Lovey Dovey escrita por Batsu


Capítulo 2
Amigos até que o dinheiro os separe.


Notas iniciais do capítulo

Olá! Voltei, quase nem deu para sentir minha falta, né? (≧∇≦)/
Esse capítulo saiu relativamente maior que o anterior, mas esse é padrão que quero seguir. Na verdade o primeiro só saiu mais curto porque eu queria postar ele logo, rs.
Obrigada por todos os favoritos e os comentários carinhosos! É muito bom receber feedback de algo que a gente se esforça tanto para fazer ♥
Quando eu descrevo o uniforme da escola, é nisso daqui que estou pensando http://imgur.com/a/oQMN8. Gosto de colocar referências para vocês imaginarem melhor.
Boa história!



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O sinal tocou marcando o final do primeiro dia e janela afora, os vestígios da tarde formavam o pôr do sol. A ruiva fechou os livros, permitindo-se por um minuto encarar o céu alaranjado com os últimos raios solares do dia. Ela imaginou se Nojiko estaria em casa quando chegasse, ou se a faculdade a atrasaria outra vez e ela mesma teria de cozinhar.

Sua sala esvaziava-se e não tinha o menor interesse de sair enquanto os corredores estivessem congestionados de colegiais.

— Você vai ficar também? — A voz de Usopp ressoou próxima, lembrando-a de guardar o resto do material.

— Como assim? — Abriu a bolsa jogando os livros e o estojo lá de qualquer jeito. — Por que eu ficaria?

— Ah. — Ele comprimiu os lábios, reconhecendo ter se esquecido de dizer algo importante. — Eu não te contei.

— O quê? — Fechou o zíper com força, deixando claro sua irritação pelo vacilo do amigo.

— Olha, a culpa não foi minha, você que voltou da cantina quase no final do intervalo! Depois disso, mal tivemos tempo pra conversar por causa da aula. — Entrelaçou os dedos na alça da bolsa a fim de conter a tensão, Nami o assustava quando irritada. — O Zoro convidou a gente pra assistir jogo hoje.

Ela levantou-se colocando a bolsa nos ombros, indo na frente dele em direção à porta da sala. Fez sinal para que prosseguisse com o assunto.

— É um interclasse do clube de basquete masculino, começou agora a época de admissão dos clubes, então vão fazer isso para avaliar quem quer entrar.

— A Robin disse algo? — perguntou deslizando a porta e deixando que Usopp também passasse.

— Não, mas acho que não vai ir. — Ele pode ouvir o muxoxo desanimado vindo da amiga. — Ela ainda trabalha naquela biblioteca do centro, acho difícil ela participar de qualquer coisa depois das aulas.

— Então não vou.

— Nami! — Colocando-se em sua frente, ele a parou pelos ombros. — Não preciso te dizer o quanto isso é importante para o Zoro, né? Ele é o capitão do time e precisa dos amigos para apoiá-lo.

Ela não conseguia acreditar que aquelas palavras tivessem saído da boca do próprio Roronoa. Não tinha dúvidas de que ele fizera um convite de quase descaso e Usopp sentimentalizou o resto.

— Que seja. — Estapeou as mãos do colega de si, respondendo de olhos fechados em convencimento.

Mesmo saindo apenas pouco depois do sinal, o corredor segundanista já encontrava-se vazio. Devido a experiências passadas, Nami achou aquilo suspeito demais. Nem mesmo os encarregados da limpeza eram vistos levando os materiais para as salas. Ela pressupôs que talvez os alunos tivessem ido à quadra, entretanto era difícil de imaginar que um simples interclasse atraísse aquela atenção.

Shinsekai High School incentivava todo tipo de atividade extracurricular, havia incontáveis clubes registrados, mas os meninos do basquete ganhavam em popularidade. A ruiva não ficou surpresa ao ouvir do novo método de admissão, afinal, todo ano inúmeros formulários eram preenchidos e pouquíssimos estudantes podiam participar do clube. Julgar os candidatos por competência em quadra parecia muito mais justo que selecioná-los através de papéis.

Nami não gostava de assistir aos jogos do clube, não gostava das cansativas regionais e passou a odiar tudo ligado ao basquete depois de Zoro tornar-se o capitão do time no segundo semestre do ano anterior. Usopp era o único cara que sabia apreciar a companhia dele e a fim de assistir seus jogos e apoiá-lo, ele arrastava a amiga junto. Nas vezes que Robin estava presente, a ruiva se permitia até a torcer, no entanto quase sempre era seu pesadelo assistir um jogo.

