As mulheres a olharam sem entender o estava havendo.

— E o que você acha que sabe garota? – Jane deu passos rápidos e largos até Bella – Você não entende nada – ela invadiu o espaço pessoal da jovem. As duas se encaram por alguns segundos. Como a amazona não baixou a guarda a mais velha a empurrou fazendo-a cair no chão.

Renée deu um passo para frente.

— Jane! – chamou a matriarca e fez um gesto para que Renée permanecesse na sua posição – A reunião não terminou.

Ângela ajudou Bella a se levantar.

Sam tomou a frente. Seus longos cabelos ruivos estavam presos em uma trança.

— Mas não somos como eles. Somos melhores e fizemos uma sociedade melhor. Então... – fez uma pausa – Soubemos que uma embarcação afundou perto da ilha – as amazonas se entreolharam – Então pode haver sobreviventes – algumas mulheres estremeceram – Convocamos a todas procurarem por eles. Entretanto, se alguma de vocês acharem um homem vivo, não o mate. Tragam para aldeia.

Uma adolescente levantou a mão.

— Por que iriamos trazer para aldeia? – perguntou uma jovem de cabelos cacheados.

— Para serem reeducados para viverem aqui – respondeu naturalmente a matriarca.

Rosalie que estava do lado de Bella levantou a mão.

— Por quê? – a expressão facial no rosto da amazona era um misto de surpresa e raiva.

— Não somos assassinas!

Rosalie riu sem humor.

***

Bella estava sentada num banco de madeira tomando uma xícara de chá em sua cabana. Renée havia acabado de preparar o jantar que era ensopado de peixe.

— Elas não contaram tudo. Não contaram nem metade – Bella olhava para um ponto fixo distante.

— Não, não contaram! – Renée sentou-se enfrente a filha.

— E o meu pai? Você disse que o havia matado – Bella encarou Renée.

— Tecnicamente sim – Renée olhou para o chão – Eu sempre ia buscar alimento para a minha família, mas eles sempre pediam um preço alto demais. Então, começaram a pedir para as mulheres da aldeia favores sexuais. Eu menti para o seu pai por um tempo. Ele não sabia o que eu fazia para comida para vocês. Você era tão frágil. Tinha só alguns meses de vida – Renée tocou no rosto da filha.

— E o que aconteceu?

— Seu pai me encontrou chorando num canto da casa. Ele perguntou o que havia acontecido e em um momento de fraqueza eu contei. Então ele foi um dos poucos homens que morreram no incêndio da capela.

Bella tentou absorver as informações.

— Qual era o nome dele?

— Charlie! E o nome do seu irmão era Joseph.

— Irmão?! Você teve outro filho?

— Ele morreu de varíola poucos meses depois do seu pai. Você é tudo o que me restou.

— Não precisava ter escondido isso por todos esses anos – Bella levantou-se do banco.

— Você escondeu um homem por 5 dias de todas as nossas irmãs e de mim.

— Isso é bem diferente. Vocês... sempre declararam ódio aos homens. Eu fiz isso para protege-lo de vocês.

— Proteger um desconhecido da sua família! – Renée pôs-se de pé.

— Proteger de pessoas que sempre mentiram para mim a vida toda! – a amazona elevou o tom de voz.

As duas ficaram alguns segundos em silêncio.

— Eu errei. Eu admito! Mas tudo o que eu fiz foi para que você ficasse bem.

— Em certo ponto eu te entendo – Bella respirou fundo – Não conta nada a ninguém sobre o Edward! Eu ainda não me convenci com essa história de podermos conviver com homens.

— Está bem! Mas não quero que você se encontre sozinha com ele.

Bella saiu da cabana sem dizer uma palavra.

***

— Você pode dormir no chão. Aqui não tem mais espaço – disse Rosalie.

— Por mim tudo bem!

A tenda era mais apertada do que a qual Bella dividia com a sua guardiã. A avó e a irmã de Rosalie dormiam juntas numa superfície feita de madeira elevada do chão que era forrado com feno.

— Acredito que querem trazer homens para aldeia para procriação – afirmou Rosalie enquanto tirava a roupa para dormir.

— Estava pensando nisso.

Rosalie ficou nua e então deitou-se na sua cama cobrindo-se com lençol.

