Não fazia nem um dia que a realeza do Canadá havia chegado ao castelo du’Paris e eu já não aguentava mais minha mãe falando sobre Justin com uma devoção que parecia deixá-la disposta a beijar o chão em que o herdeiro do Canadá pisava.

— Ele é extremamente amável, não? E de um carisma impressionante...  – ela continuava falando enquanto tomávamos chá com Patricia no jardim sul

— Sim, extremamente. – Patricia continuou falando dando corda a minha mãe – O criei muito bem.

Suspirei e comecei a brincar com as bordas em renda do meu vestido azul. Ele era grande e muito pesado, parecia me arrastar enquanto usava-o, mas era muito bonito também, de um azul turmalina quase da cor dos mares do Mediterrâneo e comprido também. Ele pinicava bastante. Tanto que eu estava louca para poder sair do jardim com aquele calor, ir pra dentro do castelo e poder tirar todas as quatro saias de armação que eu usava por baixo dele.

Soltei as borás do meu vestido em um pequeno susto quando minha mãe disse com muita tranquilidade.

— Seria ótimo se ele arranjasse uma boa companhia não? Alguém com que pudesse contar totalmente quando se tornar o rei.

Fiquei pasma por alguns segundos antes de ver Patricia sorrindo e concordando.

— Sim, seria absolutamente divino. Uma boa companheira é tudo que eu desejo pra ele.

Minha mãe me observava com um dos seus melhores sorrisos. Aquele que ela usava quando sabia que conseguiria o que queria sem precisar de muito esforço. A mente dele já havia somado dois mais dois; eu preciso de alguém para ser rainha, a mãe do herdeiro do Canadá quer alguém para governar com o filho, ela percebeu que o que ela planejou daria certo. Ela só precisava vender essa ideia para a nossa visita.

E eu iria embora antes de ver isso acontecer.

— Com licença, não me sinto muito bem. – eu disse me levantando e segurando meu vestido, levantando sua barra para longe do chão – Acho que já vou entrar, tentar descansar um pouco no meu quarto antes da hora do jantar.

Ambas concordaram com a cabeça e minha mãe sorriu para mim.

— Claro, querida, vá. Vou ficar aqui mais um pouco conversando com Patricia.

Dei um grande sorriso falso pras intenções de minha mãe e me virei de costas pronta para bolar mais um plano infalível.

Eu iria impedir que os planos de minha mãe tivessem êxito, nem que eu tivesse que mudar as leis do país.