Inverno escrita por Shelter For Crazy


Capítulo 1
Capítulo 1: Duas da Manhã




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Era uma noite fria, assim como todas na pequena ilha que se escondia em meio a um enorme oceano. Especialmente naquela época do ano, onde pudera ouvir o inverno praticamente sussurrando para os Vikings que lá abitavam. Todas as luzes, seja lá como sejam feitas, velas, lareiras, dragões, tudo estava apagado. A pequena ilha se iluminava apenas com a clara luz da lua, e dos milhares de estrelas nos céus.

Tudo estava incrivelmente calmo e silencioso, assim como é de se esperar de uma ilha tão pequena, em um lugar tão isolado, com habitantes tão exaustos devido ao duro trabalho manual que, apesar de tudo, ainda tinham que exercer. Poderia se dizer que aquilo era um descanso dado pelos deuses, em retribuição a todo trabalho e esforço que os habitantes daquela ilha em especial estavam fazendo nos últimos meses, ajudando outras tribos e clãs.

Sim, até mesmo os Deuses reconheciam o grande esforço que aquela pequena ilha havia tendo, afinal é muito raro - ouso dizer quase impossível - um chefe que se preocupe com ilhas vizinhas ou/e aliadas. Afinal já é um fardo auto sustentar-se naquela época. Porém, dessa vez, os moradores daquela pequena ilha tinham algo que poucas outras - ou melhor, nenhuma - tinha, ou aumenos sonhava em ter. Eles tinham dragões. Ou melhor, um líder que comandava, através da mais pura e voluntaria confiança, incríveis criaturas/feras conhecidas como dragões. Fator o qual ajudava e acelerava muito as coisas naquela ilha.

Você leu corretamente, dragões! Provavelmente está confuso, pois o antigo narrador pode tê-los confundido, chamando os seres de "animaizinhos de estimação". Afinal, como um ser que deveria servir apenas para diversão para família, poderia servir para trabalhos como estes, independente de sua força ou dor. E eu, tenho o prazer em lhe dizer que, os Dragões são muito mais que simples animais de estimação. Realmente há muito afeto por eles, porém isso não significa que não haja maneira de tirar proveito de seus instintos de sobrevivência. 

Muitas tarefas eram organizadas e executadas com ajuda dos dragões, como girar engrenagens duras - Oque geralmente exigiria muitos homens fortes e saudáveis, mas é facilmente substituível por três dragões bebê ou idosos - ou ajudar no transporte de cargas. Porem, como já mencionei isso não impedia o povo de exaustar-se. Não por causa das exigências do Líder quanto a quantidade ou doação para outras ilhas. Mas pelo simples fato de que, há coisas que nenhum dragão pode substituir.

E, em função a isso, o silêncio calmo e relaxante que pairava sobre a ilha. E eu ele poderia até permanência assim, se não fosse por um nadder mortal e um fúria da noite que o quebravam tão rapidamente quanto um relâmpago em uma tempestade. Suas azas cortavam o vento como espadas extremamente afiadas E seu impacto sobre a água a qual planavam, assemelhava-se  as batidas fortes de tambores, dadas para conduzir os remos em um navio de guerra. Eles desenhavam nas nuvens, como uma criança inspirada desenhava vários fios do cabelo de sua mãe.

Porem, esse pequeno "algazar" não durou muito, afinal, eles apenas estavam terminando o "passeio" com chave de ouro. Então, ambos pousaram - quase que ao mesmo tempo - bem próximos um do outro - perto de uma simples casa viking com fundo para floresta - sem fazer muito barulho. E desses dragões desceram duas pessoas, um jovem rapaz deveras magro e carregado de pertences em suas vestes, e uma moça cabelos loiros, que lembravam os ais mais fracos do sol. Pessoas as quais eram muito importantes para essa ilha. 

O Rapaz, apesar de jovem, já se encontrava em um papel muito importante e superior - o líder - assim como seu já falecido pai era na sua idade. E, embora deveras magro em comparação com o resto de seu clã, ele não deixava nada a desejar para certas mulheres, Soluço era seu nome. Já a moça era a capitã da guarda, batia na linha de frente, junto dos melhor dos melhores soldados das regiões. Também conhecida como futura senhora de Berck - estava noiva do líder - Ela aparentava ser extremamente saudável e bem formada, apesar das varias cicatrizes e roxos que escondia atrás de suas roupas.

