Era noite quando decidi tentar conversar, já que ele não o faria.

Me levantei da cama, frustrada, sentindo o estômago gelar, não queria discutir. Só entender o porquê ele mentiu, de novo.

— Justin? – o chamei em pé, atrás do sofá, acariciando seus cabelos. Ele dormia.

— Hm? – respondeu sem abrir os olhos.

Dei a volta no sofá e ele me cedeu espaço para me sentar perto de si.

— Estávamos tão bem... – engoli em seco. – o que aconteceu com a gente, de novo? Com você?

— Alessa...

— Não! Sem brigas. Ou discussão. Apenas conversar. Me ajude a entender. Me explica o porque de tudo isso, agora que estamos bem.

— Já estava tudo planejado antes mesmo de te conhecer. – colocou o cotovelo apoiando a cabeça e me encarou com os olhos miudinhos e vermelhos, com a voz arrastada. – Eu só não queria te magoar de novo.

— E como planejava fazer um assalto desses sem que eu soubesse?

— Eu não sei. Mas não seria difícil já que você não sai da casa.

— E agora que eu sei, vai me deixar no escuro? Trancafiada aqui sem saber se você está vivo ou morto?

— Alessa, você tem que entender que até tudo se ajeitar, ninguém pode te ver.

— Justin... Ninguém vai me ver... Me leva junto?

— Ficou retardada? – estalou os olhos. – Tá usando drogas? – riu.

— Tá rindo do que, meu?! – falei emburrada.

— Nem se fosse caso de vida ou morte eu te levaria comigo. Não seja estúpida! – se levantou.

— Estúpida? – o segui subindo as escadas pisando duro. – Se você sair e me deixar aqui, quando voltar não vai mais me encontrar!

— E vai para onde? – debochou.

— Dou meu jeito. Qualquer lugar menos aqui!

— Meu amor, entenda – parou no corredor dos quartos e segurou meu rosto entre as mãos. –, eu não posso levar você. Não posso arriscar que algo te aconteça ou que alguém te veja.

— Você sabe que se eu estiver com você, a probabilidade de isso acontecer é quase zero.

— Exatamente. Quase.

— Mas... – então minha ficha caiu. – Você... Você não confia é em mim! – acusei. – Tem medo que eu fuja!

— Já ouviu falar em síndrome de Estocolmo?

— Justin! – o repreendi. – Não é isso o que está acontecendo aqui! – sibilei irritada. – Não é isso o que estamos vivendo. Eu te amo. São sentimentos reais e construímos isso juntos.

— Eu sei... É nisso que eu quero acreditar. Porque eu já não sei mais viver sem você. Se você se for... Eu já nem sei mais...

Ouvir Justin dizer aquilo com tanta sinceridade cortou meu coração. O abracei com todas as minhas forças.

— Eu te amo e isso não é síndrome de nada. Sou eu e o meu sentimento por você.

Ele me envolveu em seus braços e colou nossos lábios em um beijo calmo.

— Me desculpe, mas não posso te levar comigo. O que posso fazer é deixar você por dentro de tudo, desde quê – levantou um dedo. – você não saia da casa.

— Injusto. – revirei os olhos. – Mas tudo bem. Desde que você volte inteiro para mim, tudo bem.

    Sua ideia era trazer Chris para ficar comigo aqui, já que era ele quem iria monitorar tudo. Não fiquei satisfeita, mas era isso ou nada.