Preço do Amanhã escrita por Cristabel Fraser, Sany


Capítulo 27
Who We Are


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem com vocês? Como passaram o feriado? Cá estamos de volta com mais um capítulo inédito e esperamos de coração que curtam e se prearem para todas as emoções que estão por vir. Sany e eu não somos nem de longe a tia Suzanne, mas acreditem, nos esforçamos ao máximo para editar cada palavra nesta fic. Mesmo com toda a agitação dos eventos aqui contados e por sinal, lembrarem bem da ideia original, estamos criando novos eventos e rumos pra lá de diferentes. Ah, não posso deixar de agradecer aos leitores maravilhosos que comentaram no capítulo passado. Vocês nos dão um gás de ânimo viu. Vamos ao capítulo de hoje e por favor, leiam as notas finais.



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Nós nunca fomos bem-vindos aqui
Nós nunca fomos bem-vindos aqui afinal
Não

É o que somos
Não importa se fomos longe demais
Não importa se está tudo bem
Não importa se não é o nosso dia

Você não irá salvar-nos?
O que somos
Não pareça consciente
É tudo para cima a partir daqui
Ooh

(Who We Are – Imagine Dragons)

 

 

 

 

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Peeta sempre diz que sou teimosa, mas olhando para ele agora, vejo que é, mais do que eu. Estamos discutindo os prós e os contra desde o anúncio do Legendary Quell. Sendo eu, o único tributo feminino do Distrito 12, obviamente voltarei para a arena. Desde que cheguei da casa do Haymitch, estou tentando convencê-lo a não se voluntariar, caso seu nome não for chamado, mas não tem acordo. Ele se agarrou à ideia de me proteger. Já gritei com ele, o ameacei, chorei, mas também não adiantou. Por fim, fazemos algo aparentemente insano dada a situação. Hope está com minha mãe e Prim, então, não espero que cheguemos ao nosso quarto. O empurro até o sofá, tiro rapidamente minha calça e sento sobre seu colo e nos amamos com paixão e devoção. Com toda tensão, meu próprio corpo o deseja. Ele diz o quanto me ama e o quão importante, eu, Hope e o bebê, somos pra ele. Peeta conhece e sabe atingir meu ponto fraco.

— Vamos tomar um banho e tentar dormir um pouco – sugere afagado meus cabelos já bagunçados por ele mesmo.

— Estou com fome. – Quase não me alimentei o dia inteiro e sei muito bem que, não posso ser egoísta quanto a isso, afinal, o bebê que carrego precisa de toda atenção e cuidado.

Mesmo dormindo aconchegada ao peito de Peeta, minha noite é conturbada. Pesadelos assombram meu sono e neles, estou na arena e me vejo sendo esfaqueada bem no ventre. Meu adversário arranca o bebê de dentro de mim e escuto sons dos cidadãos da Capital vibrando. Grito e choro em meio a dor.

— Acalme-se querida, foi apenas um pesadelo. – A voz de Peeta me alcança e quando abro os olhos percebo o temor em seu rosto.

Por quanto tempo ele tentou me acordar? Mal cheguei até aquele inferno e já estou tendo pesadelos.

— Foi horrível, Peeta... – Sinto minha voz falhar e com meus batimentos cardíacos acelerados, saio da cama e começo a andar de um lado para o outro do quarto. Acaricio meu ventre, percebendo que o bebê ainda está aqui. — Precisamos fugir – digo apavorada.

— Temos que planejar isso muito bem. – Ele se levanta e vem até onde estou. — Prometo que pensarei em algo – assegura.

Tento voltar a dormir, mas leva um tempo considerável. Peeta afaga meus cabelos até que consigo.

 

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As semanas passam ligeiramente e desde o anúncio do Legendary Quell tenho estado em total pânico. A cada movimento do bebê em meu ventre, constato que, minha realidade é um verdadeiro pesadelo. Não sei como preparar minha filha para o que estar por vir. Tentamos pensar num plano para fugirmos, mas a segurança aumentou. As cercas elétricas – geralmente desligadas –, foram religadas e a segurança aqui no 12 duplicou. Ordens foram expressas sob o toque de recolher. Qualquer um que, fosse visto perambulando pelo distrito fora da hora, era interrogado. Não tenho dúvidas de que, poderia chegar até mesmo ao ponto do que acontecera com Gale. Parece até que, a Capital desconfia que alguém tente fugir ou algo do tipo.

