Preço do Amanhã escrita por Cristabel Fraser, Sany


Capítulo 26
Kingdom Come


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde pessoal... aqui está mais um capítulo fresquinho.

[ATENÇÃO]

Por favor, leiam as notas finais.

Boa leitura...



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Corra, corra, fuja

Por si mesma mais um dia

Um vento frio está sussurrando

Segredos em seus ouvidos

Tão baixo que só você pode ouvir

 

Corra, corra, corra e se esconda

Em algum lugar que ninguém mais pode encontrar

Árvores altas curvam seus galhos

Apontando para onde ir

Onde você ainda estará sozinha

 

Não se preocupe, minha querida

Tudo estará acabado em breve

Eu estarei esperando aqui

Por você...

(Kingdom Come - The Civil Wars)

 

 

 

 

Minha boca saliva e uma sensação ruim, sobe do meu estômago. Levanto apressada da cama e corro até o banheiro. Em seguida, me ajoelho próxima ao sanitário, cuspo saliva e acabo vomitando a bile.

Odeio vomitar.

Após me certificar de que, não vomitarei mais, me levanto sentindo uma leve tontura, seguida pela dor de cabeça. Lavo a boca pra tirar o gosto amargo e molho meus pulsos e nuca. Volto para cama, sentindo meu corpo estremecer. Talvez eu esteja pegando alguma virose. Mais tarde irei falar com minha mãe, para ver se ela tem algum tônico ou algo assim. Não posso adoecer, Hope precisa de mim saudável.

Aproveito para tentar dormir mais um pouquinho já que, Peeta saiu para ir ajudar o pai na padaria. Logo Hope surge coçando os olhinhos.

— Posso deitar com você, mamãe? – Sua voz é sonolenta.

— Claro, meu anjo. Ainda está cedo e logo mais, iremos visitar a vovó e sua tia Prim.

— Eba... – diz bocejando.

Ela se aninha a mim e juntas adormecemos.

Quando abro olhos, percebo que dormi demais. O sol se encontra forte. Hope continua aconchegada a mim. Passo levemente minha mão, sobre seus cabelos, afastando alguns fios de seu rosto. Ela é tão linda que, passaria o dia a admirando.

— Amo tanto você pequena... – Ela se mexe e acaba abrindo seus olhos e me encara erguendo as sobrancelhas.

— Disse algo, mamãe?

— Precisamos levantar e tomar café.

— Será que o papai assou pães de queijo?

— Se assou, devem estar frios.

— Então vamos logo, mamãe! – diz dando um salto da cama. — Vem... – Ela puxa minha mão direita e sinto como se pesasse uma tonelada.

— Vamos lavar o rosto primeiro.

Fazemos nossa higiene matinal e descemos. Preparo chá para nós duas e esquento os pães de queijo que, Peeta assou mais cedo. Lavo alguns morangos e os coloco numa tigela para Hope.

— Hum... o papai capricha nos pães, não é mamãe? – Encaro minha filha e concordo com a cabeça. No último gole do chá, tenho que colocar a mão sobre a boca, pois meu estômago se retorce.

Corro para o banheiro social e mal ergo a tampa do sanitário e já estou vomitando novamente. Hope surge atrás de mim, perguntando se estou passando mal, apenas anuo a cabeça. Mesmo escovando os dentes e bebendo água, sinto a acidez em minha garganta.

Quando me sinto um pouco melhor, pego Hope e vou até minha mãe.

 

→←→←→←

 

— Você está grávida, Katniss?

Meu corpo parece petrificar, diante da pergunta de minha mãe. Contei a ela as suspeitas, sobre eu ter pego uma virose, mas descartou.

— Isso não é possível, eu estou tomando o chá, todos os dias – argumento, mas pensando bem, minha menstruação estava atrasando e procuro me lembrar a última vez que veio.

— Seu corpo, pode ter se acostumado com o chá e criado resistência – explica ela.

— Não posso estar grávida, mãe. – Seguro seu pulso e sinto um tremor por dentro de mim.

— Acredito que, nenhum método contraceptivo, é cem por cento eficaz. A não ser cirurgia que, só devem fazer na Capital.

Olho em direção a sala e observo Hope brincando com a Prim. Sinto algumas lágrimas verterem de meus olhos e minha mãe puxa minhas mãos, e as segura entre as suas.