Os jogadores eram os piores, todos faziam parte de algum tipo de fantasia das alunas e os fã-clubes organizados da torcida deixavam Nami com dores de cabeça. E Roronoa Zoro estava metido naquele meio. Inclusive, meninas iludidas acreditavam nele ser uma espécie de namorado dos sonhos. Ela não podia evitar rir com a ideia de que alguém quisesse se envolver em um relacionamento romântico com o Zoro, às vezes ela era levada a acreditar que talvez fosse a única pessoa na escola que de fato conhecia a personalidade detestável do colega.

Usopp quase sentia a aura de ódio que a ruiva emanava, sabendo que seu silêncio vinha por estar ocupada odiando alguém mentalmente, ele evitou puxar assunto.

Era o final da tarde e esperava-se que os estudantes voltassem para suas casas, ao menos os que não faziam parte de clube algum. E agora ali estavam Nami e seu melhor amigo, presenciando um tumulto no caminho da quadra. Ela bufou impaciente, desejava que aquilo acabasse logo para ir embora.

Assentando-se enfim à arquibancada, avistaram um loiro acenando para eles, que inconfundivelmente reconheceram ser Sanji.

Os dois entreolharam-se espantados, imaginando o que logo ele fazia em um jogo do time de basquete. A razão de tamanha surpresa era que não apenas o clube era rival do seu, mas também seu maior rival jogaria. Sanji estar ali podia gerar um paradoxo temporal.

— Nami-san! — Ajoelhando-se em uma declaração, ele agarrou a mão dela, tomando o devido cuidado com sua própria lesão. — As férias pareceram uma eternidade longe de você e o destino me castigou ao separar nossas salas!

— Você me pareceu bem recuperado com as meninas da sua nova turma. — Usopp revirou os olhos.

— Mas eu amo mais a Nami-swan!

— Sanji-kun! — Riu desconcertada tomando sua mão das dele, não seria rude sabendo que o loiro estar ali significava um possível ataque ao clube, que bem como também colocava sua vida em risco. — Também senti sua falta — mentiu, consolando-o com tapinhas no ombro. — Por que seu braço está enfaixado?

— Nami-san! Você está preocupada comigo!

— N-Não! — Ela achou melhor mudar o assunto. — O que faz aqui?

— Tch, vim acompanhar uma aluna transferida da minha classe. Ela é incrível, mas preferia morrer a estar aqui.

Não tinha muito o que contar da história entre Zoro e Sanji, não havia um porquê de tudo, pois se existisse amor à primeira vista, então eles eram a prova de também existir ódio à primeira vista. Usopp especulava sobretudo os esportes como razão daquela rivalidade, seguido do fato de Zoro ser próximo a duas garotas por quem o colega de sobrancelhas peculiares tinha interesse, entretanto nenhuma das alternativas justificava por que Zoro não se restringia a ignorá-lo ao invés de comprar a briga.

Nami também não suportava o então capitão do time de basquete, mas ela podia contar nos dedos algumas vezes em que se divertiram juntos e até mesmo contou com ele como amigo. Eram mesmo relações de ódio diferentes.

Antes que Sanji pudesse enaltecer a ruiva outra vez, o time oficial da Shinsekai entrou em quadra e a torcida agitou-se. Vendo-os cumprimentar o público frenético passando pelas arquibancadas, ela seguiu o Roronoa com um olhar disperso e incrivelmente ele a notou quando se apresentou na reta de onde sentava-se.

Ele sorriu torto, desafiador, talvez empolgado, ela não foi capaz de traduzir o significado do gesto. Nami lhe devolveu outro sorriso, quase de imediato e inconsciente, acenando discreta.

O uniforme do time era vermelho com os detalhes do número e as bordas da camiseta em branco. Os jogadores posicionaram-se ao centro da quadra e o treinador pediu silêncio para explicar sobre a proposta do interclasse. O time oficial tinha alunos de cada série e a maioria dos candidatos pareciam ser do primeiro ano, então eles separaram times por turmas.

