lidar com tantas coisas.

Alvo pedindo desculpas. Alvo cantando pra mim. Meu coração dividido entre permanecer na acomodação do ódio criado ou se render àquela luta contra a paz.

— Não sei como pude ser tão egoísta. Esquecer dela e de tantos detalhes que estavam na cara, meu Deus, cresci com ela. Mas mergulhei nos meus problemas fúteis e a esqueci.

— Se lamentar assim não leva a nada, Rose, já passou. O que importa é o que podemos fazer daqui pra frente.

— Ela está sozinha. O que faço? Será que ela vai querer ir para Londres? Minerva permitiu que eu a acompanhasse.

— Posso ir, se quiser, não me importo. E ela não está sozinha, Rose, tem a você. A mim. Tem meus pais também, sabe como gostam dela. Tem tia Mione e tio Ron, você mesma entende. Ela pode escolher mais de uma família agora.

As vozes se misturavam com um choro de um lado e minha mão sendo apertada do outro. Já tinha ideia de que Rose e Alvo estavam me velando, mas eu já não sentia vontade de acordar.

Abrir os olhos seria lidar com coisas das quais eu não sabia. Seria encarar e enfrentar, mas eu me sentia fraca.

Como um reflexo, não pude conter um movimento do braço e logo assustei meus dois guardas costas.

— Una? Una?

— Rose, calma, ela deve estar acordando, não assusta.

A conversa de Alvo e Rose, seus suspiros e muxoxos, me fez querer rir. Um riso nervoso. Dessa vez, ficou mais fácil abrir os olhos e pisquei até focar os dois rostos que estavam em cima de mim.

— Ah que bom, Una! Minha rainha, senti sua falta. - o rosto de Rose estava vermelho e molhado, ela acariciou minha mão e sorriu triste.

— Você é uma dorminhoca, Stark. - os olhos verdes esmeralda do Potter estavam cansados, mas seus lábios sorriam. Percebi que o aperto forte que não tinha me deixado em nenhum minuto era seu. Pude ver sua mão apertando a minha e ele percebeu, de forma que a soltou depois e a sensação de perda me atingiu.

— Não... Falar. - arranhei algumas palavras, mas não estava conseguindo falar. Ardia, queimava.

— Não se esforça, amiga, vou chamar a enfermeira.

— Ela está um pouco agitada desde que te viu. - Alvo acompanhou Rose correr. Depois ficou os olhos em mim. - Me deu um susto.

Sem pensar, ainda influenciada pelo sonho em italiano, respondi:

Scusami.

— Não sei muito italiano, na verdade, mas acho que pediu desculpa - ele sorriu um pouco quando assenti. - Não se esforça pra falar. Fico aliviado que esteja acordada.

— Não... Não queria causar problema. - minha voz saiu rouca e tossi.

— Precisa entender que têm pessoas que se importam muito com você. Até nos piores momentos.

Fitei seus olhos e suas palavras me atingiram. Mas a vergonha estava me dominando por achar que ele me via como uma fraca ali, que não soube lidar com as perdas e quis escolher o caminho mais fácil, assim, fui sucinta.

Grazie.

Eu não sabia porque algumas palavras me escapavam em italiano, quando eu já falava muito inglês.

— Acho que você tá naquele estado que vemos nos filmes em que a pessoa acorda no hospital falando outra língua. Mas me perdoa por só saber algumas palavras em italiano, como amore mio, carino mio, mia bella e essas derivações.

Tive que rir de sua careta e até mesmo da sensação gostosa de ouvi-lo falar meu amor, meu bem e minha linda em um italiano sem fluência.

— Não zombe do meu talento para outras línguas, Stark.

Balancei a cabeça como quem diz que não consegue.

— Vou deixar você descansar agora, tudo bem? Venho outra hora. Rose já deve estar correndo pra voltar.

Eu não entendia como ele era a voz mais presente em todos os meus surtos de consciência durante esse apagão em minha vida e agora, quando eu estava acordada, queria ir.

Porém seria bom porque assim eu não ficava tão nervosa como no momento, sem saber como lidar com ele e o que falar.

Grazie. Digo, obrigada de novo.