— O que eu farei, mãe? Mais uma loucura se estenderá daqui até a Capital. Eles nunca nos deixarão em paz... – Começo a alterar a voz e percebo meu nervosismo se elevar cada vez mais. — Não deixarei que, nenhum deles os tirem de mim! Não vou, não vou...

— Ah, filha vem cá. – Sinto seus braços ao meu redor. — Também já senti essa sensação. Esse medo, essa impotência... é o pior dos sentimentos. Mas seu pai, amou tanto saber que, eu esperava você ou quando engravidei da Prim.

Após tirar mais algumas dúvidas, ela me receita um floral para aliviar meu mal-estar.

Para o jantar, preparo algo simples e rápido. Peeta chega e Hope que, brincava há pouco próxima a mim, se lança em seus braços. Os observo e trocam uma conversa animada, contando o que fizeram durante o dia.

— E você, como passou o dia? – Ele chega mais perto e beija levemente meus lábios.

— A mamãe passou mal, papai – conta Hope.

— O que você tem? – pergunta preocupado.

— Conversamos depois – ele concorda com a cabeça.

Após o jantar, Peeta brinca um pouco com Hope. Fico sentada olhando os dois por um tempo. Minha vida havia mudado tanto e agora mudaria outra vez. Estou distraída o suficiente, para me assustar com o som estridente do telefone. Poucas pessoas que conheço usam telefone. Aqui no 12, somente os moradores da Vila dos Vitoriosos e o prefeito tem um em casa, e contando que, Haymitch, Doryan, Prim e minha mãe, preferem vir aqui, ao invés de usar o telefone e o prefeito não teria qualquer motivo para me ligar, ainda mais, a essa hora. Só poderia ser da Capital.

Peeta atende e após alguns minutos falando, me passa a ligação.

— É a Effie.

Respiro um pouco mais aliviada. Effie nunca nos deixa, de fato. Mesmo morando na Capital, nunca nos deixava sem dar notícias. Não que, venha ao 12 com frequência, na verdade, sem um novo vitorioso nos últimos anos, nos vimos apenas na colheita e na Capital. Ainda assim, ela se faz presente de outras formas, sempre mandando presentes exagerados para Hope ou ligando para contar as novidades. E essa noite, não é nenhuma exceção aos seus monólogos, embora confesse que, me mantenho muito mais calada.

Ninguém fala de outra coisa por aqui agora, só no Legendary Quell. Vocês viram o comercial?

— Só por cima, não cheguei a prestar muita atenção. – O Distrito 12 só assistem aos pronunciamentos do presidente e a programação dos jogos, mas como vitoriosos, temos acesso a parte da programação da Capital. Não que, realmente liguemos a TV para ver algo.

— Katniss não acredito! Vocês serão mentores em uma edição única! Isso só acontecerá novamente daqui a vinte anos. Cada Legendary Quell traz algo novo e os patrocínios, são bem maiores nessas edições. Vocês precisam estar preparados. Imagine um vitorioso da 80º Edição dos Jogos do Legendary Quell, ser do Distrito 12...? As apostas do que vai ser a novidade dessa edição, já estão acontecendo, mesmo que, ainda falte alguns meses... Estou pensando em apostar algo também....

— Legendary Quell? – pergunta Peeta, quando volto a me sentar, próxima aos dois, depois de desligar o telefone.

— Sim, o ano está passando muito rápido ou eles estão adiantando as coisas por lá. Parece que, quanto mais eu evito essa época do ano mais eles pedem por ela e mais rápido parece chegar. – Ainda sinto o luto e a dor da família de Alisha e Mikky.

— Verdade. – Peeta me encara e posso ver a preocupação em seus olhos. Ele não esqueceu que eu tinha passado mal. — Mas agora, é hora de uma certa garotinha, ir dormir. Não é mesmo, dona Hope?

— Ainda está cedo, papai.

— Não, está não. Vamos lá, hora de se aprontar para dormir.

Após a colocamos pra dormir e ao lhe desejar boa noite, ela protesta:

— Mamãe, você não cantou... cante— pede e claro, esse tem sido nosso ritual. Sento ao seu lado e enquanto faço carinho, em seus cabelos, canto até ela dormir. Antes de me retirar, beijo sua testa.

Adentro o quarto e Peeta me aguarda.

— Está doente?

