No oceano do amor escrita por Alyssa Sullivan


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Aqui vai mais um capítulo para vcs. Esse é o maior até agora. Espero que gostem.



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Esse foi o momento perfeito para Bella. Um instante de distração era o que precisava para fugir daquele constrangimento. Ela correu rumo ao seu cavalo que estava próximo dali, montou-o apressadamente.

Edward tentou segui-la.

— Espere! – Implorou. Mas ainda estava muito fraco para impedi-la de sua fuga. Cambaleou alguns passos, contudo, tropeçou e caiu.

Caído sobre o chão de terra batida, e antes que pudesse reunir forças para se levantar, o jovem pediu mais uma vez que ficasse enquanto via a moça partir em disparada.

Bella não olhou para trás. Ela galopou com seu cavalo negro pela densa floresta, atravessou as campinas e depois pela orla da praia. Não sabia para onde ir, só sabia que queria estar longe dali. O mais longe que pudesse alcançar. Mas ela estava fugindo do que exatamente? Talvez de si mesma. Não sabia que sentimento feroz era aquele que lhe invadia e tomava por completo. Seu coração trotava tão rápido quanto o compasso que seu cavalo fazia ao correr pela terra.

Seus cabelos se esvoaçavam com o vento. E, enquanto corria, ela fechou os olhos por um instante e pode sentir novamente aqueles lábios roçando os seus.

********

Quando Edward conseguiu se levantar já era tarde demais. A garota estava longe o suficiente para poder escutar as suas súplicas. Ele pensou em como tinha sido estúpido. A assustara e talvez ela agora nunca mais voltasse. Onde estava com a cabeça? Mortais não devem tocar em anjos.

Contudo, sabia que precisava fazer alguma coisa. Não podia ficar ali parado. Estava fraco, faminto e com muita sede. E ainda precisaria encontrar suas roupas. Edward procurou a sua volta e viu a sua calça cáqui e sua blusa branca pendurados em um pedaço de madeira no teto da casa. Era uma casa baixinha o suficiente para que ele apenas esticasse as mãos e as alcançasse. Porém, o jovem observou que suas vestes ainda estavam umedecidas e precisavam tomar sol para de fato secar.

Ele saiu da casa se esgueirando pelas paredes de argila com o vestuário por cima de seus ombros. A exaustão ainda era tão imensa que mal podia caminhar. Sentia-se meio tonto e enjoado. Mas quando saiu do abrigo e os raios de sol brotaram em seu corpo lhe trazendo calor, foi como se aquilo o fizesse sentir melhor.

A natureza era exatamente como ele imaginara quando estava dentro da casa. As altas árvores, os animais e o rio próximo dali. “Água” foi o que pensou. Precisava ardentemente saciar a sua sede.

Ele colocou as roupas em um galho de uma árvore e se arrastou até o rio. Agachou-se às margens e afogou a sua cabeça dentro dele, bebendo assim mesmo até que estivesse satisfeito.

    ****

Em um determinado ponto da jornada, Bella decidiu que seria melhor caminhar a pé. Ela desceu do cavalo e começou a vagar pela orla. Podia sentir o vento soprar em seus cabelos enquanto as gélidas águas lhe acariciavam os calcanhares.

Era um dia lindo também para as gaivotas que sobrevoavam a imensidão azul turquesa. De vez em quando alguma delas mergulhava e voltava com um peixe na boca, então, seguia para seu ninho e alimentava os filhotes que aguardavam ansiosamente pela comida. Bella pensou que logo aqueles mesmos filhotes cresceriam, encontrariam um parceiro e teriam suas próprias crias.

A moça concluiu também que o jovem estrangeiro que encontrara trazido por aquelas mesmas águas só poderia ser o macho de sua espécie. Um homem. Então assim que era um homem de verdade.

Ninguém nunca tinha lhe explicado ao certo sobre como eles eram. As informações que lhe deram eram sempre muito vagas. Por isso, não sabia como identificar um. Entretanto, nas poucas vezes que sorrateiramente conseguira ouvir alguma conversa, tinha escutado histórias terríveis sobre eles. O quanto eram cruéis e perversos.

Certa vez, quando ainda era criança, e já tarde da noite, Bella estava brincando dentro de um baú velho e grande de uma das casas da vila, quando um grupo de representantes do conselho evadiu a sala. Rapidamente ela fechou a tampa e se escondeu nele para que ninguém a notasse. Seu interior era completamente escuro, não revelando nada além dos sons que vinham de fora. A menina permaneceu quieta, calada, atenta a qualquer som.

