The White Rose escrita por Senhora Darcy


Capítulo 10
Capítulo 10




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Algumas horas mais tarde, o sol as estava posto, e eu estava toda suada, cansada e esbaforida. O cabelo já estava todo bagunçado, e eu já tinha me livrado do casaco e dos acessórios desnecessários há um tempinho.  Gregory estava praticamente igual a mim, mas com mais elegância. Tínhamos praticado bastante, e agora eu já sabia empunhar uma espada corretamente, chutar meu oponente por tras e dar um golpe mortal com a adaga. Já era uma bela de uma evolução.

Paramos assim que os outros chegaram, um tanto desconfiados da nossa situação. Fui para meu quarto me arrumar. Quando estava mais apresentável, tive uma ideia para a janta e fui falar com Gregory. Sem acha-lo, recorri a Pinsley.

— Olá, Garota, está perdida por aqui?

— Não, na verdade queria falar com você. Tive uma ideia para a janta desta noite, mas não sei se vocês concordam.

— Hum, diga.

— Hoje é aniversário de Betrus, e pensei de fazermos uma pequena festa. Não precisa ser de aniversário, porque ele não esta acostumado com isso. Mas poderíamos fazer uma pequena comemoração, com músicas do interior, comidas típicas e outras coisas que lembrem o tempo dele na fazenda. Além do mais, acho que todos estão precisando de um pouco de alegria. O que acha?

— Festas e banquetes, você realmente pertence a nobreza, Garota. Mas é uma boa ideia. Diga-me do que você precisa, e já encaminharei alguns homens para ajuda-la.

Passei um bom tempo na cozinha, a partir daí. Com a ajuda de Aldo, Rupert e Marreta, consegui fazer um grande assado de frango, com acompanhamentos de grãos e batatas; um entrada de sopa de tomate e três tipos de sobremesa, além de um grande e simples bolo de baunilha com mirtilos. Talvez fosse um exagero, mas eu queria que tivessem fartura por pelo menos uma vez. Em breve teriam de comer mingau de aveia outra vez. Pensar naquilo me deu uma sensação estranha, e eu fui andar um pouco para me distrair. Já tinha enfeitado o salão comunal  - raramente usado – com flores e barris de bebida, e só faltava a tolha na mesa para que eu finalizasse meu banquete com perfeição. Rupert e os outros agora se encarregavam da música, e ainda tinha alguns minutos para a hora marcada para o jantar. Iria ser uma surpresa.

Decidi então ir atrás da tal toalha de mesa, procurando pelo navio. Próximo à saída para o convés, encontrei com Gregory, subitamente.

— Ah, olá, sumido!

— O que está fazendo aqui? – ele disse, um tanto ríspido.

— Procurando uma toalha de mesa. Onde você estava? Estou planejando uma...

— Não interessa, pode ir procurar a toalha em outro lugar?

— O quê? Como assim, Gregory?

— Não sei, princesa. As toalhas de mesa devem estar na copa. Com licença? – Ele apontou para a direção oposta a que eu ia e esperou que eu saísse.

Estranhando, acabei seguindo suas ordens, e quando me toquei do que estava fazendo, me irritei e dei meia volta. Marchei de volta para onde ele tinha ido, com a intenção de confrontá-lo. No corredor, então, ouvi um som baixo e suplicante, parecido com um gemido. Outro se seguiu, e mais outro. Vinham de uma porta estreita e a curiosidade me venceu, apesar de eu já imaginar o que encontraria ali.

De fato, ao abrir a porta, dei de cara com Gregory, aos beijos com uma moça. Provavelmente uma moça de rua. Eles estavam empolgados e quase sem roupa. A mulher tinha as saias levantadas, e Gregory estava praticamente sem camisa, com o cabelo bagunçado e a expressão perdida. Tinha os olhos fechados e nem me viu entrar. Muito menos sair.

