Acordei lentamente sentindo que havia alguém perto de mim. Sorri com a lembrança de quem seria, a lembrança vivíssima da noite passada. A mão dele estava entre meu seio e minha barriga e nossos corpos ainda estavam nus e colados um ao outro. Sua respiração estava sob meus cabelos ainda modelados de ontem. Abri lentamente os olhos para encontrar meus lençóis bagunçados e parte da cama desocupada. Estávamos tão colados que até havia um espaço na cama. Eu sempre fui uma pessoa tão espaçosa. Quando Roman invadiu minha vida a ponto de me deixar feliz por estar tão colada a alguém?

Ele ainda estava dormindo profundamente e aproveitei da paz do seu respirar para me banhar de sua presença. Parte de sua perna estava sob a minha e eu havia agarrado o pé dele ao meu no meio da noite. Era seu calor, cada parte dele que me atraia pra mais perto. E não só de seu corpo, mas de seu coração, de sua ternura, de como ele conseguia ser tão carinho e tão quente ao mesmo tempo. Cada pedaço de mim estava encantada por ele depois de toda noite que passou.

Alguns minutos depois me soltei dele lentamente. Ele se mexeu bastante, mas não acordou-se e vesti meu pijama que sempre ficava ao lado da cama, amarrei meus cabelos e fui pra cozinha fazer algo para comermos essa manhã. Coloquei um casaco e fui na garagem pegar minha mala e a dele que havíamos deixado no porta-malas do carro.

Logo voltei com as malas deixando-as no canto da sala. Recolhi nossas roupas e deixei no cesto, voltando pro fogão da cozinha. Não demorei pra sentir um calor me abraçando por trás, beijando minha nuca e depois minha bochecha.

— Bom dia. — Ele disse logo depois e eu instantaneamente virei-me retribuindo com um beijo na boca.

— É uma excelente maneira de me dar bom dia. — Eu disse e sorrimos.

Desliguei o fogo do fogão rapidamente e voltei a virar-me para ele, olhando-o dos pés a cabeça. Eles estava apenas de cueca, com todo aquele seu irresistível corpo de fora e aquela barba e cabelos bagunçados com o ar de quem acabou de acordar me fazia ter arrependimento de não ter ficado um pouco mais na cama assistindo-o acordar.

— Deveria ser crime você já me dar bom dia assim. — Eu disse com humor.

Ele me olhou nos olhos. Seu olhar tão cheio quanto o meu, cheio de sentimentos que não davam pra ser expressos em meio às palavras. Talvez nós dois fossemos péssimos pra isso, mas ele tinha a vantagem de ter tido a memória apagada. Eu nunca soube como agir, em especial para Roman pois era um sentimento totalmente novo pra mim o que eu senti ao me entregar pra ele e se transformou em algo ainda mais indescritível ao saber que também era algo novo pra ele.

— Você é uma policial. Pode me prender caso seja necessário. — Ele revidou e voltou a me beijar com um pouco mais de intensidade, colocando sua mão em minhas costas e coloquei as minhas na sua maravilhosa barriga.

— Será um prazer prender você aqui no meu apartamento assim.

— Com você dentro dele eu fico aqui por livre e espontânea vontade.

Ri de sua resposta e o beijei mais uma vez, mas brevemente.

— O dia nem começou e eu já estou sedenta de você. — Eu disse ainda com a testa colada na dele. — Mas precisamos de uma trégua pra comer algo. — Finalizei.

Ele voltou a rir junto comigo.

— É justo.

Nos afastamos e ajudamos um ao outro a arrumar a mesa e nos sentamos pra comer. Não demorou até meu celular começar a tocar. Era Patterson segundo o alto falante. Me levantei para pegá-lo no sofá.

— Olá. — Eu disse com bom humor colocando no viva-voz.

— Acordar sem ressaca é algo legal, né? Estou com inveja de você. — Ela logo disse.

— Há vantagens em não beber às vezes. — Respondi e ela riu.

— Pra onde você foi depois da festa? Jane e Kurt sumiram e logo depois você e Roman também. Foram pra lua de mel também?

Eu ri estupidamente.

— Queria eu estar em qualquer lugar com qualquer amigo, mas Pellington me repassou umas coisas e tive que voltar cedo já que ficarei no lugar de Weller a partir de amanhã.

