Entre o Céu e o Inferno escrita por Lu Rosa


Capítulo 28
A fúria de um anjo


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo...

— Você não vai me vencer, Morgenstern. E não irá usá-la nos seus propósitos demoníacos. Nem que eu morra, eu vou impedir você.
Sebastian olhou para ele e sorriu.
— Numa coisa você teve razão, Mikaelson. Você vai morrer.



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— Droga, Magnus! Por que está demorando tanto? - disse Elijah ao passar pela porta juntamente com Klaus

Mas o que ele viu nao era bem o que esperava. Magnus estava caido e Genesis estava de joelhos perto dele.

Os dois correram ate eles.

— O que aconteceu?

— Acho que a magia das grades foi muito para ele.

— E agora, irmão? - perguntou Klaus - O que faremos?

— Vocês devem ir e levar o Magnus com vocês. Eu me entendo com Sebastian. – disse Genny.

— Fora de cogitação.- respondeu Elijah. - Nao vou deixar você.

— Mas é a única saída! Se Sebastian voltar e...

— Ora ora ora, vejam só - Sebastian caminhava a passos lentos na direção deles - Se não é o nobre cavaleiro tentando salvar a sua doce donzela.

 Os irmãos Mikaelson se levantaram e Elijah pegou a lâmina Serafim.

— Como você pode segurar uma dessas? Você, um submundano?

— Clary o consagrou. Mesmo sendo vampiro, ele foi digno disso. - respondeu Genny.

— Olha só... Interessante! - Sebastian olhava para Elijah segurando a lamina com interesse quase cientifico. Fascinado mesmo.

Aproveitando a distração dele, Klaus correu para tentar pegá-lo por trás, mas Sebastian se virou no ultimo minuto o agarrando primeiro.

— E agora, Klaus Mikaelson? Qual será suas últimas palavras?

Entao ele começou a fincar as garras no peito de Klaus que mais gritou de ódio do que de dor.

Mas então Elijah portando a lamina Serafim desferiu um golpe nas costas de Sebastian, forçando ele a largar Klaus que caiu inconsciente.

Sebastian virou-se para Elijah batendo uma mão na outra como se a estivesse limpando do sangue de Klaus.

— O nobre Elijah Mikaelson... será que Genesis sabe o quão negro é o seu coração? - eles moviam em círculos estudando-se. - Sera que ela sabe o quanto perto do inferno você está?

— Nao! Nao preste atenção nas palavras dele, Elijah.- gritou Genny da jaula. - Eu sei o quanto você é bom.

— Sabe mesmo, cara Genesis? A porta está aberta, Elijah Mikaelson. Por que não enfrentar os seus demônios... ou as suas vítimas.

Uma nevoa preta saiu da boca de Sebastian, escurecendo tudo ao redor de Elijah que brandia a Lâmina serafim.

Vozes começaram a surgir em sua cabeca.

" Você me traiu, Elijah..."

— Celeste?! – Elijah olhou ao redor de si mesmo.

" Você me matou, Elijah.E me esqueceu..."

— Tatia?! Eu não quis. – ele virou o rosto da direção da voz

"Você me entregou para o Klaus."

— Katerina... – olhou para o outro lado.

As vozes do seu passado iam ecoando em sua cabeca, o forcando a um carrossel sem fim.

— Eu não queria! – Elijah gritou em desespero.

" A porta está aberta, meu filho. Aceite os seus demônios" Esther, sua mãe falava com ele.

Entre as brechas dos golpes que ele dava na névoa, dava para ver que o rosto dele mudava. Logo o demonio dentro dele sairia para servir a Asmodeus, Sebastian comemorou intimamente.

Genny agarrou as barras de ferro.

— Nao! Elijah, escute-me. - ela sabia que não precisava erguer a voz para ser ouvida por ele - Você não teme aos seus demônios. A porta já foi fechada. Você conseguiu vencê-los por amor a Hayley. Você lembra?

Elijah ouvia a voz falando com ele, mas tudo que ele via era a nevoa negra o cercando, o sufocando.

Então ele a viu. Hayley.

" Você me deixou casar com Jackson. Você não lutou por mim. E agora quer essa garotinha loira. Eu odeio você, Elijah"

— Hayley...

 - Lute, Elijah. Lute contra os seus demônios... - pediu Genny com lagrimas a escorrer pelo rosto.

Elijah escutou a voz na nevoa. E ele a viu. Ajoelhada, as mãos estendidas, suplicando por sua salvação.

Circulou a lamina em torno de si e quando a luz da lâmina a dissipou, ele a atravessou.