Eu não sei porque agradecia, mas queria que ele entendesse que sua preocupação era evidente pra mim e era educado agradecer.

Ele mordeu o lábio e coçou os olhos, o rosto abatido como quem não dorme.

— Fica bem. Eu ainda volto.

Rapidamente me deu um beijo molhado na testa e se foi, sem tempo para que eu reagisse a seu ato.

Meu coração estava voltando ao seu ritmo normal quando Rose voltou. Minha amiga franziu o cenho.

— Onde tá o Alvo? Não quis sair há mais de 12 horas e agora desaparece?

— Ainda bem, ele precisa se recuperar, passou o tempo todo aqui. Precisa dormir e comer. Agora, senhorita Stark, engula esses comprimidos para diminuir a dor e os efeitos de seu estômago. - a enfermeira recomendou quando chegou acompanhada de Rose.

Fiz tudo como ela ordenou e depois sobrou eu e minha melhor amiga.

— É o pior momento da sua vida e eu só queria dizer que estou com você, Una. Não sei como deixei tudo acontecer sob meu nariz e não perceber, fui uma pessima amiga. Me perdoa, vou melhorar. Agora não vou ficar divagando com besteiras da minha vida, porque quero que saiba que tô com você e vou te ajudar em tudo.

— Não se culpa, rainha.  - busquei a mão de Rose para segurar. Rose era do tipo sentimental, sofria com os outros e a última coisa que eu queria era que se culpasse por escolhas minhas. Por seu discurso, eu suspeitava que Alvo já tinha contado sobre meus vômitos e minhas atitudes insanas. - Você não tinha como saber se eu não queria contar. No fundo, eu sabia que estava fazendo algo errado, mas não conseguia parar. Passa a ser vício depois de ser uma necessidade. Olha só onde cheguei.

Rose fungou e vi que já estava para chorar. Eu imaginava o quanto de coisa foi criada em sua cabeça e a conhecendo bem, apostava que repassava todos os nossos momentos em sua cabeça como se pudesse voltar no tempo e me consertar.

— Sinto muito por seus pais. Tudo aconteceu de uma vez só e você precisava de alguém. E eu me preocupando com amor e ciúmes quando você só precisava de alguém.

Franzi o cenho, mas tentei consolá-la. Já era bom estar com ela enquanto eu sabia que teria que me reconstruir.

— Foi sim tudo de uma vez só, eu só precisei de uma anestesia da vida, minha rainha, não fica chorando, Rose. Já estou aqui, vou te aporrinhar por mais uns anos e vai me arrastar pela vida ainda. Preciso de alguém agora porque terei que encarar um enterro e dar adeus a tudo que eu conhecia. Vou iniciar uma vida totalmente diferente é isso me assusta, mas sei que posso contar com você.

— Pode mesmo. Vou te acompanhar, ok? Vou fazer do jeito que você quiser e precisar. Agora você precisa mesmo descansar pra recuperar as energias e depois vamos falar sobre bulimia, Una.

Ouvir aquele discurso era triste. Já tinha escutado de Alvo e tentado fugir, mas era real demais no momento para eu fingir que não era comigo. Assenti com a cabeça e suspirei.

— Vamos sim. Mas... Que papo é esse de ciúmes e amor que você disse estar preocupada?

— Não acredito como nem nesses momentos você consegue deixar algo passar! - Rose ficou ruborizada e achei divertido poder espairecer sobre assuntos que não me trouxessem dor. - Tenho umas novidades pra você.

— Ainda bem, achei que teríamos que chorar o dia todo. Vamos, me conta logo porque quando fomos chorar, vamos chorar de uma só vez e depois não mais, ok?

— Do jeito que quiser, amiga. - Rose sorriu, confiante, e se sentou no espacinho da minha cama. - Você vai me matar quando eu contar tudo.

— Eu aposto que sim.

(....)

Compreender que estamos errados pode ser uma delicada situação. Compreender o erro e aceitá-lo é mais difícil ainda. Eu ainda não me sentia segura de nada na vida, não conseguia pensar em como me resolver, em como me ajudar e seguir em frente.