Cicatrizes essa que foram dadas ao longo de seu de sua vida. Tanto na infância - quando fugira ou até mesmo enfrentara dragões selvagens e perigosos- como na adolescência - quando lutava contra soldados de clãs inimigos em guerras travadas pelo "filho do chefe", que é hoje chamado de líder - e claro, quando jovem adulta, mais ainda - embora o líder sempre busque uma maneira de trazer a paz, nada pode impedir alguns clãs tradicionais e sanguinários de clamar guerras - E, como podemos perceber, a quantidade - e frequência - tende a aumentar conforme a moça crescia. Seu nome era Astrid

Quando os cavalheiros desceram de seus dragões - que já estavam exaustos - pode ouvir-se algo como um suspiro simultâneo vindo dos dragões. E por um segundo, Soluço convenceu-se de que talvez tenha exagerado quanto a perder a noção do tempo. Porem isso logo foi deixado de lado, pois em menos de dois minutos os dragões já se encontravam brincando, babando, e pulando um encima do outro.

Enquanto Soluço arrumava seu traje de voo, Astrid alongava seus braços e pernas, em meio a bocejos longos e sonolentos, assim deixando uma pequena parte de sua cintura amostra. E justamente essa pequena parte de seu corpo chamou especificamente a atenção de Soluço, não porque era algo "atraente" - apesar de ser - mas por causa de uma pequena - porem significativa - cicatriz, a qual ele podia jurar que não tinha visto antes.

— Bela cicatriz - Ele falou sarcasticamente - É nova?

— Oque você acha? - Ela respondeu, virando-se para ele com um olhar sarcasticamente orgulhoso - Muito pequena?

— Soluço se apoia em uma pedra com o Cóccix e o inicio da coluna. Sua primeira reação foi uma pequena e singela risada baixa, mas depois de 2,01 segundos, ele tomara conta do que ele acabara de rir, e por ventura, toma um tom mais serio porem ainda sarcásticos - E você vai me contar como conseguiu?

— Não - Astrid falou chamando tempestade com um assobio para ajustando a força de sua cela - Eu vou pra casa - Ela caminhou para perto dele - Dormir

— Mas já?! - Ele fala soltando os braços - Ainda está tão cedo - ele completa se inclinando enquanto olha fixamente para ela.

— Imagina! são só 2 da manhã - Astrid comenta sarcasticamente - Cedinho!

—Bem... - Soluço posicionou direita sua mão na cintura dela discretamente - Eu sou o Chefe - Logo ele a puxa para muito mais perto, assim fazendo seus corpos ficarem completamente colados um ao outro, dando total direito de sentir cada volume e/ou circunferência - então se eu digo que ainda é cedo - os dedos de sua mão esquerda percorreram a testa de Astrid, pondo os poucos fios soltos e curtos que formavam degradadamente uma franja atrás de sua orelha, e depois descendo para o seu queixo - é porque ainda é cedo - Logo ele posiciona sua mão direita no pescoço dela. 

— Ambos se aproximavam vagarosamente, enquanto suas pálpebras fechavam quase que simultaneamente. Mas, pouco antes que o calor corporal efervescente de ambos pudesse consumi-los por completo em meio aquela noite fria e calma.  Astrid, por um tapa que sua própria consciência dera em si mesma, retomou a linha de raciocínio, e assim, posicionou sua mãos sobre as de Soluço e completou - Mas... - essa pequena palavra monossílaba, que em meio ao frio congelante, foi o suficiente para que eles se afastassem milimetricamente - Minha mãe - Astrid levara vagarosamente as mãos de Soluço para longe de qualquer ponto frágil, deixando-as mais para baixo - Não liga para isso.

— Soluço nem tentou abrir uma nova discussão sobre quem exerce mais poder sobre Astrid, afinal, ele sabia que era inútil competir com uma mulher como a mãe de Astrid. Assim, ele apenas revirou os olhos e falou - Está bem - Seguido de um beijo na bochecha - Te vejo amanhã.

—Ok, tchau - Astrid se vira com intuito de seguir o caminho para sua casa. Mas no meio do caminho, ela inusitadamente lembrou-se de algo que parecera útil comentar - Aliás, não - Ela vira-se novamente para Soluço - Amanhã eu tenho treinamento complementar.

Astrid se referia a uma espécie de reforço para os soldados mais fracos, ou mais novos. Astrid era uma das principais treinadoras das melhores turmas em suas horas vagas. E Soluço teria que entender tais prioridades se não quisesse perder a outra perna, afinal, ela fazia questão de fechar o semestre com a turma mais avançada. E ela estava prestes a ganhar pela segunda vez seguida.

