Seja meu sol escrita por Another Wendy


Capítulo 1
Ghost


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Fanfic nova, espero que gostem e me digam o que acharam ♥



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Bella

Após muitos anos, pude finalmente controlar a situação. Lembro-me como se fosse hoje quando abri os olhos e vi aquela imagem horrenda em minha frente. Os médicos precisaram me sedar para que eu parasse de gritar, mas cada dia ficava pior. Fantasmas, espíritos, vagantes, ou seja lá como queiram chamá-los, eu posso vê-los, mesmo sem querer, 24 horas por dia, eles sempre me procuram para ajuda-los com algo que não conseguiram fazer durante a vida.

— Bella, não esqueça de colocar o lixo para fora. – A proprietária, senhora Cooper pediu-me enquanto separava as correspondências dos moradores do prédio. O único emprego que eu tinha conseguido, em muito tempo, foi ser gerente do prédio onde trabalho. Eu sabia que ela só havia me contratado por ver a minha situação e sentir pena de mim, pois não havia nada para ser feito ali.

— Claro, tenha uma boa noite! – Desejei a ela vestindo minha capa de chuva e recolhendo todos os sacos. Estava chovendo muito forte, coloquei tudo na caçamba de lixo e assim que me virei, uma senhora assustadora estava parada atrás de mim. Ela tentava chamar minha atenção assustando-me, como todos eles faziam, e eu ainda morria de medo e corria deles. Dessa vez não foi diferente, corri o máximo que pude e até peguei um ônibus, fugindo daquela senhora macabra, até perceber que ela havia sumido. Desci próxima a uma estrada e ia pegar o ônibus de volta, quando a velha apareceu novamente, fazendo-me correr na direção contrária até parar na porta de uma pequena cabana, onde a porta se abriu sozinha.

— O que você quer para me deixar em paz? – Perguntei alto o bastante para que ela me escutasse, seja lá onde estivesse. Não precisei esperar muito, logo uma gaveta voou em minha direção, quase acertando-me em cheio. A senhora apareceu ao meu lado, agora já não era mais assustadora, parecia mais uma avó doce e simpática. Ela encarou a gaveta à nossa frente e então notei que dentro da mesma havia um envelope com grande quantidade de dinheiro. Quando voltei a olhar para ela, a mesma apontava para o fundo da casa, onde reparei ter uma movimentação diferente.

Segui até lá e abri a porta, e imediatamente três pessoas olharam-se assustadas, provavelmente por eu estar toda molhada e não ser nada bonita.

— Boa noite, vim aqui para entregar-lhes isso, é de uma senhora. – Entreguei o dinheiro e os documentos para o homem, e as duas moças olhavam o conteúdo curiosas.

— Nossa mãe? – Uma delas perguntou a ele, que assentiu e voltou a me olhar.

— Ela pediu para pagarem os gastos do funeral e as dívidas da casa. – Respondi observando o local, que estava todo decorado para a cerimônia de sepultamento. Eles se empolgaram e logo esqueceram que eu estava ali, então decidi ir embora.

Andei por um bom tempo até chegar novamente na estrada de onde tinha vindo. Estava totalmente escuro e a chuva só aumentava, provavelmente eu ficaria doente no dia seguinte. Esperei um bocado e constatei que não passariam mais ônibus ali, então só restava caminhar.

Encontrei uma moça na estrada, essa não era assustadora como a senhora, até me deu uma flor, muito linda por sinal.

— Não fique com medo, em breve um carro passará por aqui e você poderá pegar uma carona. Com essa chuva, mesmo que os passageiros evitem um relâmpago, eles não poderão evita-la. – Falou sorrindo e sumindo entre as árvores. Esses seres eram bem diferentes uns dos outros, os que falavam eram os mais fáceis de lidar.

Andei, andei e andei, até ver um carro de longe. Fiz sinal para tentar uma carona, mas eles passaram reto por mim. Já previa que isso acontecesse, mas um grande barulho se fez e assim que olhei para trás, haviam parado.

— Parece que é minha sorte! – Falei correndo até eles.

Edward

Eu não estava com paciência para continuar escutando aquelas besteiras.

— Então, quer dizer que sua mulher morta está nessa casa? Impedindo meu campo de golfe de ser construído? – Perguntei ao homem que se sentava em minha frente. Eu e meu secretário Marcus precisávamos apenas que ele assinasse o contrato de autorização para venda da casa, no qual seus filhos já haviam cedido, mas esse dizia que sua esposa, já morta, não queria sair dali.

— Sim, ela não permite a venda da casa. – Respondeu dando de ombros. Respirei três vezes antes de falar algo.

— Então vamos negociar com ela, certo? – Perguntei a Marcus que olhava-me com receio, ele era muito paciente... – Onde ela está? –

— Seu espirito está naquela flor! – Apontou para um vaso atrás de nós, aquilo só podia ser brincadeira. – Quando mencionei que queria vender a casa, aquela flor murchou e secou imediatamente, mas assim que desisti da venda, ela floresceu e tornou-se linda novamente. Minha esposa adorava essa flor. – Falou sorrindo.

