Present Perfect escrita por rvolcov


Capítulo 2
1. Smile, the worst is yet to come


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que estou atrasada, mas teoricamente, ainda é dia 18! hahahah

Queria primeiramente agradecer aos maravilhosos leitores que me mandaram feedback no cap passado, fico imensamente feliz de saber que vocês ainda estão dispostos a acompanhar a história. E aos novos, sejam bem vindos!

Também queria propor um desafio a vocês, valendo o selo capitão américa de manjador das referências: em todo capítulo de pp, eu farei referência (direta ou indiretamente) ou citarei algum seriado, filme ou livro. O primeiro leitor que pegar todas elas e comentar no review, ganha o direito de spoiler do próximo cap.
Só um joguinho para ver se isso incentiva vocês a falarem mais comigo hahahha

Enfim, boa leitura!



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Capítulo 1. Smile the worst is yet to come

 

10/07/2004

Amelia não estava tendo um bom dia. Primeiramente, não ouvira o despertador tocar e perdera o horário de seu desenho favorito; depois, descobrira que Alec havia comido todo o cereal e a deixado apenas com as sobras daquele horrível de granola que era o favorito da sua mãe. E agora, para completar, fora avisada no último instante que a maratona de filmes que pretendia fazer com a prima não iria acontecer. Era simplesmente catastrófico!

Caminhando a passos firmes pelo corredor do segundo andar da casa, ela roçava os pés propositalmente no tapete e as mãos nas paredes apenas por saber o quanto aquilo irritava os pais. O aborrecimento que sentia a impedia de pensar na bronca que poderia levar mais tarde, embora soubesse que bastaria um olhar para que Alec assumisse a culpa junto dela. Era sempre mais divertido sofrer o castigo com o irmão do que sozinha.

Respirou fundo ao chegar perto do quarto dos pais e encontrar a porta entreaberta. Parou a poucos centímetros do batente, distância suficiente para encarar a imagem da mãe e a sua própria refletidas  no espelho da penteadeira.

 Limpou alto a garganta e a súbita erguida dos ombros da mais velha indicou que a havia pego de surpresa. Entretanto, sua irritação era tamanha que a menina estava indisposta até mesmo de se divertir com o susto.

— Eu tenho um comunicado a fazer. - Amelia anunciou, o tom de voz decidido e maduro contrastando com sua aparência infantil.

Sua mãe terminou de colocar os brincos enquanto ainda se observavam pelo reflexo e só então arqueou as sobrancelhas para incentivá-la a falar. Ela parecia se esforçar para manter a expressão neutra e segurar o riso, algo que não agradou muito a menina.

Ela odiava quando os adultos não a levavam a sério.

— Vá em frente.

— Infelizmente, vocês não terão o prazer da minha companhia nessa noite. - Disse, balançando a cabeça enquanto colocava uma mão sobre o peito, como se aquela fosse uma notícia de fato  trágica. - Aproveitem! - Terminou de súbito, virando-se para sair do quarto e voltar a fazer qualquer coisa mais interessante do que se arrumar para um jantar idiota.

Se estivesse com sorte, talvez até mesmo encontrasse o kit de alquimia que a babá havia escondido mais cedo. Provocar reações químicas aleatórias com certeza melhoraria seu humor.

— Amelia. - O chamado a impediu de continuar a andar. - Nós já tivemos essa discussão hoje.

— Não, você disse que eu ia e ponto final, não é uma discussão quando só uma pessoa fala. - Respondeu, cruzando os braços, uma careta emburrada instalando-se em seu rosto.

— Tem razão. - Concordou, virando o corpo em sua direção. - O que não muda nada, você vai de qualquer forma.

— Isso não é justo. - Ela resmungou, jogando-se de costas na cama com os braços esticados. - Eu não quero ir.

— Você nunca quer -  A mãe rolou os olhos, esticando uma das mãos em direção a um dos muitos pincéis de maquiagem que estavam sobre o balcão. - E depois termina a noite brigando comigo por não querer ir embora.

