Aquilo que se Chama de Irritante escrita por ally_albarn


Capítulo 22
Meu aniversário




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A escola começou a estragar a minha vida. Cada vez que saíamos da sala, eu encontrava Andrew ficando com uma das duas, escondidos em algum corredor. Eu sabia que Jenny sabia que eu estava triste com aquilo, mas ela fingia que não via e eu fingia que não sentia nada também.

Jenny e eu estávamos fazendo um trabalho na minha casa um dia desses, quando meu pai lembrou da coisa mais horrível que podia lembrar naquele momento:

-Então Larissa, um aniversário está chegando...

-É MESMO! LARISSA TÁ DE ANIVERSÁRIO SEMANA QUE VEM! – Jenny gritou.

-Que droga pai!

-E o que quer fazer?

-Nada, oras.

-COMO ASSIM NADA? VOCÊ VAI FAZER ALGUMA COISA SIM!

-Jenny, pare de gritar! – Eu pedi, com as mãos nos ouvidos.

-Desculpa! Vamos fazer alguma coisa Larissa, por favor!

-Porque você quer que eu faça alguma coisa?

-Porque você vai estar de aniversário! Vai estar mais velha, e aniversários só acontecem uma vez por ano!

-Tá bem, faça o que quiser.

-Larissa! Ajuda pô! Já sei, quem sabe a gente não faz uma seção cinema? Pegamos vários filmes, pipoca e bastante doces e passa a noite vendo filme!

-Pode ser.

-Confirmado então!

E eu pensei que só seríamos nós duas. Jura! Jenny fez questão de convidar Andrew e a dupla Pink.

-Oba, seção cinema! o/

-Você vai Andrew? – Perguntou Raquel.

-Mas é claro, é aniversário de Sasá!

-Então eu vou. – Disse Barbara, lambendo os lábios. Senti nojo ao ver aquilo.

-Eu também vou. – Disse Raquel.

-Então vamos todos! – Disse Jenny.

-Jenny, acho uma péssima idéia. – Sussurrei para ela.

-Agora já era, já convidei.

Droga. Espero que não inventem de fazer sexo na minha casa!

-Convide seu professor David também! – Sugeriu Jenny.

-Pra que? Ele é meu professor, é mais velho.

-Ele só tem vinte e poucos anos! E ele é seu amigo também, não é? Então, convide-o também!

-Tá bem, eu convido.

David abriu um sorriso imenso quando eu o convidei, e disse que estaria certo na minha casa na hora marcada. E disse que lá iria me dizer aquilo que está pra me dizer a mais de meses já. Como as pessoas adoram me deixar ansiosa!

 

 

 

//

 

 

Eu não confio mais no tempo. Porque diabos foi tão rápido assim, hein? Eu conseguiria suportar mais algum tempo sem o dia do meu aniversário chegar. Eu QUERIA suportar mais algum tempo. Mas não, duas semanas passaram, chegou rapidinho, em um piscar de olhos. Que droga.

Eu fiquei inquieta o dia inteiro. Hora ia para a sala ver TV, hora ia para o computador jogar, hora ia para a cozinha brincar com as frutas, hora voltava para o computador para usar a internet, hora me atirava na cama e olhava para o teto. Passei absolutamente a manhã e a tarde inteira assim, até que a noite chegou.

Jenny foi a primeira, como sempre. Sorriu e me mostrou vários DVDs que tinha trazido. David foi o segundo, trazendo apenas dois filmes. Andrew chegou depois, com apenas um filme, e a dupla Pink chegou por ultimo, as duas juntas, sem nenhum filme. Foi engraçado ver as duas se encarando na frente de casa. Todas as vezes que eu abria a porta, Jenny saia correndo e dizia que os presentes só poderiam ser entregues depois de pelo menos vermos o primeiro filme.

Como Jenny chegou primeiro, fez questão fazer a pipoca e levar toda comilança para a sala, saiu correndo para pegar um colchão, foi para meu quarto e trouxe vários edredons e cobertores e atirou tudo ao chão e no sofá. Como estava frio, era bom ficar atirado em qualquer lugar e poder se esquentar fácil.

Vimos dois filmes, e Jenny foi para a cozinha novamente pegar mais pipoca e mais doces. David quis ajudar. Os dois me proibiam de fazer qualquer coisa, só porque eu era a aniversariante. Enquanto isso, Raquel e Barbara faziam cara de tédio, e Andrew, que estava sentado em uma poltrona, pulou para o sofá, para ficar ao meu lado. Olhou para traz, para a porta da cozinha, e gritou:

-Jenny, posso entregar meu presente agora?

-Não pode esperar?

-Não é nada demais.

-Ah, então pode.

Ele tirou um pequeno embrulho do bolso. Era um colar com um pingente moderno em forma de coração.

-É lindo, obrigada.

-Achei que ia combinar com você. E não é que eu tinha razão? – Ele disse quando eu coloquei em meu pescoço. – Espera aí, deixa eu te ajudar. – Andrew me ajudou a fechar a corrente atrás. Raquel e Barbie, quando viram, apenas reviraram os olhos, e uma após a outra disse que precisava ir ao banheiro, e as duas foram juntas para lá.

-É lindo... – Eu repeti, abobada.

-Eu sei. Tenho um bom gosto, você sabe disso.

-Quando é que vai parar de ser modesto desse jeito, hein?

-Que é isso Sasá, não sabe que eu sou perfeito?

-Você não existe. – Eu revirei os olhos e sorri.

-Tá vendo esse deus aqui na sua frente? Pois é, ele não é apenas ilusão.

-Nem se achou agora.

-Eu não me acho, apenas sei o que sou.

Eu ri novamente.

-Chega Andrew, você já está exagerando.

-Eu sei que você me ama, Larissinha, não precisa ficar se fazendo aí – Ele colocou seu braço em meu ombro.

-Não amo não.

-Ama sim, eu sei que sim.

-Ai Dedé, como você sabe das coisas. – Eu disse, sarcástica, empurrando seu rosto, mas logo encostei minha cabeça na dele, e ficamos assim, sorrindo, virados para a TV desligada, como se o mundo parasse, e nossas vidas fossem apenas aquilo, juntos, para sempre.

Só depois de algum tempo Jenny me contou que David derrubou um pote de pipoca ao nos ver assim.


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Notas finais do capítulo

Ainda não acabou! Mais coisas irão vir na noite de Larissa, haha!