Fluorescent Adolescent escrita por Liids River


Capítulo 2
Do i wanna know? If this feeling flows both ways?


Notas iniciais do capítulo

.... SAD TO SEE YOU GOOOO
oi
eu disse que voltava
migos eu decidi o que farei com esta short : vou postar um capitulo com cada música que eu amo de paixones do Arctic Monkeyssss
não vai ser longa ( provavel que uns 4 capitulos apenas).
eu tenho o enredo todo certinho,só tô encaixando as músicas
primeira vez que to fazendo um trem organizado hihih
obrigada pelos comentários e DMs no ultimo capitulo : amo vcs demais af
o que eu to fazendo com esta fic,vai provavelmente ser o que eu farei com o album novo do Ed Sheeran : eu disse que faria uma one pra cada música. (não farei) ;
vou fazer pras minhas favoritas (quase todas) e elas não terão ligação
enfimmmmm depois eu explico direitin


vamos ao que interessa : leiam a One Nova do Ivo : https://fanfiction.com.br/historia/728375/Do_not_mess_with_series/
ELE É UM XUXUZIM LINDO NÉ
espero que minha recomendação seja aceita



agora vamos a isto

(eu meio que espero que vcs ouçam Do I wanna Know pra entender o "esquerda,direita".)


btw
06/04 é meu aniversário e eu estou aceitando ones/fanfics/quoteszinhos fofos qualquer coisa que seja escrita de coração pra mim
eu gostaria de conhecer o talento de vcs que tao sempre apreciando o meu!
eu sei que cada um já teve uma ideiazinha pra fic ou só um dialogo fofo
me manda
eu vou amar ♥



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 Os passos de Percy ecoavam de acordo com a música que saía dos meus fones.

Esquerda, direita, esquerda, direita...

Ele vestia uma calça preta, rasgada nos joelhos. Caía pelo quadril e ele não parecia nem um pouco incomodado com aquele. A camiseta de dentro da mesma cor, coberto por um jaqueta de coura – também preta. Os tênis surrados era a única coisa que trazia uma cor diferente do preto : a parte branca do all star. Que na verdade, nem era tão branca de tão suja que estava. O cabelo bagunçado, uma das mãos segurava a alça da mochila nas costas e a outra mexia no celular.

Estava sozinho e cheio de mistério, como sempre.

Mas era diferente agora, certo?  Quero dizer, nós.. ficamos juntos no show. Fomos nos empanturrar de churros depois do show. Ele me deixou em casa e bem...foi isso.

Era diferente?

Eu não via Thalia, nem Leo e muito menos Nico por perto. Se um deles estivesse ao redor, isso seria bem mais fácil.

Era segunda-feira. Dois dias após o show que vimos e compartilhamos um momento.

Quer dizer, eu acho que compartilhamos um momento.

Eu via Georgia falando ao meu lado com outro garoto da aula de Mídia sobre o seu final de semana animadíssimo na casa dos avós.  Para ela, meus fones nem estavam ligados. E eu estava prestando atenção em tudo.

Ingênua.

Esquerda, direita, esquerda, direita.

Ele continuava caminhando. Não desviava os olhos do celular e ninguém esbarrava em Percy : ele era alto demais para que isso acontecesse. Todo mundo encarava por alguns segundos e depois...deixavam passar. Os caras na nossa idade só pensam em duas coisas : garotas e pegar geral.

Meninas na nossa idade só pensam em duas coisas : rapazes no geral e Percy Jackson em exclusividade.

Todas as garotas demoravam seus olhos no perfil de Perseu Jackson.

Esquerda, direita, esquerda, direita.

— ... você viu que o Mark cortou o cabelo do mesmo jeito que ele? – Georgia falava. Retirei um dos meus fones para me manter a par do que estava acontecendo.

Era assim : chagávamos, na maioria das vezes comíamos alguma besteira na cantina e íamos ao nosso prédio guardar nossos lugares para a aula. Eu gostava de subir direto para a sala,mas isso me fazia ainda mais estranha e nariz empinado –segundo Georgia.

E eu estava tentando não ser estranha e nariz empinado nessa época da minha vida.

— Vá! – minha mãe havia dito quando eu finalmente garanti meus estudos – Faça amigos, vá ao barzinho, pegue garotos, erre um pouco! – ela ria – Viva.

E era só Percy Jackson me deixar em casa após um show, que ela dava um próprio show de como estava indo por um caminho bem errado.

Vá entender...