— Mas dessa vez o Alec não vai. - Amelia bufou enquanto encarava o teto, seus pés balançando fora do colchão. - Por que eu não posso ficar também?

— Seu irmão está com catapora, não pode sair de casa ainda.

— E eu sou gêmea dele, nossa conexão é tanta que também estou coçando - terminou mostrando os braços, mas não havia nada ali se não veias. Se aquilo indicava algo, era que precisava de um pouco mais de sol.

Sua mãe rolou os olhos.

— Vá se trocar, seu pai já está esperando.

— Eu não vou. - Reforçou, erguendo-se na cama e cruzando os braços numa falha tentativa de enfatizar sua posição.

— Amelia...

— Eu quero ficar em casa com o Alec. - Choramingou com um biquinho, apelando para o lado sentimental. Talvez isso fosse capaz de amolecer a mãe, era seu último recurso.

— Ele vai estar aqui quando voltarmos. - foi a resposta final. - Agora, vá trocar de roupa.

— Mas eu não quero!

— Eu não perguntei se você quer.

— Mas mãe!

— Você tem oito anos, Amelia. Quando eu disser que você vai a algum lugar, você vai.

Frustrada, a menina se dirigiu à porta.

—  Nunca mais deixo o Alec ir sozinho para a casa do Jonas- Resmungou para si mesma, ainda indignada com a incapacidade de seu irmão de compartilhar a catapora quando até o útero ela havia dividido com ele.

 

**

“Eu detesto esse lugar” Amelia reclamou mentalmente, observando o enorme salão repleto de adultos através dos vidros que a prendiam.

Era sempre assim. Todos os anos seus pais participavam de eventos beneficentes para angariar fundos para uma das instituições do hospital em que trabalhavam; e todos os anos ela e Alexander acabavam sendo despachados para o espaço recreativo juntamente das infelizes almas menores de doze anos de idade. Normalmente a menina conseguia ignorar o fato de que os monitores costumavam se agachar na hora de falar com ela, ou que tudo naquele cubículo de vidro era colorido demais e a comida tinha formatos ridículos como se buscassem deixar claro que todos ali eram protótipos de seres humanos que precisavam ser entretidos a cada quinze segundos. Mas naquele dia, sem o irmão gêmeo por perto para distraí-la, o máximo que conseguia fazer era sentir-se sozinha.

Sozinha em meio a uma dezena de crianças chatas e mimadas que muito provavelmente nunca tinham visto uma pessoa ruiva na vida, pois faziam questão de apontar para os seus cabelos e chamá-la de palito de fósforos toda vez que passavam por ela. “Bando de babacas”, pensou consigo mesma, aproveitando para fazer uma careta e mostrar a língua para um garoto que tinha metade do seu tamanho e achava que podia rir dela. A menina provavelmente não aguentaria aquela situação por muito mais tempo, havia algo seriamente errado com as pessoas daquela festa.

Ela estava prestes a sentar em um enorme puff amarelo a fim de contemplar a desgraça que estava sendo seu dia - e também fingir não ver as monitoras que a chamavam para juntar-se a um seleto grupinho de mini pestinhas de cinco anos de idade - quando avistou ao longe uma mesinha repleta de doces. E como se não bastasse, um estande só de cupcakes de todas as cores; era suficiente para fazer a sua boca salivar de vontade.

Mirando um bolinho que definitivamente era de pistache, Amelia correu até a diagonal oposta do cubículo de vidro sem tirar os olhos do alvo de sua gula. Tudo apenas para observá-lo ser apanhado por outro quando já estava com as mãos esticadas para ele. Havia faltado apenas meio metro e alguns segundos, o  universo realmente não estava do seu lado. Isso porque tudo o que ela queria era se distrair comendo até que pudesse ir para casa.

