Fluorescent Adolescent escrita por Liids River


Capítulo 1
That boy's a slag,the best you ever had


Notas iniciais do capítulo

fanfic para adolescentes fluorescentes
aliás,oi meus amôzin
como é que vcs estão hein,chega mais
vou responder todas as dms e comentários da ultima one,não se apressem
uma coisa que apareceu em quase toda dm : eu to bem,minha gente
agradeço a preocupação ♥
agora vamos falar do cd novo do ed sheeran e pq Dive é a música mais melhor de linda
ASHUSAHSUHSASAUH melhor cd né,minha gente

enfim,boa leitura e até lá embaixo.



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Tão errado, tão metido, tão nariz empinado.

E eu estava caidinha por ele. Ah, como estava!

Observei seus cabelos bagunçados na fila do show. Era o cabelo mais rebelde de toda a fila. E olha : estávamos na fila para um show de rock alternativo. Então cabelo rebelde, tinha aos montes.

Ele vestia uma camiseta sem mangas, preta com o símbolo da banda. Conversava animadamente com Nico e era tão agitado, que me veio a vontade de tocar seu braço e pedir-lhe calma.  O jeans preto rasgado nos joelhos e o all star tão sujo que eu teria vergonha de usá-los (não teria não).

Percy Jackson não usa pircings ou tinha tatuagens. Pelo menos, não visíveis. Apesar do pequeno alargador na orelha direita, tão pequeno que se não fosse da cor preta, nem notaríamos.

Eu não quero que este seja mais um relato que você aí, vai ler, rir um pouco, talvez se emocionar e sair sem extrair nada.  Então leia com atenção, releia o que você achar que tem mais de um significado e por favor : não seja comum.

O mundo é cheio de gente comum lá fora, faça diferente desta vez.

Você deve achar : ora pois. Ela com certeza o conheceu na escola. Ensino Médio. Ele é o rapaz problema. Ela é a garota nerd . Fim.

Ah, meu querido leitor. Não tão previsível desta vez.

Eu o conheci na igreja. É, isso mesmo.

Leia de novo : na igreja. Mais precisamente na catequese. 

Estava a pequena Annabeth, no auge dos seus 7 anos de idade. A menina que só se importava com bolinhos de cenoura e desenhos da Nickelodeon.  Como você, aos 7 anos de idade, não tem livre arbitro para fazer as suas escolhas, eu era mandada pela minha mãe à catequese da igreja Pe. José de Anchieta. Caso você não esteja familiarizado com o termo “catequese”, você verá que foi o que os portugueses fizeram com os índios,aniquilando a cultura raiz dos homens.

Mas esse é um contexto histórico que você não precisa saber.

Então, mesmo não querendo, eu ia até a catequese para agradar minha mãe. E bem, como eu disse, eu não tinha escolha.

E Percy Jackson também estava lá.  No curso básico de coroinhas.

Sim. Volta lá onde eu descrevo Percy Jackson.

Esse mesmo garoto no curso de coroinhas.

Lembro-me de uma das manhãs de domingo, estarmos presenciando uma das aulas dos coroinhas. Todos sentados nos bancos de madeira rústica da Pe. José de Anchieta, prestando a devida atenção a todos os movimentos dos coroinhas e do próprio padre. Percy era o único de cabelos negros. O único que se apoiava em um único pé e o único o qual a batina não cobria o corpo inteiro. Ele revirava os olhos quando o Padre dizia alguma coisa e tinham que repetir.

Eu me peguei prestando atenção naquele garoto não porquê suas atitudes erma incomuns. Mas sim, porque ele parece forçado a estar ali : assim como eu.

Talvez ele só quisesse voltar para casa e comer bolo de cenoura assistindo aos desenhos da Nickelodeon.

Naquela mesma manhã, eu vi os pais de Percy irem busca-lo. A mãe dele parecia uma sereia de tão bonita. E o pai, parece um Percy mais velho. Minha mãe cumprimentou-os e eu tive um momento de silêncio com Percy Jackson pela primeira vez.

— ... minha Annabeth adora a catequese! – ouvi mamãe falando para os Jacksons.

Inconscientemente, revirei os olhos.

Percy Jackson me flagrou revirando os olhos e riu de lado. Eu segurei um sorriso constrangido, e  discretamente levantei um dos meus indicadores até os lábios, pedindo o famigerado silêncio. 

— Ah, o Percy logo menos vai se tornar um dos coroinhas. – Poseidon disse.

Percy olhou para mim e sorriu de lado novamente. Revirou os olhos um monte de vezes e murmurou baixinho :

— Té parece.