Puxei meu casaco mais para cima por conta do vento gelado de outono. Essa era a minha estação favorita : o solzinho de inicio de manhã junto com o ventinho gelado no rosto. No final da tarde, o gelo do vento mais forte que o calor do sol. Eu amava outonos.

Percy Jackson levantou a cabeça bem quando o cantor chegou em minha parte favorita da música.

Esquerda, direita, esquerda, direita.           

Passos mais lentos agora.

Os olhos verdes tão brilhosos que eu quase tive vergonha de olhá-los. Os lábios retos, lentamente foram se erguendo nos cantos enquanto ele vinha em minha direção.

Suspirei antes que ele chegasse. A última coisa que eu queria, era contribuir com o ego enorme de Perseu Jackson.

Ele passou a mão direita no cabelo, com o celular ainda em punho. Ele abriu a jaqueta, guardando-o em algum bolso interno, eu imagino e por fim : parou em minha frente. Percy se deixou encostar na parede ao meu lado.

Eu ouvi Georgia se calar.

— Olá – sussurrou.

Virei-me de frente para aquele ser humano maldito de lindo.

— Oi, Percy – sorri.

Ele entreabriu os lábios, deixando escapar uma lufada de ar. Passou a língua no lábio inferior e sorriu.

— Seu cadarço...tá desamarrado – ele murmurou.

Meus olhos se voltaram ao meu tênis.  Dito e feito.

Mas...como ele havia visto isso se ele não tinha desviado os olhos do celular nem por um segundo?

— Eu amarro pra você. – Percy se abaixou no chão aos meus pés. A mochila caiu de lado e as mãos – belas mãos ,devo dizer – se voltaram aos meus cadarços. De cima, o cabelo dele parecia limpo e mais brilhoso do que qualquer coisa brilhosa que você posso imaginar.

Eu estava um bagaço e sabia disso. Não havia conseguido dormir direito desde o dia do show. Provavelmente estava com olheiras e meu cabelo uma bela bagunça. Havia pegado o primeiro jeans e o maior moletom do armário, querendo ficar confortável para as aulas.

Resisti a vontade de abaixar minha mão e passa-la em seus cabelos.

Tirei meus fones do celular e enrolei-os na mão, jogando no bolso do moletom.

Quem passava no corredor, olhava sem entender. Talvez pensassem que éramos parentes distantes.

Ninguém via Annabeth com Percy. Na verdade, não viam Percy com ninguém.

Percy subiu de volta ao meu campo de visão e sorriu feito um menino fofo.

Menino fofo vestido de preto como se estivesse acabado de sair de um funeral.

— Prontinho.

—Obrigada – sussurrei, sentindo meu rosto esquentar.

Ele sorriu, fazendo o movimento da arminha com a mão e o “tsch” com a boca.

Percy era tão antiquado que me dava nos nervoso. Como um garoto conseguia ser atual e antigo ao mesmo tempo? Talvez eu perdesse algumas horas de sono pensando nisso.

Ele apontou com a cabeça em direção a cantina e começou a andar.

Eu tinha que segui-lo? Isso nos fazia amigos de novo? Ele estava cabulando as aulas daqui também? Quem lhe pagava a faculdade? Onde estavam os outros? O que eu tinha que fazer?

— Ei – ele parou, fazendo-me olhá-lo a alguns passos – Eles tem um café com canela ótimo. Você vem?

Suspirei discretamente enquanto desviava os olhos para Geogria. Ela sorria, os olhos brilhante também. Fez um aceno de cabeça para mim e me empurrou um pouco.

Sorri para trás – para ela – enquanto seguia Percy até a cantina.

Esquerda, direita, esquerda, direita.

Andávamos juntos agora.

Eu rabisquei a parte de cima da minha folha enquanto o professor explicava a importância da mídia nos meios de comunicação atuais. Depois, eu faria um relatório sobre o show apenas para que contasse como hora extra.

O café era realmente bom.

Percy estava no curso de fotografia. Eu sabia que esse curso era no campus e não havia ficado surpresa com isso. Estava surpresa com café e canela não acelerarem o coração dele,sendo que ele mesmo disse que tomava todo dia.

Ele tinha duas matérias online. Por isso ele não estava no campus às quintas e às sextas.

Não que eu tenha perguntado....

O professor ficou em silêncio enquanto algum aluno entrava atrasado na aula.

Continuei rabiscando alguns desenhos bobos. Eu deveria ter ficado em casa, dormindo ou-

— E aí,loirinha – sussurrou uma voz ao meu lado.