— Você tá de brincadeira, né? - Falou revoltada para o teto, cobrando explicações de alguma força maior. - O que foi? Veio zoar meu cabelo também ou só se gabar por ter roubado o meu cupcake? - Perguntou irritada ao garoto de olhos castanhos que a fitava com curiosidade.

— Eu não sabia que o bolinho era seu. - Ele comentou com um sotaque diferente e, por um mísero instante, a menina achou que fosse receber o doce de volta. - Mas agora também não vou dividir.

A primeira reação de Amelia foi envergonhar-se. Corando até a raiz dos cabelos por ter sido pega de surpresa com a falta de educação provinda de alguém que nem ao menos a conhecia. Entretanto, o constrangimento não durou muito.

— Não entendo porque falam do seu cabelo quando podiam falar do seu rosto.- Ele voltou a dizer, fazendo-a frazir a testa sem entender. - Você parece um tomate quando fica vermelha.

Bufando de raiva, a menina - que definitivamente não estava tendo um bom dia -  não pensou duas vezes antes de avançar na direção dele, tentando a todo custo pegar o cupcake para si. Não era justo que alguém tão egoísta tivesse o direito de comer um dos melhores doces de todos enquanto ela era obrigada a ficar assistindo.

Assustado com a reação agressiva dela, ele deu um passo para trás e bateu com as costas contra o vidro com força, um estrondo alto que acabou por chamar a atenção de todos por um momento. Ao perceber que os monitores agora prestavam atenção nos dois, a atitude do menino mudou.

— Tudo bem, você pode ficar com uma metade! - deu-se por vencido, erguendo os braços para o alto em sinal de rendição.

Amelia estreitou os olhos.

— Qual a pegadinha?

— Nenhuma.

— Então porque está desistindo de metade do seu cupcake? - indagou, ainda desconfiada. Ele estava convencido demais a ficar com o doce para mudar de ideia tão rapidamente. Não fazia sentido.

— Porque eu ainda tenho esperanças de fugir daqui e se a gente acabar de castigo, isso vai virar o tema do próximo “missão impossível”.

Era uma justificativa plausível. Amelia precisava admitir que a ideia de passar o restante da noite dentro de uma sala de vidro também não era a das mais tentadoras. A cada adulto que parava para observar a dinâmica no espaço da recreação ela se convencia mais de que estava em alguma espécie distorcida de zoológico.

— Eu sei uma forma de sair daqui. - Ela disse por fim, dando de ombros e o menino arregalou os olhos em surpresa. - Qual o seu nome?

— Ethan. - Ele respondeu, sem conter um sorriso travesso. - E o seu?

— Amy.

— Então, temos um acordo? - perguntou, uma expressão divertida no rosto.

— Meio cupcake pela chance de escapar da casa de vidro?

— Isso.

— Pode apostar. - Ela aceitou, sem conseguir conter o típico sorriso de uma criança travessa.



24/06/2017

 

— Pelo amor de Odin, eu vou morrer de tédio. - Amy falou consigo mesma ao mudar de canal pela sétima vez consecutiva. Era ridículo que com tantos dias na semama a companhia de internet se sentisse no direito de deixá-la sem conexão por horas justamente em um sábado à noite. - O que foi? - Perguntou com irritação ao filhote de buldogue que a encarava com curiosidade. - Eu estou entediada, não louca. Não me olhe desse jeito.

Como se a julgasse, o cachorro continuou a fitá-la por alguns segundos, até dar-se por vencido e voltar a deitar a cabeça na almofada vermelha em que havia se acomodado mais cedo. A menina, entretanto, seguiu apertando o botão do controle remoto de maneira impaciente, ainda não havia se conformado com o fato de sua mãe ter deletado do DVR todos os episódios de Doctor Who que havia gravado na última vez que estivera em casa, nas férias de primavera.

A luzinha piscando na tela do celular indicava que havia recebido uma nova mensagem, muito provavelmente de Hollie. A prima, com quem ela e Alec dividiram um apartamento durante os anos em que frequentaram a King’s College London, estava em Newcastle - onde morava com o pai e o padrasto- desde o início das férias de verão, na semana anterior, e mensagens eletrônicas eram o principal meio de comunicação entre as duas.

