As Crônicas de Caledônia escrita por Fani Fics


Capítulo 2
Crime e Castigo


Notas iniciais do capítulo

Olá, Luminas!
Espero que gostem do capitulo.
Boa Leitura!



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As coisas não haviam terminado bem para Merida naquele dia.
Enquanto estava deitada na cama, olhando o teto de seu quarto ela repassava os acontecimentos em sua cabeça. Que coisa mais estupida!
Como ela não percebeu as intenções de Jack antes? Obvio que o garoto não gostava de ficar com os cabelos brancos, e obviamente ele faria de tudo para conseguir se livrar da aposta antes do trato.
Recapitulando agora, ela tinha certeza absoluta que aquilo havia sido uma artimanha de Jack. Ela não sabia como o garoto havia conseguido mudar a cicatriz do inspetor Stabbengton de lugar, provavelmente com photoshop, e como ele havia conseguido colocar o quadro na sala dos professores, mas Merida tinha uma convicção de que aquele plano todo era de Jack Frost.
É obvio que ser neto do diretor da escola dava a Jack algumas regalias. O rapaz poderia muito bem ter entrado na sala dos professores e trocado a foto original pela montagem que ele fizera.
Quanto mais pensava nisso, mas Merida tinha certeza que Jack tinha armado para ela. Quanta baixaria, até mesmo para ele!
Sendo neto de North, as pessoas não questionam muito Jack, mesmo que North tente ser imparcial em relação ao neto, todos percebem que os castigos de Jack são menos severos que os demais alunos. E o garoto tem acesso livre à sala dos professores, ele poderia muito bem ter ido até lá trocado as fotografias e quando questionado por algum inspetor ou professor o garoto poderia dizer que estava atrás do avô. Ninguém nunca desconfiaria!

— Aí que burra! - Merida se xingou, amassando o travesseiro na cara, como se isso pudesse aliviar a sensação de estupidez que ela estava sentindo.

O acaso havia cuidado para que ela fosse a sala dos professores, isso ela não poderia culpar Jack, mas tinha certeza que se Professor Gru não tivesse pedido pra que ela fosse, com certeza o garoto daria um jeito pra que Merida visse a foto. A aposta surgiu tão casualmente de Jack que ela nem sequer desconfiou que o garoto poderia  muito bem ter ido à sala dos professores durante as primeiras aulas para retirar o quadro. Se ela bem se lembrava, Jack havia pedido para o professor Callaghan deixa-lo ir ao banheiro, e o menino havia demorado muito.
Sentindo-se uma verdadeira idiota, Merida se lembrou da expressão no rosto da mãe quando chegou à sala do diretor e encontrou a filha sentada na cadeira. Elinor fechou a cara e Merida sentiu o frio de um iceberg em sua direção.
Alta e esguia, Elinor mantinha os cabelos presos em um coque baixo e profissional na maior parte do tempo, a pele da mulher tinha um leve tom de oliva um contraste com seus olhos amendoados. A pele era bem tratada por cremes que a mulher usava toda a noite, mas ainda sim havia algumas linhas de expressão acima dos lábios e no centro da testa.
Elinor sabia impor respeito como ninguém, e Fergus com todo seu tamanho estremecia quando ouvia a voz gélida de quando a mulher estava irritada.
North explicou toda a situação para Elinor, contando o que Merida havia aprontado e o que isso custaria a escola. Segundo North, o troféu que Merida havia derrubado ao se assustar com o som da voz de Stabbengton havia sido ganho pelo professor Callaghan em nome da escola na ultima feira de ciências. Mesmo dizendo que não expulsaria Merida, pelo fato da menina possuir boas notas, coisa que Elinor fazia questão de exigir da filha, North pediu que Elinor descobrisse o que estava acontecendo de errado com a adolescente, que mesmo tendo um temperamento forte, não era de aprontar.
Merida teve que mentir sobre o que estava fazendo na sala dos professores, e disse que era uma aposta sobre conseguir comer bolinhos, ela não queria que a mãe pensasse que a filha era uma maluca que acreditava em teorias da conspiração. Agora que tinha certeza que Jack havia armado pra ela, Merida agradecia ter pensado em uma resposta menos comprometedora, não queria que a mãe a mandasse para um psicólogo.
North deu uma advertência a Merida e a mandou para casa naquele dia. No trajeto da escola para casa, Merida achou que a mãe lhe daria um sermão, mas ao invés disso Elinor dirigiu até sua casa em um silencio mordaz. Deixando Merida em casa, a mulher voltou para seu trabalho sem dizer uma única palavra, e Merida sabia que isso só poderia significar algo de ruim para ela.
O celular apitou com a notificação de uma nova mensagem, e Merida retirou o travesseiro da cara e se esticou para pegar o aparelho.