— Você não vai me vencer, Morgenstern. E não irá usá-la nos seus propósitos demoníacos. Nem que eu morra, eu vou impedir você.

Sebastian olhou para ele e sorriu.

— Numa coisa você teve razão, Mikaelson. Você vai morrer.

Elijah sentiu um golpe em suas costas e viu uma mao com garras saindo do seu peito e segurando um coração. Ele levou um milésimo de segundo para adivinhar que aquele coração era o seu.

Como em câmara lenta, Genny viu Asmodeus tirar o coração de Elijah e o deixar cair enquanto o corpo do original também ia ao solo.

— NÃO! - Genny gritou a plenos pulmões.

— Demorou para se juntar a nós, Mestre.

— Tinha uns negócios a resolver. É aquela a nossa menina?

— Sim, Mestre. Olhe para ela. Quase pronta para lhe servir.

Nesse momento, Genny ergueu a cabeca e olhou para os dois. Seus olhos secos mudaram de azuis para vermelhos. Seu corpo tremia, a fúria correndo por todo seu corpo. A legião que viera com Asmodeus rugiu sentindo o mal que fluía nela.

Magnus que recobrara a consciência olhou para os corpos de Elijah e Klaus. Sentiu tristeza por eles e então ele viu Genny na prisão. Seu anjinho estava deixando a essência demoníaca dominá-la.

— Nao anjinho... Lute Genny. Lute, minha criança.

Sim, Genny estava lutando. Mas estava dolorida demais e ela queria sangue. Queria rios de sangue por seu amor perdido.

Ela se levantou e com um movimento dos bracos, a prisão onde estava explodiu em vários pedaços.

— Esta vendo, Morgenstern. - Asmodeus disse. - Ela é tão poderosa que...

— Nada, demônio. Nada poderá me deter. - Genny disse. Seu corpo emanava uma energia tornando-o igual a uma brasa. Vermelho. Seus olhos, também vermelhos focaram no demônio.

— O teu corpo se tornará cinzas e serás esquecido nessa terra e na outra. Ao meu querer.

As palavras de Genny pareciam uma sentença. Por que ao terminar de proferi-las o espectro de Asmodeus começou a se desfazer como papel queimado.

— O que e isso?! O que ela esta fazendo?!

— Mestre, eu nao sei... - Sebastian começou a se afastar de Asmodeus.

— Esquecido como cinzas que se vão com o vento. - disse Genny, movendo a mao de leve. E, enquanto ela fazia isso, Asmodeus se desfazia no ar.

—Eu Sou Asmodeus, príncipe do inferno. E nao serei vencido.

— Irás sim. Vá, teu mestre o aguarda. Tens contas a acertar com ele.

Uma labareda o envolveu e o sugou para dentro da terra.

Sebastian olhou aquilo com os olhos esbugalhados.

Genny virou-se lentamente para ele e abriu um sorriso. Morgenstern sentiu um frio percorrer sua espinha.

— Você... matou... Asmodeus?

— Eu o enviei para que ele preste contas. Nao se rebela sem pagar o preço. Você devia saber disso. Já o pagou uma vez.

— Sim. Por favor Genesis. Nao me faca ser a companhia dele. Eu só cumpria ordens.

— Você mente, Sebastian Morgenstern. Mas nao se preocupe. Nao irás fazer companhia a Asmodeus. Os demônios mataram minha família ao seu comando. - Ela focalizou os demônios que ainda estavam nas sombras. - E agora, eu os comando...

Os demônios avançaram contra Sebastian o dilacerando em um espetáculo que fez Magnus desviar os olhos. E depois disso, Genny ergueu os bracos e uma coluna de fogo os envolveu. Ela deu as costas deixando-os queimar.

Nada mais importava agora. Seu trabalho estava feito. O coração deu um último pulsar, o corpo extenuava-se.  Sentiu que caía nos bracos da morte.

Mas, antes que seu corpo atingisse o solo, uma luz prateada atingiu Genny a prendendo. A moca sentiu um torpor como se sua alma estivesse deixando seu corpo. Se aquilo era a morte, ela não dava medo e sim uma paz intensa. De repente, foi como se suas costas estivessem sendo rasgadas de cima a abaixo. Ela gritou.

Então, ouviu um ruflar de asas, ergueu a cabeca e olhou para o lado. Um anjo vestido como um soldado olhou para ela e disse:

— Filha de um anjo, chamada de O Inicio. Ascenda aos céus e tome seu lugar na tropa celestial. Eu sou Raziel e te comandarei.

Genny sentiu um bater de asas e viu que eram suas asas que batiam. Ela elevou-se e viu um corpo caido.