Entretanto, ao tomar o aparelho em mãos a primeira coisa que chamou sua atenção foi o horário. Vinte e cinco minutos já haviam se passado desde que ligara para a pizzaria usual e se o entregador demorasse mais alguns minutos, a comida sairia de graça.

Frustrada, entediada e com fome, ela desligou a televisão. Estava acostumada demais com as facilidades do streaming para se contentar com a programação usual determinada pelos infinitos canais da BBC. Provavelmente teria mais sorte se tentasse encontrar alguma das muitas temporadas de Downton Abbey que seu irmão colecionava. Isso, é claro, caso ele tivesse se lembrado de tirá-las da prateleira da sala do apartamento de Londres.

Ela já havia percorrido metade do lance de escadas que levava ao segundo andar quando a campainha tocou. Os latidos de Mocha preencheram o ambiente durante todo o tempo que levou para chegar até a porta e ela fez carinho na cabeça do cachorro, a fim de acalmá-lo, antes de receber o entregador.

Decidida a encontrar algo para assistir antes de começar a comer, Amy depositou a caixa com a pizza de Marguerita sob o balcão da cozinha antes de se dirigir outra vez para o andar de cima. A casa estava ridiculamente silenciosa desde o início da tarde, quando os pais saíram para mais um plantão no hospital, de modo que a garota se surpreendeu ao abrir a porta do quarto do irmão e encontrá-lo lá dentro.

— O que você está fazendo aqui? - Ela perguntou, franzindo o cenho.

— Não sou eu quem deveria perguntar isso? - Alec devolveu confuso, segurando uma caneta.  Deitado de bruços na cama, ele também tinha um caderno em mãos e dezenas de folhas de papel amassadas estavam espalhadas pelo quarto.

— Estamos sem internet e eu deixei meu HD externo em Londres, vim procurar suas temporadas de Downton Abbey. - A ruiva se justificou ao perceber que o irmão tinha um ponto válido. Afinal, era ela quem estava invadindo seu espaço.

— Estão na prateleira de cima do armário. - Ele respondeu, deixando o caderno de lado antes de afundar a cabeça no colchão. A garota assistiu à cena com uma expressão desconfiada no rosto, mas decidiu procurar o box com a série antes de continuar a conversa.

— Certo, vai me contar o que está acontecendo agora? - Indagou, agora já com os DVDs em mãos.

Seu gêmeo, entretanto, disse não se tratar de nada demais sem ao menos encará-la.

— Alexander James Mckinnon - começou a dizer, ignorando o gosto amargo que pareceu preencher sua boca ao perceber que ele estava, mais uma vez, a deixando de fora dos problemas de sua vida. - Eu não dividi um útero com você por trinta e oito semanas pra ter você mentindo descaradamente para mim.

— Como você é dramática - Ele rolou os olhos, mas Amy logo o cortou.

— Não mude de assunto.

— Certo, vamos descer. - disse por fim, levantando-se da cama e passando por ela com uma rapidez que a espantou.

Estranhando o comportamento do garoto, Amelia o seguiu sem entender muito bem o que estava acontecendo. Ao chegar na sala de estar, ela se acomodou no sofá ao lado do filhote enquanto o irmão ia até a cozinha. Alec voltou carregando duas Heineken, estendendo uma para ela em seguida.

A garota estreitou os olhos.

— Você tá começando a me assustar. - confessou, pegando para si uma das cervejas. - Onde está o corpo? É um tanto difícil se safar de um homicídio com a quantidade de tecnologia disponível hoje em dia, mas acho que assisti episódios suficientes de Breaking Bad para saber como dissolver um cadáver em ácido sulfúrico.

— Eu não matei ninguém. - Alec esclareceu com um riso fraco e ela colocou uma mão em seu ombro, a fim de tranquilizá-lo.