Terminado o discurso, o treinador chamou o 1-A para iniciar a sequência de jogos, dispersando os jogadores pela quadra.

Nami sequer disfarçou o espanto ao enxergar Luffy na fila de primeiranistas que vinha. Boquiaberta, ela o observou cumprimentar os outros jogadores e sorrir animado com a disputa. O menino vestia o uniforme de educação física de calor, bermuda vermelha e camiseta branca como o resto dos candidatos. Diferente do time titular, eles não eram jogadores ainda, portanto não havia algo oficial para usar.

— Tá tudo bem? — perguntou Usopp, percebendo a reação estranha dela.

— Aham, tá sim. — Ela disfarçou o tranquilizando.

Os candidatos foram intercalados entre os jogadores da Shinsekai, formando assim times de potencial iguais, eles seriam avaliados pelo desenvolvimento individual na partida.

Luffy ficou no time de Zoro e a ruiva certamente não aprovou a ideia dos dois juntos.

O jogo se iniciou com o som do apito do juiz e depois de lançada ao alto, a bola caiu em mãos do time adversário. Sanji os deixou, e Usopp comentava algo sobre a partida, mas ela assistia atenta ao movimento dos jogadores em quadra, seguindo o idiota que lhe atormentara mais cedo.

Usopp, assim como a quadra toda, se calou com o inesperado bloqueio de Luffy que tirou a posse de bola do time concorrente, e mais rápido do que Nami foi capaz de acompanhar, o menino enxergou justamente o capitão livre e arremessou-lhe a bola, o que lhe rendeu a jogada do primeiro ponto da partida. A torcida vibrou pela enterrada de Zoro.

Aplaudindo, ela riu desacreditada do que vira. Monkey D. Luffy de fato tinha muito mais a oferecer além de suas primeiras impressões.

— Aquele cara nem é alto e você viu o que ele fez?!

A ruiva assentiu como resposta ao melhor amigo, ainda evitando demonstrar sinais de conhecê-lo.

A disputa seguiu com mais jogadas que provavam o talento evidente do primeiranista e ao decorrer dos minutos em quadra, até mesmo Zoro notou isso, passando a trocar passes muito bem coordenados com ele, rendendo-lhes a vitória da primeira competição. E durante o jogo seguinte, um aluno do time de basquete titular machucou-se, o capitão sugeriu que introduzissem Luffy em seu lugar, continuando assim a jogar pelo resto do interclasse.

— Ele tá sorrindo — ela disse referindo-se a Roronoa.

— Huh?

— Ele tá com aquele sorriso.

Usopp conhecia bem aquele sorriso ao qual a ruiva temia, ele incitava um oponente à altura, um desafio para Zoro. O narigudo não tinha dúvidas de que aquele menino entraria no time por indicação do próprio capitão.

O interclasse terminou pouco depois de escurecer, muitos estudantes foram embora antes do término e agora restava alguns que comentavam animados sobre os jogos ao sair da quadra. Nami e Usopp teriam ido também se o amigo de cabelos esverdeados não os tivesse chamado para conversar.

Zoro tinha uma toalha curta em volta do pescoço e uma garrafa de Pocari em mãos, eles estavam em um canto da quadra, o resto dos jogadores preparavam-se para limpá-la enquanto o treinador conversava com os candidatos.

— Você não precisa ficar tão longe! — resmungou mal humorado com a repulsa que a ruiva demonstrava ao afastar-se à medida que ele ia em sua direção.

— Você deve estar fedendo!

— Maldita! — Estalou a língua desistindo de aproximar-se dela.

— Aquele cara vai entrar? — Empolgado, Usopp foi direto ao ponto, e Zoro sabia exatamente de quem se tratava.

— Vai sim, ele foi o primeiro a garantir lugar no time. — Tomou alguns goles do energético e prosseguiu. — O nome dele é Luffy, querem conhecê-lo?

— Nah, fica pra outro dia, sei que ele deve ser incrível! — Sabendo que o narigudo aceitaria o convite, tomou a frente dele antes de se pronunciar. Nami esticou os lábios em um sorriso falso e torceu que isso não parecesse suspeito. — Oh! Como as horas passam — Olhou o pulso sem relógio. —, está tarde, Usopp, não quero que você perca o ônibus. Vamos. — ao sair de cena com aquela atuação fantástica, Zoro a segurou pelo pulso.

