O que era amor se transformou em puro ódio. No dia seguinte desse acontecimento, numa quarta, Andrew chegou na sala depois de mim, sorriu, e, ao ver o meu olhar assassino, se desviou e sentou rapidamente em seu lugar. Depois disso, começou a se queixar de dor no braço, comentou numa voz bem alta que sentia essa dor desde ontem e que achava que foi culpa minha, por ter espancado. Eu me virei e dei meu olhar assassino e fui recebida com dois olhares piores do que o meu, das duas vaquinhas dele. O idiota foi tão ridículo que saiu bem na aula de matemática, se queixando de dor e dizendo que iria para o hospital para ver se não tinha quebrado mesmo.

Chegou quinta, Andrew estava com o braço enfaixado.

-Viu o que você fez, Sasá? Eu deveria ter feito você pagar por isso.

-Do que está falando? Foi você que pediu pra levar uma surra.

-Sabe, Larissa, eu não te reconheço mais. Aquela garota meiguinha, querida, se transformou em uma brutalhona, que bate até nos amigos indefesos.

-Não sou brutalhona, e você não é meu amigo.

-Agora tá negando a amizade que eu te dou é?

-Amigo? Você esfregou na minha cara que eu era apaixonada por você, pego na teta da Bárbara na minha frente, esculachou meu namorado e ainda diz que é meu amigo?

-Aquilo nem é um homem, é uma florzinha se fazendo de macho.

-Escuta aqui! – Eu fui em direção a Andrew, mas Jenny me segurou e Raquel distanciou Andrew de mim.

-Desde quando você bate nas pessoas assim? – Andrew insistiu.

-Larissa, acalme-se. Não dê bola pra esse idiota. – Jenny disse baixinho para mim.

-Larissa, o que deu em você? Andrew não fez nada pra você ficar batendo nele assim! – Raquel disse.

-Parece até homem! – Bárbara gritou, assistindo tudo.

Então eu olhei a volta, para a nossa platéia, para Andrew, para Jenny segurando meu corpo.

-Nunca mais olhe para mim, Andrew.

-É Dedé. – Eu o escutei dizer de longe, pois saí da sala e fui para o banheiro. Jenny foi atrás de mim.

Eu sentei no chão mesmo, no canto mais distante. Minha melhor amiga se ajoelhou na minha frente.

-Qual o problema, Lari? Você nunca foi tão agressiva desse jeito.

-Eu, eu não sei! – Me derramei em lágrimas. – Andrew de repente surgiu na minha vida, e quando achei que fosse pra incomodar, ele melhorou ela. Mas agora, está destruindo até com o que eu tinha.

-Não pode ficar assim. Andrew é só um retardado que não sabe onde acaba o limite. Tente entender isso e não deixar se abalar com as coisas que ele fala.

-Eu não consigo Jenny, eu não consigo! Tudo que ele faz, tudo que ele diz, tudo me deixa abalada. Eu não consigo deixar de prestar atenção no que ele faz.

-Mas não era isso que você fazia? Deixar ele falando sozinho, enquanto iam para casa? Olha, eu sei que é difícil, eu sei que é complicado, mas você tem que tentar. Finja, sei lá, finja que ele é outra pessoa, um poste, um cachorro que não para de latir, qualquer coisa. Mas não se abale tanto assim com as coisas que ele faz. Não tá te fazendo bem. E aproveite David. Ele é uma chance e tanto para fazer esquecer esse porco de Andrew.

-Será?

-Vai por mim.