—Então... - Soluço procurara em sua agenda mental alguma brecha para encaixa-la - Talvez quin...

—Não, vou ajuda-los com musculação adequada - E novamente, Soluço voltara a estaca zero - provavelmente só vamos nos ver no dia da entrada do grande salão.

O dia da entrada do grande salão era o dia mais importante da temporada. Todos da ilha pegavam todo seu estoque de comida e animais, e vinha com toda sua família para dentro do grande salão, onde ficariam abrigados até o fim do inverno - Oque levaria em torno de três meses ou mais - onde teriam abrigo e segurança.

Assim que banguela reconhece tais palavras, ele para imediatamente de morder a orelha de sua companheira Tempestade, e dirige sua atenção a complexa conversa dos humanos. Independente de ser um dragão ou não, ele estava tão preocupado em ver sua "parceira" quanto Soluço, e o mesmo pode-se dizer de tempestade.

E como é de se esperar, Soluço não gostara nada da resposta dada por Astrid pela milésima vez no mês ele se sentira mal com a falta de tempo devido aos cargos avançados os quais eles exerciam. Afinal, já não fora muito confortável o horário de almoço de Astrid ter diminuído - por motivos que ela afirmou não saber ao transmitir a noticia - assim os fazendo terem aproximadamente sete minutos realente disponíveis para ficarem juntos.

Porém, apesar de não se sentir bem com a situação, Soluço se sentiu na obrigação de engolir toda a inútil reclamação sobre o pouco tempo que tinham juntado - que geralmente se restringia a uma ou duas madrugadas por semana - Afinal, com a chegada do Inverno viriam também as "ferias" da guarda de Berck, oque os daria muito tempo para planejar o seu casamento, e ter todas as brigas das quais ele sentia tanta falta.

— Apesar de todo "consolo" que ele falava para si mesmo, Soluço não pode evitar torcer levemente o lábio inferior ao falar - Está bem... - De forma resmungona e desconfortável.

— Gesto esse que foi retribuído por Astrid com apenas um franzir de sobrancelhas repreendendo-o por seu "resmungo", afinal, para ela, aquele intervalo de tempo não era tão grande considerando tudo que acontecera nos últimos cinco anos - Então, tchau - Falou ela em um tom sutil de ironia.

Soluço apenas revirou os olhos enquanto Astrid caminhava para sua casa. Ele já estava mais do que acostumado com atitudes "altruístas" que Astrid tomara vez em quanto, oque o fazia no fundo se questionar porque ficara calado, porque não argumentar e discutir com... Astrid Hofferson. Bem, o final da pergunta já a respondia. 

Banguela deu uma última lambida em sua amiga Tempestade, pouco antes de ela levantar voo até a janela do quarto de sua dona. Pode-se ouvir um pequeno grunido vindo do dragão, como se ele falasse baixo "não vá, volte, fique aqui, eu não quero ter que voltar para aquele quarto fedido" oque provavelmente levaria Soluço a responder "olha só quem está me chamando de fedido...". Mas por problemas de "o banguela não fala no filme" isso jamais aconteceu.

— Mas, apesar de tudo, Soluço reconhecia quando seu dragão estava sentindo-se solitário, e achou adequado reconforta lhe com - Ei! Não se preocupe! - Soluço abaixou-se um pouco para começar a acariciar a cabeça de Banguela - Logo estaremos todos no grande salão, comemorando o grande feriado dia e noite - Soluço espremia as palavras de sua boca, como um viking zangado espreme limões no verão, ele estava com tanto sono quanto todo resto da ilha, e no fundo questionava-se se fora realmente uma boa ideia insistir com esses encontros de madrugada, apesar de que mesmo se tivesse total certeza que não fora, ele ainda os teria - Tenho certeza que poderão brincar muito lá - Mas acima de tudo, Soluço sabia que no fundo ele não se referia a Banguela e Tempestade.

O jovem deu passos leves e pesados de sono até a porta de sua casa, notou que seu sapato ficou úmido com a neve fia e clara na qual ele pisara ao caminhar pela pequena trilha que a brama morta formava até a porta de sua casa. Já apoiado na porta de entrada de sua casa, Soluço retirou sua bota úmida, deixando-a no chão, para que pegasse com a mão que não estava apoiada na parede. Ele a trouce para seu campo visual, para que pudesse examina-la mais cuidadosamente, afinal ninguém quer usar uma bota congelada logo de manhã.