Levantei os olhos assustado com Thalia ao meu lado. Eu costumava sentar sozinha e bem... talvez gostasse de ficar assim por um tempo.

Mas era Thalia. A rainha da distração ali.

— Oi – sussurrei e sorri. – Tá meia hora atrasada.

—Culpe a via principal e o acidente que aconteceu nela – Thalia revirou os olhos, jogando o cadernos dos Rolling Stones na mesa. – Eu liguei para o Nico assinar a lista pra mim, mas não acho que ele tenha feito.

—Nico não chegou ainda – sussurrei.

— É,ele não faz esse curso.

—E como ele ia assinar a lista pra você? –perguntei confusa.

Thalia olhou-me com aqueles olhos azuis elétricos. Tão azuis quanto uma tarde de verão. Cobertos por uma camada grossa de rímel e lápis de olho – obviamente. Ela inclinou a cabeça e sorriu sarcástica.

— Ele dá o jeitinho dele.

Revirei os olhos e sorri para ela. Estava de preto da cabeça aos pés, a não ser bela camiseta por dentro da jaqueta em um rosa chock terrível.

Efeito Rachel, talvez.

— Ótima combinação – apontei para a camiseta.

— Pena não poder dizer o mesmo – ela riu. – Você tá um lixo, garota.

Concordei com ela, mesmo ficando um pouco ressentida com seu comentário. Eu teria que me acostumar com o jeito grosso de Thalia,ou teríamos um problema sério. Geralmente,eu não sou de rebater grosserias a não ser que eu me sinta profundamente ofendida.

E Thalia não parecia querer me ofender, então...

— Sério, você tá parecendo que foi levar um caixão até a cova.

—Eu entendi – murmurei, revirando os olhos.

—Parece que passou a noite jogada numa vala de porcos.

—Ei!

—Parece que foi levada ao necrotério e abriu uns quinhentos corpos a noite toda.

—Thalia! – resmunguei – Eu entendi.

Ela sorriu e deu de ombros, abrindo o caderno na matéria de hoje.

Como eu disse, eu teria que me acostumar com Thalia.

Esquerda, direita, esquerda, direita.

Eu andava com Thalia pelo corredor até a biblioteca. Sussurrava a música de mais cedo baixinho. Não queria parecer fazer trilha sonora para andar com alguém.

— E aí ele te deixou em casa? – ela perguntou, segurando a alça da mochila.

— Depois de comermos uma renca de churros – sussurrei. – Parece que Percy não enjoa de churros nunca.

—A tia Sally fazia aos montes para ele – ela murmurou. – Fico feliz que você e ele...sei lá, estejam se falando de novo, mesmo depois de tanto tempo.

Olhei um tanto surpresa para Thalia. Além de mim e de Percy,eu não imaginei que mais alguém soubesse que já chegamos a cabular a catequese juntos.

Ela sorriu de lado, debochada :

—Ele fala bastante sobre você, mocinha.

Eu queria ter com quem falar sobre ele, sem que isso virasse notícia nos corredores. Desviei os olhos para o chão e sorri.

Parecia uma imbecil, mas estava gostando do dia de hoje. Seja lá por qual motivo..

Uma vez, quando saímos correndo pelos assentos de madeira da José Beato de Anchieta, eu havia sentido uma euforia enorme junto a Percy. Lembro-me de correr para fora da igreja,com medo de ser vista – como se mais tarde,minha mãe não fosse descobrir que eu havia escapulido da aula. Lembro de jogar-me na grama do parque e assistir enquanto Percy subia em uma árvore. Lembro-me de ser outono e ter o ventinho gelado de inicio de domingo, junto ao solzinho de final de verão. Lembro do céu azul e de rir depois que Percy caíra da arvore.

Eu estava gostando do dia de hoje tanto quanto havia gostado daquele dia.

—.. e aí eu acho que seria bacana se você quiser ir. – Thalia dizia.

—Onde?

— No show.

—Qual? – perguntei curiosa. Thalia revirou os olhos impaciente.

—Você é tão parecida com Percy que dá vontade de começar a te tratar como trato ele. – ela resmungou.

—Sinta-se à vontade – brinquei, mexendo na alça da sua mochila.

— E aí você nunca mais vai querer falar conosco – ela riu. – O show. Sexta-feira que vem, Strokes. No mesmo lugar do outro.

Ah sim. Esse show.