— O que aconteceu? - ela perguntou a Raziel

— Aquele pagou o sacrifício de te amar. - Raziel respondeu sem emoção na voz.

— Ele esta morto?

— Sim. Mas isso não nos diz respeito. Vamos.

Genny ignorou o chamado do anjo e desceu ao chão. Suas asas recolheram-se e ela caminhou até o corpo.

Uma frase ecoou nos confins de sua mente ainda com resquícios de humanidade.

“Estarei eu cometendo um sacrilégio amando um anjo? ”

Genny caiu de joelhos. Ainda existia uma dor impossível de suportar. Seu coração parecia querer ser arrancado do seu peito. Ela sentiu seu corpo gelar como se estivesse morta. Ela tocou o rosto dele de leve. Ele estava morto, tinha plena consciência disso. Elijah Mikaelson estava morto.

A dor aumentou a ponto de sufocá-la. O rosto de Elijah estava com a expressão séria que ela aprendera a amar. Ela tocou seu rosto belo, os lábios apenas uma vez tocados, suas pálpebras fechadas para sempre.

Por que? Ela se perguntou.  Levaria mais essa morte entre os ombros pela sua origem? Já não bastava seus pais, amigos e agora o dono de seu coração?

Genny sentiu algo escorrer pelo seu rosto e ao tocar com as pontas dos dedos viu que era sangue. Chorava lagrimas de sangue tal era a sua dor.

Ela ergueu os olhos para cima e toda sua dor se resumiu num único grito.

— DEUS!

Um único raio de luz dourada desprendeu de seu corpo e elevou-se aos céus. Por um segundo ou dois tudo na Terra pareceu ficar em suspenso, como se o planeta tivesse parado de girar.

Então um raio de luz prateada passou pelas nuvens atingindo Genny no peito. Ela elevou-se no ar como se tivesse sendo puxada por uma força invisível. A luz a envolveu e as penas de suas asas caiam uma a uma sobre o corpo de Elijah até que nenhuma restasse. De repente a luz cessou, e ela caiu no chão ao lado dele.

Genny se sentiu uma fraqueza imensa em seu corpo, mas conseguiu se erguer. Sentou-se e viu um monte de penas no chão. Entendeu que a luz que a atingira retirara sua imortalidade celestial. Ela voltara a ser uma humana com parte anjo e sangue de demônio. Só que agora viveria eternamente como vampira.

O monte de penas mexeu-se e Elijah Mikaelson sentou-se.

— Genesis...

— Elijah! Você está bem?

Ele olhou em volta.

— Nós vencemos?

Ela riu, pois foi exatamente as mesmas palavras que ela disse quando eles enfrentaram o exército de vampiros demoníacos.

— Sim, meu amor. Nós vencemos.

Eles se levantaram e Genny correu até onde estava Magnus. Ele a abraçou bem forte. O feiticeiro nunca esqueceria as cenas que vira. Nunca.

— Magnus? Está bem, meu amigo?

— Já estive melhor. Como da vez em que eu participei de uma orgia na Renascença... ou foi na corte Seelie? Ah deixa pra lá. E Sebastian?

— Destruído. Enquanto Asmodeus deve estar desejando ter sido destruído também.

— Então finalmente estamos livres daqueles encostos. E você meu anjinho?

— Dizem que tudo está bem, quando termina bem, não é? – ela olhou para Elijah vindo na direção deles juntamente com Klaus que vinha amparado pelo irmão.

— Cinderela!

— Você sobreviveu. - constatou Genny.

— Acredito que eu deva te agradecer pela ajuda. - disse ela.

— Fica me devendo, Cinderela.

Genny sorriu para ele e Klaus devolveu o sorriso. Estava tudo bem agora, mas ela ficou temerosa que o ataque de Sebastian tivesse acabado com a vida do hibrido.

— Bem, acho que está na hora de irmos. Anjinho? – Magnus estendeu a mão para ela. Fraco, ele precisaria canalizá-la para poder gerar um portal que os levaria dali.

Genny pegou a mão dele e sentiu que alguém pegava sua outra. Não precisou olhar para ver quem era. Suspirou ao sentir o toque frio de Elijah.

Magnus produziu o portal e eles passaram através da luz azul e roxa.

Por alguns minutos, Genny e Elijah não conseguiram ficar sozinhos para conversarem. Freya e Alec queriam saber tudo o que acontecera.

Quando todos se acalmaram, Alec tinha ido embora e Klaus conversava com Camille que chegara momentos antes, Genny subiu para seu quarto. Ela deu uma vista de olhos pelo aposento tentando guardar na memória todos os detalhes possíveis. Agora que a ameaça de Sebastian não mais existia, não havia motivos para que ela ficasse com os Mikaelson. E a constatação desse fato, fazia seu coração sangrar. Mas tudo teria que seguir o seu caminho, como um roteiro bem escrito.