Ao levantar a bota para perto - mas não muito - de seu rosto, Soluço pode sentir o frio congelante da água virando gelo batendo em seu rosto, que por sorte, estava cansado de mais com a falta de sono para notar o quanto aquilo estava gelado. "Talvez eu possa usar a bota do outro pé..." Brincou ele - em seus pensamentos - com o fato de só ter uma perna. Soluço deu uma pequena risada interna - oque resultou em um pequeno sorriso de canto de rosto - pouco antes de redirigir seu olhar para o resto da ilha, que se encontrava em um estado de quase frio estremo.

Por um segundo Soluço se sentiu muito preocupado, como de costume. Ele já pensara sobre esse inverno, e não era um exagero, ou nervosismo - afinal esse já não era seu primeiro inverno exercendo o papel de líder do Clã - havia um motivo muito mais plausível. O numero da ilha havia dobrado dês do último ano, e Soluço sabia que nunca na história do arquipélago havia se passado algum inverno ninguém morreu. Até mesmo os melhores e mais exigentes lideres conseguiram salvar todos, fato que levava ele a se questionar do porque supor que ele talvez conseguisse.

Soluço soltou um suspiro longo e abafado, como se libertasse, de uma só vez, uma vontade reprimida de gritar com sigo mesmo. Ele podia sentir o clima esfriando. A ventania congelante que coria pela região próxima de seu rosto, se combinava com a umidade no ar, e formava pequenos flocos de neve que ficavam presos em seus cabelos escuros e lisos. 

E assim, Soluço chacoalhou sua cabeça fazendo o pouco de neve que havia se acumulado em seu cabelo cair, retomou seu olhar otimista e dedicado, e colocou se pé no chão quase congelado, para que parasse de se apoiar em uma porta velha de madeira. E com muita dificuldade, arrastou a porta vagarosamente - com intuito de não fazer barulho, para não acordar sua mãe - e entrou em sua casa.

Logo que entrou, seguido de Banguela, ele rapidamente se dirigiu a porta, trancando-a novamente em uma tentativa inútil de não chamar a atenção pela manhã. Porem, assim que o jovem se virou para se dirigir ao seu quarto, ele se deparou com uma criatura que quando fora encontrada, ele não fazia a menor ideia de que viria a ser algo constantemente perturbante em sua rotina.

—Um pouco tarde para chegar em casa, não? - Falou sua mãe, a criatura perturbadora de rotinas, que se encontrava sentada na típica poltrona de seu marido já falecido, segurando uma vela para clarear seu rosto e sua visão

— Soluço, deveras assustado com a inesperada aparição de sua mãe, deu dois passos para trás, batendo sua cabeça na quina da porta - Ai - Valka deu uma pequena risada abafada, que expressava exatamente oque ela queria dizer no momento, algo como "bem feito" - Não tem graça, você me assustou - Soluço fala já se dirigindo ao uma mesa de madeira bruta, que fora mal talhada em meio a um outono frio e sórdido.

—Eu te assustei? - Ela exclamou levantando uma de suas sobrancelhas, como se brincasse com as palavras que acabara de repetir- Mas é claro, afinal eu nem desapareci durante 5 horas! - Ela falava em um tom sarcasticamente alegre, com um sorriso sábio nos lábios, com um ar de que havia falado algo que simplesmente não havia resposta se não "me desculpe". Por um cruto momento, Soluço pensou em responder "6 horas" no intuito de corrigir sua mãe, mas como qualquer ser que tenha um cérebro saberia que aquele não era um momento bom para acrescentar tal informação.

Soluço respirou fundo enquanto torcia seus lábios e franzia as sobrancelhas. Uma parte dele - ou aumenos a que ele, por ventura, deixara a mostra - queria apenas deitar em sua velha e antiga cama, que se encontrava em seu sujo, desarrumado, e querido quarto. Já a outra parte - Que já se encontrava bem obsoleta, desgastada, e quase completamente apagada devido a situação - sabia dessa pequena consequência, e estava pronta para receber essa bronca. Sinto que não há necessidade de dizer qual prevalecia sobre as suas ações.

