If I die Young (REESCREVENDO) escrita por Baby Blackburn


Capítulo 3
But you're stuck out in the same old storm again


Notas iniciais do capítulo

OiOi! Cheguei um pouco mais tarde hoje, passei o dia achando que era sábado. Mas como prometido, aqui vai mais um capítulo.

Link da playlist para quem quiser um trilha sonora:
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Espero que gostem :)



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Passar aquele tempo com Scorpius fez com que, por apenas algumas horas, Lily esquecesse daquele peso que vinha carregando nos ombros. Depois da declaração do loiro, que, apesar de gostar do que escutou, não estava pronta para falar sobre, ela decidiu que se informar sobre tudo o que havia acontecido na redação enquanto estava ausente era um bom jeito de descontrair.

— Tonks está grávida? – exclamou enquanto espetava mais um pedaço da
sua torta de chocolate e oferecia para o homem ao seu lado. – Será que o vovô James sabe?

— Com certeza – aceitou a torta de bom grado enquanto acariciava os cabelos longos e ruivos de Lily. - Pelo menos Sirius sabe, contou para vovó Ciça semana passada. Scorpius morava com sua avó, Narcisa Malfoy, desde a morte de seus pais, quando tinha apenas 10 anos. Seus avós o mandaram para a Alemanha para fazer faculdade, e foi lá que ele morou por alguns anos, depois de formado. Há mais ou menos quatro anos seu avô, Lucius Malfoy, morreu após batalhar anos contra o câncer de pulmão.

Depois disso, Scorpius abandonou sua vida e trabalho na Alemanha ao voltar para Londres, a fim de cuidar da Narcisa, que a muito não tinha condições de morar sozinha. A mulher, apesar de negar, tinha uma saúde frágil e vivia se machucando ao tentar cuidar da casa e do neto.

Lily se lembrava de quando a Sra. Malfoy fez sua mãe jurar não contar nada à filha, que estava viajando a trabalho com Scorpius, sobre o pequeno acidente que teve ao cair das escadas da mansão. Ao saber do acidente, pela mãe da namorada que não soube guardar esse segredo, o rapaz voltou imediatamente para casa e seguiu recusando qualquer trabalho que o fizesse ficar fora por mais de um dia.

— Como está a sua avó? – Lily e Narcisa tinham um relacionamento bom,
apesar das divergências sobre assuntos rotineiros. Ciça insistia que Lily seria a mulher que colocaria a cabeça de seu neto no lugar e o levaria para longe da casa grande e vazia onde moravam. A ideia, na época em que ouviu essa frase pela primeira vez, parecia algo plausível de planejamento para o casal. Na atual situação em que os dois se encontravam, a sentença da Sra. Malfoy não passava de um sonho distante e, possivelmente, inalcançável.

— Rabugenta – respondeu roubando mais um pedaço da torta. – Achei que era impossível que isso acontecesse, mas parece que quanto mais velha fica mais sente prazer em reclamar de cada pequena coisa. Lily soltou uma risada alta, jogando a cabeça para trás. Scorpius precisou de alguns segundos para se recuperar do transe que aquela risada lhe causou.

— Ela implicou com a minha barba essa semana. Disse que está enorme e
que daqui a pouco vou pisar nela como Dumbledore fazia.

— Quem é Dumbledore? – indagou, franzindo a testa.

— Eu não faço ideia, acho que ela começou a caducar e inventar amigos imaginários para reclamar de mim.

— Bom, eu discordo dela –colocou gentilmente as duas mãos no rosto do
rapaz, onde a mais recente barba ficava. – Você ficou ótimo de barba.

— Vou me lembrar disso.

O celular dela vibrou dentro da bolsa como um lembrete de que os dois não tinham o dia livre e precisavam se apressar se quisessem passar no colégio antes de voltar ao trabalho.

— Acho melhor a gente ir andando. Scorpius concordou e, juntos foram até o balcão pagar suas respectivas contas.

                                                  *
O carro estacionou devagar na frente da entrada principal do colégio. Era tradição que toda família Weasley/Potter frequentasse aquela instituição. Hogwarts era uma das escolas mais antigas da cidade e, andando pelos corredores é possível achar algo que mostre a presença, ao longo dos anos, de algum membro da família da Lily. A última vez que havia pisado nos terrenos da escola foi também a última vez que viu seu irmão.

