Hetalia Worldwide! escrita por Anikenkai


Capítulo 1
Abril de 2017


Notas iniciais do capítulo

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Olá, pessoal! Faz muito tempo que não trago uma fanfic, não é? Bem, inspirada nas notícias tremendas sobre o mundo, que estão dando o que falar ultimamente, resolvi trazer-las em forma de fic para que se atualizem, na forma dos personagens de Hetalia. Aos fãs desse anime, quero avisar que muitas coisas que usarei estarão diferentes do anime original! Por exemplo, o "sexo" dos países. Alguns deles aqui estarão apresentados como mulheres (como as Coréia, Inglaterra e o Japão) enquanto no anime são representados como homens. :) Ah, o intuito é mostrar as notícias com seriedade, por isso o bom humor do anime não estará muito presente. Entendidos?

Tenham uma boa leitura! ♥ e não se esqueçam: qualquer erro que encontrem, NÃO evitem de me mostrar por mensagem/comentários. É isso aí!

Nos vemos nas Notas Finais!

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O dia estava demasiadamente seco, como de costume nos fins dos verões daquele lugar. Sem um ventilador grande, a sala começava a ficar quente e abafada, com o odor repugnante de suor preenchendo o resinto a cada hora que se passava. É claro, para os ali reunidos - a maioria países tropicais e, acostumados com calores muito maiores do que aquele - a temperatura não os incomodava. Porém, para os convidados que sempre foram acostumados ao mais rigoroso inverno, permanecer ali era uma verdadeira tortura.

América praguejava alto, irritado a cada hora que se passava naquele inferno, e sem nenhuma conclusão final de todos. O loiro de olhos amendoados por trás dos óculos e camiseta do Guns N' Roses (era o único que não trajava seu uniforme militar) massageava as têmporas, a fim de aliviar uma possível dor imaginária.

— Acha mesmo que as coisas são tão fáceis assim? - América sibilou, amedrontando o amigo de debate - Escute. Vou lhe dizer algo, que provavelmente você já sabe. O mundo não é um grande arco-íris em que tudo se resolve na conversa em paz e amor.

— Eu bem sei disso. Mas se puder me entender melhor, irá perceber que eu apenas estou tentando encontrar uma solução diplomática para toda essa situação! - Japão respondeu, defendendo-se. Sua voz já saia cansada.

— Diplomacia.… ah! Maldita diplomacia! Tentamos várias vezes do seu jeito e nunca funcionou! Precisamos agir com precisão e para já! - O loiro então ergueu-se da cadeira que estava sentado, já delirado de raiva.

O colega asiático apenas deitou as costas no encostro da sua cadeira, exausto de discutir. Estavam andando em círculos havia horas. Todos os outros presentes apenas observaram, de boca fechada. Do outro lado da grande sala de debate, jazia a fonte de toda a briga.

Sentada, com os joelhos trêmulos e os olhos fitando o chão sem se mexer.

Recuada, a moça, de pele incrivelmente pálida e brilhante, com as maçãs do rosto corados e lábios vermelhos entre abertos, com os longos cabelos negros e lisos presos em um rabo de cavalo cuidadosamente amarrado. O peito inflava de preocupação e medo, oculto sob o sofisticado uniforme militar de cor azulado escuro, decorado de poucas medalhas.

Era a Coréia do Sul.

— Precisamos logo saber o que fazer a respeito dela. - Disse o França, finalmente, em tom baixo.

— E o que você tem haver com esse assunto? - América perguntou, novamente ríspido - Preocupe-se você com as suas crises de Estado.

Aquela tarde não estava sendo nada agradável, é claro, América nunca era o tipo de país paciente para ouvir reclamações. O peso de ser o país de primeiro mundo o deixava cada ano mais pertubado, com os nervos a flor da pele. Havia também o seu novo líder, influenciando América - que nunca foi muito calmo - a deixa-lo mais irritado com tudo.

França voltou a se calar, bufando. Ninguém via uma solução que agradasse ambos os lados, e a situação da Coréia do Sul precisava ser resolvida com urgência. Mas do outro lado da sala, sentada de braços e pernas cruzadas lá estava a verdadeira líder da reunião, de cabelo loiro escovado e cuidadosamente arrumado em um coque, trajando um terno social azul marinho. A mulher ouvia calada, horas olhando duramente para a pobre Coréia, a verdadeira vítima daquele lugar enjaulado.
— ONU. - Japão chamou a loira. Ela ergueu a mão direita para ele, para que falasse. - Você nos chamou aqui essa manhã. Como pode ver, estamos aqui a horas e não chegamos em lugar nenhum. O que sugere façamos agora?!

