The White Rose escrita por Senhora Darcy
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura!
“Aguente firme, aguente firme. Pense em coisas frescas e leves....pense nos carvalhos, e na brisa e no sereno...e na chuva...vai ficar tudo bem, apenas respire...respira, Katherine...”
— Soube que a Duquesa que vamos visitar tem ótimas cozinheiras.... é famosa principalmente pelos baquetes que ela organiza. Ainda bem, não consigo parar de pensar em um belo pedaço de pernil com batatas e... – o príncipe contava, e foi a gota d’água para mim.
— Pare a carruagem! – Eu gritei e pulei para fora quando ela o fez.
Corri para trás de uma árvore e coloquei todo o meu café da manhã para fora. Outra vez. Numa viagem de dois dias, era a terceira vez que eu pedia para encostarem a carruagem. Eu alegava que nunca passara muito bem em veículos e que o chacoalhar da carruagem era o responsável...mas eu corria sérios riscos de levantar as suspeitas do rei e do príncipe. Este último desceu da carruagem quando eu acabei e me ofereceu um lenço e um cantil de água.
— Eu sinto muito...esse balanço não está me fazendo bem.
— Tudo bem, não se preocupe. Mais um par de horas e já estamos chegando. – ele me tranquilizou e voltamos para a carruagem.
De fato, duas horas depois, estávamos na porta do Duque. Ele e sua mulher nos esperavam na porta, junto a um exército de empregados. O homem era alto e bem apessoado, mas um tanto gorducho. A Duquesa era muito bonita. Tinha traços delicados e um rosto de porcelana, mas estava tão enfeitada e com tantas roupas que mal dava para ver sua beleza natural. Ela gritou um “olá” tão animado e agudo que fez meus ouvidos doerem. E ela e o marido vieram até a nossa carruagem para as devidas cordialidades. Seu vestido roxo cheio de laços farfalhou quando ela fez uma reverência e seu chapéu de tafetá da mesma cor quase tocou o chão. O Duque fez uma reverência mais contida.
— Altezas, majestade! Como é bom tê-los aqui! – A Duquesa disse – Preparamos tudo para sua chegada...teremos um banquete, e uma festa...os aposentos estão todos montados com o maior esmero e compramos novos cavalos especialmente para vossas Graças.
— É muita gentileza sua, Duquesa. Eu e meu noivo agradecemos muito a hospitalidade. – Eu disse.
— Ora, ora, Alteza, vamos que tenho muito a lhe mostrar! Vamos deixar os homens tomar um conhaque no gabinete e vamos nos divertir! – Ela piscou para mim e me puxou dali.
— Então, Alteza, como estão os preparativos para o casamento? – A Duquesa perguntou.
— Ah, muito bem, Duquesa. Está tudo quase pronto, com exceção de alguns detalhes do buffet e do meu vestido.
— Fico feliz em ouvir isso, e mal posso esperar para ver como vossa Alteza ficará num belo vestido branco! E por sinal, pode me chamar de Violet!
Eu segurei a risada, o nome, o vestido, o chapéu...eu podia apostar que seu quarto também era roxo e suas roupas variavam de lilás a violeta.
— Aceita? – Ela perguntou, me despertando da imaginação.
— Desculpe, aceito o quê?
— Um chá! Tenho várias ervas aqui... temos uma inclusive que ajuda nos enjoos matinais para mulheres grávidas. É bom você conhecer para o futuro. Também há um que estimula a fertilidade, sabe? Creio que você gostaria desse...
— Ah, bem, acho que vou aceitar o primeiro, para me acostumar com o gosto.
— Muito bem, eu vou tomar um chá de hibiscos mesmo. Traga em dez minutos. – Ela ordenou ao empregado.
— Você tem uma bela casa, Violet. Muito bem decorada.
— Ah, sim, contratei um decorador profissional, sabe? Sempre digo ao Emmet, com vale mais um gosto que dinheiro no bolso.
Eu ri e concordei.
— Agora, Alteza, me conte...como ele é, o príncipe?
— Ah...bem...
— Não precisa se acanhar, eu sei algumas coisas apenas. Vejo que ele é muito belo, mas não o bastante para a sua beleza, Alteza, e dizem que ele é muitíssimo educado.
— Sim, é muito educado mesmo. E bem atencioso. Hum, ele tem bastante interesse nas questões políticas, então ele e meu pai se dão muito bem. Além do mais, ele é um ótimo dançarino.