— Certo. – Aproximei-me do vaso e observei a flor branca, atrás dela havia um porta retrato da falecida, e ao lado uma tesoura pequena de jardinagem. – Se não quiser me vender a casa, por favor, incline seu corpo de flor em reverência, caso contrário cortarei sua cabeça fora. – Falei sorrindo e o homem levantou-se.

— O que pensa que está fazendo? – Gritou em choque. Marcus olhava de mim para a flor.

— 1 ... – Contei colocando a tesoura sobre ela. – 2... – Hesitei por um momento e senti minha vitória se aproximando. – 3! – E então cortei-a ao meio, sem cerimônias.

— Você é louco! – O homem ralhou cerrando os punhos. Limpei minhas mãos com meu lenço e o olhei com vontade de rir.

— O louco é você, usando pessoas mortas como impedimento para acordos entre pessoas vivas. Chega disso tudo. – Falei pegando o contrato da mão de Marcus e estendendo-o a ele. – Faça o que suas crianças vivas querem que faça, assine. – Pedi olhando-o seriamente. Ele pegou a caneta e fez o que mandei, jogando o contrato em minha cara.

— Agora saia daqui! – Mandou empurrando-nos para fora. Como já havia conseguido o que queria, retirei-me sem pestanejar. – Seu demônio sem coração, não importa o que diga, minha esposa está aqui, e se não acredita, desejo que seja atingido por um relâmpago! – Gritou da porta quando chegamos no carro. Chovia muito e Marcus segurava o guarda-chuva sob nós.

— Não acredito no que não vejo, senhor, e continuarei ignorando essas coisas e vivendo muito bem. Se eu estiver errado, que eu seja realmente atingido por esse relâmpago. – Respondi entrando no carro e deixando-o para trás.

— Não acredita mesmo em fantasmas, Senhor Cullen? – Marcus perguntou enquanto dirigia olhando-me pelo retrovisor.

— Não. E mesmo que eu acreditasse, tenho mais medo dos vivos. – Respondi revirando os olhos e observando a estrada. Ele nada falou sobre o assunto. – Vou verificar o contrato, está com a gravação? – Perguntei e ele prontamente entregou-me o pen drive, eu conectei ao celular par ouvir o arquivo. Tentei acompanhar as letras no papel, mas estava tudo embaçado e as letras se embaralhavam ainda mais, como sempre, então decidi apenas ouvir.

— Alguém está pedindo carona. – Marcus falou diminuindo a velocidade.

— Não pare. – Mandei e ele assentiu, passando pela mulher que estava ali.

Eu estava bem concentrado, e quase quebrei a cara no banco com a freada que ele deu após algo nos atingir.

— Que diabos, parece que foi um relâmpago. – Falou assustado. Olhei para o lado e pulei.

— Que susto! – Murmurei afastando-me da porta quando a mulher entrou no carro sorrindo. Eu e Marcus nos olhamos sem saber o que fazer.

— Muito obrigada! – Falou tirando o capuz da capa de chuva. – Achei que não iriam parar... – Analisei-a de cima abaixo, era uma mulher sem nenhuma atração, e estava toda encharcada por conta da chuva.

— O que faço? – Marcus perguntou desconfortável olhando-me com receio.

— Siga em frente. – Falei a contragosto, afastando-me ainda mais dela e abaixando o braço do banco para separar-nos. Ela sorria o tempo todo e mexia nos cabelos.

— O que faz essa hora na estrada, e na chuva? – Marcus perguntou-lhe.

— Uma moça me falou que um carro passaria. – Respondeu dando de ombros.

— Parece que ela acertou. – Ele respondeu sorrindo-lhe e ela retribuiu.

— Sim, ela disse que você até poderia evitar o relâmpago, mas não poderia me evitar. – murmurou confusa. Era só o que me faltava. – Estão indo para Forks? – Perguntou olhando-me, seus olhos eram grandes e castanhos, e ela tinha olheiras gigantescas.

— Não! Sim! – Eu e Marcus respondemos em uníssono. Ela ficou totalmente sem graça, percebendo minha falta de vontade em ajudá-la.

— Deixe-a em algum lugar perto daqui. – Falei virando a cara e focando novamente em ouvir o áudio do arquivo.

— Sim, senhor. – Marcus respondeu. Achei que finalmente ficaríamos em silêncio, mas uma mão entrou em meu campo de visão, assustando-me.

— Massen Company? Você é o presidente? – Perguntou curiosa olhando para o contrato, rapidamente afastei sua mão, mas um choque atravessou a nós dois assim que nos tocamos. – Oh! Você sentiu isso? – Perguntou fazendo um estardalhaço.