A sala, que já estava calada entrou em um clima ainda pior de silêncio mortuário. Mal se ouvia a respiração uns dos outros. Coréia do Sul tremeu um pouco, olhando de soslaio para o América como se implorasse ajuda. As atenções estavam em torno de ONU que pela primeira vez, levantou-se da cadeira. Todos acompanharam cada movimento.

— Senhores e Senhoras. - A loira iniciou a sessão - Sei que em grande maioria das vezes, nossas questões se resolvem com paciência e calma. Porém, temo que nosso breve período de Paz esteja tornando ao rumo do fim, visto aos acontecimentos dos últimos anos. - A mulher então ergueu a mão, em direção da moça asiática de uniforme militar - Como podem ver, Coréia do Sul, nossa aliada com quem sempre pudemos contar por tantas décadas, está sofrendo ameaças de sua irmã gêmea à algumas semanas, sob os testes de mísseis e armas nucleares. A mesma ameaçou Japão, e até mesmo o senhor América.

Do outro lado da sala, América bufou. A loira lançou-lhe um olhar severo e todos encolheram os ombros, mas ele apenas a ignorou.

Continuou: - Além disso, há a grave questão de Síria. A meses que estamos entando encontrar uma solução, sobre as guerras e mortes que acontecem por lá nesse exato momento. Inclusive, alguma solução para abrigar os refugiados... já que certos colegas nesta sala se recusam de abrigá-los.

No fundo todos sabiam de quem ela estava falando. Involuntariamente, Inglaterra deu os ombros, mas ela voltou a encarar a líder que discursava. A mulher de cabelos claros trajava um belo vestido virtuoso vermelho-rubro, de modelo vitoriano com jóias em seu busto, decorando a orla e a barra dele. Uma fita azul celeste com medalhas atravessava o busto, e usava uma tiara encrostada de diamantes ingleses. O ar de superioridade emanava dela, mas com a mesma sutileza que ignorava o que ONU falava.

— Por isso chamei vocês aqui hoje. Como Síria se recusa sair de seu território para vir para cá, e Coréia do Norte jamais respondeu a nosso intimado para uma conversa diplomática... - Sul levantou o olhar para a loira, agora seriamente pela primeira vez - Temo que tenhamos que procurar uma solução sozinhos, e o mais rápido possivel. Amigos… entendam a seriedade disso. Essas questões pode nos levar para uma Terceira Guerra… e tenho certeza que nenhum de nós gostaria disso, no mundo de hoje. Não novamente.

O borburinho então voltou a se levantar, cada país discutindo com o outro em voz alta. A loira discursou mais um pouco, entregou alguns papéis para cada um ali e dispensou a reunião, vendo que não chegariam a uma solução naquele dia.

Com calma, cada um saiu da sala de reuniões do grande prédio cinzento no qual ONU era dona, entregando-se para finalmente aos repórteres e as entrevistas. Obviamente, ela não contaria toda a verdade para eles, e com a mesma postura rígida e expressão grave de sempre, respondeu todas as perguntas deles, omitindo muitas coisas. América rosnou algo para ela de longe e puxou Japão para uma corredor pouco iluminado, para enfim discutir à sós sem a presença dos "sangue-sugas"; como gostava de se referir aos outros países.

— E onde está a Sul? - O japonês perguntou, com voz baixa. O loiro apenas abanou a mão direita para ele.

— Mandei-a de volta para casa. Ela está em estado de choque, como deve imaginar, e não sabe como reagir. Ela também não quer ser hostil com a irmãzinha, mas sabe que pode não ter escolha, se a outra realizar alguma das suas ameaças. - América contou. E em seguida, suspirou pesadamente.

— China não veio para a reunião de hoje, aliás…

— Claro que não. Ela esta cada dia mais covarde nessa situação toda. - O loiro esbravejou, balançando a cabeça e voltando a ficar irritado - Ela precisa tomar uma decisão sobre seu posicionamento logo: ou do meu lado ou com aquela psicopata da Norte!

Japão apenas concordou, balançando a cabeça.

China, a Gigante Poderosa (como gostavam de chama-lá desde a antiguidade) era vista como uma aliada, ao mesmo tempo que uma inimiga pelo América. Sua indecisão por escolher um lado - entre Norte, que ficava cada dia mais isolada do mundo, furiosa e rude - e seu melhor parceiro comercial americano, no qual ganhava muito dinheiro. Um antigo pacto de amizade fazia que a Vermelha Coreana se tornasse proteguida de China, porém os laços amigos começavam a se despedaçar.