Além de professor de literatura, James havia se voluntariado para treinar o time de lacrosse. A quase um mês o time havia entrado em um ônibus junto de seu irmão, rumando para o que parecia ser mais uma vitória. Lily tinha se oferecido para ajudar com a contagem de alunos e organização deles para darem início à viagem, se despediu dele com apenas um aceno e foi andando até o café, para esperar Scorpius. Ela não sabia na época, mas uma semana depois passou a desejar que tivesse levado o carro de James para casa junto com ela.

Ao voltar para escola, uma semana depois e com um troféu nas mãos, James Potter entrou no carro e saiu dirigindo noite adentro. Três horas depois, Ginny via seu filho entrar no hospital sobre uma maca.

Scorpius repousou a mão esquerda na perna da menina, que batia repetidamente no chão do carro.

— Pode me esperar aqui? – ao ver a expressão confusa do garoto acrescentou. – Não vai levar nem cinco minutos, só vou atrás da placa e volto...prometo.

Sem dar chance dele responder, segurou seu rosto entre as mãos e juntou seus lábios rapidamente. Scorpius pareceu surpreso, mas sorriu ao ver o olhar inseguro no rosto de Lily. Tentando espantar a repentina vergonha, ela pegou a bolsa no banco de trás e foi andando a passos rápidos em direção à entrada.

Cada passo mais próximo da entrada era como se um peso fosse colocado em seu peito. Seu coração martelava e suas mãos tremiam. Respirando fundo apertou a alça da bolsa no ombro e começou a subir as escadas que levariam até o saguão de entrada.

Sempre sentia uma estranha sensação na boca do estômago quando voltava ali, depois de se formar. Por mais que não pertencesse àquele lugar, ainda tinha algo que os conectava. Dessa vez, ao parar na frente da grossa porta de entrada se sentiu avulsa e desprotegida. Sabendo que aquela seria a primeira e última vez a pisar em Hogwarts, respirou fundo e fechou os olhos para conter as lágrimas que ainda não haviam chegado, mas que sabia que logo viriam.

Ela precisava ver a placa. Precisava olhar para o seu rosto pendurado nas
paredes do lugar que ele mais amou no mundo. Precisava se despedir de seu irmão e começar a viver a sua vida sem ele.

                                                *

Os corredores estavam quase desertos, sendo ocupados apenas por alguns pequenos grupos que se reuniam pelos cantos. Lily conseguia lembrar da exata sensação de ser um daqueles estudantes e de saber que tinha a vida toda pela frente. Ao pensar nisso não pode evitar de imaginar se era isso que James imaginava quando estava no colegial, na faculdade ou, até mesmo, andando por aqueles corredores como professor.

Tentando afastar esses pensamentos se dirigiu até o grupo de alunos mais próximo.

— Com licença – as risadas se cessaram e as quatro cabeças se voltaram para Lily. – Eu fiquei sabendo que os alunos compraram uma placa para o professor Potter, vocês sabem me dizer onde fica?

— Na sala dos professores – uma das meninas falou enquanto as outras três pessoas observavam ela com atenção. - É virando aquele corredor, a primeira porta à esquerda.

— Obrigada. – sorriu em agradecimento enquanto se afastava. Não havia dado nem dez passos quando ouviu o grupo voltar a cochichar e pode jurar ser sobre ela. Pensou, por alguns segundos, em como gostaria de ter trazido Scorpius consigo.

Mais cedo, Lily teve a impressão de que sua cabeça explodiria ao passar pela mesa favorita do irmão no café. Agora, enquanto caminhava pelos corredores como James muitas vezes fez, percebeu que a dor de cabeça não era nada comparada a sensação de estar se afogando. Era como se alguém a tivesse mergulhado em um tanque cheio de lembranças dele.

Tudo o que queria era entrar para ver a placa, e talvez tirar uma foto para mostrar a sua mãe, e sair o mais discretamente possível. Sabia que se algum dos antigos colegas do irmão, ou até mesmo seus antigos professores, a vissem teria que enfrentar perguntas cheias de tato e recheadas de curiosidade. Tomando coragem de fazer o que planejava, deu um passo à frente e levou a mão até a maçaneta, mas a porta se abriu antes mesmo dela encostar na mesma.

Um homem alto e negro saiu de lá com algumas pastas nos braços. Usava um óculos de aro fino e prendia um copo descartável de café entre os dentes. Seus olhos se arregalaram ao ver Lily parada de frente para a porta. Com muita dificuldade e ainda sob o olhar assustado da garota, ele tentou arrumar as pastas em apenas um braço enquanto tirava o copo da boca com o outro.

— Lily? – perguntou enquanto se aproximava dela. Instintivamente, a ruiva se afastou. Notando que tinha a assustado, o homem jogou o copo em uma lixeira próxima para oferecer a mão, agora livre, em forma de cumprimento em sua direção– Me desculpe, sou Luke Zabini.

