The White Rose escrita por Senhora Darcy


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

boa leitura!



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Passei o resto da manhã no meu quarto, organizando, limpando e decorando. Quando acabei. As cortinas estavam mais vermelhas e os moveis lustrosos, sem todo aquele pó. A cama estava bem arrumada e o dossel estava consertado, deixando o quarto muito mais charmoso. Organizei as coisas no baú e joguei fora alguns objetos mofados. Achei um outro vestido, ainda mais ousado que o que eu usava agora, um tapete persa antigo e um belo vaso de flores de cerâmica. Eu ainda não tinha flores, mas deixei-o em cima da mesa de madeira, sobre o caminho de mesa de rendas brancas. Estava bem ajeitadinho e até cheiroso, depois que eu espirrara perfume nele.

— Céus! – Gregory exclamou quando abriu a porta – você realmente reformou o lugar.

— Gosto de pensar que sim. – sorri, satisfeita.

— uau. Caprichou. – ele disse, admirado – Mas então, vim te chamar para o almoço. Estamos ficando com fome e, bem, depois daquela carne ninguém mais quer comer a gororoba do Stuart.

Eu ri e concordei.

— Não há nada que eu possa fazer para ajudar  o navio? Estou ficando sem nada para fazer.

Ele riu alto.

— As vezes acho que você esquece que é uma prisioneira. Já está cozinhando para seus captores e ainda quer fazer o trabalho da tripulação.

— Acho que vocês também esqueceram que sou uma prisioneira. Afinal, estou dormindo num quarto grande, tenho bastante liberdade e consigo colocar seu Capitão na minha mão. Só estou querendo retribuir o favor e achando algo de útil para fazer por aqui.

— Hum, é justo.

Chegamos a cozinha e um homem mais baixo e aparentemente mais fraco que os demais me aguardava de prontidão.

— Sou Roger, fui escalado pra te ajudar a preparar o rango.

— Oi Roger. Obrigada. Estou pensando em fazer uma sopa. Será que tem frango por aqui?

— Temos umas galinhas no porão. Vou providenciar. – Roger disse e se foi.

Comecei a descascar as batatas e coloquei a água para ferver. Só então percebi que Gregory ainda estava lá.

— Precisa de algo? – perguntei enquanto prendia o cabelo.

— Apenas saber o que você precisa. Para a cozinha. Marreta e Betrus vão a uma casa de secos e molhados no porto amanhã.

— Ah, sim. Que tal eu dar uma olhada e fazer uma lista?

— Não sei se vai funcionar. Nenhum deles sabe ler muito bem. De uma olhada geral e diga para eles amanhã.

— Oh, tudo bem. Farei isso. – concordei e voltei a meus afazeres.

Em menos de uma hora, estávamos todos  a cozinha, desfrutando de um pouco de comida de verdade.

— Caspita! Parece que uma verdadeira revolução passou por aqui! – Betrus comentou, observando a mudança  a paisagem.

De fato, a mesa estava posta com uma toalha branca, pratos limpos, talheres e taças, um castiçal de cobre no meio e pratos cheios da minha sopa ao redor.

— Bem, no caso, uma princesa passou por aqui. – Rupert corrigiu.

Eu ri, vendo naquilo tudo, um elogio implícito.

Quando terminaram de comer a sopa, os homens fizeram menção de se levantar.

— Ei, onde pensam que vão?! – todos me encararam inquisitivamente – Eu gastei um belo tempo fazendo a sobremesa e não vou sair aferidos terem comido pelo menos um pouco.

Uma explosão de vivas e palmas me disseram que eles não estavam acostumados com sobremesas. Retirei os pratos e coloquei uma grande tigela de frutas picadas regadas com vinho do porto. Minha salada de frutas improvisada não durou dez minutos. Todos comeram até acabar e saíram com um sorriso de orelha a orelha.

— Você realmente sabe como conquistar os homens! – Gregory comentou ao meu lado, os lábios avermelhados pelo vinho.

— A melhor maneira é pelo estômago! – segredei-lhe.

Gregory riu e me disse que eu podia ajudá-lo a conferir os nos das velas e aprender um pouco como as coisas funcionavam.  Animada, segui-o para o convés.

— Gregory, me diz uma coisa...por que ninguém aqui se chama pelos nomes? Só ouço apelidos como Marreta, Tira-Colo, Rasteira...