Na semana seguinte, nós dois cabulamos a igreja. Foi o meu primeiro ato de rebeldia. E fizemos isso, muitas vezes.

Ao invés de irmos para as nossas salas e ouvirmos os ensinamentos, corríamos para o parque na quadra seguinte à da igreja. Aos oito anos de idade, Percy era mais maneiro do que qualquer outro rapaz que eu conhecia. Bem, deu um problemão quando nossos pais descobriram o que fazíamos na catequese.

Na verdade, que não fazíamos a catequese.

Percy se mudou para a minha escola aos 13 anos. Ele cortava o cabelo sozinho e já não vestia nada além de cores escuras : preto, azul escuro, vinho, marrom escuro, verde escuro e de volta ao preto. Havia naquela época, um boato de que Percy se envolvia com bruxaria.

Mas isso é coisa de gente que não tinha tv a cabo em casa.

No ensino fundamental, éramos os colegas do : “Oi.” “Oi”.

Não que eu quisesse mais que isso : minha mãe nem gostava de Percy Jackson. Ela o achava um garoto sombrio demais. Até eu ter que levar Nico Di Angelo em casa para um trabalho. Talvez ela tivesse mudado o conceito de “sombrio”.

Mudando um pouco o foco, Nico Di Angelo era o amigo de todos.  Não que ele fosse até as pessoas e “Ei! Seja meu amigo”. Não, isso não fazia – e ainda não faz – o estilo de Nico. Todos iam falar com ele por saberem da boa recepção que teriam, e isso, bem...isso fazia Nico o camarada de todos.

Nico era amigo de todo mundo, mas era mais amigo de Percy e Thalia. A prima de Percy. Isso também não vem ao caso agora, mas ela era mais maneira do que todo mundo aos 13 anos de idade.

Eu não perdia horas e horas pensando em como responder Percy quando ele vinha falar comigo : não. Eu gostava de ter pouco assunto com ele. Eu confesso que o medo de ser vista com Percy, contribuía com isso.

Eu não queria que as pessoas me vissem com o garoto bruxo da escola. De jeito nenhum.

Triste porquê o armário dele era do lado do meu.

— E aí! – ele bateu com a mão fechada na porta do meu armário, enquanto eu pegava minha blusa.

— Oi – sorri.

— Como foi o final de semana ? – perguntou, analisando uma lata de tinta dentro do seu próprio armário.

— Bacana. – sorri de lado, fechando meu armário – Até mais.

— Tchau – dizia, sem nem ao menos me olhar. Eu que não ficaria ali para descobrir o que ele faria com aquela lata de tinta.

Aos 15 anos, Percy cortava o próprio cabelo, ou brigava direito com o seu cabeleireiro.  E bem, definitivamente ele cortava as próprias roupas. Aos 15 anos, Percy Jackson era mais maneiro que qualquer pré-adolescente aos 15 anos.

De repente, o colégio viu a necessidade de nos fazer usar uniformes : Percy cortou os uniformes também.

Ele andava nos corredores cumprimentando apenas quem o cumprimentava. Corava ao olhar das meninas do time de Handball e brincava com o grupinho dele, que agora ,havia mais um integrante : Leo Valdez. Que deve ser o único garoto latino americano de toda a escola.

Eu confesso que aos 15,tinha uma queda por Leo Valdez. Ela era muito adorável para não ter.

E bem, eu gostava dele. Ele havia trazido uma cor a mais ao grupo de Percy : eles usam branco também. Não todos, apenas Leo e Thalia. Eu pegava Leo cantando várias vezes. Ele tinha uma voz horrível, mas era espontâneo.

E espontaneidade é sinônimo de sucesso, no meu dicionário. E sucesso, é tudo. Ele saia com a sua caixinha de musica ouvindo música latina pelos corredores da escola e o cabelo enrolado ia de um lado para o outro. Era uma graça. Bem, o grupo inteiro ia ouvindo as músicas. Percy ia mais atrás, balançando a cabeça e mexendo nas unhas, como se não se importasse em passar vergonha ou algo do tipo. Ele virava a cabeça e fazia joinha com a mão para mim.

Quase não nos falávamos mais.

 No primeiro ano do ensino médio, eu era o mascote da turma por ter 15 anos ainda. Todos já estavam na casa dos 16, como se fossem muito mais velhos que eu. E foi a primeira vez que a trupe e eu fomos da mesma sala.

Aos 16 anos, a trupe era menos bagunceira do que nos anos anteriores. Surpresa, claro : os adolescentes tendem a serem mais babacas ao passar dos anos.

O que eu esperava : um monte de garotos pulando iguais animais e desenhando coisas obscenas na lousa. Rabiscando carteiras e cadeiras, fazendo palhaçada com cada palavra que os professores falavam.

