— Você veio. – Ele disse e eu sorri. – Temi que não viesse. Foi muito a pedir e...

— Eu sei, mas aqui estou. – Eu o beijei carinhosamente. – Achei que fosse perde-lo. Que ia chegar aqui e você já teria ido.

— Não sem você. Mas o capitão só vai partir em meia hora. Por que se atrasou?

— Eu encontrei com o Rei na saída. – ele arregalou os olhos – E está tudo bem. Nós apenas conversamos.

Ele me encarou, esperando mais. Eu desviei o olhar e me aproximei da amurada, olhando para o mar negro a minha frente.

— Será uma longa viagem. – disse, por fim.

Gregory veio por trás e me envolveu com seus braços fortes. Aproximou seus lábios do meu ouvido.

— Sim, será – Ele sussurrou – Mas você não virá comigo, não é?

Eu abaixei a cabeça e me virei para encará-lo.

— Não. – eu disse – eu... eu sinto muito.

— Não precisa. Eu achei que isso pudesse acontecer. Não era justo pedir que você abrisse mão de tudo e...

— Não, Gregory. Deixe-me falar. Eu falei com o Rei. E tudo o que eu achava que era verdade, não era mais. Ele nunca me odiou. Nunca me desprezou. Apenas nunca conseguiu se aproximar. Mas agora, agora vejo uma oportunidade de sermos a família que poderíamos ter sido.

— E você vai ficar para aproveitar essa oportunidade?

— Também. Mas não só por causa disso. Isso tudo.. me fez encarar as coisas de maneira diferente. Eu não posso começar uma vida fugindo de outra. Ver como o rei... o meu pai demorou  tantos anos a perceber as coisas de maneira diferente, e ver como ele se arrependeu disso me mostrou o quão grande é essa decisão. Não tem volta, seja lá o que eu for fazer. Não posso voltar das Américas daqui uns anos se eu quiser, e também não posso largar tudo facilmente e ir para lá. Eu percebi que eu estava sendo levada pelo meu coração. Pelo que eu queria, e não pelo que eu precisava. Eu estava apenas pensando em mim, achando que estava pensando nos outros. Como posso largar meu reino aqui, à mercê de outra pessoa qualquer? Como posso deixar minha família assim, ou criar meu filho longe de tudo e de todos? Eu mentiria para ele? E se eu o privasse de uma vida plena e boa aqui para ter dificuldades lá? Apenas porque eu não conseguia suportar a ideia de abrir mão de você. Mas ao mesmo tempo...quando eu decido ficar, eu não penso em você. Porque você não terá a chance de ficar com nosso filho como eu tenho. Não terá a chance de ser pai. E eu não posso pedir a você que fique, preso a mim, sem uma vida própria, apenas porque eu o quero perto de mim e do meu filho. Você é um grande homem com um espírito livre, por isso se juntou à pirataria, apesar de não ser como um pirata normal. E é por isso que você deve ir para a América e ter uma oportunidade, ao invés de ficar aqui e viver uma vida cheia de “e se”s e arrependimentos. Temos de aceitar que não podemos ficar juntos, apesar de que sempre estaremos ligados. – Eu puxei sua mão até meu ventre ainda plano e o olhei, suplicante, esperando sua reação.

— Katherine..... – Ele começou mas não disse nada, apenas me puxou para si, colando nossas testas. Ele sabia que eu tinha razão. Concordava comigo, no fundo.

Duas lágrimas escorreram do meu rosto e caíram em suas mãos. Eu mal conseguia olhar seus olhos. Sabia que se o fizesse perderia toda a coragem que eu reunira.

— Me desculpe. Desculpe ter me apaixonado e ter achado que tínhamos uma chance. Desculpe por faze-lo pensar que daria certo. Desculpe por afastá-lo do seu filho. Desculpe. Desculpe. Mas é isso que devo fazer. É isso que devemos fazer. É a coisa certa. – Eu puxei-o para mim, em puro desespero. – Eu te amo, Gregory White. Te amo mais que tudo e só peço que encontre a felicidade que você me deu.

Eu o beijei mais uma vez, sentindo o seu desespero e pânico da separação eminente, como um reflexo dos meus próprios. Então, sai correndo, montei no cavalo e me fui sem olhar para trás.

— Adeus, minha Garota...