"O que aconteceu com vc? Stabbengton pegou suas coisas e ñ disse nada!"

Merida suspirou fundo, Rapunzel não parava de mandar mensagens, perguntando se ela havia sido expulsa, o porquê de ser expulsa e mais um monte de coisas exageradas que só a loirinha poderia supor.

"Ñ fui expulsa. Jack armou pra mim. Explico tudo amanhã”.

Digitou a ruiva, esperando pela resposta.

"Jack armou pra vc? Como assim? Jack nunca faria isso!"

Merida revirou os olhos com a inocência de Rapunzel e mandou um meme da Mônica escrito o famoso "atá". Não que isso fosse o suficiente para fazer Rapunzel parar de mandar mensagens, mas Merida não estava com ânimo para discutir isso agora.
As horas nunca demoraram tanto para passar e quando o relógio bateu quatro da tarde, Merida já havia feito todo o serviço de casa, não que ela achasse que isso ajudaria na sua situação atual, mas talvez acalmasse um pouco Elinor.
Fergus chegou em casa as quatro e meia, seu horário normal e ao notar a casa toda limpa, soube que algo estava errado. Merida contou toda a situação para o pai, de certa forma falar com Fergus era sempre algo que acalmava a garota e os dois tinham uma ótima relação de pai e filha.
Fergus era um homem grande, com uma barba mal feita ruiva e um pouco de cabelo no topo da cabeça da mesma cor. Os cabelos do homem eram rebeldes, assim como os da filha, e seu nariz era um pouco torto. Fergus tinha uma prótese na perna, por conta de um acidente que sofreu quando jovem algo sobre um urso na estrada.
A prótese não impedia Fergus de fazer absolutamente nada, até mesmo jogar bola o homem conseguia, mesmo que meio manco ele não deixava nada o abalar.
Depois de relatar todo o caso ao pai, e a estranha calma da mãe enquanto a trazia para casa no carro emprestado de uma colega do trabalho, Merida esperou que o pai a acalmasse, porém Fergus fez totalmente o contrario.

— Você está muito encrencada! - disse sorrindo.

— PAI! - indagou Merida, mas não resistiu e riu junto.

Fergus saiu de casa as seis e foi buscar os meninos na creche e aproveitou para pegar Elinor. Merida continuava em casa, agora com os livros espalhados na sala, tentando fingir que estava estudando como uma boa garota, porém a única coisa que ela fazia no caderno eram rabiscos onde Jack Frost estava em situações muito piores que a dela.
Quando a porta se abriu, Merida fingiu que estava tudo normal, pelo menos tentou. Os meninos pareciam um furacão pela casa, pegando os livros de Merida, que rapidamente os recolheu dos irmãos e os guardou na mochila.

Elinor encarou Merida por alguns segundos e abriu um leve sorriso.

— Merida. - chamou a mulher.

— Isso não vai acabar bem. - sussurrou Fergus, passando ao lado de Merida e indo para a sala.

— Colocando você para estudar de manhã, eu não percebi que você ficaria com muito tempo livre durante a tarde. - disse Elinor - Aparentemente os deveres da escola não são o suficiente para ocupar seu tempo, então eu matriculei você em algumas aulas na Casa da Cultura. - finalizou Elinor, dando a Merida alguns papeis.

— Oque? - gritou Merida, observando os papeis em suas mãos - Como assim?

— Você anda muito ocupada fazendo apostas e indo pra diretoria. - Elinor encarou a ruiva - Francamente Merida, você colocou um rato no refeitório.

Merida sorriu pelo canto da boca, mas ao ver a expressão de Elinor desmanchou o sorriso. Essa pegadinha rendeu a Merida o grande prazer de ver Jack colorir seus lindos cabelos castanhos num tom de branco grisalho. Claro que Jack havia trapaceado e Merida fora burra o bastante para cair nas artimanhas do garoto, mas ela planejava sua vingança.

— Era um hamster! - argumentou a ruiva - E foi uma brincadeira.

— Que lhe rendeu uma suspensão de três dias. O ano mal começou Merida, e você tem muita sorte de não ter te tirado daquela escola. Não sei qual o problema...  - Elinor abriu a geladeira, e pegou o galão de água.

— Com sorte? - Merida encarava a mãe - Você está me mandando fazer cinco cursos diferentes.