— Eu vi uma vez. Escolheram uma cabana improvisada. Tinha várias frechas que dava para observar o interior. Deu para ver os dois estavam sem roupa e o que estavam fazendo. Até que a minha viu que eu estava bisbilhotando e me tirou dali. Você e o forasteiro já?

— Já.

— Como foi?

— Dói um pouco.

***

— Eu vou acabar com você! – Mcandrew se levantou em meio as águas da beira da praia e seguiu em direção a Bella. O sangue escorria pelo rosto do homem.

Emmett saiu cambaleante em meio a mata. Perto da sua nuca havia um corte que não dava para saber se era profundo, pois tinha muito sangue, só limpando o ferimento daria para saber a gravidade.

Mcandrew soltou um sorriso malicioso em meio ao sangue que pingava do seu rosto.

Bella se levantou ofegante. Tinha uma pequena luz vinda do lado de fora da tenda era uma tocha usada para afastar os animais que pudessem aparecer. A amazona olhou ao redor e viu Rosalie e as outras dormindo tranquilamente. Algo chamou a atenção dela era a sombra de um homem na entrada. Em passos curtos ele se aproximou. A respiração da jovem ficou ofegante, virou-se lentamente para ver quem podia ser.

— Não, não ...

— Bella, Bella... – uma voz distante a chamava.

A amazona acordou abruptamente. Rosalie olhava para ela com cara de espanto.

— Você estava tendo um pesadelo.

Bella passou a mão no rosto que estava suado.

— Eu pensei numa coisa... Se querem tirar a canoa daquela colina é melhor que façam isso de noite.

— Certo!

— Por hora é melhor descansar um pouco.

Ainda estava meio escuro ao redor.               

***

Edward e Bella estavam sentados um de frente para outro. A amazona segurava uma adaga na nas mãos se aproximando do rosto do forasteiro.

— Tem certeza que isso vai dar certo? – Edward parecia desconfiado com a situação.

— Vai sim, não se mexe – Bella passou a lâmina quente em cima dos pelos da barba do Edward.

O forasteiro estremeceu na base.

— Fica quieto – ordenou a amazona. 

— Eu estou quieto – Edward não estava muito confiante no método da amazona para fazer a sua barba. O calor da lâmina por pouco não queimava o seu rosto.

Bella esquentou mais uma vez a adaga.

— Estou quase terminando – avisou Bella.

Os raios de sol estavam bem fortes fora da choupana. A temperatura estava mais quente que o comum.

— Terminei – Bella levantou-se da posição que estava.

Edward tocou no seu rosto que estava quente. Ele jogou um pouco a água que continha no odre em sua face para amenizar o calor. Levantou-se e foi em direção a janela.

— Queria poder ver como ficou, mas teria que andar até o rio.

— Ficou ótimo! Ainda está um pouco avermelhado, mas está bom! – Bella escorou a sua cabeça no ombro de Edward.

O forasteiro se aproximou da amazona e deu um beijo terno em seus lábios.

— Queria poder ir com você para a Ilha de Pedra.

— Mas ainda não é o momento – Bella o abraçou por trás. Edward a puxou para o seu lado – Seu ferimento ainda pode abrir.

— Eu sei! Leve para eles alguma coisa para comer – pediu Edward.

— Vou levar as castanhas!

Edward sorriu para Bella.

***

Bella nadou até a ilha e chamou por seus moradores. O sol estava perto de se pôr.

— Olá, jovem! – cumprimentou Eric.

— Oi! – respondeu Bella.

Emmett aproximou-se lentamente.

— Fico feliz que você está bem depois do ocorrido! – disse  Emmett.

Bella apenas assentiu com a cabeça.

— Trouxe isso para vocês – Bella estendeu o braço para entregar. Eric pegou.

Eric abriu o embrulho de pano que estava todo molhado. Deu um sorriso largo ao ver que eram castanhas.

— Agradeço! Nós agradecemos! – agradeceu Eric com um sorriso genuíno de felicidade.

 Bella sorriu.

— Só queria saber como vocês têm certeza que sabem para onde estão indo? – perguntou Bella curiosa.

— Temos um mapa! – respondeu Eric convicto.

— Como sobrou um mapa depois do naufrágio?

Os dois homens sorriram.

— Pode mostrar Eric! – pediu Emmett.

O marujo mais velho abriu os botões da camisa mostrando assim o peitoral coberto com uma tatuagem que levava da Europa à Ásia contornando o Continente Africano.