Soluço apenas despejou a menor parte de seu material de voo sobre a pequena mesa de canto, pouco antes de ir desabotoando e retirando as maiores peças uma por uma. Dentro de sua cabeça, ele visava uma longa e complexa discussão sobre suas responsabilidades, sua vida, seu bem estar, e todos os outros assuntos que eram diariamente "discutidos". Porem, por fora, ele apenas permanecia calado com uma expressão seria, que, vez em quando, vagarosamente virava uma expressão de desconforto, ou até de ironia. 

—Então você vai ficar ai? - Reinsistiu Valka em um tom suave de bronca. Ela dava paços leves e sutis - mas duros o bastante para notar sua aproximação - em direção a Soluço, que continuava calado - Calado...? - E por mais repreensivo que isso pareça, ela ainda mantinha um leve sorriso nos lábios, e um olhar sarcástico: porem, é claro, isso era algo completamente relevante no momento, não?

Pode-se ouvir um pequeno e abafado suspiro segundos antes de Soluço colocara última peça significantemente desagradável de se usar de seu traje de voo encima da mesa de madeira, e baixar a cabeça sob os ombros, assim jogando seu peso sobre seus braços, e aponhando-se na pequena mesa de canto. Por um quino de um minuto, ele penas fechou lentamente os olhos, puxou o máximo de folego que seus pulmões puderam aguentar, e por fim, virou-se para sua mãe. E, ainda jogando seu peso nobre os braços, e apoiando-se na mesma pequena mesa, respondeu:

— Olá para você também, mãe - Ele respondeu em um até de... Coragem? Burrice? Tudo que pode se dizer é que tais palavras foram capazes de fazer Valka não sentir necessidade de falar; assim apenas levantando uma sobrancelha, e a parte inferior das pálpebras de seus olhos. E sim, isso foi o suficiente para Soluço entender que ela queria respostas, não falas educativas, ela era uma Viking, já era de se esperar da parte dele. E com depois de uma sutil revirada de olhos ele completa - É que... O Banguela queria dar uma volta e...

Antes que o Jovem pudesse terminar a frase -seja ela uma verdade ou apenas uma desculpa - seu "fiel" companheiro, conhecido mais popularmente como "Banguela" senta-se ao Lado de Valka, empurrando sua própria cabeça contra o braço dela enquanto ronrona forçando suas pupilas, como se falasse "Não fui eu, ele me forçou!"

— Os olhos de Valka percorreram a cobertura de escamas em busca de uma simples falha em sua cobertura de escamas, oque provaria que o pobre animal estava cansado, e não fizera aquilo por vontade própria - Pois bem... - E quando ela chegara na parte final de sua coluno, por má sorte do jovem, ela achou uma pequena falha, e ele sabia muito bem que ela sabia identificar coisas como estas - Ele não parece ter gostado muito do passeio - Ela o responde, com um ar de sarcasmo.

— Muito obrigado pela ajuda... - Ele comentou, se referindo ao dragão.

A mão esquerda de Valka deslizou pelo pescoço de Banguela, assim, chegado a sua cabeça - mais especificamente atrás de sua orelha - onde ela começara a acaricia-lo, fazendo-o ronronar e levantar a cabeça, assim prendendo a atenção de Soluço e dela mesma, assim se inclinando levemente para poder acariciar também a parte superior de seu pescoço. Porem, ao lembrar-se da primeira vez que descobriu que Banguela gostava de carinho nesse lugar, Soluço acidentalmente deixou escapar uma pequena e rápida risada interna bem abafada, mas alta o suficiente para fazer os olhos de sua mãe se dirigirem ao ele. 

— E como é de se imaginar, Soluço, ocupado em seus devaneios de sua adolescência, nem notou que a atenção chamada sobre a pequena risada já fora o suficiente para relembrar o maravilhoso horário que ele chegara em casa. Valka voltou a sua postura completamente esticada, porem permaneceu com o sorriso caloroso que ela sempre guardava - E então? - Ela falou, já olhando fixamente para ele, a espera de uma resposta.

— Assim que ouviu tais palavras vinda de sua mãe, Soluço saiu de seus devaneios e lembranças nostálgicas, e voltou a desconfortável realidade. Porém... Não totalmente - Oque? - Perguntou Soluço a tentativa de se reajustar na situação.

— Você vai me dizer por que chegou tarde em casa? - Valka respondeu levantando as sobrancelhas - Ou eu vou ter que te mandar para o seu quarto de castigo? - Ela completa, quase rindo de sua própria piada.

—Ah, isso... - E em fim ele toma conta da realidade novamente, e volta para a "agradável" situação a qual ele mesmo se encontra - Eu apenas estava...