Hope está tão alheia a tudo que, não sei como iniciar minha despedida. Se algo acontecer comigo na arena e eu morrer, tem tanta coisa que gostaria de dizer a ela.

— Mamãe como o meu irmão ou irmã se chamará? – Sua pergunta me pega de surpresa. Estamos sentadas no sofá da sala vendo algumas fotos no álbum que Peeta montou.

— Não sei. Você gosta de algum nome em especial? – Ela me encara com a testa franzida e os olhos exprimidos, como se estivesse se esforçando para pensar em algo.

— Layla, é bonito? – sugere.

— Sim, até que é bonito. De onde tirou este nome? – pergunto curiosa.

— Um dia, eu estava com o papai na padaria e, uma mulher comprou pães e o vovô a cumprimentou dizendo este nome – conta ela.

— Mas e se for um menino. Como você gostaria que ele se chamasse?

— Rye. – Escutamos a porta principal se abrir e logo ela dá um salto, soltando um gritinho de excitação e sai correndo. — Papai... senti saudades!

Também senti saudades.— Peeta surge com ela nos braços. Os dois são bem próximos e isso, só faz meu coração doer ainda mais. Hope ficará sem nós dois e este pensamento, é perturbador. Ele vem em minha direção e antes de se sentar ao meu lado no sofá, beija meus lábios. — Como vocês passaram o dia? – Sua mão pousa em meu ventre e sei que quer saber como nós dois estamos.

— Passamos bem e você? – Dobro minhas pernas e sento sobre elas, de modo que, me viro de lado para manter um melhor contato com Peeta e Hope.

— Bem, descarreguei algumas sacas de farinha, para dentro da dispensa, da padaria. Fiz alguns biscoitos. Decorei dois bolos e ajudei minha mãe no atendimento – conta ele e repouso a cabeça sobre seu ombro. Sei que, de algum modo, ele está tentando aproveitar cada momento. — Hope, temos algo pra contar a você. – Pelo tom de voz suave e ao mesmo tempo tensa, decifro que, ele quer iniciar a conversa que teremos de deixa-la e irmos pra Capital.

— É uma surpresa? – Com curiosidade questiona e movo a cabeça para encara-la e ela tem aquele olhar curioso e sapeca. — Meu irmão ou irmã vai chegar?

— Não querida, ainda falta um tempo pra isso acontecer – explica ele de modo paciente. — Na verdade, é um assunto delicado.

— Delicado? – Peeta assente com a cabeça e ela o encara com expectativa.

— Todos os anos, sua mãe e eu, temos de ir até a Capital e você tem ido conosco nestas viagens. Só que, neste ano você terá que ficar com a vovó Clara e sua tia Prim.

— Eu vou sentir saudades de você e da mamãe. – Meus olhos ardem pelas lágrimas que querem vir à tona, mas procuro me segurar.

— Também sentiremos muita, mais muitas saudades de você, querida. Amamos você, Hope. Mais do que tudo neste mundo e sempre estaremos aqui. – Peeta pousa seu dedo indicador na direção do coração de nossa filha e ela sorri lindamente pra nós dois e num rápido gesto, abre os braços e nos aconchega ali.

Desta vez não consigo segurar as lágrimas e me seguro para não extravasar. No entanto, quando Hope se afasta um pouco percebe.

— Não chore, mamãe. Eu vou ficar boazinha. Vou obedecer a vovó e a tia Prim. – Ela passa sua mão sobre meu rosto e sinto uma vontade imensa de pegá-la e fugir daqui para um lugar, onde ficaremos seguras e pra sempre juntas.

— Eu sei que você vai ficar boazinha. Eu amo tanto você, querida. – A puxo para meus braços e a envolvo neles ficando um tempo assim com ela. Peeta tem um sorriso entristecido e nos abraça com força.

Peeta amenizou a notícia. Ele contou meia verdade, mas por hora isso basta. Um dia ela entenderá tudo e estará sujeita a ser escolhida para também ir aos Jogos Vorazes.

Nos demais dias, Peeta convida Doryan, Haymitch e mesmo eu, para entrarmos numa rotina de exercícios e táticas de combate. Ele acha necessário pensarmos como os Carreiristas, pois Effie nos enviou as gravações dos jogos em que os vitoriosos foram campeões e que ainda estão vivos. Sendo assim, nossas manhãs são preenchidas por diversas atividades. Corremos, levantamos pesos – com exceção de mim, pelo devido estado – alongamos nossos músculos para fortalecer nossos corpos. Também trabalhamos habilidades de combate, arremesso de facas, luta corpo a corpo; eu, mesmo carregando um bebê, ensino a eles subir em árvores. Doryan é ótimo e sobe rapidamente.