Não tinha comprado ingresso e não queria dizer a ela. A verdade é que minha mãe havia me feito escolher entre um e outro.... ir aos dois não era opção. Eu não podia sair tanto assim.

Volta lá na parte em que minha mãe me manda sair e blá blá blá.

O problema é sair com Percy e a Trupe. Se há alguém que minha mãe não suporta, esse alguém é Perseu Jackson. Eu ainda me pergunto se é apenas pela catequese ou se há alguma coisa que ela não me diz.

— Iiiih – ela riu,olhando-me – Tá com cara de quem não tem ingresso.

Olhei para a mesa em que Nico e Leo estavam. Eles acenaram para nós, então seguimos viagem até o Point do Donuts antes de irmos sentar com eles.

— Não tenho mesmo – sorri sem graça.

— Não se preocupe – ela murmurou, anotando o pedido na prancheta e passando-a para mim – Nenhum de nós temos.

— E como diabos vão entrar? – perguntei, anotando meu pedido abaixo do seu e pegando nossas senhas com o japonês do donuts.

— Bem.. – ela puxou meu braço e entrelaçou com o seu – Isso você só vai descobrir se vir conosco.

Desviei os olhos para Nico e Leo. Sorriam animados e conversavam sem parar.

— Eles vão – ela murmurou baixinho para mim.

No início do refeitório, Percy entrava com Rachel em seu encalço.

Thalia sorriu para mim, maliciosa.

—Ele vai.

Esquerda, direita, esquerda, direita.

Direita. Rachel caminhava à direita de Percy.

Obriguei-me a parar de sussurrar a mesma música de mais cedo. Ela era uma intrusa de música... ou eu era a intrusa de grupos?

Nico puxou-me para sentar entre ele e Leo.

— Seus cadarços estão desamarrados – murmurou, puxando minha perna para seu colo e amarrando-os. – Pronto.

—Obrigada – murmurei, mexendo em seus cabelos.

Ele fez o mesmo movimento que Percy mais cedo.

Nico tinha olheiras embaixo dos olhos e parecia tão cansado quanto eu. Perguntei-me se deveria perguntar o porquê da sua aparência mas parei por um momento : eu não gostaria que me perguntassem, então..

— Não consegui dormir direito – ele bocejou, jogando o braço direito em volta dos meus ombros- Fui terminar um dever de ética muito tarde.

...ou ele pode simplesmente falar.

Essa era outra grande diferença entre mim e a trupe : eles falavam. Dizem exatamente o que pensam e quando pensam. Não deixavam as coisas passem despercebidas – isso não era coisa só de Thalia, mas sim da trupe inteira.

Eu não sei se conseguiria dizer algo que pensei sem ter o medo de ser julgada logo depois.

Rachel murmurava algo que fazia Percy sorrir alegremente. Ele jogou a cabeça para trás rindo, logo depois colocando um braço ao redor de seus ombros – como Nico havia feito comigo. Os alunos de Rádio e Tv olhavam e ignoravam. Algumas garotas riam e voltavam aos seus assuntos. Ele murmurou alguma coisa que a fez sorrir feito...feito uma maldita princesa da Disney.

Tentei imitar o seu sorriso mas fui pega por Leo que fez careta.

—Tô fedido? – perguntou.

—Hn... –senti meu rosto esquentar – Não, desculpe...eu-

—Então não faça caretas, Annabelle – ele murmurou, piscando de lado.

—É Annabeth. – corrigi, sorrindo para o chão.

Leo pegou uma mecha do meu cabelo e fez de bigode para si mesmo, murmurando :

—Bem melhor.

Desviei meus olhos para Bonnie&Clyde que vinham na nossa direção. Percy apressou os passos, fazendo-a correr atrás de si. Rachel pegou um dos fones que estava jogado ao redor do pescoço de Percy, porém ele começou a andar mais rápido sem deixa-la ouvir sua música. Assim como na época da catequese...

Por instinto, deitei minha cabeça no ombro de Nico e suspirei. Talvez esse fosse o primeiro e último intervalo que eu passaria com eles. Não estava costumada a sentir nada relacionado a Percy e eu culpava esse intervalo pelas coisas que estavam ameaçando meu auto-controle.

Não, não culpava o show. Nem os churros.

Era tudo culpa dessa meia-hora de intervalo.

Percy jogou a mochila na cadeira ao lado de Nico e Thalia se levantou indo pegar nossos pedidos. Rachel sentou-se onde Thalia estava e começou a tagarelar algo sobre como o mundo da moda e do turismo andavam de mãos dadas. Evitei revirar os olhos apesar da sua voz irritante.