[…]

— Desculpe incomodá-lo tão tarde. - O homem japonês entrou pela porta, em seguida inclinando-se em reverência ao amigo.

— Ah! Não esquenta com isso, irmão - O moreno respondeu com um risada, abanando a mão para que Japão se erguesse - Eu iria te telefonar de qualquer jeito. Nem conseguiria dormir se não soubesse o que aconteceu na reunião da Sra. ONU!

— Brasil. - O japonês sorriu, seguindo o amigo pela casa.

Japão era uma pessoa muito reservada, que se esforçava para ser sociável com os outros países, mas ainda levava consigo a antiga friedade séria de um guerreiro disciplinado. Assim como os outros, trajava seu uniforme militar: um terno de gola alta de tecido liso, totalmente branco com botões dourados, duas faixas militares atravesadas em seu peito e medalhas japonesas de prata e bronze, junto com um par de botas e luvas recém-comprado. Faixas nas ombreias douradas, com marcação de alto escalão e carregava com si uma katana e uma wakizachi por dentro das bainhas douradas. Os cabelos negros e bem longos estavam amarrados com uma fita grossa e cinzento, em um grande rabo de cavalo junto com a franja cuidadosamente puxada para trás e alinhada.

O asiático seguiu Brasil até uma pequena cozinha do apartamento do mesmo, retirando as espadas com as bainhas e as pousando cuidadosamente sobre um criado mudo, e desafrouxando dois botões do pescoço. O japonês bufou, aliviado, puxando um travesseiro de lado e sentando-se sob as pernas, como costumava fazer enquanto o amigo preparava um café. Antigos costumes.

— Sabe de uma coisa? Acho que está na hora de você cortar seu cabelo… mais curto. - O moreno comentou, enquanto coava o líquido negro e espesso sob um coador de pano. Uma risadinha escapuliu de seus lábios, enquanto abanava o odor do café pela pequena cozinha.

Brasil - como sempre - não tinha o costume de usar seus trajes militares, e então usava um simples conjunto de camiseta larga amarelo, calças jeans rasgados e um par de chinelos nos dedos dos pés. O pulso esquerdo estava adornado de fitas coloridas de Salvador. Seu cabelo ondulado e castanho pendia atrás das orelhas e a pele morena do corpo estava manchada de algo que parecia pó de café.

Japão apenas sorriu para ele, assim que recebeu sua xícara quente.

— Não acredito que esteja falando sério. - O japonês comentou.

— Falo sim! Deve ser muito trabalhoso se manter tão perfeitamente alinhado. - E então Brasil fez uma breve pausa. - Ah. Por isso gosta de me visitar, não é, meu amigo?

O cheiro o café era simplesmente contagiante, aquele odor dos grãos fesquinhos que o moreno costumava plantar em uma horta do jardim de sua pequena casa. Brasil comentara uma vez que as sementes vinham de Espírito Santo, um estado de suas terras com muitas fazendas daqueles grãos. Japão adorava aquele clima ameno, pacífico e não absurdamente tenso, como costumava sentir das constantes reuniões da Senhora ONU.

— Me pegou. Sim. Gosto da sua companhia. Aqui me sinto... em "casa". - O amigo confessou, bebericando sua xícara calmamente.

— Que bom! Queria muito que os outros se sentissem assim perto de mim. - Brasil exclamou, levando seu próprio copo aos lábios.

Ambos sentaram-se no chão sob os travesseiros, aquecidos por um futon, dado de presente por Japão para o moreno, que adorava o cobertor aquecido. Ambos suspiravam, os poucos segundos que se passaram tornaram-se eternos e incômodos. Até Brasil levar os dedos aos cabelos castanhos e arrepidados, coçando a nuca.

— Err… eu não queria ser intromedido, mas… - O brasileiro começou, mas Japão o interrompeu.

— Sim, sei. Quer saber como foi na reunião. - Ele engoliu um pouco mais do café, sorrindo com os olhos. O moreno assentiu com a cabeça. - Não sei como nunca sabe o que acontece de fato. Porque não foi ao Prédio da Senhora ONU nesta manhã também?

Brasil soltou uma lufada de ar, aparentemente decepcionado, esticando as pernas.

— Ahhhh… eu nunca sou convidado para estas "reuniões importantes". É apenas para os países muitodesenvolvidos e poderosos. Eu, sou apenas eu. - Ele explicou, com tom de sarcasmo. Mas o colega franziu as sobrancelhas.