O que eles eram : o total oposto do que era esperado. Todos eles faziam o “shiu” quando alguém se atrevia a interromper o professor. Era uma surpresa até para os próprios professores.

Eles sentavam juntos no final da sala. Se dividiam em duas fileiras para as conversas paralelas em troca de aula e tiravam sarro de boa parte da sala. Principalmente aos mauricinhos e patricinhas.

Ah, havia uma integrante nova no grupo : Rachel. Bem, Rachel alguma coisa. Não é importante.

E não é importante porquê Rachel é a única do grupo que eu não acho que deveria ser do grupo. Não que eu tenha que ter opinião sobre A Trupe.  Mas...ela era a única que achava engraçado algumas coisas que eles não achavam. Ela usava rosa, era toda colorida e bem... eles não.

Era um mistério pra todo mundo o porquê deles andarem juntos.

Adolescente é uma desgraça mesmo, não é? Tanta coisa pra desgraçar a cabeça, e fica desgraçado com uma menina andando com um grupo de  diferentões.

Eu tentava ao máximo não ser pega observando, mas Nico é rápido. Ele sorri para mim e até me chamava para sentar com eles, mas eu educadamente os ignorava.

O contato com Percy já era inexistente. Ele só olhava-me e estreitava os olhos.

Mas não era nada especial : ele fazia isso com todo mundo.

Na cerimônia de certificação do ensino médio, metade da sala não havia ido. Não era importante, era só um certificado de conclusão do ensino médio. Um monte de estresse nas costas e a ânsia pelas férias, finalmente.

Percy já tinha os lados dos cabelos raspados, e a parte de cima mais cheia. As pontas ficavam caindo para os lados e ele parecia vocalista de uma banda post-grunge. Alguém abotoava sua beca atrás, e ele usava uma camisa preta de botões e uma calça jeans rasgada nos joelhos, junto com seus tênis nada convencionais. Rachel saiu detrás dele e sorriu, fazendo-o sorrir de volta.

Talvez isso explique as coisas.

O pai dele chegou, colocando-lhe o capelo e jogando o pingente para frente.

— Pelo menos nisso você se formou e não cabulou as aulas para ir ao parque – brincou, referindo-se ao curso de coroinha ao qual cabulamos. No mesmo instante, desviei os olhos e senti-os me observando.

Depois disso, tivemos a cerimônia. Leo caiu no palco, fazendo-nos rir. Rachel fez agradecimentos desnecessários, fazendo-nos rir da cara do diretor. Thalia estava tão bonita e surpreendeu a todos usando um belo vestido e um sapato de salto ainda mais bonito, gritando aos pais : Punks também amam!

Nico estava muito elegante e parecia feliz quando levantou o certificado apontando como se fosse uma arma para a cara do diretor. Todos rimos. Aos 18 anos, Nico era mais descolado que todos nós aos 18 anos.

Percy fora o orador da turma. Ele não era de falar alto e para que todos ouvisse, então quando Percy falava....

— Boa noite a todos os pais – ele sorriu um pouco avermelhado – Representantes, responsáveis legais e ilegais – rimos – Aos meus colegas de escola e aos meus colegas de classe – Percy respirou fundo algumas vezes. Ele olhava para o papel que deveria ler, contendo seu discurso. Por um momento, ele ficou com os olhos fixos, sem dizer uma palavra. Suspirou, revirou os olhos e amassou o discurso pronto. Pelo canto do olho, eu vi o diretor solta um palavrão. – Então lá vai : Isso não é grande coisa. Ensino Médio. Pra quem sobreviveu ao ensino médio, a gente aqui sobrevive a qualquer coisa, cara. – ele riu um pouco, consigo mesmo – Pra quem sobreviveu às aulas de coroinha, sobrevive a qualquer coisa – todos rimos, até aqueles que nem sabiam do que Percy estava falando – Você pode não acreditar em si mesmo. Pode não ter quem lhe diga : Manda brasa, cara! Pode pensar do que porquê você estar lutando pra conseguir mais como estes – ele apontou com o indicador para o canudo com seu certificado – Eu faço isso as vezes.

— Eu também! – gritou algum dos formados ( definitivamente Nico).

Percy sorriu, olhou para baixo por um instante e logo respirou fundo novamente.

— Mas, por mais que você duvide de si mesmo um bilhão de vezes –

—Eu diria um zilhão de vezes! – gritou mais alguém (eu diria Nico,novamente).

