A candidata escrita por Melpomene

Quem chegasse perto da casa de Gina e Ferdinando se assustaria com a briga que rolava lá dentro.
Tudo teve início com as eleições em que a jaguatirica ajudou Epa e ganhou gosto por política, o que já era motivo para Ferdinando ficar exasperado.

Mas o que o engenheiro não contava, é que a história toda ficaria ainda mais complicada devido a Catarina. Desde que começou a ajudar o orfanato onde Lepe havia vivido, ela foi se envolvendo cada vez mais com a comunidade local, até que um belo dia ela reuniu a família inteira para contar uma novidade:

—Eu vou ser candidata!

Epaminondas se apoiou na escada com uma mão, enquanto levava a outra ao coração:

—Mas essa mulher quer me matar! Catarina, me dê um tiro logo e acabe com esse sofrimento!

—Ma vê se pode uma coisa dessas! Pedro Falcão chacoalhava as mãos, dividido entre a surpresa e a vontade de rir da cara do amigo.

Ferdinando olhava a madrasta com olhos arregalados.

—Mas Catarina, já não basta tudo que eu passei quando fui candidato? Pra que isso agora?

Lepe e Zelão, por sua vez, não disseram nada, mas balançavam a cabeça em uma muda reprovação.

Por outro lado, as mulheres estavam alvoroçadas. Gina foi a primeira a apoiar a decisão:

—Ara! Que eu tô c'ocê nessa briga Catarina! A exclamação entusiasmada da ruiva fez Ferdinando colocar a mão na testa, em uma atitude de desespero:

—Menininha, pra que se meter nisso?

—Mas olha Catarina, é um frangotinho mesmo! Já está aí de novo com medo das eleições! Gina disse com desdém, fazendo o sangue de Ferdinando ferver, e arrancando uma risada debochada de Catarina.

Ferdinando olhou de forma ameaçadora para Gina.

—Saiba você Gina, que eu não tenho e nunca tive medo de ser candidato! Tanto, que eu posso muito bem fazer campanha pelo atual prefeito, só para te provar isso!

—Mas Nando, ocê ia ter coragem de fazer campanha contra mim? Catarina olhou chocada para o enteado, sendo consolada por Dona Tê, que lhe dava tapinhas no ombro olhando de forma reprovadora para o genro.

Antes que o engenheiro pudesse se explicar, Epaminondas deu um pulo da escada e bateu no ombro do filho:

—Isso aí Nandinho, não vamos deixar essas abusadas brincarem com a gente não! Imagine só, a Catarina na prefeitura! Ia encher tudo de frufrus, distribuir vestidos e presentes!

Neste momento, Juliana, que até então estivera quieta em seu canto, acompanhando o desenrolar da história, resolveu opinar:

—E o senhor acha isso coronel, porque não acredita que mulher possa fazer política, ou porque não acredita que a sua esposa possa? Ela disse isso com um discreto sorriso no rosto, sabendo que o coronel teria problemas em contornar a situação.

Enquanto Epa gaguejava tentando arrumar um argumento, Ferdinando crispava os dedos tentando se manter calmo. Não que se opusesse à participação política das mulheres, mas já imaginava os problemas que viriam na família.

Pituca pôs fim à situação dizendo:

—Pois saibam seus destrambelhados, que aqui nesta sala acabamos de formar o comitê de campanha da minha mãe! E garanto que vamos ganhar essa eleição! Catarina sorriu emocionada com o apoio da filha.

—E nós aqui, acabamos de formar o comitê de oposição!! Epa disse aos berros. Não era vontade nem de Ferdinando, nem de Zelão entrar na briga, mas quando as mulheres fizeram uma roda, colocaram as mãos uma sobre a outra e deram um grito de guerra, resolveram que era melhor tentar impedir que essa loucura continuasse.

Lepe ainda não havia se decidido, mas olhou para o grupo de mulheres determinado á sua frente, e para o grupo de homens realmente 'destrambelhados', tal qual sua doce Pituca dissera, e decidiu que seria bem divertido tomar parte da disputa. Caminhou resoluto para o centro da roda de homens, estendeu sua mão no ar fazendo com que os outros o imitassem e criou e deu seu próprio grito de guerra.

Os dois grupos se olharam de forma desafiadora. A guerra havia só começado.


Classificação: 13+
Categorias: Meu Pedacinho de Chão
Personagens: Personagem Original
Gêneros: Comédia
Avisos: Nenhum

Capítulos: 1 (696 palavras) | Terminada: Sim
Publicada: 28/02/2017 às 03:09 | Atualizada: 28/02/2017 às 03:09


Notas da História:

Os personagens aqui citados pertencem à obra Meu Pedacinho de chão, bem como a seu autor Benedito Rui Barbosa.


Capítulos

1. Capítulo 1
696 palavras