— Oh, certamente qualidades adoráveis. – Ela se empolgou e depois acrescentou: - Tenho certeza de que poderá conhece-lo melhor após o casamento. Irão se dar muitíssimo bem, posso sentir!
— Obrigada, Violet, espero que você tenha razão.
— Ah, eu sempre tenho! Aliás, sinto muito que você não pode conhece-lo tão bem após que se encontraram...deve ter sido uma experiência e tanto a história do...sequestro.
— Ah, sim. Acho que podemos descrevê-la assim. Eu pelo menos conheci um pouco mais sobre o povo, como uma camponesa mesmo...e não apenas como sua princesa. Acho que vai me ajudar futuramente.
— Certamente, Alteza. – Ela sorriu e o chá chegou.
Tomamos em silêncio e depois eu fui ao meu quarto descansar para o jantar.
De fato, o chá ajudou muito no enjoo, e eu consegui passar o resto da tarde sem nenhum problema. Algumas criadas, que me ajudaram a me vestir, me lançavam discretos olhares de curiosidade, a maioria deles para meu ventre, então os boatos já haviam chegado ali. O Dr. Johnson dissera que eu estava grávida há algumas semanas apenas, então iria demorar bastante para aparecer a barriga. Depois de assegurar-me que não diria uma palavra, o Dr. Disse aos meus pais que era apenas um problema alimentar e que não havia nada para se preocupar.
Parei em frente ao espelho do quarto, e olhei fixamente para a minha barriga. Alguém estava ali. Uma garota ou um garoto... e era uma mistura minha e de Gregory. Eu estava louca para saber como seria seu rostinho... se teria os olhos dele e os meus cabelos, ou sua boca perfeita e o meu nariz... mas ao mesmo tempo, eu pedia a ele que ficasse bastante tempo ali dentro ainda. Aonde eu podia protege-lo da melhor forma, sem enrolá-lo numa rede de mentiras. Aonde eu lhe daria todo o meu carinho e tudo o que ele precisasse enquanto decidia seu futuro.
— Eu prometo que vou fazer o meu melhor. E aconteça o que acontecer, você sempre vai saber de toda a verdade. – Eu sussurrei para minha barriga.
Tudo o que eu mais queria era achar Gregory e fugir com ele para qualquer lugar, para que pudéssemos criar nossos filhos juntos. Mas sempre haveria aquela vozinha que me fazia perguntar se conseguiríamos sobreviver....um pirata e uma princesa foragida e deserdada... não é como se fôssemos conseguir uma bela fortuna logo de cara... e a última coisa que eu queria era que meu filho passasse qualquer necessidade. Por outro lado, se eu ficasse....eu teria de mentir para todo mundo e correria o risco de o príncipe trata-lo como meu pai me tratava. E se eu contasse a verdade...bem, eu não iria conseguir o casamento e seria pior ainda. Era um dilema sem fim e eu não fazia a menor ideia de como resolvê-lo.
Uma das criadas veio me avisar de que o jantar estava pronto. Ela terminou de amarrar meu vestido preto e dourado e escovou meus cabelos mais uma vez. Eu desci as escadas com Violet, a quem encontrei no corredor. Ela não parou de falar um minuto sobre a moda de paris, até que o Rei e o Duque apareceram na sala, conversando, e todos fizemos uma reverência. O príncipe chegou um pouco depois.
— Tome, querida, experimente o melhor vinho de Portugal e me diga se não é divino? – Violet encheu minha taça com um pouco da bebida.
Tomei um pequeno gole e a bebida forte desceu queimando. Eu já estava acostumada com vinhos, mas esse era especialmente forte. Um som agudo irrompeu na sala. Era o Duque batendo na taça com uma colher.
— Com sua licença, gostaria de agradecer a vossas Altezas e a vossa Majestade pela ilustre presença e honra que proporcionam a mim e a minha Duquesa. Esperamos aos noivos tudo o que há de melhor, e eu particularmente espero que nossos negócios sejam os melhores e mais lucrativos! Um brinde! – Ele disse e todos esvaziamos nossas taças.
Nesse momento, a porta de entrada se abriu com um estrondo e uma figura encapuzada e molhada entrou, deixando pingos da chuva de fora entrarem na sala.
— Ah, que bom que você chegou! Vossas Graças, gostaria de lhes apresentar meu sobrinho, que está morando aqui conosco, Gregory White!
Tudo o que eu ouvi foi o barulho de vidro quebrando.
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