Concordamos que, devemos entrar em um novo regime. Minha mãe prepara uma dieta especial para ganharmos peso. Prim trata de nossos hematomas. Madge nos traz escondido os jornais de seu pai, vindos da Capital. Notícias a respeito do Legendary Quell e, quem será o vitorioso dos vitoriosos. Acabam nos colocando entre os favoritos. Até Gale se junta a nós aos domingos, mesmo não se simpatizando nem um pouco com Peeta ou Haymitch. Ele nos mostra os segredos sobre uma boa armadilha. Num final de domingo, enquanto Peeta está afastado conversando com Doryan e Haymitch, Gale se aproxima de mim e comenta quase em um sussurro.

— Está grávida. – Ele deve ter visto Peeta acariciar meu ventre e mesmo que, eu esteja me escondendo bem, através de roupas folgadas, notou. Percebo o triste olhar que me lança quando digo:

— Estou, mas não foi algo que planejamos.

— O maior azar é, você voltar para aquele inferno.

Penso nos momentos que passamos juntos na floresta. Parece que, foi há décadas. Tento dizer algo, mas antes disso, ele se afasta e vai embora.

 

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— Prim, me promete que, nunca irá deixar Hope se esquecer de nós? – peço chorosa e minha irmã me envolve em seus braços.

— Tenho esperanças de você voltar, mesmo assim, jamais deixarei Hope se esquecer de vocês dois.

Tanto minha mãe quanto Prim, estão contendo as emoções para que, tudo se torne um pouco mais fácil pra mim. As duas me abraçam sempre que me veem. Minha mãe tem estado muito carinhosa e atenciosa comigo. Prepara refeições deliciosas que, acabo devorando tão vorazmente me fazendo quase passar mal.

Meus sogros nos oferecem um jantar em nossa última noite. Esdras e Delly estão tristes por nossa partida. Entretanto, tentam nos tranquilizar dizendo que, sempre estarão presentes na vida de nossa filha. Mesmo Sedah, que sempre implicou com Peeta, está compadecido. Ainda assim, pelo olhar da matriarca direcionado a mim, é como se tudo fosse minha culpa.

Chegamos em casa e ao invés de colocarmos Hope em seu quarto, aconchego ela entre nós dois em nossa cama.

— Mamãe, vai cantar a canção do amanhã gentil? – pergunta esperançosa. Beijo sua testa enquanto resmungo um hum-hum.

 

“Nuvens negaras estão atrás de mim
Eu agora consigo vê-las a frente
Frequentemente eu pergunto porque tento
Esperando por um fim.”

 

Hope tem os olhos concentrados em mim. A impressão é de que, não quer dormir.

 

“A tristeza pesa meus ombros para baixo
E os problemas caçam minha mente
Mas eu sei que o presente não vai durar
E o amanhã será gentil.”

 

Encaro Peeta e ele pousa sua mão sobre a minha que, está segurando as mãozinhas de Hope.

 

“O amanhã será gentil
É verdade eu já o vi antes
Um brilhante dia vem no meu caminho
Sim, o amanhã será gentil.”

 

Beijamos nossa filha diversas vezes e ficamos fazendo carinho nela por um tempo. Ela nos dá boa noite e fecha seus olhos tranquilamente. Não consigo segurar as emoções e logo estou chorando. Quando olho para Peeta, noto que seus olhos também estão molhados pelas lágrimas. É um sentimento devastador. A família que construímos, mesmo sem querer, agora está se desfazendo. É o terror que nunca imaginei estar passando.

— Por favor... – Levo minha mão até o rosto de Peeta e acaricio sentindo sua pele levemente pontuda pela barba por fazer. — Não se voluntarie. Viva por nossa filha – sussurro sentindo minha voz enrouquecida.

— Saiba que, o que está pedindo é demais. Ela precisa de você, meu amor. Nossos filhos precisarão de você. – Sua doce voz parte meu coração e mordo os lábios para reprimir um grito.

— Nossos filhos precisam de um pai... precisam de você— falo entre os soluços. — Eu preciso de você – completo.

— Eles terão bastante referência paterna. – Então, Peeta começa a enumerar. — Meu pai, Esdras... Gale e até mesmo Haymitch.