— Então porque está agindo como se estivesse mantendo alguém refém no porão?

— Eu… - Ele começou e então fechou os olhos. A imagem do irmão gêmeo nesse estado doía nela. - Eu não sei por onde começar.

— Que tal pelo começo? - Sugeriu com certo receio, mas não houve resposta. - É um sábado à noite, Alec. Por que você está trancado no quarto ao invés de estar fora com a Cassandra? - ou comigo, completou mentalmente.

Ele tomou um longo gole da cerveja antes de se pronunciar enquanto Amy apenas observava, fingindo uma paciência que não costumava ter. A distância que havia se estabelecido entre os dois nos últimos anos ainda a incomodava mais do que deveria.

— Ela detesta que a chamem pelo nome inteiro. - foi a resposta. - Você, mais do que ninguém, deveria entender isso.

Amy rolou os olhos.

— Você não respondeu a minha pergunta.

— Bom… - Alec começou, um tanto sem jeito. - Nós íamos sair para jantar.

— Iam? - Questionou, arqueando uma sobrancelha em desconfiança.

— Nós vamos. - Ele admitiu com  uma feição torturada. - Naquele restaurante na West Didsbury.

— The Lime Tree? - Perguntou surpresa. - Aquele que você precisa ligar fazendo reserva pelo menos seis semanas antes de realmente conseguir jantar lá?

Alexander expirou pesadamente ao assentir e ela riu.

— Isso super explica o porquê de você estar de regata e moletom.

— Achei apropriado. - Ele respondeu com um pequeno sorriso, voltando a tomar mais da cerveja.

— Vou ter que perguntar outra vez o que está acontecendo? - A garota manteve uma sobrancelha arqueada enquanto ela própria ingeria mais do líquido amargo presente na Long Neck.

A expectativa e ansiedade já estavam gerando um frio na barriga de ambos, mesmo que por motivos diferentes, e ela tentou disfarçar ajeitando o cachorro na almofada.

— Ok, eu vou te contar. - Alec parou para puxar os cabelos para trás em nervosismo - Mas você precisa me prometer que não vai surtar, nem fazer nada do tipo.

Amelia rolou os olhos outra vez.

— Eu não surto.

— Surta sim, o tempo todo. - o gêmeo ressaltou o óbvio e ela mostrou a língua.

— Com motivos. - Defendeu-se, cruzando os braços sob o peito. Ele já estava prestes a rebater quando ela continuou - Alexander, foco. - pediu, torcendo internamente para que ele dissesse que finalmente havia decidido que era melhor ficar sozinho do que continuar tendo aquela vaca loira como namorada.

O que ouviu, entretanto, foi algo completamente diferente.

— Eu vou pedir a Cassie em casamento. - Praticamente cuspiu, mas quem quase engasgou foi ela.

— O quê? - Conseguiu perguntar, ainda com certa dificuldade. - Alexander, não me diga que você engravidou a garota! - Praticamente implorou, sua voz soando mais fina do que o normal.

— Não! - Ele disse rápido, parecendo um pouco ofendido pelo desespero em sua voz. - É claro que não!

A verdade era que Amelia estava encontrando sérias dificuldades para processar a informação e controlar o tom de voz havia se tornado a última de suas preocupações.

— Então por que raios você quer se casar aos vinte e um anos? Você enlouqueceu?

— Nós estamos juntos há mais de cinco anos. - Alec tentou se explicar enquanto ela puxava o buldogue para o seu colo em uma falha tentativa de manter a calma. - Imaginei que já fosse a hora de dar o próximo passo.

— Próximo passo para onde? - Ela questionou, a voz subindo algumas oitavas. Mocha, sob suas pernas, ergueu ainda mais as orelhas. - Para outro continente?

— Não! Quero dizer... talvez - Alec se atrapalhou. - Provavelmente. Eu não sei

Ela suspirou, fechando os olhos com força.