Ainda hesitante aceitou a mão estendida.

— Lily Potter, mas acho que você já sabe disso – respondeu enquanto tentava se lembrar se algum dia já havia cruzado com o sujeito. Nada. – Desculpe a indelicadeza, mas...como sabe meu nome?

Luke coçou a nuca envergonhado.

— Sua família é meio...famosa por aqui.

— Imagino que por motivos desagradáveis. – Sua voz saiu mais seca do que esperava. A atenção que sua família vinha recebendo nas últimas semanas afloraram sua raiva em questão de segundos. Um silêncio se instalou entre ambos enquanto ainda se encontravam frente a frente, Lily arrependida do tom que usou com alguém desconhecido e, Luke se sentia culpado por ter tocado no assunto. O homem levou a mão livre até a boca em um sinal claro de nervosismo e, depois de uma longa pausa, resolveu falar algo.

— Sou o novo professor de Literatura – Lily congelou no lugar e abriu a boca, mas tudo o que saiu dela foi um sussurro tremido. – Cheguei não faz nem dez dias, ainda estou me habit...

Lily interrompeu seu, claramente, nervoso discurso.

— Vim ver a placa que os alunos do meu irmão compraram, uma aluna me disse que ela estava na sala dos professores.

— Não está, os professores acharam que seria mais simbólico colocar no corredor principal. Lily olhou por cima dos ombros, fazia um bom tempo desde que havia se formado e nunca andou mais do que até a sala de seu irmão depois disso. Por esse motivo e o fato de que tem estado desatenta nos últimos dias, ela forçou sua memória tentando se lembrar de onde ficava esse corredor e o por que achava que nunca tinha ouvido falar nele.

Luke, que observava silenciosamente a garota dar alguns passos na direção errada, soltou uma risadinha enquanto se aproximava novamente dela.

— Posso te levar até lá se quiser. Ainda falta uns bons minutos até a minha próxima aula.
                                                    *
Não fazia ideia de onde os alunos tinham conseguido aquela foto, mas definitivamente se tornara a favorita de Lily. Os cabelos estavam grandes e enrolados, os olhos um pouco fechados graças ao dia claro que parecia fazer. Logo abaixo da foto havia o ano de seu nascimento e morte e, escrito com uma bela caligrafia a frase “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.

— Parece que esse foi o primeiro livro que ele pediu para que a turma lesse. Ninguém imaginou que ele cativaria um bando de adolescentes desinteressados.

Lily deixou escapar uma risada baixa enquanto olhava para o irmão com os olhos molhados.

— Sabe o que me incomoda? Essa linha entre os dois anos – disse apontando para o pequeno traço que separava o nascimento da morte. – É a vida toda. Tudo acontece nessa linha.

— Acredito que James tenha usufruído em de sua linha – disse o professor
depois de alguns minutos de silêncio. – Frequentei a mesma faculdade que ele por alguns meses, não o conhecia muito bem mas...pelo o que ouço dos alunos, ele era alguém incrível.

— Era – Lily sentiu, novamente, como se alguém estivesse forçando sua
cabeça para debaixo da água. – Acho melhor eu ir andando, já passou da hora de voltar para o trabalho.

— Quer uma carona? – se apressou a oferecer.

— Não precisa, meu... – travou a notar que iria chamar Scorpius de namorado. – Amigo. Meu amigo está esperando. Luke sorriu minimamente enquanto, inconscientemente, acompanhava Lily até a saída.

Era possível ver, mesmo que de longe, Scorpius parado ao lado do carro com o celular em mãos. Virou para se despedir do homem que havia sido seu guia naquele estranho passeio, lhe estendeu a mão e agradeceu pela ajuda e companhia.

Ao se afastar, já podendo avisar o sorriso de Scorpius, ouviu uma voz nas suas costas que chamava seu nome. Ao se virar, encontrou Luke com uma das mãos no bolso enquanto a outra se ocupava em segurar contra o peito as pastas que carregava. Um sorriso brilhava em seus lábios.

— O que você vai fazer com a sua linha?

Lily retribuiu o sorriso e voltou a caminhar em direção ao carro. A pergunta martelou em sua cabeça pelo resto do dia.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que estão achando até agora? Comentem e me deixem saber suas opiniões.
Esses primeiros capítulos serão mais voltados para a volta da Lily na sua antiga rotina com algumas lembranças do James, mas no próximo alguns podres vão ser revelados...

Até quinta que vem.
Love always, BB.



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