— ...você sempre tem alguém torcendo mais por você do que si mesmo. – ele completou, olhando fixamente para um ponto da plateia de pais. A maioria dos alunos nem sequer se deu ao trabalho de olhar, mas eu desviei os olhos e vi que ele estava olhando para seu pai e o irmão mais novo. – Não necessariamente vai ser um pai. Um irmão, ou um familiar. Pode ser que seja, um colega – ele olhou para Leo, sentado em minha frente. Leo Valdez levantou o punho fechado e gritou tão alto um : Los Homies! Que metade dos colegas ao lado, taparam os ouvidos. – Pode ser que seja uma prima – Thalia sorriu, levando o pé pro alto e gritando seu lema novamente, fazendo todo mundo rir -  Pode ser que seja um irmão. Não necessariamente da mesma mãe – Ele fingiu atirar com o indicador e o polegar em Nico, que pegou seu canudo e fingiu novamente carrega-lo. Metade das garotas a um raio de dois quilômetros suspiraram de amores por Pernico. O maior bromance do universo.

Percy desvirou os olhos, ainda rindo um pouco. Tão devagar que eu poderia assistir em looping infinito, ele foi ficando sério, a expressão ficando mais séria, e os olhos mais tristes.

— Pode ser que quem está torcendo por você não esteja fisicamente perto. – ele murmurou, desviando os olhos para o céu – Já esteve, mas não está mais. – todo mundo fez um momento de silêncio em memória da mãe de Percy.

Quando se passou o instante, ele retornou a sua fala.

— Você pode pensar que não precisa disso. Que não quer fazer isso por si mesmo – ele levantou o canudo – Não afaste o que é bom de você. Se não for fazer por si mesmo, faça por quem torce por você. É isso caras! – ele pegou o capelo pelo pingente e sorriu – Escutem Van Halen!

Todo mundo jogou os capelos para cima, gritando junto com Percy : Escutem Van Halen!

O que nos leva ao começo de tudo isso :

Tão errado, tão metido, tão nariz empinado.

Percy havia mudado muito desde o ensino médio. Não como se fosse há muito tempo atrás, não. Aos 20 anos, Percy já estava na faculdade e já era o garoto mais cobiçado de lá também. A trupe ainda estava unida, mas ele estava diferente.

Não era mais só o garoto que fazia as coisas por alguém. Fazia por si mesmo agora.  Não se obrigava a dizer, ou sentir o que não queria.

Eu estava curiosa. Claro que estava : tudo que intriga, traz curiosidade.

A trupe e alguns dos mês colegas de escola, estavam no mesmo campus que eu na faculdade. Era difícil me livrar de todos eles, se eles continuavam me seguindo.

Thalia era até da minha sala nas aulas de Comunicação e Mídia.

— E aí, tá ansiosa? – perguntou um cara atrás de mim na fila do show.

— Com certeza – sorri sem graça. Amizades de show eram bacanas, mas eu não estava interessada. Deveria trazer uma plaquinha “Não há interesse” no pescoço.

Fora uma surpresa encontra-los a poucos metros na fila. Eu sabia que Thalia gostava da banda, sabia que Leo achava bacana, mas Percy e Nico...bem, fora uma surpresa encontra-los na fila. Eles batiam palmas e cantavam uma das musicas da banda. Pareciam animados e felizes demais. Talvez tenham bebido um bocadinho.

— Você está sozinha? – perguntou o cara atrás de mim.

Ignorei-o só porquê não queria ficar com ele e seus amigos brutamontes no show.

Por um momento, Nico desviou os olhos mais pra trás e sorriu para mim com surpresa. Acenei com a cabeça, vendo o resto do grupo também me olhando. Percy sorriu de lado e apontou para mim, sussurrando alguma coisa para Nico, que acenava com a cabeça.

Ótimo. Agora eu era o assunto da trupe.

— Você pode ficar com a gente! – o cara atrás de mim pegou no meu cotovelo e puxou-me para dentro da rodinha dos seus amigos hulks.

—Olha, eu não quero, eu estou esperando uns colegas... – mentira deslavada. Eu havia ido sozinha e não queria confusão.

Os meninos riram alto e faziam parecer para o resto da fila, que estavam comigo. Eu puxei meu braço de volta e empurrei um deles saindo daquele meio de testosterona nojenta.

— Ei-

—Me deixa em paz – reclamei, saindo de perto deles e esbarrando em alguém no meu percurso.

Nico estava parado na minha frente, sério. Ele segurou meu pulso e me puxou para perto de Thalia, mais a frente.

— Ei, tudo bem? – Leo perguntou, puxando-me para perto dele e Percy.

— Tudo bem, eu só..

— Você estava com eles? – Percy perguntou. Parecia irritado mas não comigo. Ou comigo. Ou com todo mundo. Ou com o mundo todo.