— Mil dólares pelos seus pensamentos. – ela ouviu uma voz atrás de si. Genny sorriu e se virou. Elijah estava parado na porta como sempre. Impecável em seu terno com as mãos nos bolsos.

— Não acredito que eles valham tanto. Estava me despedindo de tudo aqui.

— Então você vai mesmo embora?

— Não tenho por que ficar mais. A Clave ainda está à minha procura. Não quero que eles comecem a fuçar por aqui.

— Pensando em nós primeiro do que em você?

— A família em primeiro lugar. Não é assim?

Ele se aproximou dela e a tocou no rosto. Genny fechou os olhos sentindo a caricia não na pele, mas no coração.

— E se eu te pedir para ficar?

— Nenhum pedido me daria mais alegria. Mas eu não quero um relacionamento à três, Elijah.

Ele baixou a mão. Sabia do que ela estava falando.

— Hayley. Mas ela agora é casada com outro.

— Sim. E ele é um lobisomem e ela uma hibrida. O tempo corre lentamente para vocês, mas inclemente para o Jackson. E um dia, ela vai estar livre. O mundo é grande e... – ela deu um sorriso triste. – temos tempo. Esqueceu? Eu sou uma espécie de anjo vampiro ou vampiro anjo!

Ela quis fazer uma piada com a sua atual condição.

— Eu tenho séculos de sangue nas mãos. Por que me consideraria digno de tal amor?

— Porque Deus não nos deu seu único filho por amor? Para a nossa redenção? A porta foi selada, Elijah. Selada com o seu sacrifício.

— Acabou, então. Meus demônios foram enterrados? E de agora em diante? Por que eu continuo sendo um Original. Chamado monstro por alguns.

— Você terá às suas escolhas. Assim como eu terei as minhas. Por que o bem e o mal convivem em nós.

 - Ah Genesis... é tudo tão simples com você...

— Talvez porque meus olhos não tenham visto e nem meu coração sentido tanto quanto você.

Elijah tocou o rosto dela com carinho.

Genny era inexperiente, mas abrir o coração não requer experiência, apenas sentimento.

— Elijah, eu sei que seu coração pertence a Hayley, mas eu não a invejo, porque somente uma mulher incrível seria merecedora do seu amor. E sim, ela é. Em algum momento de suas vidas vocês terão paz para viver o seu amor. E, quem sabe, no meu caminho haverá alguém para mim também. Mas a cada dia eu terei a expectativa.

— E qual seria?

— Do nosso reencontro. Mas até lá, seja feliz. Ninguém mais merece tanto. - ela ergueu o rosto e o beijou na face, saiu do quarto e foi até o encontro de Magnus.

Freya a esperava, assim como Klaus que segurava Hope no colo.

— Vou sentir sua falta, Genesis. – Freya a abraçou com afeto.

— Não se preocupe, Freya. Eu apareço de vez em quando. Principalmente para ver se alguém está na linha.

— Ah claro. Não vai largar do meu pé não é Cinderela? – ele entregou um envelope à Genny. – Se precisar, procure essa pessoa. Caroline Forbes, ou agora Salvatore. Soube que ela agora tem uma escola para pessoas especiais. Fale com ela em meu nome e... – ele fez uma pausa. – Que um dia ainda cumprirei a promessa que fiz a ela.

Genny olhou para o envelope e para Klaus. Pela primeira vez sentiu uma profunda emoção nas palavras do híbrido. Essa tal Caroline devia ser uma pessoa incrível para se conhecer.

— Eu direi. Cuidem-se, por favor. – ela abraçou Klaus e fez um carinho no nariz de Hope. Ao se separar dele, Genny olhou para cima e viu Elijah no meio da escada. Eles já haviam se despedido. O futuro decidiria por eles.

— Você vai abrir mão assim do amor da sua vida? – perguntou Magnus que a esperava com o portal aberto.

Ela mostrou a marca da união na palma da sua mão.

— Uma pessoa uma vez me disse que todos nós temos o mal e o bem dentro de si. Eu não sou tão boa quanto acham. – Genny respondeu com uma expressão maliciosa no rosto.

Magnus soube que ela sabia exatamente o que estava fazendo quando gravou a runa de ligação eterna nela e em Elijah Mikaelson.

— Genesis Wayland, você é um pequeno demônio!


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo...

Com o passar do tempo vieram as perdas. Nesse momento, Caroline foi a fiel amiga. Por que elas perdiam pessoas em comum.



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