Entre o Céu e o Inferno escrita por Lu Rosa


Capítulo 18
Na beira do abismo


Notas iniciais do capítulo

Genny tinha que ser honesta consigo mesma e aceitar que a voz tinha razão. Ela defenderia todos da família, mas a possibilidade de Elijah ter se ferido naquele combate abalou todo o seu controle. Seus sentimentos estavam se tornando perigosos em relação ao original.



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Na alta madrugada, Genny viu que Hayley saia da cabana com Hope no colo. Ela ninou a menina e mesmo daquela distância, Genny pôde ver que ela chorava. Por mais que entendesse as razões de Klaus, ela não pode deixar de sentir uma certa mágoa dele. Afastar uma criança da mãe era muito triste. Um crime, na verdade. E ela decidiu com todas as forças que tudo iria fazer para mudar essa história.

Hayley carregava Hope no colo e caminhava na direção do carro, enquanto Elijah vinha ao seu lado. Genny viu que entre as arvores havia um lobo de pelo cinza. Ele observou Elijah enquanto eles caminhavam. Temerosa do que ele pudesse fazer ela saiu do carro. Seu movimento atraiu a atenção do lobo e ele se inclinou como se fosse correr para ela. Genny sabia que só poderia ser alguém da matilha de Hayley, portanto alguém que ela gostava. Pediu ao anjo que o lobo não pensasse em ataca-los, pois seria muito difícil manter o controle e não o matar.

Mas parecia que o anjo resolvera testa-la, pois, após dar um rosnado, o lobo avançou para cima de Elijah.

—Jackson! Não! - gritou Hayley. O lobo pareceu não a ouvir. A sorte é que Hope parecia dormir tranquilamente no colo na mãe

— Corra, Hayley. É a mim que ele quer. - Elijah gritou enquanto se esquivava do primeiro ataque.

Genny estava grudada no chão. O lobo era enorme e ela sabia que sua mordida era fatal aos vampiros. Quando deu por si, ela corria na direção dos combatentes. Seu corpo ardia. Não o calor das outras vezes. Esse doía como se ela estivesse em chamas. E a medida que ele aumentava, Genny sentia uma raiva insana de tudo e todos. Era como se aquele lobo fosse a síntese de todo o seu sofrimento e acabar com ele fosse o seu alívio. Não simplesmente mata-lo. Ela tinha que o destruir. E pensar nisso lhe dava um prazer imenso.

Após pular para fugir novamente do ataque de Jackson, Elijah caiu abaixado. Ele não queria ataca-lo. Era o Jackson. O marido de Hayley. Ela o odiaria se ele o matasse.

De repente tudo pareceu se mover em câmara lenta. Jackson retomava o ataque com as presas a mostra, Hayley impotente na varanda da cabana e Genesis correndo em sua direção. Ele queria avisá-la para parar, mas não houve tempo. O lobo sentiu a segunda presença e se preparou para ataca-la. Elijah sentiu o corpo gelar ao ver que não conseguiria detê-lo.

Mas então algo surpreendente aconteceu. Como se estivesse em um balé, Genesis girou o corpo e pulou sobre Jackson, aterrissando a alguns metros de onde Elijah estava.

Quando Genny olhou para Elijah, ele piscou surpreso. Seus olhos tinham um brilho vermelho e seus lábios estavam curvados num sorriso. Mas não um sorriso com os ele havia se acostumado a ver nos lábios dela. Singelo, doce. Era como ver uma versão feminina de Niklaus antes dele destroçar alguém.

O lobo já estava voltando ao ataque quando ela se ergueu e estendeu a mão para frente. Ele caiu no chão, ganindo de dor. O olhar de Genny estava fixo no lobo e os olhos acinzentados dele fixos nela, mas ele não se movia.

Genny continuou mantendo a mão para frente. O lobo não conseguia se erguer e rosnava ao mesmo tempo que gania como se sentisse dor. Ela sorria como se estivesse se deliciando com a dor dele.

Elijah se aproximou dela com cuidado.

— Genesis, pare. Você não quer fazer isso.

Ela olhou para ele e seus olhos vermelhos brilhavam na escuridão.

— Não! Ele atacou você... – Genny olhou novamente para o lobo e ele ganiu novamente.

— Genesis, agora me escute! – Elijah disse com firmeza colocando a mão sobre o braço que ela estendia e o sentiu tão quente quanto ferro em brasa. – Você não é assim. Você não vai deixar o mal te dominar. Controle a sua essência! Vamos! – ordenou se colocando na frente dela

Ela vacilou. A mão tremia querendo ao mesmo tempo baixar e manter-se firme no propósito de machucar. Genny respirou fundo e fechou os olhos. Mordia o lábio inferior de leve tentando se conter. Até que finalmente ela baixou a mão e abriu os olhos. Estavam azuis e límpidos de novo.

Na mesma hora, Jackson levantou-se e correu para a mata. Hayley correu até eles e entregou Hope à Elijah.

— Você tem sorte de ele conseguir te controlar, senão eu iria te fazer em pedaços. – ela empurrou Genny.

Genny respirou fundo para manter o controle, mas já sentia a raiva lhe queimar o corpo. Ela fechou os olhos e deu alguns passos para trás se afastando de Elijah e Hope.

— Isso não irá acontecer, Hayley. – Elijah a cortou. – Eu não a controlo. Eu a oriento.