— Isso é injusto. Você ser tão excluído. Sua contribuição sempre foi muito importante para todos.

— Eu não gosto de me envolver em brigas de vizinhos. Eis o motivo de eu nuncar ser convidado, meu amigo. A Senhora ONU não me vê com potencial de briga. - Brasil confessou, olhando para Japão. - Também já tenho muitos problemas internos para me preocupar com boatos do mundo inteiro.

O asiático pousou a xícara no pequeno pratinho de barro do amigo, imitando o suspiro dele de minutos atrás.

— Quer dizer que… ainda dói? - Ele perguntou, apontando suavemente para o tronco do corpo de Brasil.

— Sim. As vezes. Nunca vai cicatrizar de verdade meu amigo, e já aceitei esse fato. - O moreno sorriu, mas Japão fez uma careta, como se tivesse provado algo amargo em seu rosto ao ouvir aquilo.

Muitos anos atrás, alguns países haviam começado a aparecerem com sérios machucados pelo corpo - enormes manchas azuis e negras bem escuras, como uma peste que doía, latejava e sangrava. Ninguém sabia dizer o que aquilo significava, e de onde aquela doença havia vindo, mas estava contaminando todos os que tocava. Após diversas guerras, América fora o primeiro a tomar coragem e retirar suas roupas de cima, e revelar que também estava contaminado - as manchas cobriam seu peito e ruíram até o pescoço, com bolhas pelos braços e pernas - e também revelar para os Aliados a acusa da doença: a tal praga se chamava de Corrupção. Uma peste negra, lenta que então começava a assolar o corpo dos outros, com novos líderes, novas idéias, novos erros. E ela não havia cura.

A mancha de Brasil era antiga, mas era muito menor agora. Costumava a usar camisetas largas para escondê-la, mas dos anos para agora, era havia crescido em triplo do tamanho, deixando-o gravemente doente. Porém, gostava de falar abertamente sobre a sua marca, o que muitos países - muitos - ocultavam as suas próprias marcas ao máximo, com muitas roupas e maquiagem. A mancha dele havia crescido, e ele sabia o motivo: recentemente pela liderança sob o presidente capitalismo após os anos de sua Ditadura Militar, mas fracassando em seu governo e em seguida por dois presidentes socialistas. Após um empeachment, um novo presidente de más escolhas o liderava, seguidos por governadores, presidentes e vereadores ladrões e maldosos, que visavam apenas o lucro próprio.

Brasil, aquele ser tão extrovertido e amigável, precisava de ajuda e precisava encontrar um jeito de cura, se quisesse voltar aos olhos dos Grandes de fora e quanto afundava-se na próxima lama da Corrupção. Japão coçou sua perna direita Involuntariamente, onde ocultava sua própria marca.

— Bem… não queria ser indelicado. Estou aqui no que precisar, meu amigo.

— Relaxe, Japão. Isso é algo que preciso resolver sozinho. - O moreno respondeu, com o mesmo sorriso aberto, como se nada tivesse acontecido. - E então? Não vai me contar sobre o que soube na tal reunião?

[…]

Havia se passado mais das nove da noite, e Japão sentia-se sonolento pelo fuso horário, como sempre e nunca se acostumara de fato. Suas mãos pendiam na bainha da katana enquanto caminhava um pouco mais apressado para o próximo destino, debaixo do céu escuro e de pouco movimento das estradas. Os olhos estavam marejados - principalmente de exaustão, não física, mas sentimental. O medo de ser atacado voltara a lhe atormentar, a apenas as breves horas na companhia do Brasil o fizera esquecer este temor.

Assim que atingiu a esquina, trocou meia palavra com um segurança e entrou por um portão alto, para dentro da casa da próxima visita. O casarão antigo, pintado de um tom pêssego bem clarinho e com paredes lascadas, e trepadeiras que corriam livremente pelas paredes externas até o telhado suspenso dos últimos andares do longo prédio. O lugar era datado do século XVIII, mas ainda era preservado por dentro, com inúmeros móveis antigos e documentos importantes sob constante sigilo. O asiático precisou limpar as botas escuras no tapete e em seguida, bateu na porta e foi recebido por um empregado idoso.

— Ele o aguarda na biblioteca, Senhor.

Com uma mensura, Japão seguiu sozinho até o cômodo conhecido.