— E antes que Soluço pudesse terminar a sua incrível e criativa desculpa esfarrapada, um outro Viking  loiro e meio calvo, de mais ou menos dois metros de altura, que ate então estava escondido na grande sombra que se formava no local onde ficava a mesa de jantar o interrompe - Ele estava em mais um daquele encontros noturnos com a Astrid de novo - Soluço se arrepia com a voz inesperada vinda de trás dele mesmo, assim virando-se rapidamente logo no inicio da primeira palavra dita.

— Bocão!? Mas oque... - Soluço tentou falar, porém foi interrompido novamente pelos "adultos" do local.

— Ele está realmente fazendo isso? Eu achei que fosse uma piada quando me falou - Interrompeu Valka, se dirigindo a Bocão, e caminhando a passos leves para mais próximo dele.

— É sério, não os-viu lá fora agora pouco - Bocão fala, ao dar mais um gole da bebida extremamente alcoólica encontrado em sua enorme caneca - Cheguei a achar que ele não voltaria hoje depois de...

—Ah... Tem como pra parar de falarmos da minha vida? - Soluço comenta, tentando, de forma bem forçada, desviar o assunto o qual Bocão estava prestes a comentar com sua mãe.

—Não precisa ter vergonha de que eu saiba sobre sua vida "amorosa" - Valka fala posicionando sua mão esquerda na cintura, e gesticulando com a outra - Eu e Astrid já falamos sobre tudo isso.

—Ah, sim, mas mesmo assim eu... - E em um décimo de segundo, os neurônios de Soluço finalmente se comunicam novamente e ele enfim entende o verdadeiro significado do que sua mãe acabara de falar, assim fazendo-o travar em choque por alguns segundos - Espere... - ele torce as sobrancelhas em questionamento sobre oque acabara de ouvir - Quando foi que você e Astrid...

—Nos almoços ora - Valka fala sorridente, mesmo ciente de que seu filho houvera simplesmente ignorando-a quando ela comentara dos almoços que tivera com sua futura nora, pois no fundo, aquilo não a abalava tanto. Afinal, já estava acostumada com tal atitude dês de muito antes de Soluço nascer - eu já te falei sobre eles.

— Ér... - Ainda confuso Soluço posiciona sua mão atrás de sua cabeça, coçando a parte inferior de sua nuca - Falou? - Ele completa retorcendo os olhos, como se abaixasse a cabeça como um cachorro que sabe que errou berrante a pergunta que ele reconhece ser estupida.

— Valka, ao notar que Soluço deixara explícito que simplesmente não houvera escutado uma palavra que ela comentara durante o Jantar, cedeu a si mesma, e resolveu explicar novamente para o garoto. Assim aproximando-se sobre passos curtos e leves - Bem, como você não tem tempo de vir aqui em casa para almoçar, e o horário de almoço da Astrid se estendeu, eu convidei ela para almoçar junto comigo.

Soluço se dividia entre o desespero de oque Astrid teria comentado durante esses incríveis almoços entre amigas que ela andara realizando com sua mãe. E a angustia de saber que Astrid havia mentido sobre a redução obrigatória no horário de almoço, que na verdade era apenas um reajuste de horários, que provavelmente não houvera sido obrigatório, oque o levou a conclusão de que ela simplesmente trocara o pouco tempo que ela tinha com, por um almoço com uma amiga. Se isso vai levar a uma crise de ciúmes? Provavelmente.

— Inclusive essa crise poderia ser provocada neste exato momento, mas infelizmente foi evitada, pois seu foco era em tirar o grande Viking loiro de sua sala, levar sua mãe apara o quarto dela e faze-la esquecer tudo que acontecera, e, finalmente, dormir! Sim, dormir! Cair que nem um pedra cachada nas cobertas quentes e no aconchego de seu travesseiro - Mãe, eu...

— E por falar nela, como vão os preparativos para o Casamento? - Valka comenta empolgada interrompendo Soluço novamente - Já decidiram se a coroa dela vai ser de flores ou metal?

— E-Eu não sei - E, por ventura, Soluço foi completamente afastado de seu objetivo principal com apenas uma pergunta - eu acho que é ela que decide essas coisas, quer dizer... - Ele completa relaxando seu tronco, reposicionando a posição de sua perna, assim redistribuindo seu peso sobre seu corpo, e gesticulando com as mãos.