— Você sabe o quanto eu detesto o seu relacionamento. - Resmungou, ignorando o “você sempre deixou isso bem claro” murmurado em resposta. - Mas o sentimento seria bem menor se você pelo menos tivesse a capacidade de escolher alguém sem prazo de validade para retornar aos Estados Unidos. Eu realmente não preciso de outra pessoa que amo se mudando para outro continente, não tão cedo.

A mera lembrança da partida de seu agora ex-namorado para a Austrália já era suficiente para abrir um buraco em seu peito. Agora, além da vontade de gritar com o irmão pirado, Amy também fora atingida pelo desejo de deitar em posição fetal e chorar.

— É só um pedido, nós não vamos nos casar amanhã. - Alec acariciou seus cabelos ruivos em uma falha tentativa de acalmá-la. - Você ainda vai conviver comigo por um bom tempo.

— E tem sempre a chance dela dizer não. Nem todo mundo quer se casar antes de se formar na faculdade - Ela lembrou, recebendo um peteleco no nariz em resposta. - Isso dói. - Reclamou, levando as mãos até o local atingido.

— Eu espero, de verdade, que a resposta seja outra. - O garoto suspirou e Amy aconchegou-se ao seu lado, abraçando-o levemente.

— Nós dois sabemos que ela vai aceitar. - Assumiu com tristeza a fim de reconfortar tanto ao irmão quanto a si mesma. Quanto antes ela começasse a trabalhar a ideia de que finalmente conseguira ser substiuída por todos com quem se importava, melhor. - Por Merlin, Alec. É cedo demais pra isso.

— Eu sei. - Ele admitiu, por fim. - Mas é algo que eu realmente sinto que preciso fazer.

Amy tomou três longos goles da cerveja em sua mão - acabando com o conteúdo da embalagem - antes de se pronunciar uma última vez.

— Você precisa subir.

— Por quê? - o gêmeo perguntou, sem entender.

— Você não está mesmo planejando fazer um pedido de casamento usando moletom em um dos restaurantes mais caros de Manchester, não é? - Indagou com uma sobrancelha arqueada.

— Você tem razão. - Ele concordou, virando-se na sua direção para beijá-la na testa. - Obrigado.

Terminado o diálogo, Alexander bagunçou as orelhas do cachorro antes de levantar-se e caminhar em direção às escadas, deixando a garota sozinha com um filhote de buldogue francês e vários DVDs da série mais britânica do universo.

— É, Mochaccino - Falou, sentindo-se derrotada e o animal voltou as orelhas e os olhos para ela. - Parece que seremos só nós dois daqui pra frente.

         Com um último olhar cansado em direção ao local por onde o irmão havia desaparecido, Amelia suspirou, levantando-se para pegar a pizza que ainda a aguardava na cozinha.

Tendo o prato em mãos e uma nova cerveja aberta na mesinha de centro à sua frente, ela acomodou-se outra vez no sofá e iniciou o seriado no primeiro CD que encontrou, apenas para perceber que se tratava daquele com os episódios iniciais da terceira temporada.

— Ótimo - murmurou ironicamente para si mesma, ao se dar conta de que eram justamente aqueles cuja história girava em torno da recente união entre Mary e Matthew.

As cenas com o casal, entretanto, não a atingiram com tanta força quanto a epifania que teve a seguir: pedidos de casamento normalmente são acompanhados de jantares de noivado entre as famílias, independente do continente de onde elas viriam.

—  Você só pode estar de brincadeira comigo - Quase gritou, olhando para o teto. - Puta que pariu - Xingou, ao perceber que encontraria Ethan outra vez.

 


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Falem comigo, me digam o que estão achando, se há algo que vocês gostariam que fosse melhorado, se estão gostando e tudo mais. É bem triste ver a quantidade de leitores fantasmas =/

Quem vai ganhar o selo Steve Rogers de manjador de referências? Vou dar uma dica, esse cap tem duas bem explícitas hahahah

Nos vemos no próximo!