Todo mundo parecia bem tranquilo ouvindo-a falar.

Então porquê eu era a única que queria só... “Ah cale a boca,Rachel.”

Talvez eu não esteja acostumada a grupinhos.

A cabeça de Leo estava voltada para ela e ele acenava enquanto ela falava. Pude sentis os cabelos de Nico na minha testa,se misturando com os meus enquanto eu ainda estava deitada em seu ombro,e ele fazia o mesmo que Leo : concordava e ouvia enquanto ela falava. Suspirei e desviei meus olhos para Percy,que apesar de ter jogado a mochila ao lado de Nico,estava sentado bem de frente para mim.

Ele puxou os fones do bolso, colocou-os nos ouvidos e começou a balançar a cabeça... esquerda,direita,esquerda,direita.

Quando abaixou o celular e me viu encarando,Percy apoiou o cotovelo na mesa e apoiou o polegar no queixo. Com o indicador, ele varreu o lábio inferior e continuou me encarando.

Os olhos verdes passaram dos meus cabelos, a meus olhos. Pela minha boca, por meus ombros e por fim, parando em Nico. Ele não parecia enciumado e esse nem era o meu objetivo, ele só parecia...ele.

Suspirei, desviando os olhos para Rachel.

Resisti novamente a vontade de revirar os olhos e olhei para ele de novo.

Aquele desgraçado segurava um sorriso.

Maldito.

Te odeio.

Revirei os olhos para ele, que deu de ombros.

Não estou com ciúmes de você, seu idiota.

Ele deu de ombros de novo e encarou Rachel.

Olhe pra mim!

Os olhos verdes se voltaram para mim, como se ele tivesse lido meus pensamento.

Esse pensamento sobre pensamentos me fez corar e ele deu de ombros de novo, escondendo mais um sorriso.

Remexi-me desconfortável no ombro de Nico.

—Tudo bem aí? – ele perguntou, passando a mão em meus cabelos.

Sorri para Nico e disse que estava tudo certo, fazendo-o voltar a olhar para Rachel.

Percy me encarava com a sobrancelha erguida, o indicador passando pelo lábio inferior de forma rápida. Voltou seus olhos para Rachel e inclinou a cabeça como se estivesse vendo um filhotinho fofo de labrador.

Franzi a testa e levantei-me de forma bruta.

Rachel parou sua fala no meio e ergueu suas mãos para mim :

— Estou entediando você? – perguntou.

Está. Você e sua história sobre moda e blá blá blá. Ninguém quer ouvir sobre isso.

Mas na verdade, o grupo parecia bem interessado na história. Eu quem estava entediada. Percy colocou ambas as mãos embaixo do queixo, cruzadas, como se ele estivesse agora muito interessado em mim.

— Eu só lembrei que tenho que fazer umas coisas lá em cima – peguei minha mochila do encosto e sorri para Nico – Até mais, vocês!

Corri até Thalia que reclamava com o japonês dos donuts por conta do seu pedido.

— Ei – sorri – Esse é meu? –apontei para a bandeja.

—É,esse babaca errou o meu! – ela gritou para o japonês – Ele me chamou de konitchuasizichin. O que é isso?

—Eu não falo japonês – sussurrei, beijando-lhe na bochecha – Obrigada.

— Ei! – ela puxou meu braço enquanto eu me afastava já com meu lanche em mãos – Onde você vai?

—Eu lembrei que tenho que resolver umas coisas – murmurei tentando ser convincente – Até mais,Thalia.

Ela deu de ombros e apontou o dedo do meio ao japonês, voltando para a sua discussão.

Esquerda,direita,esquerda,direita...

Saí da última aula sozinha, caminhando em direção a biblioteca.

Tudo bem não gostar de alguém do grupo. Sempre acontece certo? Você não vai se dar bem com 90% das pessoas com as quais você vai conviver. Eu só não entendia porquê estava tão encasquetada com Rachel.

Na verdade, eu sabia. Mas não queria aceitar.

Percy estava parado em frente a entrada da biblioteca. Eu levantei a cabeça e passei direto por ele.

Quer dizer, tentei.

Percy segurou meu braço e puxou-me de volta.

O bom do campus depois do horário de aula : ele era vazio. Ficavam poucas pessoas, grupos de trabalho e professores, na grande maioria.

— Epa,pera lá, nervosinha – ele riu.