— Sim. Você começa amanhã depois da aula. - sorriu Elinor - Assim você vai poder ocupar sua cabecinha com alguma coisa mais produtiva. Você tem muito potencial Merida.

— Isso não é justo! - Merida se jogou na cadeira.

— Como é? - levantou a voz Elinor - Injusto é eu ter que sair do meu trabalho as pressas porque você anda aprontando na escola, isso é injusto!

— Não pode me obrigar. - resmungou a ruiva.

— É o que veremos. Não é o fim do mundo, são só alguns passatempos. Vai me agradecer um dia.

E como sempre acontecia, Elinor foi para seu quarto trocar de roupa. Fergus e os meninos olhavam Merida de boca aberta. A ruiva, desanimada bateu a cabeça na mesa.

—---*----

Na manhã seguinte Merida foi bombardeada por Rapunzel, Mavis e Violeta assim que chegou à escola. Até mesmo Violeta, que estudava em outra sala estava querendo saber o que havia acontecido. Merida resumiu seu relato para as amigas, pois ela queria mesmo era ver Jack Frost. Quando o segundo sinal indicando o inicio das aulas tocou, Merida e os demais alunos foram para suas respectivas salas, uma vez que o inspetor Stabbengton descia as escadas aos berros.
Jack ainda não havia chegado e Merida esperava que ele tivesse sido atropelado por um caminhão.
Tá, não um caminhão, mas talvez por uma bicicleta. Ela só queria que ele sentisse um pouco de dor. Ela estava furiosa demais com o garoto, e só de pensar que perderia suas preciosas horas na Netflix numa casa mofada e antiga aprendendo artesanatos que ela poderia aprender pelo YouTube, Merida sentia vontade de se estapear.
A aula se arrastava lentamente, acompanhando o ânimo de Merida por saber onde teria que ir após a escola. Como a amiga de sua mãe trabalhava no tal casarão ela não poderia faltar, caso o fizesse ficaria sem seu celular.
Elinor tinha maneiras muito boas de impor, seja quem quer que fosse a pessoa, e Merida não conseguiria se rebelar contra sua mãe, a não ser que conseguisse um feitiço, o que ela duvidava.
Quando o sinal tocou, Merida arrumou seus materiais e saiu porta a fora, indo com o fluxo.

— Merida, aonde você vai agora? - perguntou Rapunzel, se aproximando da garota.

— Casa da Cultura. Meu castigo. - disse, revirando os olhos.

— Ah, vai ser divertido! - animou-se Rapunzel - Eu também vou fazer.

— Que legal! - ironizou Merida - O fato de você estar animada com isso mostra porque não estou.

— Você é muito mal humorada. - constatou Rapunzel.

Juntas, Rapunzel e Merida caminharam pelas ruas planas da cidade, até o casarão. Era uma hora da tarde, e o sol estava escaldante, o que era comum em Caledônia que ficava no interior de São Paulo.
 Rapunzel havia feito uma trança com seus longos cabelos louros, e Merida prendeu os seus fios de cobre com uma piranha, mas diferente dos da amiga que pareciam ter saído da capa de uma revista, Merida parecia um zumbi saído do túmulo.
Chegando ao casarão, Merida e Rapunzel olharam a entrada.
Havia grandes muros que cercavam a propriedade, e somente acabavam aonde começava enormes portões de ferro. Os portões, que sempre ficavam fechados, estavam abertos agora, e as meninas puderam ver algumas pessoas caminhando lá dentro.
Atravessando os portões, havia um enorme pátio, onde no centro do mesmo havia uma velha fonte desligada, o chão estava sujo por folhas secas que caíam das arvores ao redor da propriedade. Merida e Rapunzel caminharam lentamente, absorvendo tudo o que viam. Antes da porta de entrada havia vários degraus de mármore branco e brilhante, que Merida e Rapunzel subiram de dois em dois.
As portas eram de uma madeira pesada e desgastada, e havia um pequeno tapete escrito "Bem - Vindos à Casa da Cultura". Assim que atravessaram para o hall de entrada, as duas garotas ficaram de boca aberta. Tudo era muito antigo e ainda sim muito charmoso. Um enorme lustre descia do teto arredondado, e embora ele estivesse apagado agora, Merida imaginava o quão lindo ficaria aceso.
As paredes da casa eram de pedras escuras, como um castelo antigo, e bem ali no hall havia uma mesa de madeira, com um telefone moderno e um computador.

— Olá, bem vindas! - disse a mulher sorridente aparecendo de algum lugar atrás de uma porta de madeira.