— Ah, bem, são piadas internas. A maioria nem eu sei direito a origem. Alguns como o Perneta e o Queimado sao óbvios, - ele se referiu a um cara manco e outro com a pele mais escura que os demais – o Marreta tem esse nome por causa do seu punho enorme e forte como uma Marreta mesmo. Dizem até que ele já matou um cara com apenas um soco. O Tira-Colo eu não sei ao certo. Alguns me chamam de Branquelo por causa do meu nome, mas o apelido não pegou muito. O Pinsley é chamado de Ferrugem por causa do cabelo, e o Aldo é o Tranqueira porque está sempre com algum problema de saúde.

Eu ri dos apelidos.

— Então vocês estão aqui há muito tempo?

— Faz uns três anos, aproximadamente.

— Hum... e já sequestraram muitas princesas antes? – Perguntei, mas Gregory ficou calado. – Tudo bem, também é minha primeira vez como sequestrada. – comentei ao que ele riu.

Depois da janta, lá estava eu no quarto com a maldita insônia. Mas dessa vez, tomei coragem para ir me juntar a roda de homens no convés. Vesti meu manto e me aproximei timidamente. Quando cheguei perto, alguns homens me fitaram.

— Tudo bem se eu me juntar a vocês? Gosto de ouvi-los cantar.

Pinsley concordou e fez sinal para que eu me juntasse a eles. Sentei-me a seu lado mas quase não conseguia ouvir a canção por causa de sua tosse. Um vento forte e frio batia ali, me fazendo arrepiar.

Tive uma ideia e fui até a cozinha, voltando minutos mais tarde com uma chaleira cheia de chá de gengibre fumegante. Ofereci primeiro a Pinsley.

— Não, obrigado.

— Ah, não creio que vá rejeitar! Fiz especialmente para você e essa tosse irritante. – os outro riram – é sério, vai fazer bem ao seus pulmões e a sua garganta. Além do mais, está quentinho....

Ele deixou escapar um riso é aceitou a caneca com a bebida. Os demais não hesitaram em pegar canecas e se aquecer por dentro e por fora com a minha ideia.

Uma onda forte atingiu o casco do navio, fazendo-o dar uma forte guinada para o lado.

— Não passa mal com o balanço, Princesa? – Aldo perguntou e todos pararam para ouvir.

— Ah não, já estou acostumada. Sempre andava de barco com meu tio quando era menor. – lembrei-me sorrindo dos passeios que dava com o parente da minha mãe, antes de ele falecer de tuberculose.

— Quer dar uma arranhada? – Rupert perguntou, oferecendo-me o banjo.

— Infelizmente não sei tocar.

Ele fez um barulho com a garganta e tirou mais algumas notas, cantando baixo em uma língua diferente.

Quando minha cabeça começou a pender para o lado, de tanto sono, acabei me retirando.

— Acho que vou dormir, obrigada pela música. Me ajuda muito com a minha insônia.

Alguns murmuraram despedidas e Gregory se levantou para me acompanhar, mas eu dispensei a cortesia. O grupo continuou ali, sonolento e e falando baixo, a não ser por umas e outras piadas que eventualmente surgiam. A última que ouvi antes de entrar para o interior do navio foi:

— Sei bem como a princesa se sente. Minha insônia já é tão íntima que eu apenas chamo ela de Sônia! – e explodiram-se risadas.

Quando amanheceu, eu já estava de pe, incrivelmente disposta. Iriamos andar pelo porto hoje, e finalmente eu teria algumas horas livre do cheiro horrível daquele navio. Tive de me vestir de prostituta novamente, dessa vez com o vestido azul mais justo.

— É o seguinte. Não irei te amarrar, mas você deve me prometer que não tentará nada. Não daria certo de qualquer modo, - Gregory me instruiu enquanto descíamos para o porto. – Você será minha acompanhante. Segure meu braço e se o soltar por um minuto que seja, voltará para cá, entendeu?

Fiz que sim com a cabeça e envolvi meus braços pelo seu. Quando toda a tripulação desceu do navio, com exceção de alguns homens que ficaram para guardar o lugar, o Capitão começou a distribuir as tarefas.

— .... Rupert e Betrus vão ao mercado de ervas, eu irei negociar com um cavalheiro e verificarei se há novidades do carteiro. Aldo e Marreta me acompanham. Gregory.... ainda está encarregado da garota. Atenda a alguma necessidade que ela tenha, e assegure-se de que todas as provisões sejam feitas. Ao por do sol, quero todos no navio para a avaliar a produtividade.

E com um aceno de cabeça, despachou o grupo. Eu e Gregory seguimos para o mercado com Rupert e Betrus.