— Acredito que, eu esteja grávida...

— Grávida! – exclama. Sua expressão é quase que indescritível. — Como isso pôde acontecer? Você ainda está tomando o chá, não está?

— Sim, mas minha mãe acha que, pode ter criado resistência. – Sento na beira da cama e logo sinto as mãos tremerem e meu coração acelerar, trazendo à tona a atual realidade. — Eu não poderia estar grávida, Peeta. Já é tão difícil pensar em proteger a Hope e agora... – Meus olhos ardem e as lágrimas rolam sobre meu rosto sem cerimônia.

— Você não está sozinha, Katniss. Estou aqui com você e sempre estarei. – Peeta senta ao meu lado e me puxa para seus braços, onde encontro conforto. — Vamos amar esta criança e dar nossas vidas se for preciso.

— Não quero que ninguém tire Hope de nós e nem... – Involuntariamente Peeta escorrega sua mão direita até meu ventre.

— Nada e ninguém separará nossa família.

Seus olhos límpidos me passam tanta segurança que, não tem como não o amar ainda mais.

— Temos que ter um plano em mente, caso precisemos de fugir. – Ele encosta nossas testas e me puxa para me sentar em seu colo.

— No que depender de mim, estaremos longe antes de tudo se desmoronar.

Uma corrente elétrica, passa por toda a extensão do meu corpo e quando me dou conta, meus lábios estão colados aos seus o beijando com fervor.

Nas semanas que se seguem, confirmo minha gravidez. Peeta disfarça bem seu entusiasmo e preparamos um momento para contar a Hope que, terá um irmãozinho ou irmãzinha. Nem preciso dizer, o quanto fica animada com a notícia e tive que aguentar sua comemoração junto ao loiro. Contamos as pessoas mais chegadas a nós e pedimos descrição. Não quero os holofotes da Capital em cima de nós. Pelo menos, os quero evitar até não ter mais jeito.

 

→←→←→←

 

Nos reunimos na sala da casa da minha mãe, para o pronunciamento obrigatório do presidente. Sei que, neste momento, grande parte do distrito está reunida na praça, onde o telão em frente ao Edifício da Justiça, transmitiria a programação da noite, para os que não tem TV em casa. Minha mãe e Prim, se sentam no sofá de dois lugares, enquanto Peeta, eu e Hope no outro, frente a TV.

— O que será que, vão anunciar agora?

— Provavelmente o Legendary Quell. Ainda me lembro da última edição há 20 anos, foi ... – Minha mãe não completa a frase, provavelmente porque Hope está na sala, ainda assim todos entendem. Como se não bastasse os jogos anuais, a cada vinte anos eles abriam um envelope do Legendary Quell, onde algo inovador era acrescentado ao massacre comum realizado na arena.

— Foi o que, vovó? – insiste Hope.

— Surpreendente querida, foi surpreendente.

 A insígnia da Capital surge na tela e não é Caesar que aparece como de costume, mas sim, o presidente Snow em seu escritório.

— Senhoras e senhores, estamos nos aproximando da 80º Edição dos Jogos Vorazes. Edição essa, muito especial, afinal, marca oitenta anos de um marco em nossa história.  E como foi determinado no regulamento dos Jogos, a cada vinte anos haverá o Legendary Quell, para manter fresca em cada nova geração, a memória daqueles que morreram na rebelião contra a Capital. – Ele faz uma pausa em seu discurso. — E como costume, algo novo pré-estabelecido para esse evento, será revelado essa noite.  – O presidente dita cada frase com precisão. Aperto as mãos de Peeta e sinto meu coração acelerar. Meu estômago embrulha e acaricio levemente meu ventre ligeiramente saliente. — Sem mais delongas, vamos a abertura do envelope. – O presidente retira um envelope visivelmente marcado com o número 80. Ele passa um dedo embaixo da aba e puxa um pedacinho de papel quadrado. Sem hesitar, abre o lacre em frente as câmeras. Sua expressão é indecifrável, mas sei que, independente do que esteja escrito, ele já sabia antes e que está feliz com o que, quer que venha. — Lembramos que, os jogos significam, que mesmo os mais fortes, não podem sobrepujar o poder da Capital, os Tributos do sexo, masculino e feminino desse ano serão escolhidos da lista de Vencedores de cada distrito.

