Geralmente era Andrew que arrumava suas coisas correndo e saía na frente para não falar comigo. Aquele dia fui eu que me arrumei rapidamente (depois de ter assistido o restinho da aula após voltar da coordenação). Saindo da porta, Andrew me chamou, quis falar comigo, puxou meu braço, e eu o ignorei, seguindo em frente sem olhá-lo.

-Larissa, deixa eu falar com você?

-Pra quê, pra rir mais ainda da minha cara?

-Eu não sabia que você era apaixonada por mim.

-Não sou apaixonada por você! – Me virei fazendo careta, tentando demonstrar desprezo, por mais que ele estivesse certo. – Sou apenas... afim... de você.

-Tá, que seja. Porque nunca me disse isso afinal?

-Porque... você sempre esteve muito ocupado, tentando comer a Barbara ou a Raquel.

-Mas então porque rejeitou aquele meu beijo da aposta?

-Porque eu não gosto de ser beijada assim, sem saber, sem querer, só porque o outro quer, ainda mais se for por uma aposta. E eu não gostava de você naquele dia.

-E com David? – Eu parei quando ele disse esse nome – Com ele não foi assim?

-Não, pois David me pediu antes, mesmo sem dizer o que era, e foi para uma coisa diferente, do que só uma brincadeira ridícula com os amigos. – Eu disse tudo voltando em direção a ele.

-E se esse namoro for só uma aposta?

-Eu prefiro arriscar. – E continuei meu caminho para casa.

-Porque está fazendo tudo isso por ele? – Andrew deu uma corridinha para andar ao meu lado.

-Porque quer saber?

-Porque queria entender.

-Acredite, é coisa demais para essa sua pequena cabecinha.

-Se você diz...

Ele voltou ao seu ritmo mais calmo, e eu continuei em meu passo apressado. Não queria que ele tivesse parado de andar junto, mas não ia parar só por causa dele. Se ele não queria insistir, o problema era dele.