Uma náusea forte me atingiu. Eu saí dali depressa, passei em um pequeno quarto onde se guardavam tecidos em geral e improvisei uma toalha de mesa com um grande pedaço de linho Branco e me forcei a esquecer o que tinha visto, por ora. Voltei para o salão comunal, as bochechas Ainda em fogo.

— Todos prontos? Vou soar o sino.

— Prontinho, garota. Faça isso logo ou eu começo sem eles! – Rupert brincou.

Toquei a sineta e em dois minutos, toda a tripulação estava ali. Exceto Gregory e Tatcher. Quando Betrus chegou, gritamos feliz aniversario e ele corou. Depois recebeu vários tapas, puxões de orelha e abraços desajeitados. Pinsley também fez questão de derramar toda a cerveja de sua caneca no coitado. Eu ri bastante com a calorosa recepção e fiz meu prato. Fiz um prato para o capitão também, tinha planos de ir vê-lo e perguntar sobre a minha situação.

Coloquei um pouco de sopa numa tigela e vaguei pelos corredores acarpetado até o gabinete do capitão. Bati duas vezes e ouvi um “entre”. Ao abrir a porta, encontrei-o tomado conhaque com duas mulheres e Gregory, todos sentados em poltronas e rindo de alguma coisa. Reconheci uma das moças como a acompanhante de Gregory.

— Céus. – eu arfei com a cena e derramei um pouco de sopa em meus braços, pois minhas mãos fraquejaram.

Não imaginava que Gregory era desse feitio, muito menos com mais de uma pessoa.

— Diga, garota. – Tatcher me despertou da minha situação.

— E-eu trouxe sopa. Fiz um banquete para Betrus e me perguntei se você não queria comparecer. Desculpe interrompe-los, com licença.

Deixei o prato de sopa em cima da mesa e levei a mão até meu braço queimado com a sopa. A pele desnuda estava vermelha e ardia.

— Eu a acompanho. – Gregory se ofereceu.

Eu recuei imediatamente.

— Não é necessário. Pode continuar com seus negócios. – Eu disse e sai dali.

Andei rápido pelo corredor, mas uma batida de porta, o barulho de passos e a sombra atras de mim me diziam que Gregory me seguia. Fingi que não o vira e me misturei na multidão de homens assim que entrei no salão novamente.

— Se queimou, garota? – Betrus perguntou.

— Ah, não foi nada. A sopa está quente, e eu, avoada. – Brinquei – está gostando? Espero não ter exagerado nas flores. Muitas margaridas?

— Não se preocupe, garota. – ele riu – está tudo muito bom. Não tenho como agradecer.

— Oras! Nem viu nada ainda! Onde está Rupert com a música?

— Não sei, mas vou procurá-lo. Enquanto isso, acho que tem alguém que quer falar com você. – ele apontou para Gregory atras de mim.

Ele tinha um sorriso presunçoso no rosto e fez algum elogio a minha “festa”, que eu nem me dei ao trabalho de ouvir.

— Obrigada. – foi o que eu disse e me virei para encher meu prato, mesmo sem fome.

— Está tudo bem? – ele perguntou.

— Está.

— Não parece. Você está estressada com alguma coisa?

— E com base em que você acha isso? Nem me conhece direito.

— Não, mas conheço as mulheres. E você está estressada.

— É, eu aposto que conhece muito bem.

— o que isso quer dizer?

— Gregory, pare com esse interrogatório sem sentido.

— Pelo menos me diga o que aconteceu. – ele pediu, mas sua expressão mostrava que ele já sabia a resposta é gostava daquilo.

Mas eu não iria dar o gostinho da vitória para ele. Com um prato composto de apenas uma coxa de frango e um pouco e purê de batatas, me virei para ele.

— Aconteceu apenas que eu fui sequestrada por piratas. Quero voltar para casa logo, só isso. Com licença. – coloquei meu prato em suas mãos e sai dali.

Só percebi aonde ia quando já estava no convés. Um vento forte batia ali e ajudou a dissipar o calor da raiva do meu rosto.

