Edward levantou-se da cama e foi ao canto indicado.

— Eu sou a matriarca dessa aldeia. E quero que você me explique tudo desde o início.

***

Bella estava receosa de entrar na cabana, não sabia quais respostas iria ter ou se gostaria delas. Ninguém a impediria de entrar, mas mesmo assim ela não sabia se era um bom momento. Ela afastou os panos e entrou no recinto. A amazona viu Rosalie enrolada em vários panos e ao seu lado a avó.

— Como ela está?

— Está suando frio! – respondeu a senhora sem olhar para Bella.

A amazona se aproximou tocando no ombro da mais velha.

— Eu sinto muito – a senhora apenas assentiu com a cabeça – Tem algo que eu possa fazer?

— Apenas reze. Porque só um milagre para ela ficar viva!

***

— Sua história parece bem convincente, senhor Cullen! – indagou a matriarca.

Fazia mais de uma hora que ela e Edward conversavam. Ele teve que repetir várias vezes a mesma história com riqueza de detalhes.

— É porque é verdade!

— Pode não parecer mais acredito no senhor. Mas vamos ter que convir que tipo de matriarca eu seria se não verificasse tudo a seu respeito? Tenho que zelar pelo bem de todas.

— É eu também tenho perguntas para fazer.

— Pode faze-las – a matriarca tomou um copo de água.

— Onde foi parar os homens desta aldeia?

— É uma história bem longa, mas o que eu posso lhe dizer no momento é que nunca houve homens nessa ilha – fez uma pausa – Vamos ser bem francos! Existe alguma forma do senhor voltar para sua terra?

Edward engoliu a seco.

— Não!

— Como pensa em sobreviver aqui?

— É... eu não sei ao certo, mas caçando, pescando, colhendo frutos...

— E sabe como fazer isso sem os utensílios tradicionais?

— Eu caço apenas com armas, realmente eu não saberia ...

— Fazer armadilhas, usar o arco e fecha ou lanças.

Edward balançou a cabeça negativamente.

— Então, acredito que eu meu convite, que faço em nome de todas as amazonas, será bem favorável ao senhor – a matriarca juntou as mãos – pode viver conosco se quiser. Seremos bem receptivas em atender todas as suas necessidades.

Edward voltou para trás na cadeira. Tudo o que Bella e Rosalie havia lhe dito parecia incompatível com o que as amazonas propuseram.

***

Bella estava tão ansiosa que não havia comido nada o dia inteiro. A noite chegava aos poucos. De repente a amazona escutou uma movimentação estranha fora do casebre e foi olhar. Várias amazonas pareciam preparar um banquete, com certeza ali haveria uma festa.

***

A noite estava mais fria do que de costume. A temperatura tinha caído radicalmente em relação ao dia. Alguém tocou um berrante e toodas a amazonas se reuniram no centro da vila. Os cochichos das mulheres produziam um ruído alto. Bella saiu do casebre com um pano enrolado em volta dos seus braços. O diferencial dessa reunião é que ergueram uma plataforma de madeira para que a matriarca pudesse se posicionar nitidamente diante das habitantes da vila.

Renée aproximou-se da filha sutilmente e a puxou para o canto.

— O que foi? Você tem alguma notícia do Edward? – perguntou Bella.

— É melhor você não ficar chamando ele assim, vai atrair muitas suspeitas para o seu lado – Renée olhou para os lados – Edward foi aceito para morar conosco.

— Como? – Bella quase gritou.

Renée esperou que algumas amazonas passassem por elas.

— Vai ser anunciado daqui a pouco – iniciou Renée – Mas...

— Mas?

— Mas acredito que essa bondade toda seja com o objetivo para procriação.

Bella levou alguns segundos pensando.

— Tenho que ir! – avisou Renée.

— Espera! – Bella tocou no braço de Renée.

— Elas planejam fazer algum mal para ele?

— Acredito que não! – Renée saiu antes que Bella pensasse em perguntar qualquer coisa.

Passou-se um tempo as amazonas acenderam fogueiras suficientes para serem vistas à quilômetros. Nesta reunião trouxeram até tambores que começaram a tocar num ritmo lento até aumentarem gradativamente assim que a matriarca subiu na plataforma de madeira. A senhora fez um gesto para que parassem de tocar e a ordem foi atendida imediatamente.

— Caras irmãs – iniciou a matriarca – não faz muito tempo que nos reunimos aqui. Então, vocês devem se lembrar das minhas últimas palavras – a maior parte das mulheres se entreolharam – Se achassem qualquer homem vocês o trouxessem para cá. Mas isso não foi preciso porque um homem veio até nós – a matriarca apontou para um canto nas sombras de onde Edward saiu.

Muitas mulheres da vila ficaram assustadas outras temerosas. “Ele é tão magro. Achava que homens fossem bem maiores” algumas comentaram, “O que ele está fazendo aqui?” questionaram outras.

— Não precisam ter medo dele, porque esse homem foi um herói – todas as atenções se voltaram para Edward – Soubemos que outro homem atacou uma das curandeiras da ilha. Então o senhor Cullen a salvou e a trouxe para nós. Um belo gesto da sua parte.

Uma das amazonas levantou a mão. Bella não conseguiu identificar quem era.

— Sim, minha jovem? – a matriarca deu a vez.

— Mas todos os homens não são perigosos? Por que trazer um deles para morar com a gente? São seres irracionais!

Edward se assustou com a exclamação da moça.

— Nem todos são perigosos. Sabemos como manter o controle – a matriarca olhou diretamente nos olhos de Edward. Ele sentiu que aquilo foi uma ameaça.

Uma mulher de quase quarenta anos levantou a mãe.

— Diga! – pediu a matriarca.

— Por quanto tempo ele ficará aqui?

— Por tempo indefinido.

O burburinho cresceu na mesmo proporção que fogo no palheiro.

Mesmo distantes Edward e Bella se encontraram no olhar um do outro. O jovem fez um gesto quase imperceptível, mas significa: “ Eu estou bem”. Ela deu um leve sorriso para ele. Era difícil a amazona não ficar preocupada com aquela situação.