A antiga casa era bela por dentro, com um largo corredor com longos tapetes de camurça rubro sob o chão de madeira, paredes com umbrais de papéis de parede floridos, e enormes patreleiras lotados de prataria, vasos chineses antigos e caros. As paredes eram lotadas de quadros de pinturas francesas e inglesas do século XVIII e também documentos históricos emoldurados, bustos de mármore de grandes influênciadores da história em pilares apoiados perto de majestosos vasos de flores. Ao topo, um chandelier de cristal adornava o teto. Um luxuoso lugar, perfeito para a moradia de uma das maiores líderes do planeta.

Japão caminhou até o final do belo corredor, e o odor forte do perfumes das flores lhe deixou enjoado. Poucos passos dali, entrou no recinto da Biblioteca, onde o loiro tateava uma escrivaninha abarrotada de papeladas com a mão direita, e a esquerda levava um grande copo de café enquanto bebia apressado.

— Com licença. - O japonês pirragueou.

— Japão! - América disse sem tirar os olhos da papelada, abrindo um sorriso travesso enquanto abanava a mão direita para ele. - Entre, entre. Por favor. Você deve estar congelando com ofrio. Venha, se aqueça perto da lareira.

Curvando-se ligeiramente em respeiro, Japão obedeceu.

— Desculpa a minha demora. Estive na casa do Brasil e nem senti o tempo voar depressa.

— A claro. Você chegou na hora certa, não se preocupe. - América disse. - Ei! Não vai comprimenta-lo, mamãe?

— Para quê? Já nos falamos pela manhã antes da Reunião da ONU. - A mulher sentada comentou, levando a xícara de chá do pires aos lábios.

A casa, também conhecida como "Holy Mary Royal House" pertencia à ela, Inglaterra. A mulher magra de pele branca, que antes trajava o majestoso vestido com a faixa de seu país orgulhosa, agora abandonara as jóias e usava um vestido verde-musgo simples, com uma casaco de gola alta e sem mangas, branca. No casaco, usava um simples broche de brilhantes em forma da bandeira Inglesa, e os cabelos loiros estavam cuidadosamente penteados com cachos que desciam até o busto. Os olhos verdes encaravam Japão, enquanto a mão livre acariciava um cachorro que ressonava tranquilamente em seu colo.

— Senhora Inglaterra. - o visitante se curvou ligeiramente para ela em mesura.

— Mal educada. - América comentou com um risinho baixo. - Bem, venha até aqui meu amigo. Temos que falar de negócios. Assuntos à tratar urgente.

— Sei bem. Não tivemos tempo para comentários no Prédio - O japonês comentou. - Bem… deve entender minha situação.

— Sim, imagino. Mas espero que você entenda a minha também. - O loiro disse. - Mas você está com medo. Por isso pede minha ajuda sobre a situação da Norte, não é?

Japão não deixou escapar uma leve careta no rosto rígido, como se tivesse levado um tapa. Um simples comentário, mas América não sentiu a ofensa que proferiu.

O japonês tentava ao máximo, desde os primórdios tempos que nasceu, que sempre estaria se auto-sustentando, conhecendo e mantendo seus valorosos e orgulhosos valores de honra acima de tudo. Porém, as Guerras Primordiais começaram, e na época, ele não passava de um Samurai isolado do resto do mundo ainda despertando. Não sabia fazer muitos aliados, que acabou criando como inimigo o mesmo que conversava atualmente naquela biblioteca.

O golpe. Então na época, América frio e furioso atacou Japão impiedosamente com duas bombas. As marcas cicatrizadas - que nunca haviam sumido totalmente - jaziam cicatrizadas na perna dele. Na época, ele mancava, suportando a dor e a raiva do loiro, mas com os anos a ferida se limpou, e ele voltou a andar perfeitamente. Mas o acontecido nunca deixou a memória fresca do Japonês.

— Não precisa se preocupar - América disse, convicto e fitando o convidado nos olhos. - Todas as opções estão sobre esta mesa. Veja por você mesmo. Se ela tentar nos ameaçar novamente, não terei receio de usar qualquer estratégia de ataque para calar a mesma!

Japão andou até a mesinha, tateando as folhas e finalmente lendo-as rapidamente. Não deixou de engolir o seco.

— Eu creio que a Senhora ONU não aprovaria suas táticas de "argumentação"…

— Ah, que se dane a ONU! - O loiro exclamou e se debruçou pelos braços na mesa, bem perto do aliado - Eu estou farto de esperar a permissão daquela tola. Não é apenas a Coréia do Norte que está me irritando muito ultimamente... sabe bem! - Esbravejou.

