Princess Haylley's Diary - Volume III escrita por Haylley Ashiz


Capítulo 14
Human Best Friend




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Quarta-feira, 21 de outubro de 2015

— ... Haylley.

Rapidamente levantei a cabeça e olhei na direção de onde vinha a voz de quem tinha me chamado. Elen e Ariana estavam bem ali, no escuro, olhando pra minha cara.

— Garotas! — cumprimentei-as. — O que estão fazendo aqui? A Twilight vai matar vocês!

— O portal — disse Ariana. — Vamos embora desse lugar.

— Agora? Pfff. Como você espera chegar à Canterlot à essa hora da noite? — indaguei.

— A gente não é burra, não, Haylley — riu Elen. — Compramos os bilhetes pro próximo trem. Sai daqui a alguns minutos.

— E a sua BFF não vai expulsar a gente do castelo por chegar lá a essa hora — completou Ariana.

— ... BFF? — questionei.

— A Luna, besta — disse Elen. — Vamos ou não vamos?

— Vamos — respondeu Ariana.

— Então vamos — falou Elen.

As duas abriram a porta do quarto e estavam prestes a sair, mas pararam assim que viram que eu ainda estava deitada.

— Vamos embora, querida! — mandou Ariana. — A gente não tá com tempo, não!

— E a Demi e a Gabita tão nos esperando lá na estação, também — complementou Elen. — Elas vão nos matar se não chegarmos a tempo.

— Mas e a Twilight? — inquiri.

— O que tem ela? — quis saber Elen.

— Dane-se ela! — exclamou Ariana.

— Mas você não tinha ficado amiguinha dela naquele meio-tempo em que ficamos no castelo? — falei.

— Eu não tenho amigos pôneis — respondeu Ariana.

A mais velha chegou mais perto de mim e me puxou, me fazendo levantar, mas a corrente me impediu de sair.

— Ah, tem isso, também — comentei.

— Por que você tá presa? — questionou Elen.

— Problemas com ovelhas — respondi.

— Vamos sair logo daqui! — exclamou Ariana.

Ariana pegou sua varinha e abriu a tornozeleira com Alohomora. Com isso, saímos do quarto.

— Haylley? — chamou Twilight do laboratório. — O que houve?

— Não me diga que... — começou Elen.

— Digo sim, e ainda digo mais — retruquei. — Ela vai vir atrás de mim.

— E ela é... perigosa? — quis saber Ariana.

— Quando você mexe nos experimentos dela, sim — repliquei.

Começamos a ouvir passos na escada.

— Haylley... — Twilight continuou chamando.

As meninas e eu saímos da casa.

Correndo pelas ruas escuras de Ponyville, nós três íamos em direção à estação de trem. E foi até engraçado deixar Twilight para trás até que...

— Onde você pensa que vai?

A alicórnio teleportou para nós, na nossa frente, e quase a atropelamos.

— T-Twilight! — gaguejei. — Mas que pena não é? É a minha deixa!

— Sua deixa? — riu Twilight.

Ariana rapidamente me pegou pelo pulso e me puxou, deixando titia Twily para trás.

E, óbvio, ela veio atrás de nós voando (literalmente).

Será que toda vez que sairmos de Ponyville vamos ter que sair correndo desesperadas de uma psicopata?  

— Você não tem autorização pra sair! — berrou ela. — Ainda não terminei com você!

De repente, algo me fez parar. Sei lá, uma força divina ou algo do tipo.

A tal "força divina" na verdade era a magia de Twilight, me levitando na direção contrária.

Tudo aconteceu tão rápido que eu só consigo lembrar de alguém gritando "estupefaça!" e Twilight caída no chão.

— Vem, Haylley! — mandou Elen, me ajudando a levantar.

Quando finalmente chegamos à estação, avistamos Gabita e Demi nos esperando.

— Haylley! — exclamou a loirinha, me abraçando.

— Oi, Gabita — cumprimentei-a, abraçando-a de volta. — E aí, Demi?

— E aí? — respondeu ela. — Como foi lá com a Twilight?

— Só uma palavra: bi-zar-ro — repliquei.

Nesse momento, ouvimos o apito do trem. Assim que ele parou, demos nossos bilhetes para o bilheteiro e entramos.

— É uma pena que tivemos que lançar um estupefaça na titia Twily — comentei, no meio da viagem.

— VOCÊS FIZERAM O QUÊ?!? — berrou Gabita.

— Claro! — exclamou Ariana. — Ela tava correndo atrás da gente igual uma psicopata, parecia até a Pinkie...

— Eu sei! — eu disse. — É que a gente meio que saiu sem avisar.

— A gente fugiu, Haylley — falou Elen.

— VOCÊS NÃO RESPONDERAM MINHA PERGUNTA — insistiu Gabita.