Mas eu já não chorava, era uma grande coisa. Eu não sabia dizer se era alguma fase do luto, mas as lágrimas já tinham se esgotado, mesmo que uma tristeza absurda me tomasse conta. Depois de passar mais de 24 horas na enfermaria do colégio, cumpri todas as ordens médicas e agora me sentia diferente, sem a intoxicação de remédios ou de culpa. Sabia que tinha que tratar do luto antes de me assumir bulímica.

Rose pediu permissão aos pais para me acompanhar até Londres para que pudesséssemos ir ao enterro de meus pais. As malas estavam prontas e minha ficha ainda não caíra.

— Já está pronta? - a ruiva apareceu do meu lado para me despertar de meus pensamentos.

— Sim, vamos agora?

— Vamos, só acho que tem algumas pessoas querendo falar com você. - Rose tentou me sorrir e assenti.

Existem momentos na vida que a gente acha que não consegue sobrevivê-los. Existem momentos que, ao pensarmos em vivenciá-los, achamos que não vamos dar conta ou vamos enlouquecer. Acontece que tudo ocorre de maneira inversa, parece uma câmera lenta e dá a impressão que não é a sua vida aquela, mas sim que você é um mero espectador. Era mais ou menos assim que acontecia comigo.

Rose me acompanhou até chegarmos na cabana do protetor do colégio, Hagrid. Porém junto dele estavam Lily, Alvo e Scorpius.

— Viemos nos despedir de você e transmitir força, minha maluca preferida - Lily foi a primeira a se jogar em meus braços e me confortar. Tentei retribuir o carinho que eu ganhava.

— Até Scorpius Malfoy veio, estou mesmo importante. Já quer ganhar a melhor amiga da sua garota? - tentei brincar para que descontraísse o clima pesado que estava instalado.

Scorpius Malfoy me sorriu de lado e percebi toda a beleza que Rose via nele. Tinha um certo poder em sua presença que nos deixava instigada a se aproximar. Ele torceu as mãos e me estendeu uma, mas o puxei para um abraço a fim de cochichar em seu ouvido.

— Não pisa na bola com essa ruiva, ela é como uma irmã pra mim e você não gostaria de me ter como inimiga, viu só, Malfoy? Trate de reconquistá-la.

Rose havia me contado toda sua história relâmpago com Scorpius Malfoy e não sei como não pude desconfiar. Ele havia conseguido tocá-la com seu coração muito além de ações.

— Vou dar o meu melhor, cunhada.

— Você é um ousado.

Scorpius se afastou e foi a vez de Alvo se aproximar. Como de costume, meu coração se acelerou porque eu não sabia como agir, não tinha mais o porquê de ser grosseira e defensiva quando ele já tinha estendido a bandeira branca.

— Queria te lembrar que você é forte. Te disse isso, não foi, mia bella?— ele murmurou pra mim quando Rose se afastou de nós para cochichar algo com Scorpius. - E você não tá sozinha, Una. Tem quantas famílias Weasley-Potter quiser.

Grazie, mio bello, não vou esquecer. Prometo tentar. - retribui o apelido de meu lindo em italiano para não deixá-lo envergonhado como parecia. Sorriu pra mim e não consegui dar um passo para abraçá-lo, embora quisesse muito.

Mas leu meus pensamentos e me escondeu em seus braços. Era diferente de todos os outros porque me confortava de uma maneira completa. Completa e estranha.

— Agora vamos? Assim perderemos o trem. - Rose falou e me movimentei para acompanhá-la. Acenamos para todos e Hagrid nos ajudou com as malas. Ele iria nos levar de carro até a estação.

No carro, olhei para trás para ver as três figuras nos observando e tentei gravar a figura do moreno de olhos verdes, as mãos dentro dos bolsos, cabelos despenteados e um sorriso nervoso.

Ele queria que eu não desmoronasse, tinha medo, eu sentia. Então eu iria tentar ficar de pé por ele também.

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Notas finais do capítulo

Um capítulo pra quem é Unalvo(não sei se o shipp vai ser esse hahaha)!!!!! Essa música do capítulo, do Juanes, é a coisa mais linda por isso indico a letra e melodia!!! Já não sei se é a música do casal mais Italianinho da fic!!

Até o próximo e comentem!!!!!



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