— Ah, que calúnia. Meu próprio rebento desperdiçando sua inteligência com birras infantis, por terem arrancado seu doce da boca.

Agora era Inglaterra que falava, tendo a atenção dos dois de repente. A mulher havia pousado com força a xícara no pires com força, deixando soar um ruído angustiante de porcelana. O cão que dormia em seu colo acordou assustado, latindo e correndo até o corredor. A voz da loira parecia cansada. Ela então se levantou da poltrona, caminhando em direção das escadas do corredor, soltando uma pesada respiração. Japão teve então a impressão que os dois deveriam ter tido uma exausta discussão sobre o assunto antes de chegar, e Inglaterra havia perdido.

— Permita - Ela disse para o japonês, parada entre o corredor e a porta - Que ele o faça, meu caro. Permita isto, apenas. Se América quer continuar sendo o "policial" do mundo, deixe-o, e que ele enfrente as consequências disso depois. Mais uma vez. - E entrou no corredor, desaparecendo para fundo da casa.

América grunhiu algo baixinho, como se praguejasse e tocou no ombro de Japão para que ele voltasse a focar em suas palavras.

— Ignore ela. Ela só está com raiva porque ela não é mais o Poderoso império que costumava ser a muitos anos. Precisa me ajudar a tomar uma decisão.

Mas Japão sabia o que ela queria dizee com "mais uma vez": Vietnã. E também, claro, América não precisava de nenhuma ajuda de tomada de decisão por parte de ninguém, mas por algum motivo que Japão não entendia, queria sua opinião.

Minutos então se seguiram. E depois horas. O tempo parecia eterno e desajeitado, deixando os dois parceiros sentados em frente a mesa, analisando as pastas das pilhas de folhas datilografadas dos planos de resposta de América, cuidadosamente. Japão se pegou uma certa hora olhando o loiro de soslaio, que lia as pastas secretas como se fosse devorá-las, e então bufou. Não de cansaço ou raiva. Mas de medo. Afinal, havia algo que ele enxergava do que havia acontecido naquele mês por todo mundo, além das provocações de seus inimigos?

No dia 3 de abril, um ataque terrorista matou 14 civis em São Petersburgo, nos territórios de Rússia. Apenas três dias depois, outro ataque aconteceu mesmo lugar. O homem alto, de expressão dura e fria, sempre com os trajes militares brancos e vermelhos, havia faltado a reunião daquele dia. Ninguém tinha muitas notícias de Rússia, e o que ele estava fazendo até então.

Após as provocações de as inúmeras guerras, no dia 6, América ignorou os conselhos de Japão e lançou dezenas de mísseis contra a Síria, em resposta ao ataque químico. Muitos se feriram, e finalmente ele voltava ao jogo, iniciando assim o pandemônio das pessoas em todo lugar, temendo uma nova Guerra. Mas Síria, ainda com todo seu furor, apenas rangia os dentes e se escondendo nas sombras. Ninguém sabia o que poderia planejar.

No dia 7, um atentado terrorista aconteceu no território da Suécia e na Somália. As duas mulheres - que estiveram presentes na Reunião - questionaram as ordem da ONU e a falta de proteção, um dos motivos das muitas discussões daquele dia. Um lábio sangrando e marcas de queimadura eram visíveis nas mãos de Suécia, que fazia questão de expor-las aos aliados. Naquele mesmo dia, América recebeu um tiroteio dentro de uma escola na Califórnia, deixando-o assustado, mas não tocou no assunto.

No dia 11, uma explosão fatal matou na Turquia. O general tinha também marcas de queimadura como de Suécia, no pescoço. Fora um dos furiosos debatentes daquela manhã.

No dia 13, América havia escolhido - sem ajuda ou permissão - um dos planos antigos que já fazia sobre sua mesa. Síria não havia se rendido aos ataques e continuava a defender-se, e então o loiro usou pela primeira vez a maior bomba não-nuclear em cavernas do estado islâmico no Afeganistão: a mãe de todas as bombas. Mais uma vez, naquele dia tudo se tornou um caos ao mundo. E pela primeira vez, não havia dúvidas da determinação de América e sua ordem.

Naquele dia, um terremoto de magnitude 6,1 atingiu Chile, ferindo-o levemente e tendo por ajuda Brasil, que o hospitalizou. Também havia morrido a pessoa mais idosa do mundo, uma italiana. O jovem brincalhão e energético que costumava ser Itália não havia comemorado muito a conquista. Ainda estava muito chocado com o ataque de América; de modo que estava estranhamente sério no dia da Reunião.