— Princesa, preciso que me dia o que está faltando na cozinha. Vou comprar o essencial é você pode escolher algumas ervas que quiser por ali.

— Ah, sim. Mas acontece que o essencial é muita coisa. Não vou deixar que continuem com aquela dieta horrível a base de grãos. Adoeceriam até a morte em questão de meses. Então fiz uma listinha com tudo que preciso. Compre em grande quantidade pois não quero miséria. – alertei-o e passei-lhe um pedaço de papel dobrado com a lista que eu montara no dia anterior.

— Hum, princesa, não acho que uma lista seja necessário.... – Betrus começou a dizer, envergonhado, mas parou ao abrir o papel. – Oh...tem um ótimo talento para desenhos, princesa! – ele exclamou feliz.

Dei um sorriso para ele e me afastei com Gregory.

— Você pensa em tudo mesmo, não é?!

— Eu fui criada para isso.

Entramos em uma pequena loja de ervas, onde eu comprei de tudo. Sabia que o dinheiro não era um problema. O navio era muito luxuoso e os lucros da pirataria pareciam render bastante.

— Me diga, - comecei enquanto selecionava ramos de tomilho – qual é a desse Capitão Tatch? Ele não ajuda em nada, não conversa e não senta para comer conosco. Na verdade, só fica ao timão o dia todo.

Gregory, pego de surpresa com a pergunta, deu de ombros.

— Ele é bem quieto. Não interage muito com os homens, e come sozinho uma comida que ele mesmo prepara.  De vez em quando compartilha algumas garrafas de rum conosco, mas apenas em ocasiões mais especiais. O máximo que ele mostra de que é um ser humano é quando paramos em portos e ele desfruta de algumas....companhias.

— Ah, entendi. Mas ele não é assim com você!

— Bem, faz sentido. Sou seu braço direito e o único em quem ele realmente confia. Conversamos às vezes, mas nada muito pessoal. Ele é um amigo, mas nada comparado ao Ferrugem, por exemplo.

— E por que você foi o escolhido? É o mais novo da tripulação....deve ser também o menos experiente.

— Sim, é verdade. Mas também sou o sobrinho dele. – parei na saída da loja.

— Como?

— O Capitão Tatcher é irmão da minha mãe. Quando nos encontramos e ele soube que eu já estava no ramo da pirataria, ele logo me convidou para um cargo em seu navio.

— E você já estava no ramo da pirataria? Há quanto tempo você é um pirata?

— Desde de muito tempo. – ele disse com simplicidade.

Andamos um pouco pelas vielas, comprando especiarias e produtos especiais quando os encontrava. Paramos ao meio dia para comer em uma taverna.

— Ora, se não é o Branquelo! – uma atendente de meia idade, bonita e maquiada veio até nossa mesa.

— Lídia! – Gregory se levantou com um sorriso e abraçou a moça com vontade, até erguendo-a do chao.

Eu arqueei uma sobrancelha, esperando as apresentações.

— Oh, menino, quanto tempo que você não para quieto! Já estava me preocupando contigo!

— Lídia, sabe que não precisa se preocupar nunca comigo. Eu mandarei mais notícias, prometo. – Ele disse, simpático como nunca, nem parecia o mesmo Gregory.

— Aaaah, mas vejo porque não mandou antes. Certamente estava ocupado com essa Flor aqui! – ela veio até mim e me abraçou, tocando meus cabelos de leve.

— Olá! – eu disse, abracando-a de volta – é um prazer! Sou Kat...

— Katarina! – Gregory me cortou – Katarina, minha garota! – ele me puxou para si e deu um leve tapa em meu traseiro.

— Ah e que garota! Uma raridade, decerto! Tão delicada! Oh, como serão lindos os seus filhos!

— Realmente ela é um pitel! – Gregory concordou e conversou mais um pouco com a Lidia.

Então pediu nossos pratos e ela foi trabalhar. Comemos rapidamente para logo entrarmos em outra conversa com a Lidia, ela falou um pouco de sua vida e de outras mulheres que Gregory devia conhecer. Reclamou um pouco de sua situacão e agradeceu mil vezes quanto Gregory pôs em sua mão um saco de moedas. Devia haver uma boa quantia ali.

— Oh, Greggy! Você está tão bonito, tão bondoso! Sua mãe teria imenso orgulho de você, ah se teria!

— Obrigado Lidia, por tudo. Temos que ir agora, mas tenho você em meu coração todos os dias! – ele a abraçou e depositou um beijo em sua testa.