— Oh, está bem, vejo que ainda não tiveram muito tempo para falar sobre isso - Valka comenta se sentando em uma cadeira próxima, e servindo-se da mesma bebida extremamente alcoólica o qual Bocão degustava tão satisfeitamente.

Pode parecer insignificante, mas esse pequeno comentário de Valka, fez Soluço redirecionar seu atenção para a outra angustia que o perturbava. O fato de que Astrid havia mentindo para ele, na intenção de troca-lo por alguns minutos com amiga, e mãe dele. Oque, além de estranho, o fazia se perguntar: "por quê?". Porque Astrid preferiu se dar o trabalho de pedir um ajuste de horário, ao ficar mais tempo com ele? Será porque as brigas casuais na verdade são mais incomodas para Astrid do que ele imaginava? Ou talvez por causa da falta de conato físico que ambos passavam a um tempo? 

Perguntas como essa passaram por um raio de segundo na cabeça do jovem, tempo suficiente para fazê-lo tirar o leve sorriso de seu rosto, relaxar as sobrancelhas, e assim transformar sua face em algo que demonstra explicitamente preocupação. Assim atraindo a atenção de Bocão, que achou uma boa ideia aplicar a mesma solução que ele utilizava com Estorrico.

— Mas que cara de fome é esse rapaz! Venha aqui! - Bocão fala alto, puxando Soluço para sentar em uma cadeira e fazendo-o sentar - Eu tenho a solução pata tooodos os seus problemas - Ele completa oferecendo uma dose da bebida extremamente alcoólica.

Soluço não teve a mínima chance de recusar a bebida oferecida por Bocão, afinal, ele mal havia sentido seu cheiro, e já a encontrara quase transbordando em sua caneca.

E neste pequeno fragmento de segundo uma duvida sutilmente peculiar veia a mente de Soluço. Ele perguntara-se quando - e como - sua mãe iria iniciar a maravilhosa orquestra de sermões que obviamente já preparava na ponta da língua quando ele chegara em casa. Uma parte de Soluço sentia-se muito atraído a ideia de aproveitar a oportunidade e apenar beber logo a bebida extremamente alcoólica que se encontrava em seu copo. Já a outra parte, questionava-se sobre a possibilidade de sua mãe ter adquirido Alzheimer.

— Você não... - Soluço precisou de mais apenas meios segundo para convencer-se de que ele não estava agendando a própria morte, assim excitando em completar a frase com - ...não vai... - E precisou de mais meio segundo para encontrar uma palavra que fosse menos infantil do que "sermão" ou "bronca" - Não sei... Ficar brava comigo?

— Valka abaixa sua caneca desordenadamente enquanto tenta lidar com a leve tontura que a acompanhava apos beber algo tão forte, e o responde com o olhar mais calmo que se pode imaginar - E porque eu deveria?

— E assim que Soluço processara oque sua mãe acabara de falar, ele percebe que a parte que desejava ele apenas ficasse calada agora gritava forte mais do que nunca devido a tal provocação - Bem... - E em um impulso dado pela sua consciência, Soluço completa - Você sabe... - Soluço posiciona uma de suas mãos na parte inferior de sua nuca, fazendo seu dedo indicador brincar com a pequena traça que Astrid fizera mais cedo -  Por eu ter chegado tarde, mesmo sabendo que tenho que trabalhar cedo amanhã...

— Ela franziu as sobrancelhas - Soluço... - Valka responde em um tom quase de deboche - Você já tem 22 anos! E é o líder de Berk! Não acha que já está muito velho para eu ter que ficar brava com isso? - Ela completa, dessa vez, definitivamente em um tom de deboche.

— Bem... - Soluço reposiciona seu sua mão, que antes coçara a parte inferior de sua nuca, e agora se encontrava coçando o pulso do outro braço, que estava levemente irritado devido ao tecido da parte da camisa - Você parecia meio brava quando eu cheguei... - Ele comenta revirando os olhos em sua direção, encarando-a

— Soluço, eu não estava brava por você ter chegado tarde - Ela explica em um tom calmo, e com menos deboche dessa vez - Eu estava brava porque você sumiu por horas sem avisar! - Ela completa inclinando a cabeça para dar ênfase a frase.

— Ah, está bem - E assim que Soluço falou tais palavras, Valka voltou a beber sua bebida calmamente. Porém, apesar da pequena explicação que ele arrancara de sua mãe, ainda lhe restava uma duvida, que, aumenos dessa vez, não o trazia mal algum em perguntar - Então... Porque não está mais...

