Wherever you go escrita por Lily


Capítulo 4
Mês 3




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Se nossas escolhas definem quem somos, ela estava ferrada. Como queira criar uma criança se nem ao menos havia conseguido ter uma conversa sincera e normal com o progênitor de seu filho. Ainda estava com raiva de Oliver, ainda estava com raiva por ele ter mentido para ela durante todos aqueles meses, como eles podiam ter transando e ele não ter dito nada? Era quase como uma sentença de morte, porque para ela, ele estava quase morto, é quase, até porque não podia negar que havia uma pequena parte de Oliver dentro de si, uma pequena parte que estava crescendo e a impedindo de usar suas roupas, agora tinha que comprar roupas novas e arrumar um jeito de esconder a barriga, embora algo em sua cabeça gritasse para ela contar logo para Oliver e acabar com aquela palhaçada.
Os corredores da QC estavam quase vazios, já passava das dez da noite e ela já devia estar em casa se não fosse por Curtis e sua maldita idéia de adiantar o trabalho do dia seguinte para que eles pudessem sair mais cedo, ele tinha um casamento para ir na noite seguinte e ela bem que podia ficar em casa assistindo algum filme ou colocar suas séries em dia. Apertou o botão do elevador e esperou as portas se abrirem.
—Felicity! - tentou não virar ao ouvir o chamado. Não, não e não, de novo não. - Precisamos conversar.
—Não. - disse apertando o botão diversas vezes com força.
—Sobre aquela noite, aquelas duas noites... - Oliver tentou falar, mas ela o impediu.
—Não temos nada do que conversar, você me enganou, mentiu para mim. - rosnou empurrando ele. - Por que não me contou?
—Porque eu nunca achei a hora certa. Você não se lembrava por isso achei que se não contasse você não se importaria. - ele explicou, as portas do elevador se abriram. - Felicity eu sinto muito.
Levantou a mão pedido para ele parar, estava cansada de desculpas, entrou no elevador e se virou para ele.
—Não importa, você não me contou e agora já é tarde.
Ele franziu a testa intrigado.
—Por que tarde?
As portas começaram a se fechar quando ela falou.
—Eu estou grávida.
Oliver arregalou os olhos, mas ela se manteve impassível, o elevador começou a descer e ela a surtar.
—Felicity o que você fez? - olhou para seu reflexo distorcido no metal do elevador. - Você não podia ter feito isso! Sua grande idiota! - gritou para si mesma. - Ah merda!
Mas não adiantava gritar ou espernear, o estrago já estava feito. Já estava prevendo o inevitável, Oliver iria atrás dela, então ela teria que fugir, talvez para Vegas ou Londres ou Kansas, não importava, ela simplesmente teria que desaparecer. As portas voltaram a se abrir e ela pronta para sair quando ele apareceu na sua frente a empurrando para dentro novamente, as portas voltaram a se fechar.
—Como diabo você chegou aqui? - gritou perplexa.
—Por que você não me contou?
—Porque eu não sabia que era você! Porque eu não tinha a menor idéia com quem eu havia transando naquela noite! Mas você não devia ter mentido para mim. - bateu nele com a bolsa, obviamente não fez o menor efeito já que Oliver era uma muralha humana, Jesus como ela odiava aquilo. - Você é meu melhor amigo, Oliver, devia ter me contado que transamos, devia ter me dito a verdade.
—Eu tentei, eu juro, mas toda vez que olhava para você, tremia de medo. - ele justificou pegando em seus pulsos impedindo seus golpes.
—Medo de que? Você não tem medo de nada!
—Isso não é verdade. - ele balançou a cabeça, seus olhos pareciam tristes, melancólicos, ela parou de tentar se livrar do aperto dele. - Eu tenho medo de te perde Feli, por isso não contei. Não consigo imaginar minha vida sem você. - ela abriu a boca sem saber o que falar. - Eu te amo, Felicity.
Aquilo a pegou de surpresa, sentiu todo ar escapar de seus pulmões, sua cabeça pesava e seus estômago pareceu se encher de borboletas carnívoras.
—Você o que? - questionou sem acreditar nas palavras que ouvirá.
—Eu te amo. - ele repetiu levando uma das mãos até seu rosto e tocando seu queixo. - Eu não sei o que faria da minha vida sem você. Eu estou apaixonado por você Felicity Smoak.
Abriu a boca em uma tentativa falha de dizer algo, mas antes que pudesse chegar a falar alguma coisa, Oliver a beijou. Aquele era um beijo diferente do que eles já haviam trocado, não parecia tão carnal, era mais íntimo, delicado. Enroscou os dedos no cabelo de Oliver, enquanto ele envolvia sua cintura e a puxava para perto. Aquilo tudo era tão surreal que ela mal conseguia raciocinar direito, porém de algum jeito conseguiu tirar forças do fundo do seu ser e empurrar Oliver para longe ou pelo menos para uma distância mais segura.
—Eu não queira te magoar. - ele sussurrou, era óbvio que ele está falando a verdade, sempre soube quando ele estava sendo sincero com ela. - Devia ter te contado, mas fui um covarde.
—Sim, você foi. - umedeceu os lábios tentando tomar coragem. - Preciso ir.
—Posso te levar pra casa.
—Não precisa, pego um táxi. - se afastou dele, apertou o botão para o saguão.
—Felicity...
—Conversamos amanhã, ok?
—Ok.