Preparada para agredi-lo, virou-se de frente para o Roronoa que ainda agarrava-a forte pelo braço e só então constatou a real situação do colega. Gotículas de suor escorriam por todo seu corpo escultural, seu cabelo parecia mais bagunçado e alguns fios grudavam-se a sua testa. Nami esqueceu de brigar com ele, perdendo-se em sua clavícula exposta pela regata de gola larga, ele parecia mais másculo que quando o conhecera. E somente por um instante, ela entendeu por que as meninas surtavam pelo capitão do time de basquete.

— Luffy me contou que vocês são amigos.

Com o choque, a ruiva voltou a si. Ela o encarou tentando compreender o que a expressão de deleite dele planejava, entretanto jamais realmente entendera Roronoa Zoro.

— Não, nós nos conhecemos hoje, não somos amigos — corrigiu, cruzando os braços sobre o busto e enfim enxergando aonde ele desejava chegar.

— É mesmo? — Riu sarcástico. — E por que você pareceu toda preocupada quando falei de apresentá-lo?

— Ele me deve duzentos ienes, mais os juros, não pretendo ser amiga dele. — Ajeitou as alças da bolsa no ombro e deu-lhe as costas. — Tchau.

Antes que ela se afastasse mais, Zoro tirou a toalha molhada de suor do pescoço e por puro impulso a fim de provocá-la, ele atirou na ruiva cobrindo-lhe a cabeça. Ela correu atrás dele pela quadra jurando que o faria arrepender-se de ter nascido.

[...]

O dia seguinte fez menos calor, deixando a ruiva contente com o clima agradável. O céu era de um azul intenso, sem nenhuma nuvem para atrapalhar e o vento vinha do sul. Não houve discussões pela manhã com sua irmã mais velha e preparou o bento com sua comida favorita. Ela evitou deixar a classe nos intervalos entre as aulas, e foram avisados de última hora que sairiam mais cedo hoje.

Estava tão feliz que ela esquecera-se dos imprevistos do dia anterior, sequer viu as primeiras aulas passarem e agora ela espreguiçava-se na cadeira com um sorriso bem-disposto.

A maior parte de seus colegas deixavam a classe no intervalo, tinham a oportunidade de então ficarem sozinhos e conversar, rir, sem a preocupação de lidar com alunos os encarando pelo o que diziam.

— Aconteceu alguma coisa? Por que você está assim?! — Não era um hábito da ruiva sorrir e exalar bom humor, Usopp notou seu comportamento raro e não pode ignorar sua curiosidade.

— Na verdade, é o que não aconteceu. — Ela riu juntando sua mesa a dele e depois tirou o bento da bolsa. — Estou fingindo que hoje é o primeiro dia, pelo menos o que ontem deveria ter sido.

Pensando em questioná-la a razão daquilo, ele lembrou-se do episódio no intervalo passado e como dinheiro moldava o humor da ruiva, chegando à conclusão de saber bem seus motivos.

O som da porta corrediça invadiu o ambiente de súbito e sabendo ser seus amigos terceiranistas, Nami girou sobre a cadeira para cumprimentá-los.

— Bom dia, Robin! — saudou a amiga com um sorriso largo, ela entrava primeiro, logo atrás vinha Zoro.

O uniforme feminino da Shinsekai reunia uma saia de pregas e meias igualmente pretas, laço-gravata vermelho e o blazer bege. A escala de cores para os trajes masculinos era a mesma, com exceção do formato da gravata, que não era obrigatório o uso em dias de calor, logo via-se comumente os meninos somente com a camisa branca desabotoada.

Nico Robin não trajava o blazer, ao contrário da amiga ruiva, tinha somente o suéter nude preso à cintura. Ela devolveu um sorriso gracioso ao entrar, pedindo licença baixo e dirigindo-se à mesa em que sentavam-se. A morena segurava uma sacola em mãos, seu lanche comprado, não dispunha de tempo para preparar o almoço devido ao trabalho de meio período. Frequentemente Zoro a acompanhava de semblante sério ou emburrado por preferir comer em sua própria classe, entretanto quando Nami o avistou por completo, ele ria debochado, e não podia se esperar nada de bom daquilo.