— A gente lançou um estupefaça na Twilight porque ela tava nos perseguindo — respondi.

— AH TÁ — retrucou Gabita.

Assim que chegamos à Canterlot, ninguém mais, ninguém menos que a Princesa da Noite com a maior cara de sono que eu já vi nos esperava na estação.

— Que cara de destruída é essa, Luna? — brinquei.

— Duvido que você fica linda maravilhosa assim, quando acorda — retrucou ela.

— É, faz sentido — concordei.

— Você acordou agora?! — indagou Gabita.

— Err... sim? — respondeu Luna.

— Ela dorme de dia, Gabita — expliquei.

Ela fez uma cara de embasbacada.

— Que doido... — comentou.

— A gente vai pra casa ou não? — reclamou Ariana.

— Claro! — exclamou Luna. — Vamos.

Fomos andando mesmo, porque aparentemente a Princesa estava cansada demais para usar um pouquinho de magia para nos poupar. Luna e eu fomos um pouco mais à frente, enquanto as outras três riam das piadinhas retardadas de Gabita (fossem elas feitas propositalmente ou não).

— Aquela sua amiga... — começou Luna.

— Qual delas? — eu quis saber.

— A mais alta... é Ariana o nome dela, né?

— Alta? Pfff! A altura dela tá toda no salto. Mas o que tem ela?

— Qual o problema dela com Equestria?

— Ela não gosta de pôneis.

— Por quê?

— Pergunta pra ela.

— É mais fácil você perguntar.

— Então... você simplesmente acordou e lembrou que a gente voltaria para Canterlot hoje e foi até a estação? — perguntei.

— Isso mesmo — replicou a alicórnio.

— Nem se arrumou?

— Me arrumar pra quê? Pra encontrar minha melhor amiga?

— Quem é sua melhor amiga?

— Você, é claro.

— Awn, sério?

— Bem, depois da Celestia. Então... minha melhor amiga humana!

Luna sorriu para mim. Abracei-a, sorrindo também.

— Você também é minha melhor amiga! — exclamei.

— Hey! Eu ouvi isso! — resmungou Gabita.

— Você é minha melhor amiga humana, Gabita! — respondi.

— Acho bom! — retrucou ela.

Nós rimos.

Conversamos durante toda nossa caminhada até o castelo. Luna pediu que fizéssemos silêncio pois Celestia já estava dormindo e nos levou até a sala do portal.

— ... e agora é a nossa deixa — eu disse.

— Muito obrigda por tudo, garotas — agradeceu Luna mais uma vez.

— De nada! — exclamou Gabita, sorrindo.

— Vou sentir sua falta — falei.

— Não se preocupe, logo nos veremos de novo — disse Luna, sorrindo também.

Com isso, entramos no portal.

 

Sábado, 31 de outubro de 2015

Ah, viagens de portal. Por que têm que ser tão desconfortáveis?

Luna disse que nos acostumaríamos, mas é difícil não se incomodar quando uma força maligna está tentando arrancar suas pernas fora.

— Que dia será hoje? — perguntei.

— Vamos perguntar pra galera daqui! — sugeriu Gabita.

— Mary! — Ariana chamou uma garota que passava no corredor. — Que dia é hoje?

— Ora, Ariana, como você não sabe? É o seu dia favorito do ano! — respondeu Mary.

— Intimidade, não gostei — comentou Elen comigo.

— Eba! Halloween! — berrou Gabita. — Vamos pedir doces pra todo mundo! Vamos, Demi!

— Yay! Doces ou travessuras! — exclamou Demi, e as duas saíram saltitando pelo corredor.

— Essas duas... — eu ri.

— Haylley, você nem precisa de fantasia — disse Elen. — É só você dizer, "bifinho ou mordida?".

— E essa foi mais uma piada de Elen, a sem-graça — eu disse.

— Uh, Ari, você vai se fantasiar de quê? — quis saber Elen. — Amor?

— Cadê ela? — indaguei. — Ariana!

Não houve resposta.

Procuramos em todo lugar e perguntamos para várias pessoas no castelo se alguém a tinha visto, mas tinha gente que nem a conhecia. Chamamos, chamamos e chamamos, mas nada de ela aparecer ou sequer responder. E eu até uivei, pra ver se ela aparecia (afinal, se eu vou ser um lobisomem, tenho que ser um lobisomem direito).

— Haylley, para de uivar e dá algum uso pra esse nariz! — mandou Elen, batendo no meu focinho.

— Ai! — exclamei. — Hey, tem razão!

Comecei a cheirar Elen.

— O que você tá fazendo?! — indagou ela. — Sua doida!

— Vocês duas passam tanto tempo juntas e ficam tão perto uma da outra que têm praticamente o mesmo cheiro — respondi. — Agora, vem comigo.