...

Oliver estava na sua casa as sete horas em ponto, ela tentou não parecer tão surpresa e nervosa com aquilo. Eles iriam tomar café da manhã em um dos seus restaurantes favoritos, era óbvio que ele estava fazendo de tudo para agrada-la, sua pisada de bola era um novo recorde que ele havia batido.
—Vai querer ovos? - Oliver indagou lendo o cardápio.
—Não, eles me dão refluxo.
—Você já foi ao médico?
—Duas vezes, amanhã terá outra consulta.
—Somente no quarto mês é que se pode saber o sexo do bebê.
Rodou a colher na xícara de café, queria que Oliver parece de enrolação e fosse logo ao assunto.
—Você quer assumir o bebê?
—Pensei que isso fosse óbvio. - ele disse sem tirar os olhos dela.
—Ótimo, já que você quer fazer isso seu primeiro trabalho como papai é contar para a minha mãe que vamos ter um filho.
Oliver engasgou com o café e arregalou os olhos em sua direção.
—Você não contou pra sua mãe?
—Eu não contei pra ninguém. 
—Isso não me surpreende, vindo de você isso  não me surpreende.
Revirou os olhos.
—Seus planos eram ser mãe solteira?
—Na verdade era nunca contar para ninguém sobre o bebê.
Sorriu para ele, Oliver balançou a cabeça.
—Felicity sobre ontem..
—Não tem nada para falar sobre ontem, por favor não me faça chorar de novo. - disse, as palavras de Oliver ainda rodavam em sua cabeça, ele a amava e ela não tinha uma reposta concreta para aquilo. - Podemos conversar sobre isso depois? Vamos focar apenas no bebê.
—Ok. Posso ir com você na consulta amanhã?
—Claro.
Então eles entraram em silêncio desconfortável, Felicity não sabia o que dizer ou como dizer o que queria, aquilo tudo estava uma bagunça, eles eram uma bagunça. Às coisas não estavam saindo do jeito como ela queria, Oliver parecia realmente disposto a assumir a criança, era incrivelmente visível em seus olhos como ele estava em êxtase pela notícia, ela sabia que ele sempre queria ter um filho para brincar, ensinar a jogar, vê-lo crescer e criar suas próprias memórias, e agora ela estava dando isso a ele, mas não exatamente da forma que ambos pensavam. Não mesmo.

...