Ele passou pela porta e não a fechou, o que indicava que mais alguém os acompanhava. A ruiva suou frio quando o baque da porta finalmente veio, só havia uma pessoa estúpida o suficiente para Zoro ter convencido de juntar-se a eles.

— Sou Monkey D. Luffy! Por favor, cuidem de mim! — apresentou-se em uma reverência desajeitada, ainda um pouco distante, no entanto sabendo ter bons modos na presença de senpais.

— Ele é o novo membro do time de basquete — Robin explicou. — Zoro ficou com pena de vê-lo comendo sozinho no refeitório.

— O quê?! — Alcançou uma cadeira junto a Usopp e sentou-se com as mãos sobre o encosto dela. — Não foi isso, tch.

A ruiva escorou o cotovelo na mesa, escondendo discreta o rosto entre os dedos numa falha tentativa de impedir o menino de reconhecê-la. Zoro ria quase num tom sádico.

— Nami? — Correu até ela certificando-se de não tê-la confundido. — Nami! Não sabia que você ia estar aqui! — O moreninho parecia mesmo contente. — Que coincidência!

Usopp que levantava-se para cumprimentá-lo parou por um instante e analisou a situação, segurando o riso com os sinais da mão baixa da ruiva mostrando dinheiro. Então era Luffy o devedor.

— Pode me chamar de Usopp, sou o cara mais inteligente e adorado da escola — ele gabou-se de peito estufado. — E ela — Apontou para a ruiva. —, bem, vocês já se conhecem, mas somos da mesma classe.

— Muito legal da parte de vocês me receberem como amigo. — Puxou uma cadeira colando-a ao lado da ruiva e sentou-se.

Além de estar mais próximo do que Nami gostaria de tê-lo, ele inclinou-se sobre sua mesa quase derrubando seu bento.

— O que você tá fazendo aqui? — questionou entredentes, puxando a marmita para si.

— Nós somos amigos, amigos comem juntos. — Com todo o esforço dela em manter-se afastada dele, o bento entre seus braços o chamou a atenção. — Oh, parece delicioso! — Outra vez invadiu o espaço da ruiva, dobrando-se sobre ela na cadeira.

— O quê?! Não! — ela o empurrou pelo rosto com uma das mãos.

— Mas nós até dividimos o pão de melão ontem!

— Você comprou de mim!

Robin riu com a discussão imatura deles, imaginando como não pareciam de maneira alguma senpai e kouhai. Luffy tinha o dom de distorcer as coisas, o grupo não precisou mais que poucos minutos com ele para perceber.

Eles continuaram o conflito, nem mesmo Usopp pode interferir, a ruiva insistia em dizê-lo não serem amigos e o mais novo aparentava cada vez mais irritado com isso.

— Eu vou te pagar! — Sua voz cobriu a dela, claramente irritado. — Então até lá, seja minha amiga!

O pedido formal calou o grupo, gerando um silêncio constrangedor entre eles. Luffy tinha as bochechas infladas, ainda agitado com as acusações que a ruiva lhe fizera. Ela o encarou surpresa, procurando traços de fingimento nele e pela primeira vez seus olhares se encontraram tão próximos. O menino a tinha fixa em seu olhar e Nami viu a sinceridade nele.

Dando-se conta do quão estranho aquilo parecia para quem os assistia, ela baixou os olhos, desconcertada, quase o odiando pelo ar inocente que exalava.

— Tá — concordou enfiando comida na boca, irritada, ela deu-se por vencida.

— Você já comeu? — Sem graça, o narigudo colocou-se na conversa para quebrar o clima. — Robin disse que se encontraram no refeitório.

 — Sim!

O grupo o encarou assustado. Ainda não havia passado dez minutos que o sinal tocara, Usopp e Nami tinham acabado de começar e Robin juntou-se a eles para comer juntamente, se Luffy já tinha terminado, então ele era algo próximo do anormal.

Eles conversaram mais e pouco a pouco a classe encheu-se outra vez. O horário do almoço aproximava-se do fim e a ruiva tratava de expulsar Luffy dali alegando que ele ia se atrasar para o último período, porém ele não parecia muito preocupado. Até mesmo Zoro passou a irritar-se com o mais novo, arrastando-o para fora pela gola da camisa.

A ruiva os acompanhou até a porta ainda mal-humorada e antes que se despedissem, Nico Robin propôs algo.