— Eu a quero longe da minha filha Elijah! Eu não sei o que ela é, nem por que está aqui. Mas eu a quero longe da Hope!

— A Hope está segura, Hayley. Genesis a ama, nunca lhe faria mal.

— Eu não tinha a intenção, mas quando eu o vi ataca-lo... – Genny tentou se explicar.

Hayley a ignorou acintosamente.

— Você diz que ela ama a Hope, mas eu gostaria de saber se ela faria o mesmo se fosse qualquer um dos outros Mikaelson. – Hayley virou as costas e saiu andando.

A frase dela ficou no ar como se quisesse dizer mais.

O silencio imperava dentro do carro. Elijah dirigia com os olhos fixos na estrada e Genny olhava para fora perdida em pensamentos.

Hayley estava errada. Errada e com ciúmes. Ela teria defendido qualquer membro da família Mikaelson. Até o Klaus. Não tinha preferência por nenhum deles, já que todos a ajudaram.

Mas uma vozinha lá no fundo da sua mente dizia insistentemente: “ Mas o Elijah estando em perigo você usou tudo que tinha, não foi? ”

Genny tinha que ser honesta consigo mesma e aceitar que a voz tinha razão. Ela defenderia todos da família, mas a possibilidade de Elijah ter se ferido naquele combate abalou todo o seu controle. Seus sentimentos estavam se tornando perigosos em relação ao original.

— Hayley está certa. Eu não posso ficar perto da Hope. É muito perigoso.

— Hayley estava apenas nervosa. Confesso que eu também fiquei assustado.

— E eu? Elijah, eu poderia ter feito o marido da Hayley em pedaços e me divertir com isso. Era um sentimento tão ruim...

— Não se preocupe com isso. Você se controlou. Deixou ele ir. Ouviu a minha voz.

— E se você não estivesse por perto? Ou pior, se eu não te escutasse? Será que eu teria parado no Jackson? Não, o melhor que eu tenho a fazer é ir embora.

Elijah parou o carro bruscamente e pegou Genny pelos ombros.

— Agora chega! Você vai desistir no primeiro escorregão? Você sabe quanto tempo eu tive que lidar com os meus demônios? Mil anos e contando. Lutar contra quem você é, é uma luta diária. Não pense que você conseguirá se controlar de uma hora para outra. Mas se você quer desistir, então vá! Volte para Nova York e enfrente o tal Sebastian. Ou... se junte a ele e destrua o mundo. – ele a soltou, voltando a olhar para a estrada.

Genny avermelhou o rosto, seus olhos encheram de lágrimas. Ela lutou para soltar o cinto de segurança e como não conseguiu, simplesmente o arrancou. Saiu do carro e ficou andando de um lado para outro, chorando com raiva. Se sentia prestes a explodir. Então ela gritou bem alto e caiu de joelhos no chão.

— Por favor, Senhor... acabe comigo! Não aguento mais ser assim. – murmurou apertando os braços em volta do corpo.

Ainda estava de joelhos quando ouvir os passos dele se aproximando. Levantou-se e virou para ele. Ela era sozinha, Jace, Clary e Adrian estavam mortos e a única pessoa com quem ela podia contar era Elijah. Não importasse os sentimentos que estava começando a ter por ele. Ele era a única pessoa que podia saber como lidar com a dualidade do bem e do mal dentro de si.

Genny correu para ele e o abraçou. Como uma criança que passa por um susto muito grande e encontra conforto. 

Elijah sentiu o corpo contra o seu e engoliu em seco. Todo o corpo dela tremia como se estivesse com frio, e ele desejou poder aquecê-la. Eles se separaram e se olharam. Seria tão fácil beijar os lábios trêmulos e molhados pelas lágrimas que ainda corriam. Os olhos dela eram como a água cristalina de um lago. Como seria se afogar neles?

Ele respirou fundo e a afastou ainda mais. Seria muito fácil sucumbir à tentação de beijá-la e se entregar a doce dádiva que os deuses lhe ofereciam. Mas não. Genesis era alguém sob a sua proteção e nunca poderia ultrapassar essa linha tênue.

— Está tudo bem agora? Podemos ir? – perguntou soltando-a de vez.

— Sim. Estou bem agora. – os dois voltaram para o carro. Genny viu que não conseguiria colocar o cinto.

— Oh... Er... sinto muito pelo cinto de segurança.

— Não tem problema. Isso pode ser consertado. – Elijah ligou o carro e eles começaram a andar um preso aos seus próprios pensamentos.

— Nós continuaremos com o treinamento? – Genny perguntou depois de algum tempo. Quando já chegavam ao Sobrado.

— Sim, claro. Com um pouco mais de afinco, então. – ele respondeu

— Com muito mais afinco, eu prometo. – Genny prometeu.

 


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Notas finais do capítulo

E no próximo capítulo...
— Olá. Não está treinando? – Elijah perguntou.
— Klaus me pediu para parar. Coitadinho, deve estar ficando velho...
— Eu ouvi isso Cinderela! – Klaus gritou da biblioteca. – Quer que eu conte ao Elijah como foi o treino de hoje? – ele chegou à entrada do corredor.
— Não. – ela respondeu. – Tenho certeza que ele vê que foi bom, uma vez que você ainda está vivo.