No dia 20, fora a vez de França sofrer a maldade humana, tomando - outro - ataque terrorista na Champs Elysees, em Paris. Desde os primeiros ataques ao Charlie Ebdo, França sempre andava escoltado e temendo um novo ataque, tendo sua desconfiança sobre todos os que jurava serem alheios, e que haviam abriado das guerras Sírias daqueles momentos. Fora por isso, que América havia lhe cortado bruscamente naquela manhã. E o francês calou-se, mas queimando ainda sua raiva. Mal sabia que os problemas mal haviam começado, principalmente sobre as suas eleições presidenciais, que estavam por vir.

No dia 27, Turquia finalmente tomou uma posição, e teve então votos a favor da mudança parlamentar de seu governo. Porém naquele mesmo dia, contra todos os alarmes e sob as provocações da Coréia do Norte, América enviou um porta-aviões anti-mísseis e submarino nuclear para a costa do território da Coréia do Sul, a fim de protegê-la. A irmã do Norte, é claro, aumentou a raiva e desdém sobre a outra irmã, que permanecia à mercê de ajuda do líder loiro. Mas era apenas o começo do que iria vir.

Uma coisa é certa: Coréia do Norte era louca. América, inconsequente. Em meio ao tiroteio, Russia só queria um motivo pra mandar tudo à merda, ignorando o perido das situações. Japão já conhecia os efeitos de uma ogiva nuclear na propria pele e naquele momento, não queria receber outra marca incurável sob dor de quem não merecia entre uma possível nova Guerra. Mas ele pensava, enquanto folheava em silêncio, tentando prever o que aconteceria: Eles não iriam atacar América diretamente... poderiam primeiro, atacar as bases de fora de seu país, justamente pra minar o seu poderio e dificultar a estratégia do americano, pois, dessa forma não teria como reagir tão rápido. Porém com isso, eles precisariam recorrer aos seua aliados.

Verdadeiramente, uma guerra não é apenas atacar ou defender. Cada país precisaria recorrer o que pensar que iria afetar a população alheia, além da grande soma de dinheiro para as outras frentes em investir na guerra. É era por isso que ninguém se precipitava ainda. Todo dia, todos acordam com uma vontade enorme de apertar o botãozinho vermelho da destruição, mas não o faziam. Ou fariam.

Apesar da convicção, América havia aprendido após de sua derrota vergonhosa contra Vietnã, a não subestimar ninguém mais ou então poderia quebrar-se em desgosto novamente. Era isso que Inglaterra havia indagado pra Japão antes de ter saído do recinto. Era isso que eles temiam.

Não havia forma de prever o futuro do que aconteceria, a bem da verdade essa forma de presciência sequer existe. Ainda assim são possíveis especulações sobre eventos concretos. A Coréia do Norte é, além de um regime totalitário, de potencial suicida semelhante ao dos kamikazes japoneses do qual Japão não explicava. Porém, o que fez tais kamikazes se matarem em combate é o que anima e moveriam muitos dos soldados da Norte: a alienação exacerbada por um forçado orgulho nacional. Se os América decididamente, estiverem dispostos a encerrar o reality norte-coreano, haveriam ataques suicidas, civis, terrorismo e talvez nuclear contra a sua irmã Sulista e um líder criminoso que, na inevitável derrota, irá por fim a seus dias.

A ansiedade perene que asfixia aquela sociedade no momento, desejosa de guerra, alcança a estratosfera, e neste nível a morte já não se faz mais pavorosa. É por isso que a política externa do país nos parece, aqui de fora, tão insanamente orgulhosa, provocativa. Ela traz consigo o potencial da guerra. Convenceu-se, Norte, de suas verdades, como doutrinaram os civis em suas fábulas mentirosas e covardes. O regime norte-coreano é o de um socialismo místico, sendo a aura religiosa nitidamente indentificada mesmo por olhos desatentos. Todo seu sistema está, realmente, pronto para matar e morrer: a sua mundividência justifica ambos os casos.

Bem, era o que a maioria pensava.

[…]

— Você não fez nada sobre o ataque no Egito. - Japão comentou repentinamente. América ergueu os olhos, franzido o cenho. O mesmo havia ficado calado por horas. - Sei que não é da sua conta. Mas você me entendeu.

— Ah. - O loiro suspirou, maleando a cabeça. - Eu fiquei imensamente triste. Meu coração pesou. Tantos missionários cristãos, mortos pela tirania de uma minoria. Não sei o que dizer. - Indagou. - Mas por quê isso agora?