— Hoje não tem clube para os meninos, eu só vou para a biblioteca no horário equivalente a um dia normal e como vamos sair mais cedo, então podíamos sair juntos de tarde — sugeriu ela em um sorriso. — O que acham?

— É mesmo, faz tempo que não saímos juntos — Usopp comentou pensativo. — É difícil conciliar o clube de basquete com as folgas da Robin, não lembro da última vez que fomos no fliperama. Luffy, você quer ir também?

— Heh, eu posso?!

— Claro — Zoro respondeu de imediato olhando para a ruiva enfurecida. — Nami vai adorar.

— Muito obrigado! — Ele deu um salto empolgado. — Preciso avisar meus irmãos. Nos encontramos na saída!  — disse puxando o celular do bolso da calça e já de saída, ele trombou em alguns alunos de passagem pelo corredor antes de sumir em um corredor.

Nami pensou em surtar, mas lembrou-se que o convite fora feito pela sua melhor amiga e tinha de concordar que seria ótimo sair com ela outra vez depois de tanto tempo, mesmo que o projeto de delinquente estivesse junto, afinal, aparentemente seriam amigos dali para frente, era a consequência de Zoro tê-lo incluído ao grupo. Ela inspirou profundo e resolveu não reclamar, somente desejou uma boa aula a Robin e ignorou o capitão do time de basquete.

O último período passou tortuosamente devagar, a ruiva contou cada volta do relógio analógico na parede. Quando enfim o sinal anunciou o final da aula, ela foi a primeira da classe a guardar o material e agora, apressava o melhor amigo.

— Você está ansiosa? — perguntou ele rindo.

— Eu gosto de sair. — Deu de ombros. — Não é por que o Luffy vai, na verdade, não dou a mínima para ele.

— Vocês são oficialmente amigos agora. Depois daquele pedido nem você pode negar.

— Tch, não me amola. — Desistiu de esperar por Usopp, batendo os pés ao sair. — Vou na frente.

O excesso de estudantes nos corredores no final das aulas a incomodava, porém, seu ego não permitia que ficasse esperando pelo amigo depois dos comentários indelicados que fez. Desceu as escadas e atravessou o prédio das classes, chegando aos armários, ela deixou os livros mais pesados ali e trocou a sapatilha pelos moccasins escuros. Lembrou-se do grupo não ter marcado um ponto de encontro e ficou confusa sobre onde esperar.

Portando-se sempre como a aluna ideal, papel que interpretava bem, ela vestia o uniforme completo por pura estética e recostada ao armário, ela observou os alunos passarem pelas portas de vidro escancaradas da saída. O sol claro do dia sem nuvens indicava não passar das duas da tarde, contudo Nami não tinha cabeça para admirar o clima. Batia os pés impaciente com os amigos, não havia sinal de nenhum deles.

O fluxo de estudantes diminuiu e ela sentou-se no degrau que separava os armários do pátio. Ela tirava o celular da bolsa quando sentiu alguém sentando-se a seu lado. E então deparou-se com Luffy.

Ele também tinha o celular em mãos, trocava mensagens com alguém. O menino não pareceu se importar com a proximidade entre eles, apenas casualmente sentou-se sem proferir nada. A ruiva o encarou incomodada e então notou a cicatriz dele. Interessada, ela analisou a marca única distraindo-se tanto quanto ele.

— Eu fiz quando era criança — disse sem tirar os olhos da tela do celular, sentiu os olhos curiosos da menina e resolveu responder antes que a pergunta fosse feita. — Com uma faca, tentando provar que era corajoso pro meu tio.

— Parece algo que você faria. — Largou o celular na bolsa em cima da perna e apoiou o rosto sobre as mãos, irritada por ele tê-la notado o observando.

Nami desviou sua atenção dele e o sentiu lhe cutucar com o aparelho aberto na discagem de número. Ela afastou as mãos do queixo surpresa, deslocando o olhar entre o celular e ele a encarando com um sorriso leve.

— Huh?

— Eu quero seu número.

— Você tá me exigindo isso? — Tomou dele o celular e digitou seu número, vendo as mensagens que chegavam para ele de Irmão 1 Irmão 2 através das notificações. — Normalmente os caras perguntam antes.

— Que caras?

— Deixa quieto. — Ela o entregou de volta o aparelho com o contato salvo.