 – Não podemos ficar com ele aqui – afirmava a voz de uma mulher parecendo ser mais velha. – Temos que tomar alguma providência.

 – Vocês não estão pensando em... – Hesitou uma voz bem mais nova. Mas a menina estava muito trêmula para conseguir decifrar de quem se tratava – Não podem fazer isso.

Podia-se ouvir um burburinho de várias pessoas falando entre si. Até que uma terceira voz se pronunciou:

 – E o que você acha que devemos fazer? – Indagou a mulher – Você sabe o que aconteceu no passado. Se os outros souberem sobre nós, eles virão e seremos massacradas.

— Ele deve morrer! – Gritou uma outra voz que não havia dito nada ainda. Logo foi seguida por outras.

 – Sim! Devemos mata-lo.

 – Não queremos intrusos! – Gritou mais uma.

A menina, que permanecia contida, sobressaltou-se e acabou sendo percebida pelas mulheres da sala. Uma delas levantou a tampa do baú e encontrou a criança encolhida de olhos arregalados.

A mulher era alta, magra e de pele bronzeada. Seus olhos eram castanhos mel, assim como a cor de seus cabelos curtos, cortados na altura dos ombros. Ela sorriu com ternura.

 – O que você está fazendo aí Bell? – E a tomou nos braços.

Bella olhou para as conselheiras na sala. Eram cerca de doze. Todas muito sérias.

 – Renné, leve-a daqui. – Ordenou uma delas.

— Vamos querida. Aqui não é lugar para você – disse afagando os cabelos da menina.

Todas as amazonas tinham uma guardiã e Renné era a de Bella. Carinhosamente, a menina lhe chamava de Dinda.

Mais tarde Renné lhe explicou quem eram “os outros”. Disse que eles eram homens “maus” que poderiam machucar toda a sua família e que ela nunca deveria contar ou que ouvira para ninguém. E que, se algum dia ficasse sabendo sobre a presença de algum deles, deveria comunicar ao conselho imediatamente. Elas a protegeriam. Ou do contrário, poderia nunca mais vê-la. Perderia sua casa, sua família.

 – E o que vai acontecer com esse homem de quem vocês estavam falando Dinda? – Perguntou a inocente criança. – Ele vai morrer?

 – Você não precisa se importar com isso meu anjo – Dinda respondeu.

Na época ainda era muito criança para entender as coisas. Mas será que o forasteiro que ela encontrara na praia também era uma pessoa má? Ninguém nunca tinha mexido assim com a jovem. Ou será que simplesmente estava fascinada por ter visto um homem pela primeira vez? Fora um encontro tão rápido e a moça não conseguia esquecer aqueles olhos verdes penetrantes e o toque suave de lábios...

Bella estava tão envolta em seus pensamentos que só percebeu duas presenças se aproximando quando elas já estavam a poucos metros de distância.

Ela ergueu a cabeça e avistou duas moças com a mesma idade que a dela montadas em cavalos brancos vindo em usa direção. Elas usavam tecidos finos e esvoaçantes de tom marrom. Uma delas era morena, assim como Bella e a outra era tinha os cabelos loiros. Eram suas amigas Ângela e Jéssica.

 – Bella, o que você está fazendo aqui? – Indagou Jéssica quando as duas pararam e se aproximaram. – Estava todo mundo te procurando.

— Aconteceu alguma coisa? – Questionou Ângela ao ver a expressão tensa da amiga.

 – Não! Não aconteceu nada – as palavras voaram de sua boca – Eu só queria ficar sozinha um pouco. Será que não posso mais?

 – Hei, hei, hei! Calma. Você não precisa ficar irritada. A gente só estava preocupada com você. – Interveio Jéssica. – Você falou que ia caminhar e desapareceu. E ainda teve aquele temporal.

 – Me desculpe. Eu não quis ser grossa. Só queria ficar um pouco sozinha mesmo.

 – Você sabe que não pode sair assim – Continuou Jéssica

 – Eu sei – Bella estava com o olhar perdido sem focar em lugar algum.

— Então vamos voltar para a vila – disse Ângela – As outras vão ficar mais tranquilas. Principalmente Renné.

Era isso. Renné era a chave. Bella iria interroga-la e dessa vez exigiria as respostas. Precisava saber o que tinha acontecido com aquele homem. Por que não existiam outros e, principalmente, por que as conselheiras nunca falavam deles.

— Sim, claro. – Respondeu Bella montando em seu cavalo. – Vamos agora mesmo.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem o cap. Mas gostaria muito que comentassem. Tenho ficado muito desmotivada com o número tão pequeno de comentários. :( thanks ♥ ♥