Ela gritou despedidas até nos afastarmos do lugar, gritando também várias coisas do gênero “não deixe essa garota escapar”.

— Pode deixar que esse é o meu objetivo. – Ele murmurou e eu ri.

— Ela era uma amiga da sua mãe?

— Sim. Minha mãe e ela se conheciam desde pequenas e quando minha mãe morreu, eu ainda era um moleque. Ela praticamente me criou sozinha.

— Ah! Agora tudo faz sentido. – exclamei para mim mesma.

— faz sentido? – ele indagou.

— Sim! – eu disse, dando uma mordida num doce de coco que compráramos de um vendedor ambulante e sentando-me num banco de pedra – explica muito bem por que você não é como os outros. Não é tão rude,  em tão hostil. Tem hábitos educados e é extremamente cavalheiro.

— E isso faz sentido porque fui criado por uma taverneira?

— Nao. Porque você foi criado por uma mulher que te ama.

— e você não foi? – ele estranhou.

— Eu...fui criada por várias mulheres, e poucas delas realmente me amavam. – disse, tristemente.

Não deu tempo de um silêncio melancólico se abater, pois um boticário logo nos abordou, oferecendo todo tipo de produto. Os cremes e as fragrancias me atraíram de imediato e e estava louca por um pouco de higiene feminina.

— Acho melhor irmos, Katarina. – Gregory disse, cortando minha festa e a do Boticário.

“ Ora, mas aquilo não era justo! Estava nos meus direitos no trato que fiz com o capitão!”, pensei comigo mesma e insisti.

— Ah, Greggy, por favor! – pedi e enrosquei-me em seus braços – eu achei que eu era a sua garota....

— Oh, senhor, atenda os pedidos de uma linda dama como essa é satisfaça sua mulher! – o Boticário me ajudou.

— E você dizia que eu era seu pitel... sua florzinha.... isso tudo apenas na hora de...

— Tudo bem, tudo bem! Escolha o que quiser! – ele cedeu, segurando o riso e, provavelmente, a vontade de gritar comigo.

Feliz da vida, passei minutos preciosos de mimos com o Boticário, experimentando de tudo e debatendo a efetividade dos produtos. Mas ao fim, comprei apenas uma colônia de corpo e um produto para o cabelo.

Seguimos na rua e eu parei em uma loja de tecidos e vestidos, fazendo cara de cachorro largado na rua. Gregory, que estava abraçado a mim para alimentar a encenação de que éramos um casal, ria e brincava com a situação. Afinal, aquele dinheiro não saia do bolso dele mesmo.

— Você é uma garota muito, muito, muito mimada! – ele rosnou, me prensando contra a parede.

— E você adora isso! – retruquei passando os braços por seus ombros.

As vendedoras se divertiam com o nosso show e resplandeciam com a visão do quanto poderiam lucrar com um casal assim.

Gregory me deixou na loja e foi experimentar vinhos do outro lado da rua, mas eu sentia seus olhos vigilantes em mim a todo momento. Experimentei varias roupas, das mais ousadas as mais discretas, mas no fim, fui pelo custo beneficio. Comprei um corpete preto e relativamente comportado, e duas saias de algodão, uma lilás e outra verde. No fim, minha visita ali tinha saído até que barata e eu, bem feliz.

Encontrei Gregory na loja da frente e voltamos para o navio. Quando subi a bordo, o capitão me encarava e olhava feio para as sacolas que eu e Gregory levávamos.

— Como foi que o senhor disse? – eu disse a ele – “ atenda a alguma necessidade que ela tenha”?

O Capitão fechou a cara e alguns dos homens riram discretamente. Eu sei que eu estava provocando muito, mas aquele homem simplesmente não me descia.

— Além do mais, não se preocupe, fui bem econômica. Garanto que uma mulher nunca lhe saiu tão barato. – soltei e fui logo para a cozinha preparar o jantar.

Mais tarde, fiquei sabendo que zarparíamos naquela mesma noite, pois um navio da guarda real se aproximava daquele porto. Por mim, eu já nem me importava em fazer qualquer contato com aqueles guardas. Tinha muito mais liberdade naquele navio do que tivera em minha vida toda.

Depois do jantar, me enfiei novamente na roda de homens para me distrair. A música e a melodia eram as mesmas, mas eu gostava mesmo assim. Tinham algo de acolhedor nelas.

— Já chega, Rupert! Se eu ouvir essa música mais uma vez, faço seu violãozinho andar na prancha!