—Há quanto tempo vocês sabem que Oliver gosta de mim? - indagou remexendo o sorvete semi derretido na taça, os quatro pares de olhos se viraram para ela. - Há quanto tempo?
—Desde do dia em que ele te conheceu, os olhos dele brilharam Feli. - Cait disse entusiasmada, Thea, Laurel e Sara assentiram com a cabeça. - Mas por que você está perguntando isso agora?
Suspirou deixando a taça de lado e apertando o travesseiro contra a barriga.
—Não é nada, é que...- hesitou mordendo a almofada do dedão sem saber o que falar, queira contar a verdade, mas não toda a verdade, então optou por a parte mais amena da história. - Ele disse que me amava, quer dizer, que me ama.
Olhos arregalados e os gritos abafados foram as únicas coisas que ela conseguiu ouvir e ver antes de ser sufocada por braços, pernas e vários tons de cabelo em seu rosto. Sentiu alguém encostar em sua barriga, se retraiu instintivamente.
—Finalmente! - Thea gritou se afastando e pulando em uma dança da vitória. - Meu irmão não é mais um idiota!
—Quando foi isso? - Sara indagou se sentado à sua frente, Caitlin a empurrou para o lado para ganhar espaço.
—Há alguns dias. Estávamos na QC, tinha ficado até mais tarde por culpa do Curtis, então ele veio até mim, como estávamos brigados eu não quis papo, mas ele insistiu, a gente brigou de novo aí ele acabou falando e me beijou. - explicou ocultando certas partes, tipo: O sexo, o bebê, o quase sexo e a consulta. - Agora eu não tenho a menor idéia do que fazer.
—Own. Que fofo. - Laurel apoiou a mão no queixo e se inclinou para frente. - Vocês dois formam um lindo casal.
—Vocês demoraram. - Thea colocou as mãos sobre a cintura. - Agora Cisco me deve 50 dólares.
Felicity arregalou os olhos na direção da Queen mais nova.
—Vocês apostaram sobre a minha vida amorosa?
—A gente apostou sobre a vida amorosa de todo mundo. - Sara disse olhando para as unhas fingindo não se importar. - Ganhei 100 dólares quando o casamento da Cait foi cancelado.
Caitlin se virou para ela e abriu a boca chocada.
—Vocês por acaso não tem juízo?
—Não, mas é ótimo ganhar dinheiro as custas de vocês.
Felicity revirou os olhos, colocando a mão sobre a barriga.
—Olha, alguém pode me ajudar por favor.
As quatros voltaram a olhar para ela.
—Feli, você gosta do Ollie? - Caitlin perguntou.
—Não sei. Quer dizer...eu sei, mas não sei...É complicado.
—O quão isso pode ser complicado? - Laurel indagou jogando a cabeça pro lado como se dissesse "Vocês complicam demais as coisas".
Felicity suspirou. Era mais complicado do que elas imaginavam.

...