Pegando o seu para checar suas atualizações, percebeu Luffy inquieto, fitando-a de maneira desconfortável. Nami resolveu o ignorar e girou sobre o tronco, ficando parcialmente de costas para ele. O mais novo inclinou-se com um sorriso imbecil para poder vê-la. E outra vez ela rendeu-se a ele por irritação.

— O que você quer agora? — questionou inspirando profundo.

— Você não vai pedir meu número?

Nami revirou os olhos quando o ouviu e o entregou seu celular em descaso. Ele mal conteve o entusiasmo de trocar números com ela.

— Ah, a Robin mandou mensagem. Disse que já está no fliperama, o que respondo?

— O quê? Não responde, dá isso aqui.

Bastou algumas mensagens para entender o acontecido. Eles haviam encontrado Usopp na saída, mas os armários terceiranistas ficam na fileira anterior ao dos segundanistas, como o narigudo não precisava guardar nada, não viram Nami, e Luffy chegou depois.

Ela levantou-se arrumando a saia para não ficar abarrotada e guardou o celular na bolsa.

— Vamos sozinhos, eles já estão lá.

— Mas tá sol! — ele resmungou claramente com preguiça de sair.

— O que você quer que eu faça? Mude o clima pra você? Anda logo. — Saiu sozinha e sem demora ele a alcançou correndo.

Na rua, Luffy jogou a bolsa nas costas e rastejava-se em vez de andar. A ruiva mantinha a postura impecável.

— Você não vai tirar essa blusa? — perguntou ele. — Tá me sufocando só de ver.

— Não está assim tão calor e não gosto de ficar com a camisa branca do uniforme.

— É por causa do seu peito grande?

Nami piscou tentando assimilar o que ouvira.

— Como você é indelicado, não se fala assim com uma garota! — Fechou os olhos em irritação.

— Ah, é mesmo... pensei alto, me desculpa. — Coçou a nuca desconcertado.

O silêncio estabeleceu-se entre eles por algum tempo depois disso, deixando Nami desconfortável. Ela mesma resolveu puxar assunto.

— Você já foi ao fliperama antes?

— Hm, acho que não. Tenho videogame em casa, nunca precisei.

— Mas lá é diferente, você paga e recebe alguns brindes dependendo do jogo.

— Tem que pagar? — Luffy inclinou a cabeça realmente confuso. — Eu não trouxe dinheiro! — Ele também checou os bolsos em seguida.

— Eu não acredito. — A ruiva segurou a face na palma da mão, inconformada com o menino. — Não vou te bancar!

— Por favor, Nami! — Ele atirou-se em sua frente, impedindo-a de andar. — É minha primeira vez saindo com amigos, não quero passar vergonha!

— Não.

— Você pode me cobrar depois junto com o que devo!

Ela o encarou desesperado, aquilo parecia de alguma maneira ser importante para o mais novo. Depois talvez se arrependeria, mas resolveu o ajudar dessa vez também. Entretanto, ele foi o caminho inteiro escutando a ruiva dizer o quão importante era andar com dinheiro e não fazer dívidas.

Eles viraram a esquina do quarteirão em que se encontravam, avistando não muito longe Usopp em frente ao fliperama. Ele acenou e Luffy correu até ele. Nami os alcançou depois, suando devido a caminhada sob o sol.

— Por que não está lá dentro? — ela perguntou, desabotoando a blusa do uniforme.

— O Zoro estava discutindo com a Robin... de novo.

— Sobre o quê?

— Não sei, ele ficou bravo com alguma coisa enquanto a gente vinha pra cá e ficou emburrado.

A ruiva distraiu-se da conversa ao olhar Luffy empolgado com a vitrine. Ele fazia uma concha com as mãos em volta dos olhos para enxergar lá dentro, ria sozinho. Ela deixou o amigo narigudo, indo até ele curiosa sobre o que chamava sua atenção.

A faixada do fliperama era incrível, o nome era todo trabalhado em LED e pôsteres de lançamentos cobriam a parede exterior. A vitrine exibia alguns actions figures à venda, porém também era possível enxergar lá dentro. 

Nami aproximou-se e viu uma menina de cabelos curtos agarrada à Robin em um dos sofás. O uniforme era da Shinsekai.

— Quem é aquela...? — pensou alto, enciumada de ter sua melhor amiga com outra estudante.