Eu não parava de lembrar de como tinha sido idiota. Me imaginava dançando com Gregory e beijando ele no esconderijo do bar, e me sentia como uma tola. Aquilo era ridículo! Eu não podia estar gostando de Gregory, muito menos estar com ciúmes. Entretanto, eu admitia que estava realmente irritada com a companhia dele nesta última hora. Era a última coisa que achei que ele faria, mas Ainda assim....ele era um pirata afinal. É um homem, o que automaticamente fazia dele um cafajeste.

Lembrei do rei, da minha mãe e de tudo o que eu tinha naquele mundo: nada. Mentira. Tinha a Anelize. Mas até ela sairia da minha vida quando eu me casasse e fosse morar longe dali. As minhas opções não eram nada boas. Quando eu chegasse em casa, seria um alvoroço só e o rei já me daria uma lista de coisas a fazer para recuperar o tempo perdido e o drama gerado pelo meu sequestro. E se tudo desse certo, eu iria me casar com alguém que eu mal conhecia, iria para um reino diferente e a única coisa que eu poderia fazer como Rainha seria usar uma tiara dourada e ser chamada de “vossa majestade”. Não podia me esconder como vítima de um bando de piratas para sempre. Logo aquilo tudo ia acabar e eu voltaria para o meu mundo. Querendo eu ou não.

Nem percebi que eu chorava, pois confundi as lágrimas rebeldes com os pingos de água que caiam do céu. Em questão de minutos, uma chuva forte havia se formado, ensopando todo o meu traje pirata. Agradeci por não estarmos em alto mar numa tempestade como aquela, e acabei ficando por ali mesmo, com preguiça de entrar e mudar o meu humor para o modo festa.

— Katherine! O que faz aí? – Gregory gritou da porta do convés.

Olhei para ele e não respondi, me virando novamente para fitar o mar negro.

— Katherine, - ele disse, dessa vez ao meu lado – vamos entrar, venha.

— você não precisa ser minha babá, Gregory. Eu já vou entrar.

— Não, você vem comigo, agora. Vamos. – ele não me deu espaço para responder, já me empurrando para dentro do navio.  – Céus, você está gelada! Pode pegar uma doença séria. O que tinha na cabeça?

— Já te respondi essa pergunta uma vez. – Eu comentei, deixando-o me guiar pelos corredores.

— Mas que droga, Katherine! – Ele praguejou, entrando comigo em meu quarto.

Ambos estávamos ensopados. Ele logo pegou uma manta para enrolar em mim e fechou as cortinas, juntando o máximo de cobertores que conseguiu.

— Não é suficiente! Você ainda está muito fria...- ele comentou – tire a roupa. – ele mandou, tirando a própria camisa.

— Gregory?

— Precisa se esquentar agora, Katherine. Faça o que eu mando, por favor.

Fiquei parada observando ele. Gregory tirou a camisa habilmente, mostrando o que uma vida de esforços físicos lhe garantiu. Depois tirou minha casaca molhada e abriu o corpete, deixando-me apenas com o espartilho e a calça. Em seguida, me puxou para si e me ajeitou sob as cobertas, envolvendo quase todo meu corpo com seus braços quentes. O choque térmico me fez arrepiar em seu abraço e derreter como uma manteiga. Não tinha percebido até então, como estava fria. Por quanto tempo eu tinha ficado na chuva?

Gregory me olhava profundamente e parecia tentar forçar seu corpo a passar mais calor Ainda.

— você é totalmente imprudente, Katherine. – ele comentou e sorriu consigo mesmo.

Aproximou sua boca da minha lentamente até encostar nossos lábios.

— O que acha que está fazendo? Você perdeu o juízo? – eu praticamente gritei, e me afastei dele.

— Perdi. Totalmente. E a culpa é sua.