— Não! – exaspera minha mãe e posso sentir as mãos do Peeta ficarem geladas imediatamente.

— Sendo assim, todos os vencedores sem exceção, devem se apresentar, no Dia da Colheita, independentemente da idade, estado de saúde ou situação.— O presidente encerra seu discurso, mas não presto mais atenção.

— Quer dizer que... – Prim inicia e não posso acreditar no que acabei de ouvir. Tento manter a respiração regular, fazer o embrulho no estômago passar.

— Katniss... – Ouço a voz do Peeta me chamando, entretanto, parece estar distante demais. Sinto que preciso de ar. Preciso sair daqui e, é exaltante o que faço. — Katniss...

Muitos me veem passar apressada. Os olhos atentos e piedosos para a escolha já feita da colheita, mas ninguém me impede de continuar meu caminho. As lágrimas cada vez mais difíceis de segurar, no entanto, é meu estômago que me trai primeiro, assim que me encontro sozinha próxima ao Prego.

A arena é inevitável para mim, pra nós. Levo a mão novamente ao meu ventre e a única coisa que penso, é que, morrer significa também a morte da pequena vida se desenvolvendo dentro de mim. Significa nunca ver seu pequeno rostinho. Significa que, Peeta não irá segurá-lo nos braços, como fez com Hope. Hope... morrer também significava deixar minha pequena órfã, com alguém menos para lutar por ela. Quando percebo já estou de joelhos e com as mãos no chão sujo do beco. A luz da lua surge acima de minha cabeça. Estou com frio e sem fôlego. Não consigo conter a histeria. Não quero que, ninguém me ouça, então mordo a gola da blusa de lã que visto e grito o quanto posso. Meus olhos estão molhados pelas lágrimas que rolam sem sessar.

O pronunciamento do presidente se faz presente em minha mente e tento raciocinar. O Distrito 12 tem apenas quatro vitoriosos vivos para serem escolhidos. Três do sexo masculino. Uma do sexo feminino... Vou retornar para a arena.

Um sino tine dentro de mim.

Peeta.

— Ah, aí está você, docinho. Sabia que, seria a última a aparecer, mas que apareceria. – Haymitch está visivelmente alcoolizado quando entro sem bater em sua casa e não me surpreendo. — Eu ofereceria um copo, mas acho que você não pode. Embora, talvez, queira abrir uma exceção para a situação atual.

Parte de mim quer aceitar. Quer simplesmente beber, até perder o sentido, até aliviar a dor. Até porque, já estou praticamente morta, ainda assim nego.

— Não obrigada. Preciso falar com você.

— Deixa-me ver se adivinho... finalmente fez as contas e veio pedir para que, eu me voluntarie no lugar do Peeta, para que ele não vá com você. – Ele vira a garrafa e posso sentir a dor de saber exatamente, o que vim pedir. Sinto-me péssima por, literalmente, estar pedindo para ele voltar para o inferno daquela arena, para praticamente, morrer comigo.

— A Hope precisa dele. Ela não pode perder nós dois.

— Eu sei. Mas talvez, você deva saber que, Peeta pensa de outra forma. Ele acredita que, o melhor, é que, seus filhos cresçam com a mãe por perto.

— Não há como impedir de ir para a arena, Haymitch.

— Mas tem como voltar de lá.

— Como?

— Peeta pediu para que, Doryan e eu o deixe ir, pra que não nos voluntariemos como tributos. Ele quer fazer de você a vencedora do Legendary Quell.


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Notas finais do capítulo

Bem, não sei se repararam, mas a Sany e eu não colocamos o Massacre Quaternário, mudamos esse evento para o Legendary Quell, com novos acontecimentos. Pedimos a compreensão e paciência de todos. Vamos finalizar PA, vocês não ficarão sem um fim pra este enredo, entretanto, por um acontecimento e outro podemos demorar um pouco na atualização, não estamos enrolando, mas as vezes a rotina muda a cada semana e mesmo que queiramos voltar até mesmo antes do combinado, muitas vezes não conseguimos. Por isso nos perdoem por isso. Quero agradecer a cada leitora que sempre se faz presente aqui e gostaria de pedir para os que sumiram voltar a comentar e dar sua opinião, pois é muito importante aqui pra nós. Espero ver todos nos comentários. Nos digam o que estão achando, ok? Ótima semana a todos. Beijos e abraços.



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