— Com a Robin? Você tá falando da Koala?

Surpresa, ela virou-se para Luffy imaginando como ele a conhecia. A menina tinha preso ao braço direito o adereço do conselho estudantil do colégio, era suspeito ele a conhecer em dois dias de aula estando em uma escola nova.

— Ela é amiga do meu irmão mais velho — respondeu sem que antes ela perguntasse. — Vamos entrar?

Antes de chegar ao grupo, eles passaram pelo caixa e a ruiva comprou algumas fichas que dividiu com o primeiranista. Quando finalmente apareceram, Usopp disputava um jogo de corrida com Zoro e as meninas conversavam no sofá mais próximo. O ambiente colorido e iluminado era preenchido pelos mais diferenciados sons de tiros, música e até explosões, o que fazia dali a primeira opção de jovens procurando se divertir.

— Zoro quis vir na frente, eu falei para nós esperarmos — Nico Robin desculpou-se vendo a ruiva chegar.

— Tudo bem, estamos todos aqui agora. — Devolveu um sorriso encarando o Roronoa de canto, fazia sentido a culpa ser toda dele. — Ah, oi. — Acenou tímida para Koala, amarrando o casaco na cintura.

— Você é a Nami?! — ela replicou de imediato, muito simpática. — Robin-san fala o tempo todo de você!

— E aí, Koala, Robin. — Luffy apareceu, puxando a ruiva pelo pulso. — Você joga comigo? Os meninos estão ocupados.

Ele a puxou antes da resposta e Nami foi reclamando para uma das máquinas ali do lado.

— Você conhece ele? — indagou a morena.

— Você não faz ideia do quanto o Sabo-kun é desligado — disse em um suspiro. — Ele pode ser o presidente do conselho, mas quem corre atrás de tudo sou eu! Perdi as contas das vezes de tive que ir até o alojamento onde ele mora, que por acaso Luffy mora lá também. Eles se chamam de “irmãos”. — Ela parou para olhar a ruiva e o mais novo que agora jogavam, discutindo sobre serem uma equipe, mas nenhum dos dois pareciam estar se ajudando. — Ela parece uma irmã mais velha. Acho que foi isso que Luffy-kun viu nela.

— Tenho que concordar.

Luffy e Nami realmente discutiam. Ele não aceitava que ela fosse melhor e acabou prejudicando a missão por correr atrás de pontos em vez do objetivo principal, era um jogo de tiro cooperativo.

— Perdemos — resmungou ela, cruzando os braços sobre o busto. — Por sua culpa.

Ele estirou-se na cadeira em frente a tela da pequena cabine, sem vontade de continuar. Sentiu o nariz escorrer, fungando e em seguida espirrou. A ruiva o observou em silêncio. Fazia alguns minutos que aquela partida havia começado e o nariz avermelhado do menino não negava o resfriado que o ar condicionado dali o tinha passado depois de uma caminhada sob o sol. Ela permitiu-se rir da falta de imunidade que ele tinha, era como uma criança.

Ela ouviu Usopp a chamar e levantou-se a fim de ir até o amigo.

— Nami — chamou-a antes que ela se afastasse.

— O quê?

— Me empresta sua blusa? — Fungou outra vez.

Custando entender, a ruiva então lembrou-se de ter tirado o blazer ao entrar no fliperama. Ela revirou os olhos, não era possível ele também queria aquilo dela.

— Não vai caber em você.

— Vai sim, não caberia no Zoro, mas em mim vai.

— Não é uma blusa, é uniforme.

— Eu tô com frio!

— Você vai esticar e depois não vai ficar bom em mim!

— Por favor? — Ele fez um último apelo, fungando, encarando-a com quase um biquinho.

Nami desamarrou as mangas da cintura, jogando-a sobre a cabeça dele e finalmente indo até o colega do outro lado.

E assim, outra vez naquele dia cedeu às vontades dele, só não sabia ela que aquilo se tornaria mais frequente do que desejava.


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Notas finais do capítulo

Por favor, comentem! Gosto muito de ler a opinião dos meus leitores, é um prazer ter vocês aqui.
Críticas e sugestões são muito bem-vindas! Caso tenham encontrados erros por favor me comuniquem para que possam ser consertados.
Até a próxima! (•̀ᴗ•́)و ̑̑



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