— Estou falando sério, White. O que deu em você? Não percebe o que você fez? Primeiro me tratou bem e me fez ver coisas onde não tinham. Depois, do nada, surge com uma moça de rua e fica socializando com o capitão! Isso é muito nojento, não quero nem pensar no que vocês fariam. E ainda acha que tem algum direito de vir e ....

— O que? Do que você está falando?

— Não adianta negar, Gregory. Eu vi você com aquela mulher no quartinho. E depois você estava lá no gabinete do capitão.. e eu achando que você era submisso dele...vocês são iguais!

— Você está.... – ele sussurrou, sério e muito baixo, que não pude ouvir direito.

— O que?

— Você está noiva! Noiva! Vai se casar! E fica se engraçando para o meu lado! E eu sei muito bem de como você gosta de se divertir com homens e ...

— O QUE?

— Eu ouvi hoje na vila. Um guarda estava ali perguntando sobre você, e parou no bar para descansar. Colocou um retrato seu com o tal príncipe que é seu noivo, e depois contou que trabalhou um tempo no palácio e que vocês dois tiveram várias aventuras.

— Você só pode estar de brincadeira!

— É isso que você acha, não é? Que é tudo uma brincadeira de criança mimada, tentando achar algo divertido para fazer aqui enquanto seus soldados não nos acham e nos enforcam...  Mas não é bem assim que as coisas funcionam.

— Gregory! Chega disso! Você realmente acreditou no que um idiota como aquele guarda contou? Não passou pela sua cabeça que ele estava inventando? Desde quando conversa de bar tem algum fundo verdadeiro?

— Não sei, não pensei em nada na hora. Depois de ver o seu retrato com o seu noivo, eu acreditaria em qualquer coisa. Me diga, é mentira isso? Nega que está noiva?

— Eu...não. Não nego. Conheci meu noivo no dia que vocês me sequestraram. Eu não achei que era relevante, e depois de toda essa polêmica, achei que ele desistiria do casamento. Mas o que isso tem a ver com o resto?

— Isso...não sei. Fiquei com tanta raiva de você no momento que quando as duas moças apareceram, eu...não pensei. – Ele se sentou na cama. – Não quero que pense que eu faço isso com frequência. Nunca o fiz, na verdade. Só acompanho as moças até o capitão. Nunca usei o...serviço delas.

— Até hoje.

— Sim. Mas as duas vieram a pedido do capitão. Eu só...bem, tirei uma casquinha antes de entregá-las. E depois, estava com tanta raiva de você que achei que precisava me vingar...de alguma forma. – ele dizia, quase que para si mesmo.

Os cabelos escuros dele já estavam quase secos, e caiam sobre seus olhos de vez em quando.

— Isso é ridículo! Descobriu que eu estava noiva e para se vingar de mim ficou com uma mulher?!

— Não. Sim. Eu não fiquei com ela. Apenas nos beijamos. E você não viu o cartaz que fizeram de você. Esta toda apaixonada por ele, encolhida em seu abraço e sorrindo pra ele.

— eu nunca fiz isso. Devo ter falado com ele por uns cinco minutos. Alguém pintou isso a partir do nada.

— Bom, a questão é que agora não tiro a imagem de você com outro homem da minha cabeça.

— Ah, e eu? Eu vi você com outra mulher. Não preciso imaginar.

Ele olhou para mim, o canto da boca levantado num meio sorriso. Os olhos maliciosos.

— Sei de outra imagem melhor para termos na cabeça, então. – ele se aproximou.

— Você só pode estar brincando! Acha que é assim? Eu sou a vítima aqui. E você é um pirata! O que acha que vai acontecer? Não chegue mais perto. – eu dizia, mas o tom da minha voz é a minha própria expressão me traiam, de forma que Gregory continuava a se aproximar.

Determinada a fazer alguma coisa, coloquei-o pra fora do quarto.

— Estamos tendo uma festa aqui. E eu preciso me trocar. Com licença. – disse e fechei a porta  a sua cara.


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