31 de outubro de 1981

Os Potter nunca deram muita importância ao Dia das Bruxas, ainda mais depois que os pais de James morreram. Fleamont e Euphemia adoravam dar jantares e convidar amigos em todas as datas comemorativas, e foi esse jeito acolhedor deles que fez Lily se sentir tão à vontade com aquela família. Não mais que Sirius, que até morou com eles. Mas a perseguição de Voldemort fez com que James e Lily abandonassem as tradições e fizessem uma comemoraçãozinha simples, apenas um jantar entre eles.

— Você vai chamar Sirius, querido?

— E precisa? Do jeito que ele é, é capaz de entrar aqui no meio da noite!

Os dois sorriram. James brincava com Harry, que estava sentado em sua cadeirinha esperando o seu jantar: sopa de legumes.

— Hum... Parece bom, não, Harry? – James fazia careta para o filho, que dava uma gostosa gargalhada. Lily se aproximou, colocou o pratinho na mesa e deu na boca de Harry.

— E nós, vamos comer o quê? – perguntou James.

— Não sei... Coloquei uma torta de frango no forno, está bom pra você?

— Bom? Até demais! Sua torta de frango é de lamber os beiços! Não mais que o meu arroz de forno, vai me desculpando, mas eu ainda sou melhor que você na cozinha!

Lily deu um tapinha no braço de James, que sorria.

— Ai, mas você não tem jeito mesmo, hein Potter? Continua o mesmo arrogante de sempre!

— Não é isso, Evans, só estou dizendo a verdade!

Harry deu um grunhido e os dois voltaram sua atenção ao menino.

— Não acha que ele está demorando muito a falar, James?

— Não, deixa ele... Alguns bebês demoram mesmo, eu mesmo nem falava até os três anos de idade.

Lily o olhou com ironia e James sorriu:

— Tá bom, dois anos e meio – Lily franziu o rosto e James admitiu – OK, você venceu, um ano e três meses e não se fala mais nisso! A propósito, Harry está de aniversário, não?

Lily arregalou os olhos e se virou para o marido.

— É mesmo! Quantos anos esse rapazinho está fazendo?

— Olha que coincidência! Um ano e três meses!

Lily e James cantaram Parabéns a Você para Harry e o encheram de beijinhos.

— Gostaria de nos dizer algumas palavras, aniversariante? – brincou James.

— Ele está emocionado demais pra falar!

Lily voltou sua atenção à torta de frango, que já estava pronta, e quando foi tirá-la do forno, ouviu o filho dizer:

— Ma-Mã!

James e Lily se olharam felizes.

— Olha, querida, ele falou! Ele falou!

— Sim, eu ouvi, James!

— Vamos, Harry, não quer falar mais um pouco? Por que não tenta Papai? Fala! Pa-Pai!

— Ele vai falar mais amanhã. Aliás, alguém aqui está me devendo três galeões!

James apertou os olhos, tinha se esquecido da aposta que fez com a mulher: Se Harry falasse Papai primeiro, Lily pagaria três galeões a James. Mas se Harry falasse Mamãe primeiro, era James que teria que pagar o dinheiro a Lily.

— Essa não valeu! Ele tinha que falar claramente “mamãe”. Como não falou, a aposta ainda está de pé!

— Seu trapaceiro! – Lily deu um tapa no braço de James, que desviou – Você mesmo disse que ele falou, então nem tente me enrolar!

Os dois sorriram, depois jantaram e colocaram o bebê Harry no berço. James ficou alguns minutos admirando a mulher. Lily era belíssima desde menina, quando a viu no trem a caminho de Hogwarts. Agradecia todos os dias por ela ter escolhido ficar com ele em vez de Snape. Agora eles tinham um filho juntos, e quando aquele período turbulento passasse, teriam muitos outros. James nunca gostou de ser filho único e confidenciou à mulher que queria ter um time de Quadribol. Lily virou-se para ele, seus olhos verde-esmeralda brilharam ao vê-lo. E James deu um sorriso largo. Ela e Harry eram tudo o que ele tinha de mais precioso e ele faria de tudo para protegê-los. Até sacrificar sua vida, se necessário.