(NOVO LINK! Leia as notas da história!) escrita por Acquarelle


Capítulo 5
CAPÍTULO 1, Epi.2: A conversa que tivemos


Notas iniciais do capítulo

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❣ ATUALIZAÇÃO: 16/06/2017
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Este "capítulo" já passou por 2 edições.

Olá! (*ゝω・*)

Ainda não sei a frequência que vou postar os capítulos novos, visto que eu gosto de revisar várias vezes e pedir a opinião dos amigos antes de postá-los. Mas uma coisa eu prometo: não vou dropar essa história. Obrigada por nos acompanhar até aqui!



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Ayase abriu os olhos, assustada.

Mais um pesadelo para lhe assombrar.

Ela sentia os pulmões queimando, tornando a sua respiração mais pesada.

Seu estômago embrulhava, e de alguma maneira um refluxo parecia ter engasgado na sua traqueia. Suas lágrimas se misturavam com a água ao seu redor, tão frias quanto a solidão que parecia engolir a sua existência.

Não demorou para que Ayase percebesse movimentos vindos de Ryuuki.

— Teve outro pesadelo, milady?

Os grandes olhos dourados lhe observavam da escuridão.

A sereia permaneceu em silêncio, pressionando seu rosto contra o corpo do dragão marinho como se ele fosse um travesseiro gigante. Ela tentava com todas as forças abafar seu choro e murmúrios, mas parecia cada vez mais difícil.

Era como se seu coração estivesse sendo esmagado por aquelas águas.

Mesmo parecendo inútil, Ryuuki se esforça para tentar confortá-la.

— Vai ficar tudo bem… eu estou aqui com você.

Ao ouvir suas palavras, Ayase desabou em lágrimas.

— To-todos estão… Todos se foram.

— …

Ryuuki apenas a observava em silêncio.

Ele sabia que não havia nada a ser dito.

— Ei, Ryuu… A culpa disso é minha, não é?

— Não diga bob-...

Ayase o interrompeu quase que imediatamente.

Sua voz estava alterada, e o desespero se misturava entre tons mais agudos e graves, como se ela estivesse se esforçando para encontrar algum fôlego.

— Sim, a culpa é minha. Eu não fui capaz de protegê-los.

— …

— Do que adianta ter tanto poder se ele não serviu no momento que mais precisei?

Ryuuki ainda estava em silêncio, e ouvia a garota colocar suas frustrações para fora.

Mesmo com inúmeros pensamentos circulando a sua cabeça, ele sabia que era incapaz de fazer qualquer coisa. Tudo parecia fora de seu alcance e palavras só iriam soar como uma grande mentira.

Ele odiava aquele sentimento de inutilidade.

— Ei, Ryu…

— O que foi, milady?

— Você é real, não é?

— Perdão?!

Ryuuki estava surpreso com a pergunta repentina.

A voz que se assemelhava a um trovão soou mais alta que o normal, causando algumas ondulações que quebravam a calmaria daquelas águas.

Ayase não parecia disposta a responder, então ele resolveu insistir um pouco.

— O que você quis dizer com isso, milady?

— …

Ayase se encolheu e passou a prestar atenção nas batidas rítmicas do coração de Ryuuki. Ela encostou a sua cabeça no corpo do dragão marinho, se concentrando para que sua respiração não a atrapalhasse.

O coração parecia estar pulsando em suas orelhas.

Tum-tum.

Tum-tum.

A cada batida, a expressão de Ayase se tornava mais apática.

Aquilo deveria ser prova suficiente para confirmar a existência do companheiro, mas àquela altura, ela estava desacreditada. No fundo, Ayase sabia que não era tão difícil criar uma ilusão.

Talvez por essa razão ela se sentisse tão cansada ultimamente.

Mesmo com o grande poder que possuía, dar vida a uma ilusão seria desgastante demais para o seu corpo e mente. Mesmo que seus poderes tivessem aumentado após o pacto com o rei dos abismos, ainda não seria suficiente.

O rei que habita os abismos.

Ryuuki, o dragão-serpente.

Ayase se perguntava a todo momento se Ryuuki realmente teria sobrevivido aos fractais. Ela tinha certeza que sim, mas também tinha certeza de que Ryuuki foi gravemente ferido enquanto tentava salvar a vida dela.

Talvez o ferimento causado pelas luzes tivesse sido pior do que imaginava.

Se o dano causado ao planeta parecia irreversível, por que ele conseguiria sobreviver com um ferimento tão terrível?

“Por favor, me diga que estou enganada.”