— Engraçado que Roman também sumiu junto com você. Você sabe pra onde ele foi? — Ela perguntou desconfiada.

— Não. — Eu disse enquanto observava Roman segurando o riso na mesa escutando a conversa. — Ele não parecia muito à vontade na festa.

— Menos quando tava com você.

— Por que você anda monitorando nós dois? Já te disse que não há nada acontecendo. — Perguntei com um riso no final.

— Nada. — Ela respondeu com humor. — Apenas estava observando tudo que acontece. Você sabe que você disse que eu sou a mulher mais esperta que você conhece, né? — Ela respondeu com deboche.

— Mantenho o que eu disse. — Respondi com um sorriso.

— Então eu ainda vou descobrir se há algo nesse nada.

— Boa sorte. — Eu respondi.

— Eu liguei só pra saber se você tava bem. Agora voltarei a dormir. Beijos. Te amo.

— Também amo você. — Respondi antes de desligar.

Roman ainda tava rindo quando voltei ao seu lado.

— Eu espero que você não leve mal o que eu falei agora é só que… — Eu disse quando ele me interrompeu, pondo uma de suas mãos sob a minha e acariciando-a.

— É algo novo pra nós dois. Só nós dois temos que saber e viver isso até estarmos preparados pra contar isso aos outros. Eu entendo. — Ele disse e sorrimos.

— Eu gosto quando pensamos iguais. — Eu disse roubando mais um beijo dele e ele sorriu.

— Há uma pessoa que já sabe que somos mais que amigos.

— Quem? — Perguntei com curiosidade.

— Weller. Ele meio que viu quando nos beijamos no casamento.

Voltei a rir, quase engasgando-me com o café.

— Você jura que ele não vai contar pra Jane?

— Ele disse que cabe a nós a decisão de contar.

— Se preciso irei filmar a cara dela quando souber que você dois esconderam isso dela. — Eu disse com humor.

— Acho que a felicidade talvez supere isso. — Ele respondeu.

— Eu espero que ela fique feliz como estamos porque eu estou feliz por você estar aqui. — Eu disse beijando-o novamente.

O gosto de seus lábios com café era ainda mais irresistível.

— Eu não poderia estar em outro lugar. — Ele respondeu com seu maravilhoso sorriso.

Juntamos as louças e ele foi lavar. Fui tomar banho e quando saí ele foi. Coloquei uma blusa preta com fiapos brancos e um short já que a temperatura estava agradável e fui me sentar no sofá para assistir qualquer coisa enquanto o esperava. Logo ele se juntou ao meu lado, colocando seus braços sob meu ombro e juntou mais nossos corpos. Ele estava com uma das roupas que estava em sua mala. Eu logo me virei pra observá-lo. Ele sabia que eu estava observando-o, mas me deixou apreciá-lo naquele momento. Tantas coisas tinham mudado em tão poucos dias. Em uma semana atrás éramos só amigos e agora, bem, ainda era algo novíssimo, mas eu não o queria apenas como amigo e queria que ele soubesse disso.

— Eu acho que nós temos que conversar. — Eu disse num tom mais sério.

Ele desligou a TV e tudo o que nos rodeou foi o nosso cheiro tão iguais do mesmo sabonete e o silêncio.

— Sobre o que você quiser. — Ele disse com um sorriso fraco mas verdadeiro.

— Antes de nós começarmos nós tivemos um problema de comunicação. — Eu disse e o olhei nos olhos e ele retribuiu. — Nós não estamos juntos a mais tempo por conta do que você me escutou dizendo e eu não quero que essas coisas confundam você de novo.

— Eu já entendi sobre isso.

— Mas eu só quero poder te falar. Você não é qualquer amigo, Roman. Eu não quero mais que sejamos só amigos embora eu não ache que devemos nos assumir agora, mas isso não significa que você não é nada pra mim porque mesmo antes de eu te beijar você já era especial pra mim de um modo que eu nunca soube como dizer.