— Estou atrasada – resmunguei,puxando meu braço de volta.

— O horário de aula já acabou – ele resmungou também, revirando os olhos. Soltou meu braço e aquietou suas mãos – lindas e belas mãos – nos bolsos.

— É né? – suspirei, coçando a nuca.

Uma vida baseada em “É né?”. 

E em não saber se sair de algumas situações.

Ele inclinou a cabeça até estar da minha altura. Fiquei na ponta dos pés, até estar na sua altura (ou quase isso).  Ele arqueou uma sobrancelha e eu fiz o mesmo. Percy passou a língua no lábio inferior e eu mordi o lado de dentro da minha bochecha.

— O que você tem? – perguntou.

—Não é da sua conta – respondi ríspida.

Ele teve a audácia de sorrir.

—Você tenta mas não consegue ficar nem um pouco menos fofa.

—Vai se f-

—Você não suporta a Rachel,não é? – ele riu.

Fiquei sem saber o que fazer. Não sabia se confirmava e seguia a vida. Ou se insistia dizendo que...bem, não era bem assim. Ou se vivia no “É né?”.

Dei de ombros e entrei na biblioteca.

— Ei –ele puxou meu pulso de volta. Resmunguei um pouco,voltando para o lado de fora – Vem tomar um café comigo.

Puxei meu braço de volta. Ele pegou meu pulso mais uma vez,a sobrancelha desafiando-me.

Ele bagunçou os cabelos com a mão que não estava em meu pulso. A mochila pendia no ombro e o fone estava pendurado ao redor do pescoço. Emitia um som altíssimo e eu resistia a vontade de colocar no ouvido.

Percy não queria compartilhar músicas comigo.... e eu estava chateada por isso.

Desviei os olhos para a parede e menti na cara dura :

—Eu não gostei do café.

—Você não sabe mentir.

—Você não me conhece.

Ele fingiu indignação. Colocou a mão direita no peito e fez um “o” com a boca. Digno de premiações.

Por favor Academia deem a este jovem um Oscar.

— Assim você acaba comigo – ele murmurou, puxando meu pulso mais firme. – olhei para a biblioteca. Eu não tinha planos de verdade, só pretendia ficar ali até dar a hora do meu ônibus.

Encarei Percy : seus cabelos bagunçados, os olhos persistentes. Tinha uma expressão de mandão e intimidador mas eu não me sentia daquele jeito. Ele desviou os olhos para o corredor e de volta para mim. As pupilas dilataram-se e ele parecia impaciente.

— Tá. Você paga.

Puxei meu pulso e caminhei na frente dele até o café....naquele mesmo jeito : esquerda,direita,esquerda,direita.

Esperei sentada nos banquinhos de ferro da cantina. O solzinho já dando um espaço maior ao vento frio de outono. O céu menos azul,já dando espaço ao cinza. Puxei meu moletom para baixo com frio. Percy estava em pé no balcão do café, esperando. Ele olhava pra mim e desviava o olho como se eu não tivesse visto. Mexia nos fones e sorria de vez em quando.

Quando ele voltou para onde eu estava, sentou ao meu lado e encaixou o braço no meu.

— É o melhor café com canela que você já tomou, admita –ele riu, tomando um gole da bebida fumegante. Revirei os olhos e ignorei. – Você revirou muito os olhos pra mim hoje. Onde está a sua educação?

Fingi limpar uma sujeirinha na sobrancelha com o dedo do meio.

Ele riu e deu um tapinha leve na minha mão.

— O que você tem? – ele sussurrou baixinho. Desencaixou nossos braços e o passou pelos meus ombros. As bochechas dele ficaram vermelhas mas eu não posso falar muito,visto que eu senti meu rosto esquentar imediatamente. Olhei para seu rosto tão perto e sorri.

— Nada – e não tinha mesmo. Não com ele perto de mim ali.

Ele revirou os olhos e continuou encarando-me.

Percy suspirou algumas vezes e fez o que eu menos esperava...

...não,não é beijo ainda.

Ele pegou o fone jogado ao redor do pescoço e colocou-o na minha orelha.

Percy estava compartilhando música comigo.

Quero dizer...mais ou menos.

Era a minha música de mais cedo.

Esquerda,direita,esquerda,direita.


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Notas finais do capítulo

E AI
show né
eu tenho uma pessoa no grupinho da faculdade que se eu pudesse,jogava uma bomba
midira,sou um doce com ela
(não)