Ayase pressionava suas mãos no corpo de Ryuuki.

Ela podia senti-lo. Ela definitivamente podia senti-lo.

Suas escamas estavam frias como sempre, mas ela já não se incomodava mais com isso. Por um instante, Ryuuki não parecia uma ilusão criada por seu medo e solidão.

Ayase só queria ter certeza disso. Ela precisava de uma certeza.

Qualquer coisa que quebrasse o silêncio e a monotonia das frases repetitivas.

— Eu jamais pensei que terminaria assim. Me desculpe por isso, milady...

“Ah. Essa é mais uma frase que o meu Ryuu diria. Minha mente ainda está me pregando peças? Por favor, me deixe morrer em paz.” pensou Ayase, cabisbaixa.

Ryuuki esperou alguns segundos, mas ao perceber que ela não diria nada, continuou.

— Quando vim para este planeta, eu nunca pensei que seria tão… divertido.

— Huh…?

Ainda com lágrimas nos olhos, a sereia finalmente se moveu.

Mesmo naquela escuridão, Ayase tentava olhar para Ryuuki.

— Eu nunca te falei sobre isso, não é? A minha origem.

— E-eu sempre pensei que… que você era de Atlansha.

— Não. Sendo sincero, eu nem sei onde Atlansha está em comparação com o meu planeta de origem. Se eu soubesse que viria tão longe, teria prestado mais atenção nas coordenadas.

Ayase ouvia tudo com atenção, mantendo seus olhos fixos em Ryuuki.

— O céu de Orfeinn era bem mais estrelado que o de Atlansha...

— Orfeinn?

Uma fofa expressão de surpresa estampou aquele rosto corado.

O coração de Ryuuki palpitou, e ele estava com receio da sereia ter percebido.

Ele deu continuidade ao assunto, tentando ao máximo disfarçar o nervosismo.

— É como chamamos o meu planeta.

— Orfeinn…

Ela sussurrou, como se forçasse a mente a aprender a nova palavra.

O dragão marinho respirou aliviado. Ayase não tinha percebido nada.

Ryuuki apenas continuou a compartilhar as suas lembranças.

— Eu não tenho memórias boas de Orfeinn. Era criança quando me mudei para lá e nunca me senti muito bem naquele lugar. Orfeinn era como… uma prisão.

— Por quê?

— Foi uma mudança muito repentina. Nosso planeta natal foi atacado e precisávamos nos proteger em algum lugar. Naquela época, meus irmãos e eu éramos muito jovens para entender o que estava acontecendo.

Ao ouvir a última frase de Ryuuki, Ayase pareceu ter esquecido o propósito da conversa, e a julgar pelo seu tom de voz, estava visivelmente surpresa.

— Sério que você tem irmãos?!

— S-seis. Eu sou o segundo mais velho.

Pela resposta de Ryuuki, Ayase percebeu que ele estava envergonhado.

— Não brinca!! Como assim existem outros seis de você?! SEIS?

Ryuuki riu com a comparação. Nem de longe seus irmãos se pareciam com ele.

— Sério, só de pensar em seis criaturas iguais a você, me dá um frio na espinha!

— Eu sou tão assustador assim, milady?

— Mas é claro que é! Olha só o seu tamanho!

A resposta foi quase que imediata, fazendo com que Ryuuki risse mais uma vez.

Ayase jurou que ele iria contestar a sua resposta, mas ao ver que o dragão marinho não tinha levado o seu comentário a sério, abafou risadinhas com uma das mãos.

Seu coração parecia mais leve; era como se todos os problemas fossem encobertos por aquela felicidade passageira. Aquilo era prova suficiente de que Ryuuki estava vivo.

O momento, porém, durou pouco.

Subitamente, Ryuuki parou de rir.

— ...!?

— Ryuu? O que houve?

O silêncio voltou a dominar aquele abismo.

Ryuuki havia notado algo errado nas águas rasas.

Ele moveu vagarosamente o seu corpo em direção à superfície.

Com medo de se perder no meio da escuridão, Ayase passou a seguir os movimentos do companheiro. Ele parou segundos depois. Sua respiração estava mais silenciosa que o de costume, e a julgar pela posição que estava, Ayase podia jurar que ele estava olhando para superfície.

Nem o próprio Ryuuki acreditava nas palavras que saíam de sua boca.

— Parece que temos visita.

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Notas finais do capítulo

Capítulo 1, parte 2/2. ʕ•̀ω•́ʔ✧

Obrigada por ler Stellarium~!
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