— Oi. - disseram Rapunzel e Merida em uníssono, ainda encantadas com a elegância rustica da casa.

— Vocês já estão matriculadas não é? - perguntou a mulher, indo até o computador e teclando algumas coisas.

— Sim, sou Rapunzel Corona - disse Rapunzel se aproximando.

— Sim, sim. - tagarelou a mulher - Tricô não é?

— Tricô? Serio? - desacreditou Merida, olhando a amiga. Rapunzel apenas sorriu.

— E você é? - perguntou a mulher, olhando para Merida.

— Merida DunBroch. - respondeu à ruiva, olhando para o teto.

— Ah, a filha da Elinor. - sorriu a mulher - A problemática. Venham! - chamou a mulher, saindo detrás da mesa.

— Eu não sou problemática! - indignou-se Merida, olhando para Rapunzel - Não sou não.

— Claro que não. - sorriu Rapunzel - Você só é difícil de lidar.

As duas garotas ficaram caladas quando atravessaram a porta de madeira para a outra sala. Além do teto alto e de mais um lustre, três vezes mais luxuoso que o do hall de entrada, havia sofás de couro, vasos caros e quadros de pessoas antigas penduradas nas paredes de pedra. Uma escada de pedra escura e brilhante se elevava para o segundo andar da mansão, nas paredes havia pequenos castiçais, para serem colocadas velas, mas naquele momento estavam vazias. Havia grandes janelas de vidro que deixavam a luz solar clarear o ambiente naturalmente.
Merida e Rapunzel subiam a escada em espiral atrás da mulher que se apresentou como Mary. A mulher era rechonchuda e ofegava um pouco enquanto subia as escadas com suas sapatilhas e uma prancheta nas mãos. Usava os cabelos presos num coque bagunçado atrás da cabeça, e um vestido verde que ia até os joelhos. Mary parecia um poço de energia e enquanto subia, ela explicava os cursos e os horários, as regras e mais um monte de coisas que Merida mal conseguia processar.
Na primeira sala à esquerda Rapunzel foi deixada para poder aprender seu tricô. Merida ainda continuou com a mulher até que viu o banheiro.

— Então foi aqui. - sussurrou ela.

— O que disse? - perguntou Mary, se virando para encara-la.

— O assassinato foi aqui? - perguntou Merida, já entrando no banheiro.

— Não houve assassinato algum aqui, Merida. - disse Mary puxando Merida de volta para o corredor - Isso são boatos do povo.

— Um boato que durou muito tempo, não acha? - sorriu Merida.

— Acho que as pessoas adoram enfeitar as coisas. - e parando em uma sala de onde saia um barulho estrondoso Mary disse - É aqui. Jazz.

— Jazz? - gritou Merida, mas Mary já havia lhe dado às costas.

O som de jazz fazia os ouvidos de Merida doerem, e ela queria achar uma maneira de desaparecer dali, sua mãe sabia como castiga-la. Merida odiava jazz.
Antes que pudesse dar às costas e fugir, a porta foi aberta e um homem negro apareceu todo sorridente.

— Olá. Eu sou Louis, seu professor! - disse ele animadamente - Vamos entrando, vamos.

Enquanto era empurrada porta adentro, Merida observou algumas pessoas na sala, sorridentes segurando seus instrumentos de jazz.
Nos primeiros minutos, Louis se apresentou como um amante da musica, e disse que já havia tocado em muitas cidades do Brasil, e também em Nova Orleans com sua antiga banda. Ele esbanjava carisma, e as pessoas pareciam animadas com a possibilidade de aprender com um profissional.

— Hum... Eu posso ir ao banheiro? - pediu Merida, antes que ele começasse com a barulheira.

— Claro, mas não demore! - pediu Louis.

Saindo da sala e fechando a porta, Merida pensou que sua mãe era realmente esperta. O silencio no final havia tido um preço terrível. Só de pensar em suas series na Netflix que ela não estava assistindo.
Antes de chagar ao banheiro, porém Merida viu um rapaz de cabeça branca saindo da porta que ficava a apenas alguns metros de sua sala.

— Jack! - chamou ela, e o rapaz se virou sorrido - Você me entregou!

— Oque? - Jack parecia confuso.

— Como pôde me delatar assim? - acusou Merida, enfiando o dedo no peito do rapaz.

— Pega leve aí, nervosinha! - disse Jack, se afastando. - Eu posso ser tudo, mas não sou um delator.

— Ah tá! - ironizou Merida - Então eu tenho que acreditar que o Stabbengton apareceu na sala dos professores por acaso?