— Não! – Neguei sem olhá-la.

— Mentiroso! Houve um formigamento muito forte agora mesmo! – Falou e olhei-a em choque. Quem era aquela doida?

— Não houve nada. – Ralhei assustando-a, e finalmente fazendo-a calar a boca.

— Bom... A Massem Company é aquele shopping enorme na divisa de Forks, não é? Eu moro perto de lá, então se vocês estiverem indo... –

— Aquela encruzadilha já está ótima. – Falei cortando-a e ela desfez novamente aquele sorriso irritante.

— Entendo, ficarei ali então. – Respondeu assentindo e encolhendo-se. Voltei a observá-la, era realmente estranha. Ela olhou para um ponto na estrada e deu um berro enorme, assustando-nos e fazendo Marcus parar o carro.

— Senhorita? O que houve? – Ele perguntou-lhe e ela escondeu o rosto com as mãos, tremendo.

— Poderia seguir em frente, por favor? – Pediu com a voz embargada.

— Aconteceu algo? – Perguntou novamente. Ela retirou a mão do rosto lentamente, e deu outro grito, dessa vez agarrando-se a mim e escondendo o rosto em meu peito. Mas que merda era aquela? Ninguém toca em mim!

Ela olhou novamente em volta do carro e pareceu confusa, e empurrei-a delicadamente para o outro lado, retirando suas mãos de mim.

Por fim, acabamos levando-a até Forks, parando somente para abastecer. Resolvemos sair do carro um pouco e entrar na loja de conveniência.

— A senhorita está bem? – Marcus perguntou entregando um café a ela, que assentiu e pegou o mesmo, sem nos olhar.

— Obrigada... Podem esperar um momento? – Perguntou levantando e andando em uma direção estranha. Só agora percebi que ela vestia um pijama gigante, todo branco, e horrível.

— Ela gritou de propósito para a trazermos pelo caminho todo. – Falei olhando-a sumir.

— Não foi o que pareceu, o que será que a assustou tanto? – Marcus perguntou e dei de ombros. Ele foi pagar a conta e resolvi ir chama-la para voltarmos para o carro, mas a encontrei sentada no chão com uma garrafa de bebida, falando sozinha.

— Como poder sentir falta de álcool se foi isso que fez você morrer no acidente? – Perguntou olhando para o nada. Ótimo, está explicado, ela era esquizofrênica! – Eu não posso beber, sinto muito... Ah, você me acha bonita? – Perguntou rindo e então notou minha presença ali. Andei rapidamente em direção ao carro, mas ela veio seguindo-me. – Não me siga, o que ele vai pensar? – Ela sussurrava abanando algo atrás dela. Parei no lugar e senti seu corpo chocar-se contra o meu. Ela fez novamente aquela cara confusa e olhou em volta, antes de olhar para mim. Suas mãos seguravam meu braço e eu a olhava incrédulo, principalmente quando começou a apalpar meu corpo. – Ele... foi embora. – Falou olhando-me e começou a sorrir.

— Existem duas coisa que eu odeio. – Falei olhando-a com raiva, e ela parou de sorrir na mesma hora. – Primeiro, que toquem meu dinheiro, e segundo, que toquem o meu corpo. – Falei olhando suas mãos em meu braço, mas ela não se moveu. – Eu cortei a flor que tocou o meu dinheiro, o que devo fazer com as suas mãos? -  Perguntei e ela rapidamente afastou-se.

— Sinto muito. Fiz isso porque o homem que estava me seguindo me assustou. – Respondeu olhando em volta novamente.

— Eu não vejo ninguém – Falei procurando o tal homem.

— Assim que te toquei, ele sumiu. – Falou sorrindo e agarrando-se ao meu braço novamente. Ela estava conseguindo me irritar.

— Eu tenho o dom de fazer aborrecimentos sumirem mesmo, você quer ver? – Perguntei sorrindo e ela assentiu, empolgada. Tirei suas mãos de mim novamente enquanto Marcus estacionava ao nosso lado. – Me solte, e fique aqui, ok? – Pedi e ela novamente assentiu. Inocente. Andei até o carro e entrei, fechando a porta. – Vamos. – Falei a Marcus e ele prontamente deu partida.

— Ela está correndo atrás de nós... – Ele falou olhando pelo retrovisor.

— Ignore, ela é maluca. – Falei olhando-a parar de correr, enquanto nos distanciávamos cada vez mais. Olhei para o lado onde ela estava sentada antes e lá estava sua capa de chuva nojenta e encharcada. Peguei-a com a ponta dos dedos e joguei-a no chão, o mais longe possível, e só então percebi a flor ali.

— Ela disse que você até poderia evitar o relâmpago, mas não poderia me evitar. –

E sem pensar duas vezes abri a janela do carro, tacando a flor que antes eu havia cortado longe.


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Notas finais do capítulo

Comenteeeem o que acharam!!