Cinquenta Tons de Anastácia escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 10
Amiga




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P.O.V. Alice.

Eu nunca tive uma amiga. Eu nunca tive ninguém da minha idade pra conversar e eu sei que a Mack tem uma coisa especial, ela não é como eles.

—Mack?

—Fala.

—Eu sei que você não é uma deles. Você é como eu.

—Não. Não sou como você, mas também não sou como eles.

—Não precisa falar se não quiser. Eu só queria que soubesse que eu sei.

—Eu sou caçadora de sombras. Como meus pais. Jace e Clary.

—E o que caçadores de sombras fazem exatamente?

—Caçamos demônios. Tecnicamente somos meio anjo.

—Legal. Eu quero que me ensine, a ser mais parecida com eles.

—Porque?

—Porque eu não quero mais ouvir me chamarem de esquisita. Eu quero esfregar na cara deles o quanto eu sou bonita e sexy e especial e eles não.

—Agora sim. Arrasou.

—Me passa seu endereço, ai amanhã eu saio mais cedo e passo pegar você. Nós viremos juntas a escola e na hora da saída a gente vai fazer compras e no cabeleireiro.

—Falou.

—Com licença.

—Toda Ben. Pode se sentar se quiser.

—Você vai ao baile de inverno?

—Eu sei lá.

—Se eu te convidasse pra ir comigo você iria?

—Iria.

—Legal.

—Vai me convidar ou não vai?

—Claro. Você gostaria de ir ao baile de inverno comigo?

—Adoraria.

—Legal. O tema do baile é era vitoriana.

—Legal.

No fim do dia eu cheguei em casa e eu estava sensacionalmente feliz.

—Que bicho te mordeu?

—Eu fiz uma amiga e foi convidada pro baile! Olha mãe a gente trocou o número de celular e amanhã eu vou acordar mais cedo pedir pro Taylor buscar ela pra a gente ir na escola juntas e depois vamos fazer compras e no cabeleireiro. 

—Isso é ótimo. De quem foi a ideia?

—Minha.

—Tem certeza de que é uma boa ideia Alice?

—Porque você não fica feliz por mim. Uma vez! Só uma vez! Pelo menos uma vez você podia ficar feliz por mim!

—Temo que essa menina esteja querendo se aproveitar de você.

—Eu não. A Mack não é a Lola Jones! Eu tenho sexto sentido de bruxa pai. E a ideia foi minha, não dela. Eu a convidei. A minha primeira amiga e você começa a cair matando encima dela. Nem a conheceu!

—Você nunca gostou de fazer compras.

—Mas, isso foi antes. Eu não tinha motivo pra fazer compras, eu não tinha amigos, nem vida e nem um par pro baile! Você podia pelo menos uma vez vir e dizer: Querida, estou feliz que você tenha feito uma amiga e tenha sido convidada para o baile!

Eu disse agarrando os ombros dele e dando um chacoalhão nele.

—Não me chacoalhe.

—Tudo bem, nem a sua rabugice vai estragar o meu dia hoje.

—Rabugice?

—Se não gosta senta e chora, porque eu cheguei. Cheguei chegando.

P.O.V. Ana.

A minha filha chegou da escola animada, dançando, cantando e foi direto pro quarto.

Eu até filmei ela subindo a escada. Ela fez uma amiga e arrumou um par pro baile.

—Até que enfim.

P.O.V. Christian.

A minha filha chegou da escola dançando e disse que fez uma amiga, recebeu convite pra um baile e vai sair pra fazer compras e arrumar o cabelo?

Não, essa não é a minha filha Alice.

A minha esposa está pulando, dançando e feliz.

—Anastácia essa menina, essa tal amiga deve estar querendo se aproveitar da Alice.

—Christian. Dá uma chance pra garota. Nem conheceu ela ainda.

—Tudo bem.

No dia seguinte eu conheci a garota e ela não era nada do que eu pensei que fosse.

Ela usava roupa de couro, tinha cabelo ruivo, toda de preto e unhas pintadas de vermelho. Ela usava o lápis de olho como se fosse tinta de pichar parede e ainda assim ela tinha um rosto de anjo.

—E ai senhor Grey, eu sou a Mack Fray. Sou sua fã.  Você é um dos poucos engravatados que realmente ligam para a natureza e pra outras pessoas.

—Vamos temos que ir. Ou não vamos conseguir fazer compras e ir ao salão.

—Calma. Bom tchau Senhor e Senhora Grey. Foi um prazer ai.

—Igualmente.

P.O.V. Mack.

Eu nunca fui muito de shopping, mas ser amiga é fazer o que a outra quer de vez em quando e eu nunca fui convidada pra nada antes. E até que foi maneiro.

A Alice deve ter comprado o shopping inteiro.

—Credo Alice que exagero.

—Eu quero ficar super gostosa.

Eu comprei um par de coturnos novos estava precisando e uma jaqueta de couro ecológico vermelha linda.

Estávamos saindo quando eu parei na vitrine de uma loja e vi os brincos mais lindos que eu já vi. Eram lindos demais.

—Que coisa linda. Olha só essas pedras verdes, elas são a coisa mais linda que eu já vi.

Eu entrei na loja e perguntei o preço. Quase cai dura. Sai da loja decepcionada.

—Que pena. Mas, eu posso bater uma foto.

Tirei uma foto deles com o celular.

—Porque não comprou os brincos?

—Eu sou bolsista na Winter Alice. Meus pais são de classe média, eu vou morrer antes de ter dinheiro pra comprar esses brincos. Bem, é a vida.

P.O.V. Alice.

Eu sabia que ela tinha gostado mesmo dos brincos e quis fazer um agrado pra ela. Mandei o Taylor ir e comprar os brincos, embalá-los pra presente.