Percy sempre parecia irritado.

— Não, eles estavam me puxando pra ficar no show mas-

—Certo. – ele me interrompeu, correndo para Nico, que havia ido de volta ao meu lugar na fila, para perto dos caras.

—Escuta, eu não quero causar confusão, eu só..- olhei para Leo, que sorria tímido.

—Tudo bem, Annabeth – ele resmungou – Você não causa confusão. Pelo menos, não em mim.

Quê?

— Quê? – perguntei.

Thalia riu, puxando-me para debaixo do seu braço e começou a perguntar-me como eu havia conhecido a banda, qual minha música favorito, o que eu tinha comido no almoço da última seman...

Ela era boa em distrair.

Alguns instantes depois, Percy e Nico voltaram sorrindo tanto, que eu tinha medo de perguntar o que estavam fazendo enquanto nós conversávamos. Nico estava com um corte em cima da sobrancelha e Percy estava com a parte de baixo do queixo.

— Agora sim, esse show vai valer a pena. – Nico riu.

—É ritual : esses caras amam uma boa confusão antes de uma diversão particular.

Revirei os olhos. Percy sorriu de lado e levantou o indicador até os lábios. Senti minhas bochechas arderem, mas ninguém mais parecia ter percebido seu movimento. Ajeitei minha camiseta no corpo. Era a primeira vez que eu estava combinando com aquela trupe : também estia preto. Também usava jeans rasgado e meus tênis pareciam feitos de sujeira. Comecei a me perguntar se eles teriam me ajudado se eu estivesse como sempre estive.

Nos ajeitamos na fila, Leo estava na frente conversando com Thalia. Logo atrás, Nico e Rachel trocaram algumas palavras e mexiam em seus celulares, me deixando com Percy para trás.

Isso queria dizer que eu ficaria com eles no show? Queria dizer que éramos amigos? Eu estava sendo convocada para A Trupe? Eles comeriam comigo no intervalo da faculdade?

Antes que eu pudesse entrar em depressão profunda com meus pensamentos, Percy estalou os dedos na minha frente rindo baixinho.

— Você pensa demais – sussurrou.

— Obrigada pela ajuda – sorri, colocando o cabelo atrás da orelha. Ele me olhou surpreso e deu de ombros. Os olhos verdes brilhantes e o cabelo caindo no rosto. Ele passou a mão esquerda, jogando-o moicano do ensino médio para trás e deu de ombros de novo – Mas eu tinha tudo sob controle.

— Eu não duvido – ele sorriu, estralando os dedos – Mas se eu posso ajudar, eu o faço.

Sorri também. Quais as probabilidades de voltar a ter contato com o coroinha depois de tanto tempo?

— Então.... sua adolescente florescente – ele riu, apontando para nossas camisetas que eram iguais. – Está sozinha mesmo ou estava com aqueles babacas? – ele perguntou, limpando a parte de baixo do queixo. Franzi a testa para o sangue e ele riu – Não é meu.

— Você pode pegar uma doença mexendo no sangue alheio.

— Você tem razão – ele limpou a mão na camiseta de Nico, que virou para trás confuso :

—Que foi?

—‘Tava sujo aí, estava limpando pra você – ele mentiu.

Nico deu de ombros e continuou a conversa com Rachel.

Percy sorriu e piscou cúmplice para mim, fazendo-me corar de novo.

— Você não me respondeu – ele pigarreou.

— O que? – perguntei confusa.

A presenta de Percy estava me deixando mais tonga que o normal.

— Tá sozinha? – ele perguntou olhando para frente. Quando ele voltou seus olhos para mim, não parecia se referir apenas ao show. Os olhos de Percy pareciam olhar-me por inteira. Como se fosse mais importante saber se eu estava sozinha, do que se estava bem.

Acenei com a cabeça, sem saber ao certo o que eu estava respondendo.

Eu estava sozinha?

Ou era sozinha?

— Bem... – ele passou o braço sob meus ombros – Não está mais.

Eu não sabia das promessas de Percy. Como ou se ele prometia alguma coisa : mas aquela frase, me pareceu uma.

Durante o show, Percy se colocou atrás de mim, segurando-me perto da grade, assim como Leo fez com a Rachel e Nico com Thalia. Ele me perguntava se estava tudo certo e se eu precisava de alguma coisa a cada vinte minutos.  Ele amarrou meus cabelos – a pedidos meus – e fomos motivo de brincadeirinhas, mas não ligamos. Quer dizer, nem percebemos, eu acho.