O casal de recém casados dançavam sua primeira valsa no meio salão rodeados por pessoas queridas para eles. Felicity segurou o buque da madrinha e sorriu encantada com a apresentação.
—Por favor não me diga que está chorando. - Oliver sussurrou em seu ouvido fazendo-a se arrepiar.
—Calado, são hormônios. - justificou limpando as lágrimas que rolavam por sua bochecha.
—Não tem problema em chorar, tia Nora já acabou com a terceira caixa de lenços de papel.
Riu abaixando a mão e apertando o buque.
—São lágrimas de alegria, finalmente eles estão juntos.
—Finalmente. - Oliver concordou sem desviar o olhar dela, Felicity fingiu nem perceber a súbita atenção que ele estava lhe dando. - Podemos almoçar amanhã?
—Claro, por que?
—Queria falar sobre o Ebeb. - ele disse, ela assentiu. Ebeb era a forma como se referiam ao bebê ainda não nomeado, pois ainda não haviam descoberto o sexo, queira uma menina para poder maquiar e vesti-la como ela, já Oliver não tinha preferência, queira apenas que o bebê viesse saudável e que viesse logo. - Quer dançar?
Ela olhou para pista de dança que já estava liberada, alguma música eletrônica tocava, embora a preferência do casal de noivos ainda fosse a banda que havia dado uma pausa. Oliver esticou a mão, Felicity ponderou sem saber o que falar ou fazer, mas então entrelaçou os dedos no dele.
Ela não se importou com a atenção que recaiu sobre eles, preferia se concentrar em Oliver e em suas piadas sem graça para quebrar o clima. Ele tinha um sorriso bonito e seus olhos pareciam transmitir uma certo apreço, uma admiração que ela nunca havia notado.
—Se você continuar a me olhar como um bobo irei quebrar seu pé. - murmurou entre um giro e outro.
—Embora eu tenha quase certeza que você seria incapaz de quebrar meu pé antes dos nove meses, prefiro não arriscar e parar de encarar como bobo.
Riu socando o ombro dele, a música ficou lenta, Oliver pousou uma mão sobre a cintura dela e elevou a outra com seus dedos entrelaçados, ela apoiou a cabeça em seu ombro. Caitlin que estava dançando perto deles com Barry, sorriu e apontou com a cabeça para um canto da pista, virou o rosto encontrando Moira e Robert Queen a encarando fixamente, ambos tinham um sorriso de satisfação em seus rostos. Desviou o olhar e tentou focar em alguma outra coisa, acabou por ficar encarando Thea, Roy e Cisco que faziam uma dancinha muito estranha perto do balcão de bebidas.
Talvez ela tenha dançado duas ou três músicas com Oliver, havia perdido a conta quando ambos entraram em uma conversa entre sussurros, por fim decidiu voltar para mesa desejando descansar os pés.
—Vou trazer uma água para você. - Oliver avisou se afastando. - E algumas comidas leves.
Sorriu e apoiou a cabeça na mão o olhando atravessar a pista de dança e desviar das investidas de algumas convidadas bêbadas.
—Felicity? - virou a cabeça notando a precensa de Moira.
—Sra. Queen.
—Me chame de Moira, por favor. - ela pediu já se sentando na cadeira a sua frente. - Me sinto tão velha quando me chamam de senhora.
Sorriu para ela.
—Ok, senh...Moira. - se corrigiu fazendo ela abrir um enorme sorriso.
—Vejo que você e Oliver estão se dando bem. Thea me contou que vocês dois tem uma ligação especial.
—Por que eu sinto que não vou gostar do rumo dessa conversar. - murmurou fazendo Moira rir.
—Oliver gosta de você, Felicity. E eu acho que você também gosta dele.
Escorregou na cadeira sem jeito.
—Está tão na cara assim?
—Para falar a verdade não, mas eu sou mulher e além do mais sou mãe, consigo perceber isso, até porque mãe sempre sabe das coisas.
—Pensei que você não aprovasse os relacionamentos de Oliver com pessoas a abaixo da classe dele. - disse, mas rapidamente se arrependeu. - Desculpa, não queira falar isso.
—Não tem problema porque isso é verdade, ou pelo menos era, durante muitos anos tentei controlar a vida Ollie, mas percebe que nunca teria o amor dele se continuasse assim. O amor é uma coisa engraçada Felicity, nunca poderemos recebe-lo se nunca o damos. Oliver parece gostar realmente de você e se esse sentimento for recíproco, tenho certeza que ambos serão felizes.
Abriu a boca sem saber o que falar, Moira estava literalmente lhe dando a bênção para ela ficar com Oliver. Os cantos de sua boca se esticaram em um sorriso involuntário.
—A noiva vai jogar o buque! - alguém gritou lhe tirando dos seus pensamentos.
—Você não vai lá, Felicity? - Moira indagou, ela assentiu e se levantou, mas não sem antes virar-se para a Queen e dizer.
—Obrigada.
Moira sorriu e fez um gesto com a mão para ela ir logo.
Todas as solteiras da festa se amontoaram na frente do palco onde Caitlin estava virada de costas segurando o buque de rosa amarelas, Felicity era uma das últimas no aglomerado pois temia que algo acontecesse se aproximasse de demais.
—E um e dois e três. - Caitlin contou olhando por cima do ombro como se mira-se em algo ou alguém, então ela jogou, o buque passou por cima das cabeças das solteiras desesperadas e sobre suas mãos erguidas cheias de esperanças, ela acompanhou o trajeto do projétil em uma parabólica até ele pousar na cabeça de Oliver que com seus rápidos reflexos o agarrou antes de chegar ao chão. Riu sem conseguir se segurar, Oliver olhou para o buque em mão, depois para ela e então para todos ao seu redor que o encaravam rindo.
—Você tem uma péssima mira, Allen! - ele gritou para Caitlin que revirou os olhos, então de repente jogar o buque em direção a Felicity que no impulso o agarrou. Ela segurou as flores em direção sua mão, mas não conseguiu desviar o olhar de Oliver, sorriu para ele. - Diz que trás sorte.
Talvez ela não precisasse de mais sorte do que já tinha.


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