—Aqui senhorita Grey. Seu presente.

—Uau! Ganhou um presente!

—Na verdade é pra você. Meu pra você.

—E o que é?

—Abre.

A cara que ela fez quando viu os brincos foi impagável.

—Caraca! Você é doida! Não. Eu não posso aceitar isso. É muito dinheiro. Se tem que devolver.

—Quer mesmo que eu devolva?

—Eles são lindos, mas o que vão pensar de mim? Que eu sou do tipo que se aproveita dos outros. Que eu virei sua amiga por causa do dinheiro. Não, eu não sou assim. Leva de volta.

—O que?

—Leva logo. Devolve logo.

Ela me fez devolver os brincos.

—Uau! To impressionada.

—Eu não sou como elas. Eu sou tudo o que elas não são. E eu sendo bolsista, os riquinhos mimados e as princesinhas filhinhas de papai não vão perder a chance de espalhar rumores a meu respeito pela escola toda. Ou pior, a nosso respeito, porque aquelas vadias adoram um boato e como eu não sou loira oxigenada e nem ando semi-nua de salto alto por ai me chamam de lésbica. Eu não sou e também não tenho nada contra quem é sacou, eu só odeio que se a garota não se encaixa nesse esteriótipo super machista de beleza então ela é necessariamente lésbica.

—Tudo bem. O que vale é o que você faz. Pra mim pelo menos.

—Você é uma boa pessoa. Tem... alguma coisa ai dentro, alguma coisa especial e eu não to falando dos poderes.

—Obrigado. Posso dizer o mesmo de você.

—Que tal eu te dar um presente? Um presente da minha classe social.

—Se você quiser.

—Com certeza.

—Ai, seu motorista... leva a gente no Mc' Donalds mais próximo por favor.

—Senhorita Grey?

—O que ela disse. Faz o que ela disse Taylor.

—É pra já.

—Ai, porque a gente não passa no Drive Thrue? Ia ser maneiro ver a reação das pessoas vendo essa limousine passando.

—Legal.

Realmente foi muito engraçado. Todo mundo encarava chocado.

A Mack pagou por tudo e nós fomos pra casa.

P.O.V. Christian.

Quando elas chegaram carregando sacolas do Mc'Donalds eu fiquei furioso.

—Desde quando se envenena com essa porcaria?!

—Foi um presente pai. É só um hambúrguer com batata frita e refrigerante.

—Um presente de quem?

—Meu. Sinto muito, eu só queria dar um presente pra ela, mas eu não posso pagar por brincos de esmeralda e nem nada dessas coisas. Achei que um lanche seria legal.

A menina ficou com vergonha.

—O que ta acontecendo? Porque essa gritaria? Ai Caramba! Isso é lanche do Mc Donald's?

—É. Eu sinto muito, só queria...

—Me dá um pedaço. Não espera, eu vou sair pra comprar um só pra mim. 

Anastácia saiu e voltou com duas sacolas.

—Trouxe pra mim?

—Não. É pra mim. Eu não como isso a séculos! Porque alguém disse que eu tenho que comer só alimentos orgânicos e sem gosto. Fodam-se as suas regras idiotas querido, eu vou comer comida industrializada.

Elas comeram aquilo como se o mundo fosse acabar amanhã. Bom, elas, Ana e Alice.

—Caramba! Vocês não são bulímicas nem nada assim né?

—Não. Mas, o meu marido é super controlador mega sufocante.

—Ei!

—Foi mal pai, mas é verdade. Isso é ótimo.

—É comida de pobre.

—Exatamente. Os ricos comem coisas orgânicas, cheias de regras e nomes esquisitos. Escargot? É lesma. Uma daquelas tem esse tamanho e custa os olhos da cara.

—E nem enche a barriga.

—Anastácia!

—Eu não nasci rica. E caviar? É salgado pra burro, é ovo de peixe. É molenga e esquisito, ás vezes é preto, ás vezes é vermelho é um treco muito estranho.

—Nunca nem vi. A coisa mais chique que eu já comi foi o Arroz com poio a lá Fray da minha mãe e é frango com arroz.

—Na próxima a gente pede uma pizza.

—Combinado. Eu adorei conhecer você Mack.

—Acredita que a louca da sua filha me comprou brincos de esmeralda? Tudo bem, eu adorei eles, eles eram lindos, mas eu mandei ela devolver.

—Por acaso, você não é...

—Eu não sou lésbica caralho! Eu to cansada de gente rica metida a besta que nem você me chamando de lésbica! E mesmo se eu fosse não seria da sua conta.

—Christian?! Isso não é pergunta que se faça! Pelo menos não assim de cara.

—Você fez pra mim.

—Foi uma pegadinha da Kate.

—Bom, eu tenho que ir.

—Mas, já?

—É. Amanhã temos que acordar cedo.

—Taylor vai levar você pra casa.

—Não precisa não. Se ele for lá vai ser assaltado.

—Porque?

—Eu moro num lugar meio barra pesada. Bom, até amanhã Alice. Tchau senhor e senhora Grey me desculpe por ter comprado Mc'Donalds pra sua filha.

—Não vai se desculpar por me chamar de rico metido á besta?

—Não. Porque pra pedir desculpa, você tem que se arrepender realmente se não você tira todo o significado da palavra. E eu não me arrependo. Á propósito, tente soltar um pouco o cabresto ou a sua mulher não vai ser sua mulher por muito mais tempo e a sua filha vai virar uma rebelde puladora de janela.

—O que?

—Ela meio que tem razão Christian. Você é... sufocante. O seu problema é que você prefere controlar o mundo do que ser controlado por ele, são as inevitáveis coisas da vida te deixam fora do eixo. Você é mais afetado pelo mundo do que você gosta de admitir. Relaxa.

 


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