Quando a banda entrou, eu fui prensada contra a grade pelo número de pessoas que queria chegar mais perto. Percy pedia desculpas e ria, fazendo-me sorrir também. Dificilmente você via Percy sorrindo na escola. Ou em qualquer outro lugar. Isso se tornou uma raridade maior depois que sua mãe morreu.

Quando a banda se apresentou e cantou a primeira música, cantamos todos juntos e pulamos. Quando chegou o refrão da segunda música, eu já me sentia em casa. Quando estavam indo para a quinta música, Percy parou o vendedor ambulante e comprou u m hambúrguer.

— Você é doente? Você vai passar mal e vomitar em cima de mim! – puxei-o, ficando na ponta dos pés para falar-lhe no ouvido.

Ele riu, mordendo o hambúrguer e apontando-o para mim.

Olhei para aquele rosto lindo da desgraça...

— Vai logo, tem gosto de música boa – ele sussurrou no meu ouvido.

... dei uma mordida no hambúrguer.

Quando a banda cantou a música mais lenta, a plateia se acalmou. Todo mundo cantava a música junto e foi como se cada um cantasse para si mesmo.

—Essa é a minha favorita – Percy murmurou, enquanto os acordes do refrão começavam. Ele colocou as mãos em minha cintura e puxou-me para o lado, colocando-me ao seu lado. Ou o contrário. Eu levantei a cabeça só para vê-lo jogar uma das mãos para cima, cantando mais alto. Ele tinha uma rosto muito bonito. Era ainda mais admirável quando olhava para cima, para o cabelo do vocalista. Fechava os olhos e sorria cantando o refrão.

Imitei-o, colocando a cabeça para o alto e fechando os olhos, cantando a música baixinho.

Quando a música acabou, eu me dei conta de duas coisas :

A música era mais bonita do que parecia, quando você cantava para si mesmo.

Os olhos de Percy estavam fixos em mim.

Bem...isso até os acordes da próxima música terem começado.

Na volta para casa, dividimos um táxi até as devidas casas. Fomos cantando as músicas, apertados nos bancos do pequeno carro. Nico estava no colo de Leo e Rachel ao meu lado, quase dormindo.

Pecy estava cantando baixinho, também parecia exausto. Thalia indicando o caminho ao taxista enquanto eu tentava absorver a melhor noite que eu havia tido.

Ao lado de pessoas que sempre estiveram lá, mas não verdadeiramente comigo.

Quando você se dá conta...você vê que é importante.

— Bem, Percy eu vou ficar por aqui já, você vem? – Nico perguntou, apontando para o prédio deles. Eu não sei bem, mas acho que eles dividem um apartamento.

Percy piscou e balançou a cabeça apontando para mim.

—Vou leva-la antes –ele sussurrou.

Nico sorriu e piscou para mim.

—Até mais, loirinha.

—Tchau, Nico – sorri tímida.

Continuei sentada ao lado de Percy, e com o balanço do carro, não me dei conta de quando eu acabei dormindo. Eu acordei, estava no começo de rua desconhecida por mim. Thalia estava sentada no banco da gente conversando com o taxista, e ao meu lado já não tinha Rachel ou Leo. Eu estava com a cabeça apoiada no macio e estranhei por alguns segundos, até me dar conta de que era o peito de Percy. Arregalei os olhos nervosa, mas não me mexi.

Era macio demais para que eu me movesse.

— Aqui – Thalia mostrou a casa para o taxista, que parou na frente – Percy, você paga.

—Folgada – ele sussurrou. Fechei os olhos para não ser vista.

Alguns barulhos e despedidas depois, senti um aperto na minha mão e a voz de Thalia :

— É tarde, ela não deve estar acostumada.

Eu não estava mesmo. Talvez o hambúrguer tenha me dado ainda mais sono.

Percy riu baixinho e sussurrou :

—Foi divertido.

— Foi mesmo – ela murmurou – Nunca vi você tão sorridente.

—Cala a boca – reclamou.

—Hm...

—Cala a boca – ele repetiu. – Agora sai.

A minha mão foi solta e a porta fechada.

Ajeitei-me no ombro de Percy e suspirei, fingindo acordar.

Não tenho certeza se ele sabia onde eu morava.

— Olá de novo – ele suspirou, olhando-me. – Dorminhoca.

— Desculpe – sussurrei, espreguiçando-me ainda com a cabeça em seu ombro -  Foi bem cansativo, eu já estou pedindo arrego.

Percy riu e se mexeu desconfortável. Movi-me para sair de perto dele mas Percy segurou minha mão, e puxou-me de volta.

—Você pode dizer pra onde ir – ele murmurou, a bochecha vermelha, olhando pela janela escura – Eu não tenho hora pra voltar.

Ela estava me chamando para sair?