Valka engoliu a pequena quantidade da bebida alcoólica que se encontrava em sua boca, piscou varias vezes em função disso, e em meio as três ou quatro segundos que ela levou para presar a informação, ela virou sutilmente sua cabeça na direção de Soluço, assim o encarando novamente

— E por fim, quando finalmente sentiu-se apta a responder a pergunta de Soluço, Valka suspirou pouco antes de ocupar seus lábios com um sutil sorriso, e respondeu - Por que agora eu sei que você estava com a Astrid - Apesar do quão obvia era a resposta que sua mãe dera, Soluço não conseguira entender porque tal coisa justificava outra, e vendo isso estampado na face de Soluço, Valka completou - Afinal... Seja lá oque vocês estiverem fazendo - Valka segurou-se fortemente para não ter um ataque de riso ao pronunciar essa parte da frase - Sei que vocês não são tão loucos a ponto de causar qualquer tipo de problema - E essa também.

— Se eles forem só um pouquinho parecidos com você e o Estorrico - Comenta Bocão - Acredite, deveríamos nos preocupar, e MUITO! 

Apesar de essa piada parecer tosca para Soluço, para Valka, aquilo provocou um ataque incansável de risos. Mas por incrível que pareça, aquilo não foi algo que afetou muito Soluço, ele apenas ignorara todas e quais querem referencias sobre as atrocidades possíveis que duas pessoas cometeram em uma cama. Oque não foi muito difícil, afinal, logo ele voltou a beber.

Soluço engoliu em seco, e assim que pegou a sua caneca a qual estava cheia ate a borda de uma bebida tão alcoólica que podia fazê-lo sentir a enorme ressaca que teria na manhã seguinte, a trouxe para mais próximo de si, assim pudendo logo sentir o cheiro explicito de álcool e frutas alucinógenas, e sentir seus olhos lacrimejarem sem nem mesmo ter colocado na boca. Soluço revistou o cenário a minha volta com um olhar discreto, assim vendo bocão virar tudo de uma vez só - oque doeu em seu próprio esôfago - e sua mãe molhando sutilmente os lábios, bebendo aos poucos, com toda calma do mundo.

E assim, em um golpe de coragem - e pura burrice - Soluço bebeu rapidamente um grande gole, e assim logo sentiu o impacto da bebida extremamente alcoólica descendo pela sua garganta: Olhos lacrimejando, sua face ficando avermelhado, todo o caminho dês de sua língua, ao final de seu esôfago, etc... Naquele momento Soluço chegou a conclusão de que era melhor "começar essas noites" com algo mais "leve", principalmente depois de passar quase três meses sem tocar em álcool. 

Já Valka, apesar de aparentar beber de sua caneca bem calmamente, uma pequena duvida persiste em sua mente. Uma duvida que, apesar de ter sido esquecida por segundo, logo foi lembrada ao simples gesto de olhar para o lado. Então, na ideia de fala-la, Valka desceu sua caneca sutilmente, revirando seus olhos curiosos, porem calmos, diretamente para soluço novamente - A quanto tempo você e Astrid estão...

— Seis... Ou sete anos - Interrompeu Bocão, descendo rapidamente e brutalmente sua caneca na mesa. Assim atraindo o olhar de Soluço e  de Valka, que logo voltara a olhar para o sue filho, porém de uma forma mais duvidosa e involuntariamente cômica, como se perguntasse "É verdade?!" Soluço apenas abaixou a cabeça vermelho de envergonhado, dando a entender que sim - Mas Valka, você teve sorte! Você não tem noção do quanto Estorrico teve que bajular esse casamento para esse moleque tomar atitude!

— Valka deu uma risada curta e nada abafada, em alto em bom tom - Acredite, não tenho sorte alguma, afinal vou ser eu quem vai ter que bajula-lo para que eu possa ter netos!

E assim. Bocão e Valka voltaram a rir em alto e bom tom, oque para Soluço, já não era mais algo tão desconhecido como da primeira vez que Bocão insinuou para um de seus pais sobre a "demora" em seu relacionamento. Porem, isso não o impediu - Ao contrario, ajudou! - a lembrar que seu quente e aconchegante quarto estava a sua espera, logo no andar de cima. Oque foi o suficiente para terminar não tão calmamente sua dose, e se retirar da mesa, em direção ao seu quarto - ou mais especificamente, sua cama -.


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