Subimos as escadas e fomos até uma sala, de onde o cheiro estava vindo.

— É aqui? — perguntou Elen.

— Sim — repliquei.

— Muito bem, boa garota. Merece um prêmio, mas eu não tenho então vai ficar por isso mesmo.

— Sem graça...

Tentamos abrir a porta, mas estava trancada.

— Quem está aí? — bradou Ariana.

— Haylley e Elen. Abre essa porta! — mandei.

— Não, você não pode me ver assim! — exclamou Ariana.

— O que houve, Ariana? — quis saber Elen.

— Aquilo que acontece todo Halloween... — respondeu Ariana, num tom triste.

— Ah, é claro! Como pude esquecer isso?

Todo Halloween, Ariana simplesmente some da existência e volta no dia seguinte. E Elen de vez em quando sumia, também. Nunca soube o porquê disso.

— Amor... meu amorzinho, fala comigo, você tá bem? — perguntou Elen.

— Eu tô... — replicou Ariana. — Mas eu não vou sair daqui.

— Alguém pode me explicar o que tá acontecendo? — eu tentava entender.

— A gente pode abrir a porta? — pediu Elen.

— Docinho...

— Por favor...

Ariana destrancou a porta e nós entramos. Ela estava encolhida num canto da sala, estranha. Não estranha... diferente.

Ah, sei lá. Não sei definir.

Mas eu sei que ela não estava com a sua aparência normal, a começar pelas várias mechas brancas no cabelo.

Elen sentou-se ao lado dela, passando um dos seus braços sobre seu ombro para... consolá-la, talvez.

— O que houve, Ari? — perguntei, preocupada.

Ela mostrou-me seu rosto, antes coberto pelas mãos.

— Isso aconteceu.

Ariana tinha a pele esverdeada, com costuras aqui e ali. Seu olho direito agora era azul e tinha parafusos no pescoço.

— Mal descobriu que é Halloween e já tá de fantasia? — brinquei. — Aliás, onde você arrumou isso? Meu Deus.

Ariana e Elen se entreolharam.

— Haylley, isso... não é uma fantasia — disse Elen.

— E esse focinho não funciona — completei.

— Isso é sério! — reclamou Ariana.

— Seu cheiro continua o mesmo — falei.

Sentei no chão na frente delas.

— Se isso não é uma fantasia, o que aconteceu? — questionei.

— Maldição! — exclamou Ariana, escondendo o rosto de novo.

— Todo Halloween ela vira uma espécie de Frankenstein ou sei lá — explicou Elen.

— E por isso você se esconde? — perguntei.

— Claro! — retrucou Ariana. — Ninguém pode me ver assim!

— Por que não? — indaguei. — É a fantasia perfeita!

— Ah, claro, até porque ninguém vai achar estranho o fato de eu usar a mesma fantasia todo ano — replicou ela.

— Você pode gostar muito do Frankenstein...! — eu ri, tentando melhorar a situação ou ao menos mudar o humor delas.

— Eu sou um monstro, Haylley — disse Ariana.

— E?

— Monstros devem se esconder para que ninguém veja o quanto são feios.

— Você não está feia — falou Elen. — E não tem nada que você possa fazer para ficar.

— Eu sou um monstro e não estou reclamando — comentei.

— Você é diferente, você é fofa — explicou Ariana.

— E quem disse que você não é? — inquiriu Elen.

— ... você acha? — perguntou Ariana, meio sem graça.

— Eu não acho, eu tenho certeza — respondeu Elen, sorrindo. — Eu só não falei nada até agora porque eu não queria discutir com você.

— Só eu tenho a ousadia de fazer isso — eu disse.

Elas riam. Me levantei.

— Escute sua waifu, Ariana — continuei. — Ela tem razão.

— ... waifu? — indagou Ariana.

— Vai dizer que é mentira! — exclamei.

— Cala a boca, Haylley! — mandou Elen.

Nós rimos mais ainda. Ariana levantou-se.

— Mudou de ideia? — perguntei.

— É... mal não vai fazer, não é? — replicou ela.

Elen levantou-se também e nós três saímos da sala. Assim que fechamos a porta, um garoto que passava no corredor resolveu falar com a gente:

— Hey, Ariana! Ótima fantasia! E você também, lobisomem. Esse focinho quase parece de verdade.

Ele foi embora.

— É porque ele é de verdade — eu disse.

— Sério? Obrigada! — exclamou Ariana.

— Intimidade indesejada, parte dois — disse Elen pra mim.

— Ciuminho, parte 245 — eu ri.

— Cala a boca, Haylley — mandou Elen, me dando uma cotovelada.

À noite, depois do jantar, fizeram uma festa a fantasia na sala comunal, e Ariana ganhou o concurso de melhor fantasia.

Afinal, ser um monstro não é tão ruim assim, né?


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