E o que você pode fazer passando da uma da manhã em NY.

Olhei para o seu perfil por alguns momentos. O nariz arrebitado, o olhos perdido na janela. Suspirei algumas vezes, até ele olhar para mim. Os olhos tão verdes quanto um sinal de trânsito. Eu tinha medo de até onde eu poderia ir com Percy Jackson. Ele não era mais o garoto com quem eu cabulava a igreja.

— Você gosta de... – suspirei, sentindo-me ridícula. Percy levantou uma sobrancelha. -...churros?

Ele sorriu ,mostrando-me todos os seus dentinhos perfeitos. A sobrancelha direita se arqueou por um instante. A boca abriu-se surpresa e os olhos ficaram ainda mais hipnotizantes.

— Eu adoro churros.

.

Descemos na Times iluminada ,e eu nos guiei até onde havia a lanchonete favorita da minha mãe.

— Se a gente não comer 26 churros por quinze dólares, você vai me dever 26 churros e quinze dólares – ele sussurrou, andando ao meu lado, desconfiada.

— Bem, então se prepare porquê serão os 26 churros e quinze dólares mais bem aproveitados da sua vida! – sorri.

Entramos na Pings and Pagles e eu não consegui conter um sorriso ao ver que a lanchonete funcionava, por mais que fosse tarde da noite. As mesinhas vermelhas e cadeiras vintages deixavam o lugar ainda mais confortável. Os atendentes limpavam algumas mesas para a fila que se formava. O lugar, era como um caixa de vidro : dava pra ver toda a Times iluminada atrás de nós. Olhei para Percy, mas ele estava mais interessado no cardápio, atrás dos 26 churros por quinze dólares.

— Caramba – ele sussurrou.

—O que foi? – perguntei, ficando na ponta dos pés e vendo o cardápio por trás de seu ombro.

— Olha isso – ele apontou para o papel esverdeado – 40 churros, vinte dólares.

Nos olhamos por alguns instantes. Nem estávamos com tanta fome, mas o fato de termos uma comida favorita em comum, me fez sorrir um pouco. Ele piscou sorrindo de volta.

—O que desejam? – perguntou o atendente quando chegou a nossa vez.

— 40 churros, vinte dólares – falamos juntos.

O atendente sorriu de lado e olhou para Percy.

—Mais alguma coisa?

—Duas cocas – falamos juntos de novo. Desta vez, desviamos o olhar e coramos juntos.

O atendente sorriu ainda mais e sorriu. Eu olhei para Percy e apontei :

—É a primeira vez dele aqui – sussurrei.

— Ei! – ele arregalou os olhos para mim e fez careta. – Linguaruda.

— É mesmo? – atendente riu, apontando para a tela – Você ganha mais 6 churros por cortesia da casa – ele sorriu – Crédito ou débito?

Pisquei para Percy, mostrando-lhe a língua e fui escolher nossa mesa, enquanto ele pagava.

A vista não era A vista. Era só um monte de prédio iluminado, um monte de gente fora de suas camas depois da uma hora da manhã. Pessoas cheia de sacolas. A maioria das lojas ainda funcionavam. Não era uma cidade que não parava, mas não parava. Apoiei os cotovelos na mesa e deitei a cabeça nas mãos, tanto não deixar que hoje passasse me braço por mim.

— Eu não acredito que vamos comer 46 churros por vinte dólares – ele murmou, colocando o prato com os churros na mesa.

— Você nem esperou virem servir! – murmurei tampando a boca com a mão, rindo igual uma imbecil. – Percy!

— Olha,eu estou com fome – ele reclamou revirando os olhos – Você comeu todo o meu hambúrguer.

— Eu dei uma mordida – reclamei, pegando as cocas da mão dele.

— Foi a sua mordida que acabou com ele – ele brincou, tomando um gole da sua bebida. – Ah,o gosto do capitalismo exacerbado!

Sorri enquanto tomava a minha bebida. Os cabelos dele grudavam na testa e estava me agoniando. Levantei um braço e passei a mão pela sua testa, puxando os cabelos para cima,  enquanto ele comida o terceiro churros.

— Obrigado. – murmurou. – Vou vir aqui pra sempre.

Eu queria dizer-lhe para não trazer ninguém para o meu lugar favorito.

Ele levantou seu copo de coca-cola e inclinou a cabeça :

— Um brinde aos adolescentes fluorescentes nessa noite florescente – sorriu.

Bati meu como no seu e sorri.

—Aos adolescentes fluorescentes.

....

...

...