A menção do nome de Gale me causa certo incomodo, que não consigo decifrar.

Não consigo dizer se dormirmos, pois, ficamos acalentando e velando o sono tranquilo de nossa filha. Depois tomamos nosso café da manhã quase que grudados um no outro. Hope está mais contida e entristecida. Ela sabe que hoje iremos partir.

O sol das duas está tão intenso que, mal consigo focar meu olhar na multidão frente do Edifício da Justiça. Há pelo menos cem Pacificadores aos arredores com metralhadoras nas mãos. Ao meu lado direito, na ponta do tablado, vejo Haymitch, Peeta e Doryan de pé e apostos esperando o momento em que os nomes serão escolhidos.

Meu coração se aperta e quase não tenho forças para permanecer de pé. Meus olhos ardem pelas lágrimas derramadas. Venho tentando manter a mente sã. Minha gravidez muito em breve, se tornará pública. Toda Panem saberá.

— Eu nunca vou querer ter filhos.

Olhando para mim agora, parece até piada a frase que pronunciei ao Gale anos atrás.

— Sou voluntário como Tributo. – Volto minha atenção para o presente quando ouço Peeta dizer.

— Não posso deixar que faça isso.

Haymitch tenta impedir, o segurando pelo braço e logo começam uma pequena discussão.

— Não pode me impedir.

— Peeta...

— Solta meu braço.

Meu coração se parte em mil pedaços. O plano de manter Peeta a salvo da arena, escorre por água abaixo. Mesmo implorando pra ele não ir, é teimoso o suficiente pra fazer o contrário. Quão inocente sou em pensar que, ele me deixaria voltar para lá sem estar comigo. É irônico imaginar algo assim, já que, pertencemos um ao outro. As alianças de ouro em nossos anelares esquerdo provam isso. E o mais importante, além de Hope ser um laço que estreita ainda mais nossa relação, carrego em meu ventre um pedacinho que já amamos. Olho para frente e vejo as pessoas da multidão tocarem os três dedos médios de suas mãos esquerdas em seus lábios, e os manterem lá em nossa homenagem. Eu e os três tributos masculinos imitamos o gesto, o significado de agradecimento, admiração, adeus a alguém que você ama.

— Mamãããeee... – Ouço a doce voz de Hope ecoar e dou um passo à frente. Ela esperneia nos braços de Prim.

— Mudança de plano. Direto para o trem – sentencia o comandante Thread seriamente.

— Eu preciso me despedir... – Começo a sentir o desespero me invadir. A voz chorosa de minha filhinha apunhala meu peito.

— Para o trem, agora! – Ele segura meu braço fazendo pressão.

— Solta minha mulher. – Peeta abraça meus ombros e me puxa para si enquanto somos levados pela porta dos fundos, colocados num carro e conduzidos para a estação ferroviária. Não há câmeras na plataforma, nenhuma multidão no caminho.

Doryan irá nos acompanhar e seus olhos estão em total pânico. Effie, Haymitch e ele são escoltados pelos Pacificadores até o interior do trem. Eu caminho apressada até o fundo do último vagão, onde a visão é panorâmica. Logo sentimos o movimento do trem dando a partida.

— Nem pude dar um último abraço na minha garotinha – choramingo sentando próximo a janela, observando a floresta desaparecer aos poucos.

— Podemos ligar pra ela todos dias enquanto estivermos na Capital. – Peeta me abraça por trás e repousa as mãos em meu ventre. Eu quero gritar e afastá-lo de mim. Sinto tanta raiva dele ter se voluntariado, mas só o que consigo é, encostar minha cabeça em seu peito e receber seu carinho.

Nunca perdoarei o presidente Snow por ter tirado tudo de mim.

 


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Sei que muitos devem estar imaginando “que loucura, a Kat indo grávida pra arena?” Acalmem-se que, a dona Kat terá uma assistência especial, mesmo o presidente não simpatizando muito com ela. A música que a Kat tem cantado pra Hope dormir, pertence a lista de trilhas sonoras do primeiro filme “Jogos Vorazes”. Quem quiser deixei o link da música no final do capítulo, cliquem e escutem que linda. Aguardamos ansiosas pela a opinião de vocês. Forte abraço e até a próxima.

PS: Estou pensando em postar um novo capítulo todos os domingos as invés de 15 em 15 dias, o que acham? Vou ver se consigo, ok? Já estou editando o próximo.