— Ah, mil perdões, Marreta, se a música não é de seu agrado! O que diabos quer que façamos então?! E não me venha com mais uma de suas malditas piadinhas sem graça...

Ao grupo então começou a discutir sobre o que fariam, mas alguém teve então a ideia de que eu fosse a atração.

— Vamos, Princesa, o que faziam lá na corte?

— Nada que vocês apreciariam... Mas tem um livro de contos mitológicos em meus aposentos. Posso ler algum para vocês, se quiserem.

Todos concordaram de prontidão que era uma ótima ideia. Então, lá fui eu.

Li duas histórias. Uma sobre Narciso, é outra sobre Persefone e Hades. Estava começando a me identificar com a pobre mulher que se apaixonara pelo cativeiro.

— Ah! Me lembrei de uma música sobre as ninfas gregas.... Acorde, Marreta, que essa é para você, apreciador da minha arte!

E Rupert voltou a tocar uma melodia delicada no banjo, com uma canção que contava outros contos de ninfas da mitologia. O ritmo era ainda mais devagar que os outros, e não demorei a me apoiar num mastro e descansar os olhos. Ainda podia ouvir a conversa na roda, um pouco mais distante, porém.

— Ei, White, pelo visto a princesa te deu uma canseira hoje hein?! Estava dormindo como uma pedra! – Pinsley comentou, arrancando risos dos outros.

— Ah, nem me diga. Essa garota sabe como conseguir exatamente o que quer. Eu não tive chance. – Gregory respondeu.

— Espero que tenha aproveitado o dia de compras então! Não tera outro assim até ter sua própria garota. – Aldo comentou.

— Por sinal, acho que ela já apagou mesmo. Não reclama de nada há alguns minutos, deve estar dormindo profundamente.

Todos riram e fizeram mais algumas brincadeiras com meu temperamento. Mas estava com muita preguiça de levantar e revidar. Tudo o que fiz foi ficar ali e ouvir a conversa.

— Olha só, com essa carinha de anjo nem parece que é tão birrenta. – Pinsley comentou, baixinho.

Gregory riu e concordou.

— Sim. Birrenta e mimada. Se quisesse, arrancava todas as moedas que Tatcher Me deu e as gastava em roupas.

— Ainda bem que ela não é totalmente como aquela família dela.

— E não é mesmo?! Encontramos a Lidia hoje, e a garota me surpreendeu. Sabe como a Lidia é, toda espalhafatosa e, bem, peculiar.... A garota a abraçou forte e conversou como se fosse uma frequentadora do lugar. E não a herdeira da Inglaterra!

— Ah, White... você vai se encrencar com essa garota...– Pinsley disse.

— Como? – Gregory perguntou, confuso.

— Ah, Ferrugem, ele já se encrencou! – Disse Aldo e todos os outros explodiram em risadas.

Uma coceira no nariz me forçou a me mexer e levantar.

— Ah... – bocejei preguiçosamente – Vou me retirar, cavalheiros. Boa noite a todos.

Sorri e recebi outros “boa noite” de volta, mais do que na noite passada. Gregory levantou e me acompanhou.

— Sabe, não precisa me acompanhar se não quiser. – eu disse – pode continuar la, ou nem precisa ficar na roda por minha causa.

— Ah, não se preocupe. Estou cansado também.

Eu ri, lembrando-me de nossa tarde.

— Sim, desculpe por isso. E obrigada por me atender.

— Não há de que. – ele disse e abriu a porta do quarto para mim.

Me espreguicei mais uma vez e me contorci dentro da roupa justa. Gregory, como que automaticamente, entrou no quarto e se posicionou atras de mim. Seus dedos ágeis afrouxaram as amarras do meu vestido e ele se retirou logo em seguida. Depois que encostou a porta, eu me livrei da roupa lentamente. Enquanto escovava os cabelos, ouvi uma movimentação do lado de fora do quarto e em seguida, a minha porta se fechou por completo. Me aproximei-me para ouvir.

— Quando eu digo pra nao tirar os olhos da menina, não é tão literal! – o Capitão zombou.

— Sim, claro, Capitão. Eu não estava observando, estava apenas me assegurando....Sinto muito, não irá acontecer de novo.

Fez- se um silêncio.

— Não deixe sua cabeça ir tão longe, White. Lembre-se de quem ela é.

Nada mais foi dito e os dois homens saíram da minha porta. Voltei correndo para a cama e me enfiei debaixo da colcha macia e fria em contato com a minha pele.


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