30 churros. Foi a quantidade que aguentamos comer. Porém, ele pediu que colocassem o restante em saquinho para que ele levasse para casa. As pessoas ao nosso redor riam enquanto ele pedia mais um copo de coca-cola,e alguns olhavam diferente para as suas roupas e seu cabelo. Olhavam para mim e davam de ombros, como se fossemos insetos.

Ninguém liga pra vocês.

— Vamos embora – chamei-o. Eu estava sentindo-me desconfortável com os olhares.

Ele franziu a testa e passou um braço por cima dos meus ombros.

— Você está com sono?

—Um pouco – menti.

A verdade,é que era legal estar com Percy. Mas eu não queria que agora,o olhar das pessoas em cima de nós dois influenciasse seu pensamento sobre mim. Como se não combinássemos...

...quando na verdade,eu acho que ninguém nunca vai combinar mais comigo quanto Percy.

Enquanto caminhávamos para o ponto dos táxis, Percy já comia mais alguns churros.

— O que mais você gosta de fazer? – perguntei, caminhando ao seu lado – Além de se entupir de doce e ouvir Arctic Monkeys.

Ele sorriu de lado e limpou o açúcar da boca, com a mão.

— Eu gosto muito de ler –ele respondeu.

—Sério?  - Perguntei incrédula, arregalando os olhos para ele.

— Não – ele riu. – Você deveria ver sua cara!

—Besta – revirei os olhos.

Continuamos andando, em silencio. O único barulho, eram seus dentes mastigando a massa frita do churros.

— O que mais você escuta? – perguntei distraída.

— Muitas coisas.

Assenti e continuei andando.

Talvez...talvez tenha sido só aquela noite. Talvez suas respostas curtas sejam o sinal de :  Ei, não tente. Não chegue perto. Foi só isso.

Paramos no ponto dos táxis só porquê era mais rápido e como eu estava acordada...talvez devêssemos ir em carros separados. Ele ficou em silêncio por um tempo e suspirou.

—Escuta, não me entenda mal-

—Já entendi, Percy – murmurei.

— Não....olha – ele suspirou, virando-me de frente para ele. Sua boca estava suja de açúcar, me fazendo revirar os olhos. Limpei sua boca com os dedos e sacudi a cabeça.

Como eu era idiota.

— Por que tantas perguntas? – ele sussurrou, puxando os cabelos para trás.

— Eu só estou curiosa. – sussurrei.

—Annabeth – ele murmurou, sacudindo a cabeça. – Não é isso, você sabe que não.

Olhei para Percy. Superficialmente, eu o conhecia. Garoto punk, cabelos rebeldes, olhos verdes. Estudioso, apesar de não parecer. Era um tanto inquieto e esperto. Gostava de uma banda que eu gostava. Mas não é assim : você não constrói uma amizade em cima do que você vê,mas sim, em cima do que você sabe.

 Amizade, é um reflexo involuntário.

Aproximei-me ainda mais dele, ficando na ponta dos pés, puxando seu rosto para que eu limpasse o canto da sua boca com o indicador, mais delicadamente. Percy inclinou a cabeça para a minha mão, e sorriu.

— Eu só quero conhecer você de verdade – sussurrei.

Ele fechou os olhos e balançou a cabeça.

— Eu não quero que você venha, extraia o melhor de mim e vá embora depois. – sussurrou.

Uma coisa que você precisa saber sobre cada pessoa que você vê ou conhece : estamos sempre esperando sermos danificados. E acabamos sendo, as vezes.

Eu podia danificar Percy Jackson. E o mesmo podia acontecer comigo.

— Eu não pra lugar nenhum – murmurei, fitando-o. – Eu prometo.

Mas por algumas pessoas, vale a pena ser danificado?

Cabe você decidir.


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Notas finais do capítulo

não acabou (?)
acho que não,mas eu não posso prometer que vou postar mais aqui,porquê to meio corrida usahsauhsau
trsite d+ pq ganhei ingresso pro show do jake bugg ontem e não consegui ir ;c

ia dedicar essa história pro Ivo,porquê segunda-feira foi o aniversário dele porém o menino Ivo é exigente : ele quer continuação de 97,7 of sure. Então eu acho que posto mais tarde de novo. Não aqui,vou postar a continuação.


eu to fazendo publicidade feat propaganda pra quem me perguntou e é o maior feat que você deve respeitar

vc deve ouvir One Day do Kodaline para ler esta fanfic (além do musicão da porra do título)
E OUVE O DIVIDE E ME DIZ SE ED SHEERAN NÃO SALVOU SUA VIDA
SE ELE NÃO SALVOU,NÃO SEI QUEM VAI

por quantas pessoas vcs foram danificadas? eu fui por uma só
e dói d+ pq não importa

amo vcs ♥