— Não é nada, apenas me recordei. Que Deus os tenha, de verdade, e tudo isso acabe logo . - O japonês disse, e se afastou a mesa, rolando os olhos que doíam demais. Havia ficado tanto tempo absorvido em seus pensamentos sobre a situação, que a cabeça agora latejava.

— Você parece cansado. Beba um pouco de água. - O colega ofereceu, puxando uma pequena jarra de vidro com cubos de gelo flutuantes, que estavam começando a derreter para o japonês.

Após engolir o líquido e bufar, o rapaz afroxou a cinta da liga de sua katana, bufando exausto. Procurou com o olhar o relógio mais próximo e encontrou um na parede, que marcava cinco para as duas da manhã.

— América... o que pretende lendo e relendo tudo isso? Não vai chegar a nada. É inútil tentar buscar outras soluções. Até quando pretende ficar aqui sentado?

O loiro apenas fitando-o e largando a folha de suas mãos.

— O que sugere que eu faça, afinal? Que eu largue minha bomba sobre o solo da Norte e da Síria? Os ponha todos na cadeira elétrica?

— Quem sabe. Tenho medo do que pretende, quando fica irritado. Não precisou de opinião em seus últimos ataques! - Japão disse em alto tom, se levantando subitamente e batendo as mãos na mesa.

Seu copo de vidro tremeu e a jarra derrubou e espatifou sobre o chão. América apenas fechou os olhos e cerrando os lábios, tentando controlar algum monstro interior, pois não aguentava mais o fato de continuar sendo visto como o vilão. E agora, tinha certeza que Japão tinha a mesma opinião sobre ele. O asiático jamais havia esquecido dos seus ataques em Hiroshima e Nagasaki.

— Eu fui inconsequente. Desculpe. - O loiro sibilou, abrindo os olhos.

— Não se desculpe. Se quer resolver o que está acontecendo, precisa de outra estratégia. É disso que estou lhe falando. - E então o japonês voltou a se sentar. - Entende agora?

O americano assentiu com a cabeça, voltando a pensar. Japão tinha pesar na mente, ainda com medo de que ele não havia entendido no que fazer. Mas América realmente havia entendido.

Então de repente, ouviram passos apressados.

— Com licença - O criado que havia recebido Japão penetrou na sala naquele momento, curvando-se ligeiramente ao falar. - Senhor, um segundo convidado acaba de chegar. Disse que estava em seu aguardo.

— Ah, sim. Ela deve ter se atrasado pelo fuso horário. - América disse, levantando-se e acenando ao criado. - A chame para a aqui na biblioteca, por gentileza.

— Pois não, senhor.

Japão endureceu o rosto, virando o corpo para o loiro e encarando-o, querendo explicações. Um convidado? Ele aguardava mais alguém, além dele, nesta hora da madrugada? O pobre criado parecia exausto e sonolento, mas acordado como se esperasse a tal pessoa realmente. Então, porque a indiferença na biblioteca? A cabeça do japonês tá latejava e agora estava mais ainda de dúvidas.

— Me desculpe - o anfitrião finalmente respondeu, erguendo o olhar. - Eu também preciso falar com ela. Sei que irá me apoiar nisso.

Aos passos lentos, os saltos-agulhas ficavam cada vez mais altos ao andarem pelo piso de madeira, indo em direção dos dois homens na biblioteca. Japão estremeceu, ao ouvir os toques de unhas longas nos umbrais da entrada, e então os dois se viraram, ao perceber quem havia chegado ali. Ela. O corpo esguido e pele bem clara, de traços finos e belos no rosto, os lábios tingidos de vermelho, com as sobrancelhas erguidas e seduzentes. A mulher, usava um vestido tubo vermelho-sangue, com broches fechando até o pescoço com laterais dourados e detalhes curvos e floridos do mesmo tom de ouro sobre toda extensão do vestido. Além, usava um casaco branco sobre ombros nus. O cabelo negro curto bem preso e os olhos da mesma cor, fitavam Japão e América, de modo de que a linha dura de seu rosto se transformou então, em um sorriso.

— Boa noite. E me desculpem pela demora. - Ela pronunciou, entrando no cômodo escuro, e o loiro contornou a mesa indo até ela.

— Muito obrigado por vir. Precisamos discutir sobre certos assuntos urgentes… China.

 


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Notas finais do capítulo

Cuidado, a Coréia do Norte ameaçou jogar um míssil em quem não enviar um Review em dentro de 24 horas apos a lida deste capítulo. Vai arriscar?



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