Ele me retribuiu com um beijo na testa e o brilho e o calor de seu olhar com meu aqueceu-me toda. Um novo efeito que somente ele tinha sobre mim. O seu olhar que era sempre tão carregado de afeto e compreensão. Como eu havia me afastado disso por tanto tempo? Como eu poderia ter me negado aproveitar disso? Agora que eu estava em seus braços não existia qualquer outro lugar que eu gostaria de estar.

— Você também é especial pra mim. E não estou falando isso apenas pela noite…

— Maravilhosa. — Eu interrompi com um riso frouxo.

— Inesquecível… — Ele pontuou colocando a mão em meu queixo. — que nós tivemos, mas por tudo que você tem se tornado na minha vida e principalmente na vida de Aubree. Nós dois estávamos precisando de alguém como você na nossa vida.

— Agora eu estou aqui. — Eu disse colando meu nariz com o dele e ele me puxou pro seu colo.  — E não vou a lugar nenhum.

ROMAN POV

Ela já estava sob mim em seu sofá quando voltamos a nos beijar. Cada parte de mim estava ainda mais em adoração a ela. Não só pela noite inesquecível que tivemos, mas por cada parte dela que eu estava reconhecendo. Principalmente seu coração. Logo ela, que tanto me julgou no passado, estava me fazendo crer novamente em sentimentos novos e puros vindo de dentro de nós dois. Eu só queria retribuir. Poder fazer ela se sentir cada vez mais especial, que cada segundo perto de mim valesse a pena pra ela como estava valendo pra mim. Nos separamos quando o ar de fez necessário, mas ela continuou com suas mãos sob minha barba e minha cicatriz que seu dedo acariciava com delicadeza como se a estudasse. Eu observei seus lábios tão delineados e agora tão vermelhos.

— Sabe… — Eu disse após suspirar com minha testa junto a dela. — Quando acordei e não senti perto de mim eu pensei que aquilo tinha sido só um sonho e eu… simplesmente não quis abrir os olhos até eu perceber que eu ainda estava em sua cama.

Ela riu com diversão.

— Teria sido um sonho maravilhoso. — Finalizei.

Ela voltou a me beijar com gosto e puxou sua blusa pra fora de seu corpo, rindo com malícia.

— Ainda bem que não estamos num sonho. — Ela disse e passou a me beijar mais ferozmente.

Logo seus dedos estavam tirando minha camisa junto comigo. Senti seu corpo remexendo sobre o meu, cada peça de roupa sendo tirados de nós era algo novo, e totalmente celestial pra mim. Cada minuto em que chegávamos mais perto de finalmente voltarmos a ser um só era como se eu desse mais um passo para chegar mais perto do céu.

Seu corpo era tão sexy, maravilhoso, quente e despertava em mim desejos que eu sequer conhecia, mas que eu queria matar todos junto a ela. Minha mão era dependente por passear nas suas curvas e minha boca por cada parte mais sensível do corpo assim como suas mãos eram sedentas de explorar com possessividade cada pedaço de mim. Logo estávamos sem roupas e ali mesmo voltamos a nos tornar um só.

Estar dentro dela, ter ela ali tão perto de mim, ter seu corpo tão conectado ao meu me levava a um novo nível de felicidade e de prazer. Seu corpo sob o meu, nossos movimentos e nossos gemidos podiam se confundir rapidamente tamanho desejo. Não sabíamos mais onde eu começava e onde ela terminava até senti novamente ela se contraindo sobre mim, seu corpo se remexendo ainda mais forte, de maneira ainda mais sexy e logo ela estava jorrando seu prazer sob mim. Ela porém continuava com seu movimento sob mim, balançando de forma sensual seu corpo até que uma nova onda de prazer corria cada parte do meu corpo até escorrer sob ela.

Suspiramos já suados e ofegantes um sob o outro e rimos. Ela voltou a me beijar e lentamente largamos o contato sexual, embora ela continuasse sob o meu colo. Eu a olhei nos olhos e cada pedaço de seu rosto parecia estar sorrindo sob mim. Não tinha como não sorrir.

— Ainda bem que não estamos num sonho. — Eu completei. — Porque a realidade agora parece ainda melhor que todos eles.

Ela sorriu e voltou a me beijar. Passamos o resto do domingo entre muitos beijos, carícias e muitas certezas, as certezas que significávamos ainda mais do sabíamos descrever um ao outro.