— Acho que sim. - respondeu Jack, encarando Merida.

— Você é um mentiroso! - acusou a garota.

— Mentiroso? Não fui eu quem inventou historias sobre conspiração, foi? - disparou Jack, gesticulando com o braço - Sabe o que eu acho? Acho que você é uma maluca que faz as bagunças e não aguenta lidar com as consequências.

— RÁ! E você sabe o que eu acho? - disse Merida, se aproximando de Jack - Que você apronta todas porque sabe muito bem que não vai entrar pra lista negra do diretor, já que ele é seu avô!

Os olhos de Jack brilharam com á magoa, porém ele apenas sorriu de lado e encarou Merida.

— Que seja! - disse, desaparecendo no corredor.

— Que seja mesmo! - berrou a ruiva, batendo a porta do banheiro.

Respirando fundo, Merida encostou-se à porta. Ela nunca havia brigado assim antes com Jack, e nunca o acusou de se aproveitar da posição do avô. Todos sabiam que esse era um assunto delicado para o rapaz, um dos motivos de estar sempre aprontando era para mostrar que não se importava com a posição do avô. Mas ele com certeza mereceu ser acusado, Merida não acreditava que tudo fora um coincidência.
A culpa não era dela. Ele havia planejado tudo. Ela tinha certeza.
Então porque ele pareceu tão surpreso com a acusação?

— Ele daria um ótimo ator global! - murmurou a menina, indo em direção a pia.

O espelho era velho e manchado, emoldurado em prata antiga. Olhando-se pelo reflexo, Merida viu as bochechas coradas e a testa suada, abaixando-se na pia, a adolescente abriu a torneira e lavou o rosto.
Se inclinando pelo espelho para se observar melhor, Merida viu pela primeira vez a banheira atrás de si. Segundo o que diziam as pessoas, o homem havia sido morto ali, pela própria esposa. Merida se virou para olhar mais de perto a banheira. O vidro da janela do banheiro era de um tom de verde, e iluminava o banheiro parcialmente com a mesma cor.
Merida se aproximou da banheira e tocou o mármore frio com os dedos finos.
Uma brisa gelada percorre o banheiro e Merida sente um frio na espinha. Uma sensação atravessa o corpo da ruiva que se vira, olhando para a pia antiquada. Se aproximando da mesma, Merida observa a maneira como a bacia era arredondada, como uma concha e como a torneira se esticava bem acima. Os pés que seguravam a bacia eram brancos também, mas estavam amarelados pelo tempo. Merida se abaixa ao observar um tijolo que não estava cimentado como os demais no banheiro. Ao mexer nele, ela percebe que o mesmo está solto.
Curiosa, Merida tenta retirar a pedra escura com as unhas sem esmalte. Machucando as pontas dos dedos, Merida não desisti, até que um estralo e a pedra caí em sua mão. Merida olha para dentro do buraco, mas estava escuro.
Pegando seu celular, a garota ascende à lanterna e o aproxima do buraco, onde a pouco estava a pedra.
Havia um pedaço de pano lá. Respirando fundo, Merida enfia a mão no vão e retira um pedaço de pano sujo e mofado.
Abrindo o pano com cuidado, observa o que havia embrulhado ali.

— Uau! - murmurou a garota, encarando o item enrolado com tanto cuidado no pano.

Colocando-o no chão, Merida olha o medalhão de madeira. Como ele havia permanecido ali durante todos aqueles anos sem ser comido por cupins, Merida não sabia, mas podia imaginar que ele era antigo pelas marcas.
Era um pedaço de madeira redondo, desenhado nele havia uma triquetra cortada por uma espada que descia rumo ao chão. O entalhe era perfeito e Merida ficou encantada com a perfeição do desenho.

— Está tudo bem ai? - a voz de Louis surgiu abafada pela porta e Merida se sobressaltou.

— Sim. - respondeu a menina, olhando para a porta - Já estou saindo.

Embrulhando de novo o medalhão no pano sujo e enfiando ele com cuidado no bolso, Merida recolocou a pedra no lugar para que ninguém desconfiasse.
Ela não sabia o que era aquilo nem o que significava.
Mas estava muito curiosa para descobrir!


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Notas finais do capítulo

Esperam que tenham gostado. ♥
Até a próxima, Luminas!

1° - A Casa da Cultura foi uma inspiração retirada de minha cidade natal, no interior de SP. Ela também era um casarão antigo e as pessoas adoravam inventar historias sobre a mansão.



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