Lufano sim, alegre também escrita por Maga Clari


Capítulo 3
A vez em que descobri de onde vem o cheiro de colônia


Notas iniciais do capítulo

Vocês acharam que eu não ia postar hoje, né? Pois eu voltei! Espero que gostem do capítulo ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/736335/chapter/3

Havia certa movimentação na Sala Comunal da Lufa-Lufa quando eu voltei da ala hospitalar, dois dias depois.

Era quase madrugada, e eu quase não os teria ouvido direito, porque senti a barreira energética do som pulsar, como se estivesse atravessando uma bolha. Acontece isso quando usamos o feitiço abaffiato, então já estava imaginando que tinha algo muito importante acontecendo.

Meus colegas de casa gesticulavam, cheios de energia, e falavam alto. Alguns corriam de lá para cá, aquela agonia toda. Gente em cima das mesas, das poltronas e dos puffes. Cheguei a ver alunos saindo e entrando da chaminé e da lareira, é sério, não estou brincando. Muitas placas, faixas amarelo e preto, e algumas até de abelhinhas.

Senti que meus olhos piscavam tentando se reacostumar com tanta luz acesa em meio ao breu que era Hogwarts à noite. 

— Olha só, o Weasley caçula! — foi um dos caras, Richard, que gritou.

— Chegou na hora certa, Weasley! — Frank surgiu no meio da confusão e deu tapinhas em meus ombros — Se você não aparecesse até o nascer do sol a gente ia te buscar à força!

E aí, muitas risadinhas preencheram meus ouvidos.

— O que foi? O que você teve, afinal? — Frank voltou a falar.

— É, ele parece meio pálido... — Dustin se levantou do braço da poltrona e veio até nós — Não vai vomitar aqui, não é, Weasley? Tivemos muito trabalho para...

— CHEGA! — o grito de Louis assustou todo mundo. Ele estava com os braços na cintura, e havia acabado de chegar do dormitório — É isso mesmo! Não temos tempo para isso, Finnigan, pensei ter deixado você arrumando os panfletos!

— Escute aqui, Weasley — Dustin Finnigan foi até ele, querendo parecer amedrontador — Não é como se você mandasse em mim...

— E não é como se você mandasse no estômago do meu primo, então estamos quites, hã? Agora, todo mundo, temos pouco tempo! De volta ao trabalho! Anda, anda, anda!

— É... Lulu? — pigarreei, ainda atordoado — O que está acontecendo?

Louis olhou para os lados e me puxou para um canto mais afastado.

— Vamos invadir a cozinha amanhã! Um protesto surpresa!

Pisquei os olhos algumas vezes.

— Você tem certeza que é uma boa ideia?

— Claro que é! Hugo! — Louis pareceu se aborrecer; sua testa estava franzida — Você não está cansado de ser tratado assim?

— Assim como?

— Como o que aconteceu agora! E olha que o Dustin é da nossa casa! Você não está cansado disso, Hugo?! Hã?!

O olhar de Louis era sério, mas ao mesmo tempo ferido. Como se houvesse muito mais coisa escondida em seus desejos.

— É claro que estou!

— Você vai com a gente protestar amanhã! Não vai?

— Vou!

— Ótimo! — e aí, Louis me puxou para um lugar mais escondido ainda. Estávamos num buraco de uma das árvores da Comunal.

— Ei, tem certeza que...

— Pshh! Hugo! Confie em mim! Só me siga!

Respirei fundo e fiz o que ele pediu.

De repente, não precisamos mais engatinhar, porque o túnel nos levou à Sala Precisa. Uma vez lá, Louis ajeitou sua gravata e pigarreou.

— Vamos lá, Cenouritcha, vamos relaxar mais esse corpo!

— O-o o quê?!

— É... É isso mesmo! Solta os braços e as pernas, assim, ó!

Apertei os olhos tentando entender o que estava acontecendo. Louis havia começado a correr no mesmo lugar, como se estivesse se aquecendo para o quadribol. Os braços dele faziam círculos no ar.

— Louis, pelo menos uma vez na vida, me diz que porra que está acontecendo!

Louis parou onde estava, olhando-me com curiosidade. Quando eu menos esperava, ele bateu palmas e esboçou um sorriso.

— Confesso que pensei que fosse demorar mais!

— Demorar para o quê? — perguntei, extremamente irritado.

— Você se soltar, se expressar...

— Olha, se foi pra isso que você me trouxe aqui...

— Ei, ei, ei, ei, não vá embora! — Louis apressou-se em me puxar de volta — É sério isso, Hugo! Sei que tem muita coisa presa aí e você vai precisar se soltar amanhã. Vamos treinar aqui, ninguém está olhando...

Respirei fundo e esfreguei o rosto.

— Tudo bem — disse de uma vez — O que eu tenho que fazer?

— Nós vamos aquecer gritando e confessando coisas, capiche?

— Tudo bem. Comece você.

— Okay... — Louis voltou a se balançar e a pular — Não tem nada demais em assaltar a cozinha!

— Não tem nada demais em escrever poesia! — comecei a imitá-lo no aquecimento.

— E daí que a gente abraça todo mundo?!

— E daí que a gente usa roupa de abelhinha?!

— E daí que a gente fuma erva?! 

Louis soltou uma gargalhada e eu também.

— Por que eu não posso andar de pijamas?! — ele continuou.

— Por que eu não posso ser engraçado?! — gritei ainda mais alto.

— Qual o problema em dar escapulidas durante a madrugada?! 

Naquela altura, meu coração já estava a mil por hora e eu sentia uma emoção esquisita. Ultrapassei a vez de Louis e saí cuspindo as palavras uma após a outra:

— Qual o problema em sentir medo de Sonserinos?! Qual o problema em ser emotivo? Qual o problema em tirar notas baixas? Qual o problema em não ganhar a Taça das Casas? Qual o problema em dar festas? Qual o problema em se divertir? Qual o problema em querer beijar em público? Qual o problema se eu quiser... se eu quiser...

Então, foi como se todo ar houvesse saído de meus pulmões.

Eu havia parado de me aquecer e acho que estava com uma cara esquisita, porque Louis também parou e perguntou:

— O que foi? Está tudo bem..?

Mas eu já não estava mais controlando meu cérebro, que simplesmente me empurrou para Louis e me fez beijá-lo. Ali, do nada, antes mesmo que eu entendesse o que estava fazendo.

De repente, um barulho me despertou e graças a Merlim eu me afastei dele, assustado. Assustado não. Aterrorizado

Quando virei o rosto, encontrei Alice Longbottom na entrada do túnel, olhando para nós, um pouco constrangida.

Engoli em seco, as mãos suando, os olhos arregalados. Nossos olhares se encontraram por poucos segundos, mas foi como se eu houvesse levado um tapa.

— Desculpe, hã... — ela apertou a boca — Pelo visto, aqui está ocupado... Com licença...

Aí eu olhei para Alice, depois para Louis, depois para Alice, e depois para Louis de novo. Ele deu batidinhas nos meus ombros e disse simplesmente:

— Dever cumprido.

Enquanto eu ainda estava paralisado de choque, Louis fugiu pelo túnel da Lufa-Lufa logo após Alice.

E eu fiquei ali sozinho. 

Só pra variar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quem gostou bate palma, quem não gostou paciência! Beijo lufano procês